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Winners and losers of 2025 GFXGOAL

Os vencedores e perdedores de 2025: Do brilho de Harry Kane e Flamengo às crises de Vinícius Júnior e Neymar

O Barcelona esteve notoriamente a um passo da Champions League, sendo surpreendido pela Inter de Milão na maior semifinal já vista na competição, mas os catalães confirmaram seu ressurgimento como uma potência graças ao já extraordinário Lamine Yamal e à linha defensiva alta implementada por Hansi Flick. Em outros cenários, o Flamengo dominou o futebol brasileiro e sul-americano, Lionel Messi brilhou na MLS, e a seleção feminina da Inglaterra conquistou o bicampeonato na Eurocopa ao protagonizar uma grande virada após a outra.

O Liverpool teve um caminho bem mais tranquilo ao conquistar seu 20º título inglês, igualando o recorde histórico, enquanto o Bayern de Munique reafirmou de forma contundente sua supremacia na Alemanha após ser superado de forma contundente pelo Bayer Leverkusen em 2024. Já Antonio Conte voltou a fazer mágica em sua primeira temporada, conduzindo o Napoli ao quarto Scudetto de sua história.

Houve, evidentemente, inúmeros outros temas em debate — e nem todos positivos. Mas quem foram os maiores vencedores e perdedores do futebol masculino e feminino em 2025? Abaixo, a GOAL analisa o ano que está ficando para trás.

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  • FC Bayern München v Borussia Mönchengladbach - BundesligaGetty Images Sport

    VENCEDOR: Harry Kane

    Minutos após a confirmação do título da Bundesliga 2024/25 pelo Bayern de Munique, em 4 de maio, Harry Kane foi ao Instagram e publicou um simples emoji de troféu sobre um fundo preto. Não eram necessárias palavras. Todos sabiam o que aquilo significava: a maldição havia sido quebrada. Após 694 jogos por clubes e seleção, Kane finalmente podia se considerar um campeão.

    “É uma sensação incrível”, disse posteriormente o capitão da Inglaterra ao site oficial do clube. “Trabalhamos muito ao longo da temporada, nos dedicamos física e mentalmente. É um grupo especial — jogadores e comissão técnica. E é também o primeiro troféu da minha carreira, então torna tudo ainda mais especial.”

    Os gols de Kane foram decisivos para o Bayern recuperar o título alemão do Bayer Leverkusen, com o ex-atacante do Tottenham marcando 26 vezes em 31 partidas. O mais impressionante é que ele vem atuando ainda melhor nesta temporada, com média superior a um gol por jogo em todas as competições, o que torna a conquista de novos títulos importantes uma possibilidade real para um jogador de 32 anos que atua com mais confiança e, aparentemente, menos pressão do que nunca.

    De fato, o Bayern iniciou de forma avassaladora a defesa do título da Bundesliga e, ainda mais importante do ponto de vista de Kane, a equipe comandada por Vincent Kompany surge como uma candidata séria à Champions League nesta temporada. Com a Inglaterra também entre as favoritas ao título da próxima Copa do Mundo, 2026 pode ser um ano repleto de troféus para um jogador que, por tantos anos, foi implacavelmente alvo de zoações pela ausência de conquistas.

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  • Crystal Palace v Manchester City - Emirates FA Cup FinalGetty Images Sport

    PERDEDORA: Seca de títulos

    Não foi apenas Kane quem encerrou sua longa seca de títulos em 2025. Diversos clubes também colocaram fim a esperas agonizantes por troféus. Evidentemente, algumas histórias foram mais românticas do que outras. O Newcastle, por exemplo, conta com o apoio do Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita, mas ainda assim foi difícil negar aos seus torcedores um merecido dia de glória, depois que os Magpies surpreenderam o Liverpool de Arne Slot para conquistar a Copa da Liga Inglesa em março, levantando seu primeiro troféu doméstico em 70 anos.

    Wembley foi palco de um choque ainda maior dois meses depois, quando o Crystal Palace protagonizou um resultado monumental ao derrotar o poderoso Manchester City graças a um gol solitário de Eberechi Eze. “Merecíamos isso pelo quão incrível é este grupo: os torcedores, a história, as vezes em que fomos impedidos. Era o nosso momento. Sentíamos que era o nosso momento”, vibrou o presidente dos Eagles, Steve Parish, após o clube conquistar o primeiro troféu de sua história. Quatro dias depois, o Tottenham deixou de lado a fama de ‘Spursy’ — ao menos temporariamente — ao vencer o também irregular Manchester United na final da Europa League.

