Vendas à Arábia Saudita podem salvar Chelsea de problemas financeiros?

Kalidou Koulibaly já encerrou sua passagem de uma temporada no Stamford Bridge ao se juntar ao Al-Hilal por £21,5 milhões (R$ 132 milhões), enquanto outros três jogadores que o Chelsea estava desesperado para se livrar nesta janela de transferências, parecem estar destinados a negociações lucrativas para o Oriente Médio; Hakim Ziyech deve se juntar a Ronaldo no Al-Nassr, o goleiro Edouard Mendy está em negociações avançadas com o Al-Ahli, e uma oferta saudita é esperada por Pierre-Emerick Aubameyang.

Em outros lugares, os jogadores que retornam de empréstimo, Romelu Lukaku e Callum Hudson-Odoi, foram vinculados a mudanças para o Golfo, embora o primeiro tenha rejeitado a ideia de se juntar ao Al-Hilal, pois deseja retornar ao Inter.

Enquanto isso, N'Golo Kante - um jogador que o Chelsea estava mais disposto a manter - concordou em uma transferência gratuita para se juntar ao compatriota Benzema no Al-Ittihad, com seu contrato prestes a expirar no final de junho.

O Chelsea está desesperado para equilibrar as contas depois de registrar enormes prejuízos nas duas temporadas anteriores e gastar uma quantia impressionante de £600 milhões (R$ 3.7 bilhões) em novos jogadores em 2022/23 - o que os coloca em perigo de não cumprir o limite de perdas de £105 milhões (R$ 644 milhões) ou mais em três anos estabelecido pela Premier League.

Os Blues foram adicionados à lista de observação do Fair Play Financeiro (FFP) da UEFA em setembro de 2022, com o órgão máximo do futebol europeu monitorando de perto suas atividades nos meses seguintes. Consequentemente, suas compras de janeiro levantaram algumas dúvidas.

As vendas de jogadores são a única estratégia real de saída para a bagunça em que o clube se encontra, e, portanto, o interesse dos clubes sauditas, que gastam livremente, em tantas de suas estrelas é um grande alívio.

Se eles desejam incluir mais vendas em suas contas de 2022/23 para compensar seus gastos, precisarão concluir até 30 de junho. Eles venderam apenas jogadores como Timo Werner, Emerson Palmieri, Jorginho e Billy Gilmour dentro desse período, por um total inferior a £60 milhões (R$ 368 milhões). Embora a transferência de Koulibaly já tenha sido confirmada, resta saber se ela pode ser adicionada ao total, já que a janela de transferências saudita só abre em 1º de julho.

A possível mudança para o Oriente Médio também proporciona um impulso em termos de possíveis chegadas, já que o Chelsea precisa levantar fundos para mais gastos, embora se espere que quaisquer negociações sejam mais direcionadas neste verão.

O co-proprietário do Chelsea, Boehly, em particular, vai respirar aliviado. Foi ele quem autorizou negociações imprudentes para Koulibaly e Aubameyang no verão passado, durante seu infeliz período como diretor esportivo. Ambos foram considerados entre os maiores fracassos nas contratações do clube em 2022/23, e o clube estava desesperado para se livrar deles nesta janela de transferências.

Apesar de ter sofrido uma perda de cerca de £10 milhões (aproximadamente R$ 61 milhões), recuperar £21,5 milhões (R$ 132 milhões) com a venda de Koulibaly após uma temporada abaixo das expectativas no futebol inglês será considerado um sucesso relativo, e o Chelsea também espera recuperar aproximadamente os £10,3 milhões (R$ 63 milhões) que pagaram ao Barcelona por Aubameyang quando uma oferta eventualmente chegar de um dos clubes apoiados pelo PIF.

Embora não confirmado, foi relatado que o PIF anteriormente investiu na Clearlake Capital, que possui 60% das ações majoritárias do Chelsea, com bilhões de libras em ativos supostamente gerenciados pela empresa de investimentos. Também foi afirmado que o PIF colaborou com uma das empresas de Boehly para investir em uma cadeia de hotéis.

No entanto, o clube do oeste de Londres negou qualquer interesse financeiro atual do fundo saudita no clube e afirma que qualquer interesse em seus jogadores é puramente transacional e resultado da popularidade do Chelsea no Oriente Médio, de acordo com o The Telegraph. Qualquer suposto investimento do PIF também teria sido minuciosamente analisado nos testes de propriedade da Premier League no ano passado.

O Chelsea ainda não está totalmente livre de problemas. De acordo com o The Telegraph, clubes europeus de destaque pediram uma investigação sobre as negociações de transferências do Chelsea com a Arábia Saudita, assim como com o Wolverhampton, pois acreditam que estão usando a riqueza da região saudita como um "passe livre da prisão do FFP", dadas as potenciais taxas inflacionadas que serão pagas por jogadores que estão, possivelmente, em declínio.

Um clube europeu não identificado disse ao jornal: "O PIF tem tantos investimentos ao redor do mundo que deveria ser obrigado a provar que não há conflitos de interesse à medida que gasta grandes quantias de dinheiro em jogadores envelhecidos, provenientes de seu poço sem fundo de dinheiro.

"Observe os clubes usando a Arábia Saudita neste verão em toda a Europa como um passe livre da prisão do FFP. A situação fica ainda mais obscura se o PIF tiver interesses de investimento tanto no clube vendedor quanto no clube comprador."

No entanto, essas reclamações podem cair em ouvidos surdos, pois diz-se que a Premier League está satisfeita de que não há conflito de interesse em relação aos supostos vínculos da Clearlake com o PIF, tendo buscado garantias por escrito dos proprietários do Chelsea.