Abel Ferreira Palmeiras campeão Libertadores 31 01 2021Getty Images

Abel Ferreira e Jorge Jesus, iguais só no título da Libertadores e na nacionalidade

Apito final em meio a emoções, depois que o título da Libertadores é conquistado graças a um gol marcado nos acréscimos do segundo tempo. Enquanto os jogadores correm emocionados pelo gramado, o treinador também não quer saber de esconder seus sentimentos. E o faz envolto pela bandeira de Portugal. Aconteceu em 2019 e agora, em 2021, pela temporada 2020. Mas pode apostar: o triunfo continental – com gol no finalzinho – e a nacionalidade lusa são raros pontos em comum entre Jorge Jesus e Abel Ferreira nos respectivos feitos por Flamengo e, agora, Palmeiras.

Futebol ao vivo ou quando quiser? Clique aqui e teste o DAZN grátis por um mês!

Embora portugueses e personagens na conquista da chamada Glória Eterna, muitas são as diferenças entre eles. Se Abel, campeão em 2021 da Libertadores 2020, teve na máxima competição das Américas o seu primeiro título como treinador no futebol profissional, Jorge Jesus estava no Flamengo já com o seu nome na história pela coleção de taças que ajudou, por exemplo, o Benfica a levantar em sua primeira passagem pelos Encarnados. A abordagem do trabalho também tem suas diferenças, entre as táticas, modelo de jogo e ímpeto para forçar ou não um trabalho mais autoral.

Mas o traço que mais difere ambos está na personalidade.

Abel Ferreira e Jorge JesusDivulgaçãoO abraço entre Abel Ferreira e Jorge Jesus (Foto: Divulgação)

“Cada um faz o seu caminho. O Jorge Jesus tem uma forma de ser e de estar completamente diferente da minha. Uma forma de jogar completamente diferente da minha”, disse Abel na entrevista coletiva logo após o título de Libertadores conquistado com vitória por 1 a 0 sobre o Santos.

A extensa conversa com os poucos – por causa da pandemia de Covid - membros da imprensa presentes na entrevista coletiva mostrou vários traços de sua personalidade, como a sensibilidade que o levou, mais de uma vez, às lágrimas ao falar sobre sua família e os sacrifícios que um trabalhador do futebol precisa fazer em relação à sua vida pessoal para perseguir seu sonho. Mas o traço de humildade e de não querer centrar a glória em sua própria figura na hora de celebrar os louros da vitória chamaram a atenção.

Pouco mais de um ano antes, Jorge Jesus disse algo ao mesmo tempo parecido mas completamente diferente após o 2 a 1 de seu Flamengo sobre o River Plate na final vencida em Lima, no Peru, usando o seu tom mais personalista: “Nem todos os treinadores de Portugal são iguais a mim. Basta falar com os jogadores que trabalharam comigo. Eu sou diferenciado se estiver na China, na Inglaterra, em Portugal. Não é porque estou no Brasil”, afirmou à Fox Sports.

Jorge Jesus Flamengo Libertadores 2019Getty ImagesJorge Jesus após o título de Libertadores do Flamengo (Foto: Getty Images)

Jorge Jesus é excelente. Era antes de chegar ao Flamengo e mostrou isso em seu curto – e intenso – período aqui no Brasil. Mas sua personalidade sempre mostrou traços maiores de vaidade. Faz parte do jogo e é o modo de encarar a vida e a sua profissão. Evidente que isso não mexe em sua competência, vale destacar. Já Abel vem mostrando um lado mais humilde, buscando exaltar mais os que estão ao seu redor. Logo após a conquista do título palmeirense, fez questão de lembrar do trabalho de Vanderlei Luxemburgo e também dedicar parte do mérito ao seu antecessor.

“Foi Vanderlei que começou esse trabalho. Não escondo”, disse, ainda que a melhora do time sob seu comando – e pouco antes com o interino Andrey Lopes – tenha sido inquestionável.

“Temos que fazer um trabalho, tivemos que resgatar alguns jogadores, mas quem começou o trabalho foi ele. Mas fomos nós todos que fechamos. Muita gente perguntou o que tinha dito ao Gallardo (técnico do River Plate, adversário nas semis), eu disse que ia ganhar essa competição e que se devia ser melhor treinador graças a ele. E ele disse para eu ganhar. Se sou melhor treinador, devo também ao Gallardo”.

Abel Ferreira, torcida - Final Palmeiras x Santos LibertadoresReprodução/Twitter LibertadoresBR(Foto: Divulgação/Libertadores)

Abel completou dizendo, repetidas vezes, que se é um bom treinador é muito por causa das pessoas que o cercam: “A palavra que passa na cabeça é obrigado. Primeiro lugar é agradecer a todos que treinei e de forma especial e carinhosa aos jogadores do Palmeiras. Não há bons treinadores sem bons jogadores (...) Não posso acabar sem dizer que sou bom treinador porque tenho uma equipe técnica fantástica. Sou bom treinador, mas todos eles são tão bons como eu. Sou só o líder”.

Os dois treinadores das últimas edições da Libertadores são dois competentíssimos portugueses, suas equipes conquistaram a glória eterna nos minutos finais e ambos estiveram envoltos na bandeira lusa. Mas as diferenças entre Abel Ferreira e Jorge Jesus provavelmente são maiores do que as semelhanças.

Publicidade