São Paulo e Ceará empataram por 1x1 na partida atrasada da 16ª rodada do Brasileirão, mas quem roubou a cena foi a arbitragem, em um lance polêmico que envolveu um gol anulado, validado e então anulado novamente.
O que aconteceu?
Aos 12 do segundo tempo, quando a partida estava empatada em 1x1, Pablo marcou para o São Paulo, mas o bandeirinha prontamente anulou o gol, por um desvio na origem da jogada. Depois da revisão do VAR, Wagner Nascimento Magalhães assinalou o gol do Tricolor, mas voltou a paralisar a partida assim que a bola rolou para uma nova checagem, o que é contra as regras da CBF. Após mais alguns minutos de checagem, o árbitro voltou a anular o gol, para desespero dos jogadores do São Paulo.
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Reações
A confusão causou revolta nos jogadores do São Paulo. Reinaldo disparou contra a arbitragem:
“A reclamação é que o juiz autorizou o início, validando o gol, depois ele voltou atrás do nada. O VAR deu o gol e depois ele foi procurar outra coisa. Tenho certeza que nossa diretoria vai falar com a CBF, é passível de anular o jogo. Tem que rever isso. Deu o gol e depois voltou atrás, nunca tinha visto”, afirmou o lateral tricolor.
Depois foi a vez de Raí, coordenador técnico do Tricolor, falou sobre o acontecido: "Está na regra, ela é clara. Repito: isso é o beabá do futebol. Vamos atrás dos nossos direitos e esclarecer todas as dúvidas".
O jogo poderá ser anulado?
Segundo o livro de regras da CBF, não são permitidas mudanças de decisão depois que a partida foi reiniciada:• As Regras do Jogo não permitem mudanças de decisões de reinício (escanteios,
arremessos laterais etc.) após o reinício do jogo, então eles não podem ser
revisados;
Sobre a validade da partida e um possível pedido de anulação por parte do São Paulo, que já anunciou que não o fará, as regras dão a entender de que tal erro da arbitragem não deve resultar no cancelamento de um jogo:
Em princípio, uma partida não será invalidada devido a:• Falha(s) na tecnologia do VAR (como, por exemplo, na tecnologia de linha de
gol (TLM);
• Decisão(s) incorreta(s) do VAR (o VAR é um árbitro da partida);
• Decisão(s) de não revisar incidente(s) revisável(s);
• Revisão(s) e/ou decisão(s) de situações(s) não revisável(s).
O episódio remete à partida entre Palmeiras e Botafogo, realizada em maio de 2019. Na ocasião, após contato com Gabriel dentro da área, Deyverson foi punido com um amarelo por simulação. A partida chegou a ser reiniciada por alguns segundos, até o árbitro fazer uma nova paralização para checagem do VAR, que revelou um pisão no atacante palmeirense. O cartão foi removido e a penalidade marcada, rendendo o gol da vitória do time paulista. O Botafogo chegou a oficializar um pedido de anulação da partida no STJD, mas não obteve sucesso.
Posicionamento do São Paulo
Embora Raí tenha dito após o jogo que iria atrás dos direitos do clube, o São Paulo decidiu por não pedir a anulação do jogo contra o Ceará. Em nota, o Tricolor Paulista deixa claro que concorda com a anulação do gol de Pablo e que não quer se beneficiar do erro posterior, da aplicação do VAR. E é justamente o uso da tecnologia que é criticada pela diretoria do clube.
Confira alguns trechos do pronunciamento são paulino:
"O São Paulo deixa claro que sabe que houve impedimento no lance e que a decisão correta seria a anulação do gol, mas alerta que isso não implica na inexistência do indiscutível erro de direito que veio a seguir e que justifica esta nota".
"O erro da arbitragem foi algo acima de interpretação, que incorre em descumprimento de regra básica do jogo: o próprio Livro de Regras, que embasa a arbitragem brasileira e é documento público disponibilizado pela CBF, afirma que não se pode alterar uma decisão após o reinício da partida. Vimos o contrário acontecer, no entanto."
"É preciso, hoje, que um clube diga com clareza que a aplicação do VAR precisa ser revista no Brasil. A tecnologia é bem-vinda, mas precisa ser bem aplicada. Todo o futebol brasileiro se beneficiará de mais capacitação, transparência e de maior clareza quanto às diretrizes que embasam as decisões. Precisamos cuidar do futebol brasileiro."
"Como futebol é feito e vive de paixão, o São Paulo aproveita o momento para relembrar do que este clube é feito em sua essência. Este clube tem princípios, é balizado pela retidão de conduta e se orgulha de fazer o correto. Por isso, não ingressará com o pedido para anulação da partida apesar de ter a segurança que o pleito seria aceito uma vez que houve evidente erro de direito e descumprimento de regra básica do jogo."
Além dos questionamentos sobre o VAR, o São Paulo relembra dois casos que julga ter sido prejudicado: o soco de Jô, do Corinthians, no zagueiro Diego Costa e o gol mal-anulado pelo árbitro de vídeo de Luciano contra o Atlético-MG.
Comissão de Arbitragem da CBF se pronuncia
Em nota publicada no site oficial da CBF, a Comissão de Arbitragem explicou o acontecido e creditou a confusão a uma falha na comunicação entre a cabine do VAR com o árbitro de campo. A entidade também pediu para que Ceará e São Paulo compareçam à sede da CBF.
“Uma comunicação paralela, mantida entre o árbitro central e o quarto árbitro, a respeito da aplicação de um cartão amarelo para um jogador do Ceará, prejudicou a comunicação que vinha sendo mantida entre o árbitro de campo e o VAR. E fez com que o árbitro central não ouvisse a solicitação da cabine do VAR e autorizasse o reinício da partida”, diz parte da nota, que segue.
“Imediatamente o VAR alertou ao árbitro, que interrompeu a partida para que o procedimento de checagem, que já estava em curso antes do reinício, fosse concluído”.
“Por fim, o VAR comunicou ao árbitro central que o lance que deu origem ao gol foi ilegal e que, portanto, deveria ser mantida a decisão inicial da arbitragem de campo, que invalidou o gol de forma correta”.
“Diante do ocorrido, a Comissão Nacional de Arbitragem facultou aos clubes envolvidos na partida a possibilidade de comparecerem à sede da Confederação Brasileira de Futebol para os esclarecimentos que se façam necessários”.
