A expectativa está alta para o confronto entre Barcelona e PSG nesta terça-feira (16), às 17h (de Brasília), no Camp Nou, pelo primeiro jogo da Champions League. Um duelo histórico e que já entrou na história do futebol mundial.
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Há quase quatro anos, em 8 de março de 2017, o PSG desembarcou em Barcelona confiante, após ter derrotado o adversário no Parc des Princes por 4 a 0. A classificação estava próxima, mas o time treinado por Unai Emery viveu a sua pior humilhação e que ficou marcada na memória não só dos torcedores, como também dos jornalistas que trabalharam no jogo.
Confira as memórias dos réporteres que estavam presentes no Camp Nou!
Bruno Salomon (France Bleu Paris): "Eles estavam em histeria coletiva..."
"Acho que contarei aos meus netos se tiver, e continuarei contando ao meu filho. No minuto 82, três torcedores do Barça estavam na minha frente, homens de 70 anos, se levantaram, pegaram as suas coisas e acenaram para mim. Um deles aperta a minha mão e diz: 'parabéns e boa sorte no futuro'. Pra mim isso significou tudo, acabou, até os torcedores estão indo embora. Eu tinha um companheiro naquela noite e ele avisou: 'atenção, Bruno, o PSG não está muito confortável no final da partida'. Mas não pude acreditar. Então chega o minuto 87/88 em que você tem um momento de solidão. Tudo está em câmera lenta, em câmera lenta. Eu não poderia nem descrever o último gol.
Você vê as pessoas pulando umas nas outras, você se vira e vê a mídia espanhola se abraçando. Você sabe que também viu algo, mas não na sua direção. Tudo está de cabeça para baixo. Lembro-me de ver colegas se beijando, se abraçando, até mesmo jornalistas franceses, porque eles estavam em histeria coletiva. Foi muito, muito estranho. Alguns diriam que é um buraco negro, mas eu nem quero ouvir o que estou dizendo no microfone. O que sei é que tivemos problemas para encontrar um táxi. Ainda me lembro de Luis Enrique saindo e se divertindo tocando sua buzina. Pessoas gritavam. Eu só queria ir embora.
É um jogo da história do futebol, eu sei, mas você fica tipo 'ninguém quer falar de arbitragem?'. Você percebe que três semanas antes fez uma das partidas mais bonitas da história do PSG. Uma partida absurda. Por 72 horas, fiquei eufórico. E agora você nem quer ir para casa porque sabe que seus amigos vão brincar com você...".
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Christophe Remise (Le Figaro / Sport24.com): "O som e a luz foram repentinamente cortados"
"Depois do desempenho do primeiro jogo, fui até Barcelona com toda a serenidade com o meu camarada Vincent Duchesne. A desilusão foi obviamente maior... Nas arquibancadas do Camp Nou, nada muito impressionante. Bandeiras azuis e vermelhas nas mãos de 96 mil torcedores. Mas uma atmosfera suave e uma situação impossível! Bem, era o que pensávamos... À medida que se aproximava o final da partida, dava para escutar os xingamentos nas arquibancadas, e até os torcedores do Barça estavam indo embora.
O resto, todos sabem: sete minutos para a história e uma pena para um PSG realmente abaixo de tudo. Nesses momentos, pode-se falar de uma atmosfera de corrida. O público acreditou de verdade. Na hora do gol do Sergi Roberto, o sexto, aos 95, eu teria dificuldade em descrever o ambiente. Tenho a sensação de que o som e a luz foram cortados de repente! Silêncio ao nosso redor em nossa parte da imprensa. E depois o som dos papéis que tiveram que ser reescritos às pressas, era hora de descer para obter as reações dos jogoadores Meunier, Verratti e Thiago Silva), além do Presidente Al-Khelaifi.
