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Rise of Vitinha World-Class Club GFXGetty/GOAL

Vitinha: da passagem apagada pelo Wolverhampton ao status de melhor meio-campista do mundo com o PSG

Na reta final da notável campanha 2024/25 do Paris Saint-Germain, Ruud Gullit admitiu estar completamente encantado com a empolgante equipe de Luis Enrique. Assim como tantos outros, o lendário holandês ficou cativado pelos brilhantes pontas do clube francês, mas foi o desempenho de Vitinha no meio-campo que realmente chamou sua atenção.

"Ele nem era bom o suficiente para jogar no Wolves, e agora é o melhor jogador do Paris Saint-Germain!", disse o ex-jogador do Milan e da seleção holandesa aos repórteres durante o Laureus World Sports Awards.

Gullit não estava exagerando — pelo menos, não ao chamar Vitinha de melhor jogador do PSG. Ele é o motor que faz a equipe campeã da tríplice coroa funcionar. E, claramente, o talento sempre esteve lá, mesmo durante sua frustrante passagem por empréstimo na Inglaterra.

Mas como Vitinha passou de descartado no Wolverhampton a superastro do PSG em apenas quatro anos? A GOAL traça a ascensão notável de um dos mais novos integrantes do nosso Clube de Classe Mundial.

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  • FBL-ENG-PR-WEST BROM-WOLVESAFP

    'Não é fácil'

    Apesar da tendência do Wolverhampton em contratar jogadores portugueses, por conta dos estreitos laços entre os donos do clube, a Fosun International, e o superagente Jorge Mendes, a ida de Vitinha para Molineux em setembro de 2020 ainda surpreendeu muita gente.

    O jogador formado na base do Porto havia feito sua estreia profissional apenas oito meses antes e ainda não tinha começado sequer uma partida de liga no nível principal. No entanto, os problemas do Porto com o Fair Play Financeiro (FFP) exigiram uma venda, e um dos seus jovens mais promissores foi emprestado com opção de compra por 20 milhões de euros.

    A presença de vários compatriotas nos Wolves certamente ajudou Vitinha a se adaptar ao novo ambiente — especialmente por ter chegado em plena pandemia —, mas nem tudo foi positivo em termos esportivos. Isso também significava disputar posição com portugueses mais consolidados, como Rúben Neves e João Moutinho, na equipe de Nuno Espírito Santo.

    “Todo mundo viu que o talento estava lá”, disse recentemente o ex-treinador dos Wolves. “Mas é preciso considerar o impacto físico. Nós o contratamos quando ele tinha 20 anos, e ele ainda estava se acostumando ao futebol de alto nível, o que é um choque grande. E, para ser honesto, tínhamos João Moutinho naquela posição, que também era um jogador incrível."

    “Então, às vezes jovens que chegam têm talento, mas é o treinador quem decide. Naquele momento, o nosso meio-campo era Moutinho e Rúben Neves, e isso dificultou para Vitinha. Mas ele ainda jogou muitas partidas, voltou ao Porto e, dali em diante, seu nível só foi crescendo.”

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  • Wolverhampton Wanderers v Brighton & Hove Albion - Premier LeagueGetty Images Sport

    'Grande ano de aprendizado'

    O Wolves pode até ter se arrependido de não ter exercido a opção de compra por Vitinha, mas o jogador recorda sua temporada em Molineux como um período fundamental para o seu desenvolvimento.

    O meio-campista, combativo e ao mesmo tempo refinado, percebeu rapidamente que seu estilo não se encaixava tão bem no jogo de contra-ataque de Nuno Espírito Santo. Ainda assim, ele disputou 19 partidas na Premier League e foi titular em sete jogos ao longo de todas as competições.

    “Não aconteceu como eu queria ou esperava”, admitiu Vitinha ao The Times. “Mas eu tentei, dei o meu máximo. Foi um grande ano de aprendizado.”

    A rejeição acabou servindo de combustível, deixando o jovem ainda mais determinado a provar seu valor no mais alto nível — e sem abrir mão da sua abordagem ofensiva e progressiva do jogo.

  • FBL-POR-CUP-PORTO-TONDELAAFP

    Acreditando em si mesmo

    De fato, o ex-defensor do Wolverhampton, Fernando Marçal, revelou mais tarde em entrevista ao L’Équipe que Vitinha não demonstrou nenhum desânimo por não ter conquistado uma transferência em definitivo.

    “O treinador foi duro com ele”, contou o brasileiro. “Mesmo fazendo coisas incríveis nos treinos, ele não conseguiu convencê-lo. Nuno queria que Vitinha simplificasse o jogo, soltasse a bola mais rápido. Ele tentou seguir as instruções, mas não queria perder sua identidade. Então, perguntei como ele via a temporada seguinte, e ele me disse: ‘Vou voltar para o Porto, vou arrebentar lá e, na temporada seguinte, estarei jogando em um dos oito melhores clubes da Europa.’"

    “Pensei comigo: ‘Uau, esse cara não consegue jogar no Wolves e acha que vai assinar com o Manchester City ou com um clube desse nível? Ele só pode ser meio maluco!’ Mas não, definitivamente não era.”

