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How long can Amorim last gfxGetty/GOAL

Vestiário do Manchester United "gritou" com Ruben Amorim, e o técnico agora tem que escolher entre escutar ou pedir para sair

O Manchester United deu carta branca para Ruben Amorim remodelar o clube à sua maneira. Mas, apenas três jogos depois do início da temporada, a imagem que ele passa é bem preocupante.

Em meio a uma tempestade em Grimsby, o técnico se abrigava da chuva enquanto viu sua equipe sofrer em uma interminável disputa de pênaltis. A cena deixou claro o abismo entre o português e o elenco, mesmo após ele ter recebido liberdade para se desfazer de jogadores indesejados a custo zero ou por valores muito abaixo do mercado.

Depois do jogo em Blundell Park, Amorim praticamente admitiu que seus atletas não estavam jogando por ele nem seguindo suas instruções, ao soltar a enigmática frase: “Eles falaram muito alto”. E explicou: “Não foi só a questão dos espaços, mas também a forma como começamos sem nenhuma intensidade. Toda a ideia de pressão se perdeu completamente. É difícil de explicar. Foi isso que eles mostraram de forma muito clara.”

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  • Fulham v Manchester United - Premier LeagueGetty Images Sport

    Um bom momento para partir?

    Na temporada passada, o Manchester United desperdiçou duas Datas Fifa antes de decidir demitir Erik ten Hag, só encerrando o vínculo com o holandês em meados de outubro. A demora foi tão grande que Ruud van Nistelrooy precisou assumir como interino, já que o clube só poderia contratar Ruben Amorim oficialmente na parada de novembro.

    Agora, a primeira pausa do calendário acontece logo após o duelo contra o Burnley, no sábado, e pode ser tentadora tanto para o treinador quanto para o clube como momento de ruptura. Isso porque a sequência depois da pausa internacional é duríssima: primeiro, o clássico contra o Manchester City fora de casa e, depois, um confronto contra o Chelsea em Old Trafford.

    Embora Jim Ratcliffe, co-dono dos Red Devils, tenha demonstrado apoio público e privado a Amorim — além de manter uma boa relação pessoal com ele —, dificilmente gosta da situação em que o time se encontra. O técnico que ele escolheu coleciona recordes negativos, a ponto de obrigar os estatísticos a voltarem cada vez mais fundo na história do United para encontrar um time tão mal sucedido quanto o atual.

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  • Grimsby Town v Manchester United - Carabao Cup Second RoundGetty Images Sport

    Recordes negativos históricos

    O técnico presidiu uma sequência de recordes indesejáveis na última temporada, registrando o pior total de pontos, a pior posição na liga e o menor número de gols na era da Premier League e o mais baixo em todos os três aspectos em 50 anos.

    A porcentagem de vitórias de Amorim em todas as competições é de 35,6% e na liga é de 24,1%, a pior de qualquer treinador do United, desde 1992, por uma margem considerável. A de Ralf Rangnick foi de 37,9% e a de David Moyes foi de 52,9%. Se o United não vencer o Burnley no sábado, Amorim terá a porcentagem de vitórias mais baixa de qualquer treinador dos Red Devils desde 1931.

    O português só venceu sete jogos na Premier League, acumulando menos pontos do que jogos disputados. Ele estabeleceu outro recorde negativo com a derrota nos pênaltis em Grimsby: a primeira derrota do United para uma equipe da quarta divisão em um jogo de copa.

  • Avram Glazer and Sir Jim Ratcliffe of Man UtdGetty Images/GOAL

    A reputação de Ratcliffe está se deteriorando

    Essas estatísticas horrendas obviamente refletem o pior de tudo em Amorim, mas também deixam Ratcliffe mal. O co-proprietário disse no início deste ano que já não gosta de ler jornais porque tem que ler muitas críticas sobre si mesmo. Muitas dessas críticas giram em torno de suas medidas de corte de custos e demissão de centenas de funcionários, mas cada resultado ruim também o pinta de maneira negativa, dando a impressão de que ele é incapaz de gerir um clube de futebol. 

    Ratcliffe investiu em Amorim tanto no nível financeiro quanto emocional, e demiti-lo em menos de um ano no cargo teria uma péssima repercussão. Por outro lado, mostrar fé cega nele, mesmo com a equipe jogando um futebol pífio, fará com que ele pareça ainda pior a longo prazo.