    Na Bélgica, o Union Saint-Gilloise conquistou seu 12º título nacional — o primeiro em 90 anos — após uma notável revitalização recente supervisionada pelo proprietário do Brighton, Tony Bloom. Já em solo holandês, o Go Ahead Eagles levantou sua primeira Copa da Holanda graças a defesas espetaculares do goleiro Jari de Busse na vitória por pênaltis sobre o AZ Alkmaar.

    O Arminia Bielefeld esteve perto de realizar algo verdadeiramente histórico na Alemanha, mas, no fim, os campeões da terceira divisão foram derrotados por 4 a 2 pelo Stuttgart na final da Copa da Alemanha, encerrando assim a espera de 18 anos do clube por um grande título. Na Itália, porém, o Bologna conseguiu completar a façanha na final da Copa da Itália: sob o comando de Vincenzo Italiano, os azarões superaram o Milan por 1 a 0 para conquistar o primeiro troféu do Rossoblù desde 1974. O triunfo teve um sabor especial para o treinador, que havia perdido finais consecutivas da Conference League com a Fiorentina.

    “Tivemos algumas dificuldades no início”, disse Italiano sobre seus primeiros meses no Dall’Ara. “Mas fomos crescendo cada vez mais desde então, tanto individualmente quanto como equipe. Agora, por favor, me deixem ir comemorar, porque isso é incrível!”

    A Escócia, por sua vez, produziu dois vencedores surpreendentes de copas em duas temporadas, já que tanto o Aberdeen quanto o St. Mirren encerraram jejuns que duravam mais de uma década. Os Dons conquistaram a Copa da Escócia em maio, enquanto os Buddies levantaram a Copa da Liga Escocesa em dezembro. Em ambas as ocasiões, o Celtic foi a grande vítima das surpresas.

  • Sarina Wiegman Euro 2025 trophyGetty Images

    VENCEDORA: Sarina Wiegman

    Sarina Wiegman brincou após a vitória absurdamente dramática da Inglaterra sobre a Itália na semifinal da Euro 2025: “Vamos fazer um filme sobre isso um dia!”. Para fazer plena justiça à campanha, no entanto, provavelmente seria necessária uma trilogia, tamanha a quantidade de reviravoltas na defesa bem-sucedida do título das Lionesses, mais parecida com um thriller de Hollywood.

    Toda a campanha foi, como a própria Wiegman admitiu, puro “caos” do início ao fim. A Inglaterra se recuperou de uma estreia apagada, com derrota para a França, e ainda assim conseguiu erguer o troféu, apesar de ter estado em vantagem por apenas um minuto somando os três jogos do mata-mata.

    As jogadoras, naturalmente, merecem enorme reconhecimento por insistirem em voltar do limite da eliminação, mas a famosa serenidade de Wiegman é, indiscutivelmente, o principal motivo pelo qual as Lionesses passaram de desacreditadas a uma equipe bicampeã europeia que simplesmente se recusa a aceitar a derrota.

    Como resumiu a meio-campista Keira Walsh: “Faz uma diferença enorme quando, aos 50 minutos do segundo tempo, você está perdendo por 1 a 0, olha para o lado e vê que ela está completamente calma. Isso diz muito sobre ela como treinadora.”

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  • Gennaro Gattuso Nazionale ItaliaGetty Images

    PERDEDORAS: Esperanças da Itália na Copa do Mundo

    Antes do jogo da Itália das Eliminatórias para a Copa do Mundo contra a Noruega, em novembro, Gennaro Gattuso manifestou sua frustração com o formato europeu do classificatório, no qual apenas os vencedores dos grupos vão diretamente ao torneio, enquanto os segundos colocados precisam disputar a repescagem. “Temos 18 pontos, vencemos seis jogos e, ainda assim, precisamos jogar mais duas partidas para nos classificarmos”, disse o técnico da Azzurra. “Isso não parece justo.”

