Se a final da Libertadores de 2021, vencida pelo Palmeiras sobre o Flamengo, chamou atenção por alguma lição mais clara, foi a de que o futebol ainda cria, com boa dose de imprevisibilidade, heróis e vilões com a facilidade com a qual um torcedor grita o nome de seu time. Não é sempre, em todo jogo ou em toda decisão, que isso acontece, mas dentro do Estádio Centenário, de Montevidéu, o roteiro apresentou extremos.
Deyverson foi o herói improvável do Palmeiras (mais um, diga-se de passagem) ao ter marcado, na prorrogação, o gol que sentenciou o 2 a 1 do triunfo alviverde sobre os rubro-negros. E para ter alçado a chamada ‘Glória Eterna’, contou com um erro decisivo do meio-campista Andreas Pereira. Um erro que, vindo de quem vinha jogando tão bem, não deixa de também ter um ar de imprevisibilidade.
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Mas não há como escapar: se o torcedor palmeirense vai lembrar para sempre do gol de Deyverson, o rubro-negro para sempre vai lamentar o erro decisivo de Andreas Pereira. O meio-campista, que chegou durante esta temporada 2021 emprestado pelo Manchester United, recebeu passe do zagueiro David Luiz e não conseguiu dominar a bola. Era o último homem à frente do goleiro Diego Alves. Enquanto a esfera escapava de seus pés, Deyverson o pressionou e ganhou a disputa enquanto um tropeçante Andreas ficava pelo chão. E de lá assistiu Deyverson virar herói, ciente de que a culpa cairia sobre seus ombros.
Getty ImagesPor isso é normal que Andreas Pereira tenha sido o mais cabisbaixo após a confirmação do título para o Palmeiras. O registro feito na zona mista pela repórter Raisa Simplício, da GOAL, é um atestado disso. Uma imagem aparentemente comum, mas extremamente forte: o atleta sem conseguir levantar a cabeça, passando por trás de seus companheiros de time, mergulhado nos pensamentos de culpa.
“É normal. Só ele vai poder digerir o que ele está passando agora”, disse Filipe Luís à GOAL, na zona mista do Estádio Centenário, sobre Andreas. “Ele provavelmente está muito abalado, mas é um grande jogador. Tem muito talento e muita qualidade. Só ele vai, no tempo dele, (conseguir) se recuperar e vai poder fazer outras grandes temporadas e ser campeão de novo”.
Usando a mesma categoria que lhe é tão peculiar dentro de campo, e que fez falta ao Flamengo após sua substituição ainda no primeiro tempo, Filipe Luiz conseguiu condensar muito bem a situação. O erro de Andreas é histórico e será eterno, mas existe sempre um novo dia para levantar a cabeça.
O futebol até pode demorar a perdoar, mas perdoa. O exemplo de Deyverson, no Palmeiras, deixa isso em evidência, mas se você pesquisar mais também vai encontrar muitos outros casos – cruzando o oceano, vale lembrar que antes de ser incontestável no Bayern, o holandês Arjen Robben também chegou a ser vilão da equipe alemã antes de fazer o gol do título da Champions League em 2013.
Andreas Pereira vinha se provando muito útil pelo Flamengo e mostrou ter qualidade para jogar em um dos times mais fortes do Brasil e da América do Sul. Os relatos são de que é um atleta dedicado. É o que basta para levantar a cabeça.
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