Durante este tempo, cenas de festas nas ruas. 'As pessoas dançavam e cantavam em torno de um estádio que demorou muito para ficar vazio”, disse o meu colega Gilles Festor, que não estava na parte da imprensa, mas no meio dos torcedores. O transito da rua é interrompido. Um show de buzinas inundou o bairro transformado em um gigantesco salão de festas. Fomos ao hotel para começar a relatar o desempenho historicamente vergonhoso dos parisienses. Eles encontraram um grande Barça, um Neymar muito bom e um Sr. Aytekin muito pequeno (o árbitro), mas os principais culpados foram eles. Escandaloso... 'Agora temos que assumir,' explicou Unai Emery. Tínhamos acabado de experimentar a maior humilhação da história do PSG,talvez até do futebol francês. Se bem que, se perguntarem a minha opinião, a eliminação contra a equipa B do Manchester United, dois anos depois, ainda é mais terrível do ponto de vista desportivo perante os adversários...".
Matilla (Diario AS, radicado em Madrid): “Algo único, histórico! "
"Assim que o primeiro jogo acabou, recebi muitas mensagens dizendo que seria um drama perder para o Barcelona com todos os seus jogadores talentosos. Comecei a responder explicando que os homens de Luis Enrique poderiam marcar quatro gols no segundo jogo e que o Camp Nou é muito difícil para o adversário aguentar. Meus amigos disseram que eu era louco. No entanto, sou muito racional, mas muitas vezes você tem que ter um palpite e deixar ir. Eu só tinha estado no Camp Nou uma vez antes, mas era depois de uma noite fora e eu não conseguia apreciar o momento. Então, eu queria ter essa experiência. Se o Barça ganhasse, eu sabia que seria o tipo de jogo que eu iria lembrar por toda a minha vida.
Não contei a ninguém no jornal que estava fazendo isso. Meu voo era às 6 da manhã. Cheguei a Barcelona muito cedo e passei o dia com Juan Jiménez, um jornalista muito importante da redação do AS de Barcelona. Ele não tinha muitas expectativas, mas mudou de ideia com o meu otimismo. Consegui o credenciamento porque vários jornalistas não quiseram assistir ao jogo e não usaram seus assentos. O gol do PSG silenciou o estádio despertado por Neymar. O Neymar fez a coisa mais decisiva que vi em tão pouco tempo. Inacreditável ! Depois do gol do Sergi Roberto, vi os jornalistas chorarem, comemorei me levantando e colocando as mãos na cabeça. Não porque o Barça tinha marcado, não, mas por causa do futebol! Estávamos vivenciando algo único, histórico. Juan acidentalmente jogou seu computador no chão e, quando percebeu, não se importou. Em meio a essa loucura, Juan disse ao resto da imprensa: 'calma, não acabou!' Então, quando o árbitro apitou, fomos para a sala de imprensa e um vídeo foi enviado para mim por telefone. Na BBC ou ESPN, com um milhão de visualizações, eu estava lá: na cabine de imprensa, comemorando o gol de Sergi Roberto. Foi então que muitas pessoas descobriram que eu estava em Camp Nou.Então, quando o árbitro apitou, fomos para a sala de imprensa e um vídeo foi enviado para mim por telefone. Na BBC ou ESPN, com um milhão de visualizações, eu estava lá: na cabine de imprensa, comemorando o gol de Sergi Roberto. Foi então que muitas pessoas descobriram que eu estava em Camp Nou.
A experiência foi tão emocionante que nos perguntamos se devíamos sair naquela noite. Fomos a Luz de Gas, conhecida pelas celebrações de Laporta quando ele era presidente do Barcelona. Quando voltei a Madrid e entrei pelas portas do AS, houve aplausos. Era como se todos quisessem estar ali, onde éramos apenas eu e uns poucos privilegiados. Foi como se eu tivesse pisado na Lua. Para mim, este momento é mais importante do que uma Champions League, uma experiência inesquecível, como o 12 a 1 da Espanha contra Malta".




