Atual vice-campeã da Eurocopa e uma das principais favoritas para Copa do Mundo deste ano, a Alemanha é uma seleção cheia de talentos e com algumas das melhores jogadoras do mundo à disposição da treinadora Martina Voss-Tecklenburg. Dada a profundidade de peças para o setor de meio-campo, é possível dizer que as alemãs têm uma das melhores ofertas de jogadoras da posição no mundo, se não a melhor.
À frente da seleção desde 2019, MVT tem costume de fazer muitas experiências visando encontrar seu onze ideal. Isto foi bastante visto no período pré-Euro, quando testou muitas atletas e formações (até mesmo com três zagueiras). Nem sempre os resultados apareceram, assim como as oscilações marcaram algumas performances. Entretanto, no torneio continental, os testes foram justificados em campo, com um conjunto fortíssimo formado por titulares e reservas capazes de mudar cenários.
A Alemanha atua em um 4-3-3. A trinca de meio-campistas, foco da nossa análise, é o coração do time. Sua composição se dá, normalmente, por uma volante; por uma meia mais equilibrada, capaz de auxiliar na defesa e encostar no ataque; e por uma meia com características mais ofensivas, de armação. Dessa forma, Voss-Tecklenburg consegue solidez em ambas as fases do jogo (defesa e ataque), com e sem a bola. Capacidade física, intensidade e pressão na marcação são características marcantes do conjunto.
Para registro, observe doze das principais meias que a comandante convocou no último ano:
- Lena Oberdorf – Wolfsburg – 21 anos
- Sjoeke Nüsken – Eintracht Frankfurt – 21 anos (faz 22 em 22/01)
- Lena Lattwein – Wolfsburg – 22 anos
- Sydney Lohmann – Bayern de Munique – 22 anos
- Janina Minge – Freiburg – 23 anos
- Chantal Hagel – Hoffenheim – 24 anos
- Sara Däbritz – Lyon – 27 anos
- Lina Magull – Bayern de Munique – 28 anos
- Linda Dallmann – Bayern de Munique – 28 anos
- Dzsenifer Marozsán – Lyon – 30 anos
- Alex Popp – Wolfsburg – 31 anos
- Svenja Huth – Wolfsburg – 31 anos
De forma proposital, as elenquei em ordem etária. A média de idade das atletas consideradas é de 25,6 anos, o que é bastante interessante pensando em futuro. MVT tem conseguido mesclar experiência e juventude e a química da equipe é vista nos gramados.
Das listadas, algumas são versáteis, capazes de realizar diversas funções em campo, assim como atuar em setores diferentes de maneira sólida. Um dos exemplos é Nüsken, volante de origem, mas que na seleção (assim como na temporada 22/23 em seu clube), tem atuado como zagueira. Outro é Popp, artilheira da Euro 2022, que é atacante, mas também figura com muita naturalidade como meio-campista.
Uma das melhores jogadoras do mundo é alemã. Volante titular, Oberdorf, apesar da pouca idade, já é experiente em termos de seleção, visto que estreou no grupo com apenas 17 anos. Dona de leituras invejáveis em campo, se destaca pela noção espacial e pela capacidade defensiva. Oberdorf tem evoluído seu jogo de forma constante, o que é percebido principalmente em sua postura com a bola, cada vez mais confortável e hábil na progressão. Ainda precisa melhorar sua eficiência nos passes, mas vem se destacando pela visão de jogo com boas enfiadas para as atacantes.
Equilibradas, Lattwein, Däbritz e Magull produzem tanto na defesa, quanto no ataque. A primeira é tida como reserva imediata de Oberdorf, mas também pode atuar mais avançada. Já as duas últimas são bastante técnicas, capazes de controlar o setor do meio-campo.
Dinamismo é uma das principais características do conjunto alemão. As meias têm liberdade de movimentação para abrir os sistemas defensivos, assim como para associarem com outras peças, como as laterais e as atacantes, que são muito atuantes. Lohmann, Dallmann e Huth são ótimos exemplos, com a última também utilizada pelos lados do campo.
Inseridas no grupo em 2022, Hagel e Minge aumentam a concorrência no setor. A última vem sendo uma das melhores jogadoras dessa temporada da Frauen-Bundesliga, percorrendo área-a-área, se destacando pela criatividade, bem como pelos gols marcados.
Por fim, Marozsán, que está na seleção desde 2010, é nome que busca voltar às convocações de MVT. A meia, que lesionou o ligamento cruzado anterior do joelho em abril de 2022, acabou por perder a Euro, mas retornou aos gramados no fim do ano pelo Lyon. Muito técnica, com visão de jogo invejável e excelente passadora e finalizadora, Marozsán terá desafio físico para se inserir novamente. A meio-campista precisará mostrar-se apta a exercer as funções táticas, especialmente defensivas, necessárias para encaixar no sistema alemão.
Como visto, a Alemanha possui profundidade invejável de peças para o meio-campo, com jogadoras atuando em alto nível tanto no conjunto nacional, quanto em seus clubes. Martina Voss-Tecklenburg terá “dor de cabeça positiva” em 2023 para definir suas convocadas para Copa do Mundo. A certeza é de que o setor será composto por excelentes atletas.
O Mundial será realizado na Austrália e na Nova Zelândia no período de 20 de julho a 20 de agosto. As alemãs poderão cruzar com a Seleção Brasileira logo em uma possível oitavas de final. Ambas as equipes estão no mesmo lado de chaveamento até a final. A Alemanha está no Grupo H e enfrentará Marrocos, Colômbia e Coreia do Sul. Já o Brasil se encontra no Grupo F, ao lado de França, Jamaica e seleção classificada no Grupo C do playoff intercontinental (Taiwan, Paraguai, Papua Nova Guiné ou Panamá).
Chaveamento Copa do Mundo feminina 2023