    No entanto, embora existam falhas evidentes na distribuição das vagas para a Copa do Mundo, talvez Gattuso tivesse sido mais prudente ao se manter em silêncio, pois, como deixou claro uma segunda goleada consecutiva sofrida diante da Noruega, a Itália tem sorte de ainda estar viva na briga por uma vaga no torneio do próximo ano, na América do Norte.

    Vale lembrar que Luciano Spalletti foi demitido após a derrota por 3 a 0 em Oslo — embora, de forma curiosa, tenha sido autorizado a permanecer no comando no jogo contra a Moldávia três dias depois. E, apesar de os resultados terem melhorado sob o comando de Gattuso, a Azzurra sofreu uma capitulação ainda mais constrangedora no segundo tempo do jogo de volta, no San Siro, em novembro.

    Pode-se argumentar que o sorteio da repescagem foi relativamente benevolente com a Itália, já que a equipe deverá superar a Irlanda do Norte na semifinal, em Bérgamo, no dia 26 de março. No entanto, caso avance, terá pela frente o País de Gales, em Cardiff, ou a Bósnia e Herzegovina, em Zenica — um desafio considerável para uma nação aterrorizada pela possibilidade de ficar fora de uma terceira Copa do Mundo consecutiva.

    Como observou Daniele De Rossi, campeão mundial em 2006: “A diferença entre as grandes seleções da Europa e as demais diminuiu. Anos atrás, você reconhecia o camisa 10 da seleção como Totti, Del Piero, Baggio. Hoje, você enfrenta a Noruega e está jogando contra o atacante mais forte do mundo ou dois dos melhores pontas do planeta. Precisamos aceitar que hoje existem seleções mais fortes que a Itália — seleções que não eram assim há 20 anos.”

    A questão, no entanto, é o porquê disso. O presidente da Federação Italiana, Gabriele Gravina, admite que toda a abordagem da entidade em relação à formação de jovens precisa mudar, mas também chama atenção para o fato de que há apenas 97 jogadores atuando na Serie A que são elegíveis para a seleção.

    Questionado em entrevista ao Corriere dello Sport se os clubes de elite da Itália haviam, na prática, se tornado “inimigos” da Azzurra, Gravina respondeu: “Objetivamente, eles são — ainda que de forma involuntária. Cada clube cuida dos próprios interesses.” E, se isso não mudar, os resultados da Itália também não mudarão. Neste momento, parece que toda a estrutura do futebol italiano precisa ser desmontada e reconstruída — mesmo que a seleção consiga chegar à Copa do Mundo pela porta dos fundos.

  • FBL-EUR-NATIONS-POR-ESP-TROPHYAFP

    VENCEDOR: Cristiano Ronaldo

    Além de oferecer às seleções uma rota alternativa para a classificação às Copas do Mundo e Eurocopas, a Nations League da UEFA não é, em si, uma competição de grande prestígio. Ainda assim, vencer a final de 2025 significou tudo para Cristiano Ronaldo.

    Um ano depois de deixar o campo em lágrimas após uma atuação frustrante na Euro 2024, o astro retornou à Alemanha para conduzir Portugal ao seu segundo título. Além de preservar Roberto Martínez no cargo, o triunfo na Nations também serviu para validar a decisão questionada do camisa 7 de seguir defendendo a seleção, apesar das evidências crescentes de que sua presença vinha, de certa forma, travando a evolução da equipe.

    “Que alegria!”, disse Ronaldo à Sport TV. “Vencer por Portugal é sempre especial. Tenho muitos títulos por clubes, mas nada se compara a ganhar por Portugal. São lágrimas, é dever cumprido e muita felicidade. Quando se fala de Portugal, o sentimento é sempre diferente. Ser capitão desta geração é motivo de orgulho. Ganhar um título por uma seleção é sempre o ponto mais alto.”

    Ronaldo agora mantém o foco em, finalmente, deixar uma marca significativa em uma Copa do Mundo — e suas esperanças foram impulsionadas pela decisão controversa da FIFA de suspender as duas últimas partidas da punição obrigatória de três jogos que ele recebeu após ser expulso por conduta violenta na derrota de Portugal nas Eliminatórias, em Dublin, em novembro.

    Com o Al Nassr também em bom momento no Campeonato Saudita, tudo indica que as circunstâncias estão se alinhando para que Cristiano Ronaldo se despeça em grande estilo em 2026.