  • FBL-FRA-LIGUE1-PSG-METZAFP

    Fazendo muitas 'tarefas' para Mbappé e cia.

    Como Marçal destacou, a ousada previsão de Vitinha acabou se tornando realidade. Após uma temporada brilhante pelo Porto, com 47 partidas disputadas e uma dobradinha doméstica conquistada, o meio-campista foi contratado pelo PSG por 41,5 milhões de euros em 2022.

    O vestiário do Parc des Princes parecia um verdadeiro mundo dos sonhos para Vitinha. Estar cercado por Lionel Messi, Neymar e Kylian Mbappé era uma experiência quase surreal. Mas também havia desafios. A recusa dos atacantes em participar da fase defensiva significava que sobrava para Vitinha uma grande carga de “tarefas”, como ele mesmo descreveu — e conquistar o respeito dessas estrelas não foi nada simples.

    Logo em sua segunda partida na Ligue 1, Vitinha optou por não passar a bola para Mbappé e escolheu Messi, o que levou o francês a reagir com frustração, virando as costas de forma petulante. O episódio resumiu bem o clima de estrelismo que reinava no Parc des Princes naquele período — e ajuda a explicar por que Vitinha e outros jogadores ficaram tão satisfeitos quando o PSG decidiu mudar o foco, trocando contratações de superestrelas por jovens de enorme potencial.

    “A forma como querem construir a equipe agora, com uma visão de longo prazo, é o melhor caminho”, celebrou Vitinha na última temporada.

  • FBL-EUR-C1-PSG-ARSENALAFP

    'Luis Enrique não vai te enganar'

    Investir na juventude trouxe resultados espetaculares para o PSG, com jogadores como Bradley Barcola, João Neves, Willian Pacho, Khvicha Kvaratskhelia e Désiré Doué desempenhando papéis decisivos na conquista da histórica tríplice coroa — ao lado das duas melhores contratações da célebre janela de meados de 2021: Achraf Hakimi e Nuno Mendes.

    É claro que também ajudou o fato de Ousmane Dembélé finalmente ter correspondido a expectativa que carregava desde os tempos de garoto, quase uma década atrás. E o PSG dificilmente teria vencido a Champions League sem o ressurgimento do goleiro Gianluigi Donnarumma — ou a liderança do capitão Marquinhos, referência absoluta dentro e fora de campo.

    Mas foi Vitinha quem deu liga a todo o time. Talvez nenhum outro jogador tenha se beneficiado tanto da chegada de Luis Enrique ao comando em 2023. Se ele não havia conseguido convencer Nuno Espírito Santo no Wolverhampton, em Paris encontrou apoio total do treinador espanhol desde o início — e respondeu de forma brilhante à franqueza do novo técnico.

    “O melhor nele é que é muito direto”, contou Vitinha ao The Times. “Ele não vai mentir para você. O que quer dizer, ele diz. Assim, você nunca fica com a impressão errada. Isso é muito bom para um jogador. Você sempre sabe o que o treinador pensa sobre você. Eu gosto muito disso. Às vezes, os técnicos não são tão francos, para se protegerem.”

  • Vitinha PSG Atletico MadridGetty

    'O meio-campista perfeito'

    Não é surpresa que a segunda temporada de Vitinha em Paris tenha sido muito superior à primeira e que, mesmo antes da saída de Mbappé, Luis Enrique já o considerasse o jogador mais importante do PSG. Sua influência era visível em todos os aspectos do jogo. João Neves, por exemplo, admitiu que só conseguiu se encaixar tão bem na equipe graças à ajuda de Vitinha, que também elevou a moral do grupo após a derrota na ida contra o Liverpool nas oitavas de final da Champions League, prometendo publicamente virar o confronto em Anfield.

    E o PSG cumpriu a promessa em grande parte por causa da forma como Vitinha, ao lado de Neves e Fabián Ruiz, controlou a partida na Inglaterra. Ele era simplesmente indispensável para o funcionamento da equipe — e isso já não era novidade.

    Como Luis Enrique já havia destacado com entusiasmo: “Vitinha é único. Com a bola, ele é vital para nós na função de pivô. Administra o jogo perfeitamente, não a perde e dá muito à equipe. É forte física e mentalmente, e desempenha um papel difícil e complexo no meio-campo do PSG. Ele personifica o meio-campista perfeito.”

    Os números confirmam essa avaliação. Ninguém completou mais passes na Champions nos últimos dois anos do que Vitinha (1.965), com uma taxa de acerto de 93,71% — impressionante para um criador de jogadas tão ousado, que ainda criou tantas chances quanto Vinícius Junior (42) no mesmo período. Para completar o retrato de sua excelência, ele também foi o segundo em bolas recuperadas (159) e terceiro em interceptações (34).

    “Ele é um dos melhores jogadores do mundo em sua posição, sem dúvida”, disse Luis Enrique. “Não vejo ninguém melhor do que ele no meio-campo.”

    E nós também não. Em 2025, ninguém merecia mais do que Vitinha uma vaga no Clube de Classe Mundial da GOAL.

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