Por Bruno Guedes - @brguedes
Jorge Jesus foi anunciado como novo técnico do Flamengo. Aos 64 anos, o português é bastante respeitado na Europa e em seu país por conta dos ótimos trabalhos à frente do Benfica e Sporting, dois dos três mais importantes de Portugal. Com um estilo baseado na organização, o treinador busca sempre jogar com e sem a bola, como pede o futebol atual. Mas a torcida que abra o olho: os corporativistas vão atacá-lo.
Em sua última temporada pelo Sporting Lisboa, em 2017/18, Jorge tentava adaptar a equipe conforme seu adversário. Mesclando 4-4-2 com 4-1-3-2, o treinador por diversas partidas modificou o estilo para "encaixar" melhor com os rivais. Mas contra o Atlético de Madrid, por exemplo, chegou a flutuar entre um 5-4-1 e 4-3-3, que anulou Simeone.
No Benfica, auge da carreira, o estilo organizado e ofensivo ganhou fama. Por conta disso, é possível esperar que Jorge utilize bastante o elenco. Ao contrário de outros, não é de aproveitar com frequência os jovens da base. Mas não quer dizer que não possa e não vá usá-los. Seus auxiliares, João de Deus, Márcio Sampaio e Mário Monteiro, como Bruno Andrade anunciou mais cedo no Goal, são licenciados pela UEFA.
Organização defensiva e utilização dos corredores laterais
GettyUma das marcas do técnico é a sua forte organização defensiva, filosofia dos portugueses. Historicamente usa o 4-4-2 em linha, com os blocos de marcação oscilando entre médio e baixo. Ou seja, na altura do meio campo e ou mais recuado. Entretanto, no Sporting, exerceu bastante pressão no campo adversário e as linhas mais altas em muitas ocasiões.
Por conta disso, gosta bastante de jogar pelos lados. Enfileirou títulos desta maneira no Benfica. E é aí que entra o grande trunfo para o Flamengo, que tem diversos jogadores com essas características. Muitas jogadas são criadas a partir dos corredores. Encurta bastante o campo de ação e visa a progressão vertical, aproximando assim os atletas e buscando espaços no rival, principalmente lateral.
Porém, os volantes também são vitais em seus times. Quase sempre são eles ou algum meia mais recuado quem conduzem a saída, orientandos para que opções de passes sejam oferecidas em torno de quem tem a bola. Desta maneira, além de manter a posse, sobe em bloco. Daí a importância da organização para que os resultados apareçam em campo.
No ataque usa um estilo posicional. Isso é, jogadores que transitam entre as linhas adversárias, tentando sempre achar espaços, formar triangulações e forçando a defesa rival a permanecer no seu campo, sem conseguir sair de trás. Mesmo quem não está com a bola, participa de um todo. Porém isso requer treino, muito treino...
Suas entrevistas são shows à parte. Sincero, gosta bastante de discutir ideias e não leva desaforo quando questionado. Personalidade forte e disciplinador também fora dos gramados.
Flamengo tem um grande treinador, mas que pegou um time com metodologias diferentes e sem conhecer a cultura local. Cabe agora apoio e paciência da torcida. E que a política do Flamengo deixe-o trabalhar, que é o mais complicado. E fiscalizar, porque na imprensa vão atacá-lo como fazem com Jorge Sampaoli.
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Bruno Guedes é músico, apaixonado por futebol e beisebol. Brasiliense por certidão e carioca de coração, acredita no futebol brasileiro e tem Romário como o maior jogador que viu dentro das quatro linhas. |