  • Real Madrid CF v Sevilla FC - LaLiga EA SportsGetty Images Sport

    PERDEDOR: Vinícius Júnior

    Vinícius Júnior, sem dúvida, tinha argumentos sólidos para conquistar a Bola de Ouro de 2024, tendo desempenhado um papel decisivo na campanha do Real Madrid que resultou no título de LaLiga e da Champions League. No entanto, sua decisão de sequer comparecer à cerimônia em Paris, após saber que Rodri havia ficado à sua frente na votação, refletiu muito mal sobre o atacante.

    Ainda assim, a princípio parecia que Vinícius poderia reagir de forma positiva ao golpe em seu ego sensível. “Vou fazer isso dez vezes se for preciso”, prometeu nas redes sociais. “Eles não estão prontos.”

    Na prática, porém, Vinícius nunca esteve realmente na disputa pela Bola de Ouro deste ano. Seu rendimento despencou de forma acentuada na segunda metade de uma temporada extremamente difícil para o Real Madrid, que foi repetidamente exposto pelo Barcelona, vencedor do triplete doméstico. As perspectivas para 2026 também não parecem muito animadoras, já que, após anos sendo protegido por Carlo Ancelotti, Vinícius não respondeu bem à chegada do muito mais exigente Xabi Alonso.

    Houve tentativas de justificar a reação irritada de Vinícius ao ser substituído nos minutos finais da vitória no El Clásico sobre o Barça, em outubro, mas aquele episódio foi apenas mais um de uma longa sequência de acessos de fúria de um jogador que acabou personificando o senso de privilégio pelo qual o Real Madrid é frequentemente conhecido. Nesse cenário, Vinícius pode até torcer por uma saída rápida de Alonso, pois, caso isso não aconteça, é possível que o brasileiro seja o próximo a deixar o Santiago Bernabéu, tendo se tornado, indiscutivelmente, mais problema do que solução.

    Em 2025, Vinícius marcou apenas oito gols em 34 partidas de LaLiga e balançou as redes apenas uma vez na Champions desde o início do mata-mata da temporada passada. Seu último ato no ano civil foi ser vaiado ao deixar o gramado do Bernabéu, após ampliar para 14 jogos sua atual sequência sem marcar.

    Tudo isso é particularmente lamentável, pois há poucas imagens no futebol tão eletrizantes quanto Vinícius em plena velocidade. Também não se pode esquecer de como ele se tornou um símbolo inspirador de resistência ao enfrentar de forma corajosa o racismo institucionalizado na Espanha. Ainda assim, enquanto a cerimônia da Bola de Ouro de 2024 deveria representar sua consagração no topo do futebol mundial, o temor agora é que ela venha a marcar o início de um declínio nos moldes do que aconteceu com Neymar.

  • Dembele Ballongetty

    VENCEDOR: Ousmane Dembélé

    Ousmane Dembélé, vencedor da Bola de Ouro — ainda soa um pouco estranho. É claro que ele sempre teve esse potencial dentro de si. Ficou evidente que Dembélé era um talento especial desde o momento em que explodiu na Ligue 1 com o Rennes, em 2015. Ainda assim, muitos já haviam desistido da ideia de que ele conseguiria colocar a carreira nos trilhos muito antes de consolidar sua imagem como uma das piores contratações da história do Barcelona, ao deixar o clube catalão rumo ao Paris Saint-Germain em circunstâncias apropriadamente conturbadas, dois anos atrás.

    No entanto, as atuações de Dembélé na primeira metade de 2025 foram nada menos que sensacionais. O ponta francês brilhou em uma função mais central no ataque sob o comando de Luis Enrique, enquanto o PSG conquistava uma histórica tríplice coroa.

    Se Dembélé realmente merecia ganhar a Bola de Ouro é, naturalmente, uma questão aberta ao debate. Ele certamente não foi o jogador mais consistente do PSG na temporada passada. Ainda assim, ninguém pode negar que sua conquista representou uma notável história de redenção. Foi difícil não se emocionar ao vê-lo em lágrimas no palco da cerimônia em Paris, em 22 de setembro, agradecendo àqueles que o ajudaram a transformar sua carreira, ao lado de sua mãe, Fatimata.