    Mas Ratcliffe pode não pagar uma taxa de compensação para o português, pois há uma possibilidade crescente de que o treinador saia por conta própria antes de ser demitido.

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  • Ruben Amorim Manchester UnitedGetty

    Ameaças de desistência

    O português chegou a dar indícios dessa possibilidade em entrevistas à beira do campo em Blundell Park, quando afirmou: “Se a gente não aparece para o jogo, fica claro que algo tem que mudar — e você não vai trocar 22 jogadores de novo. Acho que estamos perto do limite. Agora precisamos focar no fim de semana e depois teremos tempo para pensar.”

    Segundo a imprensa inglesa, Amorim cogitou pedir demissão já em fevereiro, depois das dolorosas derrotas para Crystal Palace e Tottenham, além da série de lesões no elenco. Após a derrota para os Spurs na final da Liga Europa, ele voltou a declarar que sairia do cargo e abriria mão da multa rescisória, caso o clube entendesse que ele não era mais o homem certo para o trabalho.

    Em agosto, em uma entrevista coletiva com jornalistas, o treinador explicou sua forma de pensar: “Sair por conta própria é mais uma questão de ego. Eu sou assim. Se você olhar para o Sporting: ganhei o campeonato e, no ano seguinte, ficamos em segundo. No terceiro ano, quando perdemos (vendemos) Matheus Nunes, João Palhinha e outros, terminamos em quarto, e eu coloquei meu cargo à disposição. É algo que meu empresário sempre fala: você não precisa assinar contratos longos. Porque, quando as coisas não vão bem, eu mesmo coloco meu lugar em debate. Talvez eu seja muito romântico em relação a isso.”

  • Manchester United FC v AFC Bournemouth - Premier LeagueGetty Images Sport

    Mudar a formação ou sair

    O ego de Amorim tem sido repetidamente esmagado pelos resultados do United e assim também tem sido a sua reputação. Ele enfrenta um dilema: deve desistir agora e ser para sempre visto como um dos piores treinadores do clube, ou tentar salvar sua reputação enquanto potencialmente arrisca humilhações ainda maiores?

    Há uma terceira opção, que parece incrivelmente óbvia para todos, exceto para Amorim: mudar suas táticas e se afastar da formação 3-4-2-1 que definiu sua carreira como treinador. Ele afirmou repetidamente que nunca mudará sua configuração tática e em Grimsby insistiu que o formato da equipe "não importa". Mas claramente importa. 

    Sua formação, que exclui pontas, significava que não havia espaço a longo prazo em seu elenco para Marcus Rashford, Alejandro Garnacho ou Antony, deixando de lado, por um momento, os outros problemas que esses jogadores apresentavam. A formação também reduz os poderes de alguns dos seus melhores jogadores. Amad Diallo teve que aprender um novo ofício como lateral e Kobbie Mainoo foi reduzido a um papel no banco, enquanto Bruno Fernandes foi forçado a jogar mais recuado no meio-campo quando parece claro que ele está mais bem adaptado para jogar como um camisa 10.

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    Hora de prestar atenção

    Mudar o esquema tático pode ir contra tudo em que Ruben Amorim acredita, mas talvez seja a única saída neste momento. Afinal, ele já recebeu praticamente tudo o que pediu: teve uma pré-temporada inteira para conhecer melhor o elenco, não precisa se preocupar com competições europeias e ainda viu o United ser eliminado cedo da Copa da Liga, o que deixou o calendário mais leve.

    O treinador conta com uma dupla de ataque nova, formada por dois jogadores de nível Premier League que ele tanto queria: Bryan Mbeumo e Matheus Cunha. Conseguiu se desfazer das “maçãs podres”, como Rashford e Garnacho, que chegaram a desafiar sua autoridade. E ainda ganhou um centro de treinamento moderno, de última geração. Se, mesmo assim, não conseguir fazer o time funcionar, a conclusão inevitável será de que Amorim não é o técnico certo para o Manchester United.

    Qualquer resultado abaixo de uma vitória convincente contra o Burnley vai reforçar essa ideia. Se os jogadores “falaram alto” em Grimsby, agora é Amorim quem precisa escutá-los — antes que Ratcliffe escute.

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