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Arsene Wenger

Wenger foi gigante e flertou em ser o maior do Arsenal, mas a melancolia final não deixou

Header Tauan Ambrosio

Ser o maior treinador de um clube que contou com uma das cabeças mais inovadoras na história do futebol não é tarefa fácil. Em determinado momento, Arséne Wenger ficou muito perto de alcançar isso.

No final das contas, não conseguiu por uma combinação de dois fatores principais: mas ter chegado a este patamar já é um atestado de sua gigante importância e relevância para o esporte.

Não há dúvidas de que o francês, que chegou em 1996 carimbando a faixa dos então campeões ingleses, Blackburn, foi o maior treinador do Arsenal no que chamamos de era moderna do futebol.

Foram 11 troféus conquistados, sendo três títulos da Premier League – um deles, em 2004, invicto e que depois estipularia o recorde de 49 jogos de invencibilidade que perdura até hoje.

Thierry Henry, Patrick Vieira and Arsene Wenger 2004Thierry Henry, Patrick Vieira and Arsene Wenger 2004Comemorações do título 'invencível' em 2004 (Foto: Getty Images)

Mais do que resultados expressivos, no entanto, o francês mudou a forma de jogar de um time estigmatizado por ter um futebol feio. Virou um dos ícones dentre os treinadores que representam o jogo bonito – inspirando até mesmo nomes como Pep Guardiola.

22 anos de glórias, títulos e... críticas: a história de Wenger no Arsenal

Ao final de sua primeira década no Arsenal, a impressão era de que Wenger superaria até mesmo a mítica figura de Herbert Chapman. Um nome cuja importância transcende até mesmo o clube londrino, já que foi o responsável pela criação do sistema que dominaria o futebol de sua época, sendo usado por quase quatro décadas.

GFX Chapman

Chapman soube ler como ninguém a mudança na regra do impedimento, que diminuía de três para dois o número de oponentes necessários para configurar a posição irregular: oficializou a figura do terceiro zagueiro no esquema tático que rodou o mundo como se fosse uma verdade religiosa: o WM.

Herbert Chapman não mudou apenas o patamar do Arsenal no futebol, transformando o time de Londres em um clube realmente grande ao conquistar os primeiros títulos ingleses da instituição. Mudou, dentre outras coisas, o uniforme, que passou a ter mangas brancas para ajudar os jogadores a se identificarem com facilidade maior por causa da visão periférica.

Mas principalmente, transformou a cultura do clube. Assim como fez Wenger, transformando, décadas depois, jogadores em atletas. Atletas na acepção da palavra.

O grande problema, que difere Wenger e Chapman dentro de suas narrativas como treinadores do Arsenal, está no roteiro tomado por cada um. Se a primeira metade do francês foi genial, a segunda foi tão melancólica a ponto de criar campanhas pedindo a sua saída.

Não apenas por marcarem suas maiores derrotas [8 a 2 para o Man.Utd em 2011 e 6 a 0 para o Chelsea em 2014], mas principalmente porque as vitórias foram diminuindo: 65% de seus títulos conquistados vieram nos seus primeiros 10 anos no comando, assim como os três triunfos na Premier League chegaram no espaço inicial de oito temporadas.

O maior campeão da FA Cup na história [7 troféus] também ficou perto do feito que o colocaria no patamar mais alto: a Champions League, que bateu na trave em 2006. Para Wenger, a passagem do tempo parece ter levado o tamanho ainda maior que o seu Arsenal poderia ter alcançado. E olha que os feitos já foram espetaculares.

WENGER X CHAPMAN: OS NÚMEROS

 ARSÈNE WENGERHERBERT CHAPMAN
ANOS NO CLUBE1996-20181925-1934
PARTIDAS1235403
VITÓRIAS707201
EMPATES28097
DERROTAS248105
% VITÓRIAS57,249,9
TÍTULOS NA LIGA32
TÍTULOS DE COPA125
TÍTULOS CONTINENTAISNENHUMNENHUM

Só que Chapman é, ainda, o maior treinador da história do Arsenal não apenas por tudo o que fez e representou. Mas por ter finalizado o seu roteiro de forma épica, com a expectativa de sonhos no horizonte.

Em janeiro de 1934, mesmo gripado, insistiu para ver um jogo do Sheffield, que seria o próximo adversário dos Gunners. O treinador pegou uma febre, e desafiando ordens médicas ainda insistiu para ver o seu time B em ação. Dias depois, uma pneumonia acabou com sua vida aos 56 anos.

Uma tragédia, um evento traumático. Mas daqueles que mexem com os brios de jogadores e torcida. O legado do Arsenal como um gigante do futebol inglês continuou mesmo após o falecimento de Chapman: o clube conquistou o título naquela temporada e na outra. Seguia tão pesado como nunca.

O que será do Arsenal no futuro, ainda não se sabe. Mas a expectativa geral, hoje, não é tão otimista quando poderia ser. Wenger merece todas as homenagens pelo que fez para o futebol inglês e, principalmente, pelos Gunners... mas a sua despedida tem um clima melancólico que o impede de ser maior do que um dos maiores.

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