+18 | Conteúdo Comercial | Aplicam-se termos e condições | Jogue com responsabilidade | Princípios editoriais
Bartomeu y Rousaud, BarcelonaGoal

Barcelona em crise política: seis diretores pedem demissão ao mesmo tempo

Seis dirigentes do Barcelona, incluindo dois vice-presidentes, decidiram deixar seus cargos por discordâncias com o presidente Josep Maria Bartomeu e agravaram a crise política do clube catalão.

Segundo informações do jornal La Vanguardia, a lista conta com os vices Emili Rousaud e Enrique Tombas, além de Sílvio Elías, Josep Pont, Maria Teixidor e Jordi Calsamiglia, todos membros da junta diretiva.

Os quatro primeiros, inclusive Rousaud, um antigo aliado de Bartomeu e um dos líderes de sua campanha de reeleição, já estavam na mira do presidente, que teria "convidado" o grupo a renunciar como parte do plano de remodelar sua diretoria. Ele só não esperava que Teixidor e Calsamiglia aumentassem a lista de saídas e que tudo isso fosse tomado de forma conjunta.

Os seis dirigentes entregaram uma carta a Bartomeu apresentando a renúncia que pode conter elementos críticos e comprometedores da gestão atual e afirmando que a decisão é irrevogável. Em outra carta, esta tornada pública, o grupo explica os motivos da saída e agradece a torcida (leia mais abaixo).

"O golpe é considerável porque a demissão conjunta de seis dirigentes é uma reação organizada para demonstrar o desencontro com a maneira com que o presidente comanda a entidade. Não estão descartados novos abandonos", disse o La Vanguardia - neste momento, a diretoria que contava com 19 integrantes, com Bartomeu incluso, agora só tem 13.

A decisão deixa Bartomeu mais exposto, mas, ao menos pelo que determina o estatuto, ele pode continuar seu mandato que vai até junho de 2021. Desde que foi eleito em meados de 2015, o presidente do clube catalão já teve 11 mudanças no comando, o que mostra o tamanho da instabilidade política.

Os motivos da crise

São várias as razões que fizeram a coisa ficar feia nos bastidores do Barça. A começar pela própria forma como Bartomeu pretendia fazer mudanças na gestão. Rousaud, por exemplo, disse durante a semana que o presidente lhe ligou afirmando que faria as mudanças porque alguns "vazamentos incomodaram os jogadores". O vice se defendeu e disse que esse era um assunto para ser tratado "cara a cara".

Dois casos de fato desgastaram a diretoria perante o grupo recentemente. O primeiro, o chamado "Barçagate", estourou após a revelação de que a gestão Bartomeu contratou uma empresa de mídia para monitorar comentários de jogadores e até ídolos do clube, como o técnico Pep Guardiola, nas redes sociais. Há a suspeita também de que "robôs" foram criados para atacar possíveis candidatos de oposição da próxima eleição. O presidente negou as acusações, mas acabou rescindindo o contrato com a empresa e foi criticado internamente por "falta de contundência" no caso.

O segundo foi a negociação que culminou na redução do salário dos jogadores em mais de 70% em meio à crise provocada pelo novo coronavírus. Em comunicado, o elenco reclamou que surgiu "de dentro do clube" uma "pressão para fazer algo que nós sempre deixamos claro que faríamos". 

Se por um lado os dirigentes criticam a "falta de pulso" de Bartomeu nos casos acima, por outro muitos consideram que ele comanda o clube de forma centralizadora e "presidencialista" - a forma como ele contatou Rousaud no início da semana seria prova disso.

Abaixo veja a carta de renúncia dos seis dirigentes do Barcelona:

"Pela presente queremos comunicar que os dirigentes que assinam abaixo comunicaram ao presidente Bartomeu a decisão de demitir de maneira irrevogável a nossa condição de diretores do FC Barcelona.

Chegamos a este ponto ao não nos vermos capazes de reverter os critérios e a forma de gestão do clube diante dos importantes objetivos do futuro e, em especial, a partir do novo cenário após a pandemia.

Devemos destacar também nosso desencanto com o lamentável episódio das redes sociais, conhecido como Barçagate, do qual fomos conhecedores por meio da imprensa.

Pedimos aqui que uma vez que se apresente o resultado da auditoria encarregada à PWC as responsabilidades sejam apuradas assim como eventual ressarcimento patrimonial que corresponda.

Como último serviço ao nosso clube, recomendamos que, tão logo as circunstâncias permitam, sejam convocadas novas eleições que permitam que o clube seja gerido da melhor maneira frente às importantes metas de curto prazo.

Por último, embora não menos importante, queremos dar um reconhecimento e um agradecimento muito especial aos nossos companheiros de junta diretiva que dedicaram e dedicam suas melhores energias e esforços pelo bem do nosso querido Fútbol Club Barcelona. Também agradecemos os executivos e empregados do clube pelo apoio e pelo excelente trabalho durante o tempo em que tivemos a honra de servir nosso querido Barça.

Um forte abraço a todos. 

Emili Rousaud i Parés, Enric Tombas i Navarro, Maria Teixidor i Jufresa,

Silvio Elías i Marimón, Josep Pont i Amenós, Jordi Calsamiglia i Blancafort"

Publicidade
0