Bayern de Munique 1 x 2 Paris Saint-Germain. Real Madrid 1 x 3 Barcelona. E amanhã: Juventus x Lyon e Arsenal x Wolfsburg. A Champions League está de volta!
Dos oito clubes, sete mandam seus jogos em seus principais estádios nas quartas de final. O Real Madrid, estreante na competição, foi a única divergência, levando o seu jogo para o Estádio Alfredo di Stéfano. Entre os países nesta fase, a Espanha, representada pelo time merengue e pelas catalãs – que devem quebrar o recorde mundial de público do futebol feminino no Camp Nou, na semana que vem –, mostra o que pode acontecer quando há fomento ao futebol feminino desde as categorias de base.
Futebol ao vivo ou quando quiser? Clique aqui e teste o DAZN grátis por um mês!
Durante a ditadura de Franco, as mulheres foram proibidas de jogar futebol no país, e impedidas de praticar outras modalidades. Assim como no Brasil, que também teve a prática proibida, foram décadas de retrocesso e um preconceito que perdura – e dificulta – o acesso ao esporte por meninas e mulheres. E isso se reflete em incentivo, patrocínios, público e tantos outros fatores. No entanto, quando a recuperação começou, ela não veio a galope.




As cinco jogadoras com mais partidas pela seleção (Alexia Putellas, Marta Torrejón, Jenni Hermoso, Marta Corredera e Irene Paredes) têm entre 28 e 32 anos, e já tiveram seu futebol trabalhado desde a base, fosse em clubes ou na seleção. E se elas ainda têm muito a render, a próxima geração já está sendo trabalhada. A equipe sub-17 vai defender o título mundial na Índia este ano. O sub-19 espanhol, que disputa o campeonato europeu da categoria, não ficou fora do pódio nas últimas seis edições (o torneio foi cancelado em 2020 e 2021 devido à pandemia da Covid-19). No mundial sub-20, a La Roja foi vice-campeã, em 2018.
GettyA Espanha foi da sua primeira classificação à Copa do Mundo, em 2015, a ter um dos melhores clubes do mundo, com algumas das principais jogadoras da atualidade em sua liga nacional. E, no dia 14 de março de 2022, a Primera Iberdrola - divisão nacional de elite - se tornou oficialmente uma liga de futebol profissional.
"A Espanha paga uma dívida com as mulheres esportistas, a quem devíamos este reconhecimento", disse o Conselho Superior dos Esportes (CSD, na sigla em espanhol). A entidade vai investir 31 milhões de euros (mais de R$ 168 milhões) pelos próximos três anos na nova competição.
O que isso significa? Que, após décadas de tratamento do futebol feminino como um esporte amador, as atletas terão os mesmos direitos dos jogadores da primeira e segunda divisões masculinas. Segundo a Associação de Futebolistas Espanhóis, essa é uma forma de mostrar que existe a mesma dedicação entre homens e mulheres que vivem, jogam e sonham com o futebol como uma carreira. Isso não foi uma concessão. Foi resultado de anos e anos de luta de atletas e ex-atletas (se quiser saber mais, esse texto do Ludopédio conta um pouco do processo)
GettyE, com isso, voltamos ao Real Madrid. Com anos de atraso, o time da capital espanhola finalmente passou a ter um time feminino na temporada passada, terminou a liga em segundo lugar e conseguiu a tão sonhada classificação à Champions League. A sete rodadas do fim, enquanto o Barcelona já garantiu o título nacional, o Real - contra todas as apostas - fez um bom jogo contra as rivais, mas ainda assim foi derrotado.
A rivalidade estimulou a maior venda de ingressos da história do futebol feminino, e essa visibilidade com certeza vai estimular mais meninas a jogar futebol no país. Afinal, quem não quer um Camp Nou ou Santiago Bernabéu lotado gritando o seu nome?
Não adianta só apostar no talento se não houver um trabalho de formação e retenção. E também não existe uma fórmula para sucesso absoluto no futebol. Na Espanha, apesar da evolução das últimas duas décadas, ainda existe uma disparidade muito grande entre o Barcelona e os outros clubes. Mas o trabalho no país não começou agora; nós só estamos vendo os primeiros frutos e, com certeza, muitos outros virão.