    “O que acabei de viver é excepcional, não tenho palavras”, confessou. “Sinto um pouco de nervosismo. Não é fácil ganhar este troféu, e tê-lo entregue a mim por Ronaldinho, uma lenda do futebol, é algo extraordinário. Quero agradecer ao PSG por ter acreditado em mim em 2023. É uma família incrível. O presidente Nasser (Al-Khelaifi) é como um pai para mim. Também quero agradecer a toda a comissão técnica e ao treinador, que foram excepcionais comigo — ele também é como um pai — e a todos os meus companheiros de equipe."

    “Praticamente ganhamos tudo juntos. Vocês me apoiaram nos bons e nos momentos difíceis. Este troféu individual é algo que a equipe conquistou coletivamente.” Talvez essa última frase resuma exatamente por que Dembélé finalmente conseguiu realizar todo o seu enorme potencial. Aos 28 anos, ele finalmente entendeu.

  • Alexander Isak Liverpool 2025-26Getty

    PERDEDOR: Alexander Isak

    A transferência de £125 milhões de Alexander Isak do Newcastle para o Liverpool não foi apenas a mais cara da última janela, mas também a mais controversa. Ao recusar vergonhosamente jogar pelos Magpies para forçar sua mudança dos sonhos para Merseyside, o sueco se mostrou um atacante em todos os sentidos da palavra, para a fúria compreensível de todos em St. James' Park.

    No entanto, enquanto Isak foi justamente criticado por abandonar o clube, ele insistiu que nem todos tinham "a visão completa". "Não quero entrar em detalhes ou falar muito sobre essa situação," ele disse aos repórteres logo após o acordo recorde no último dia de transferências. "É um capítulo fechado. Mas nunca tive problemas."

    Infelizmente para Isak, Liverpool e, de fato, Suécia, ele teve muitos problemas desde que chegou a Anfield, com o jogador de 26 anos claramente pagando um preço muito alto por sua falta de pré-temporada, com a sensação de que o problema na coxa que o afastou por algumas semanas em novembro também foi um produto de sua condição física precária.

    Consequentemente, a simpatia por Isak estava em falta, já que até mesmo muitos torcedores do Liverpool ficaram frustrados com o atacante e se perguntaram por que ele às vezes era escalado em vez de Hugo Ekitike, que, ao contrário do sueco, teve um início fantástico em sua carreira em Anfield. Para piorar a situação, ele agora enfrenta meses fora dos gramados após fraturar a perna no Tottenham ao marcar apenas seu segundo gol na Premier League pelo Liverpool, o que significa que sua temporada de estreia em Merseyside parece ser um completo fracasso.

    Isak é, naturalmente, um jogador comprovado na Premier League, então ele ainda deve mostrar seu valor aos Reds, mas, como está, ele realmente provou ser uma queda em relação a Darwin Núñez - e o triste é que ele provavelmente só tem a si mesmo para culpar.

  • Arsenal v Nottingham Forest - Premier LeagueGetty Images Sport

    VENCEDORES: Especialistas em bolas paradas da Inglaterra

    Há pouco mais de um ano, um mural surgiu nas imediações do Emirates Stadium em homenagem ao trabalho do treinador de bolas paradas do Arsenal, Nicolas Jover. Na mesma época, a equipe de Mikel Arteta era alvo de comentários depreciativos, sendo rotulada como “o novo Stoke City” devido ao grande número de gols marcados em escanteios e cobranças de falta.

    Hoje, porém, ninguém mais ri. As bolas paradas do Arsenal se tornaram um problema sério para os adversários. A ameaça aérea oferecida por jogadores como Gabriel Magalhães, potencializada pelas cobranças quase indefensáveis de Declan Rice e Bukayo Saka, é uma das principais razões pelas quais os Gunners ocupam atualmente a liderança da Premier League.

    Agora, também parece claro que Arteta estava à frente de seu tempo. Ele parece ter antecipado a direção que a Premier League tomaria, já que muitos outros clubes da elite inglesa passaram a dar mais importância do que nunca às situações de bola parada, enquanto equipes como o Liverpool vêm sofrendo justamente por sua dificuldade em lidar com elas.

    De fato, a temporada 2025/26 registrou um aumento significativo nos gols originados de bolas paradas — ao mesmo tempo em que houve uma queda preocupante nos gols de jogadas construídas com a bola rolando. Até mesmo os arremessos laterais longos voltaram à moda pela primeira vez desde os tempos de Rory Delap. Mantido esse ritmo, talvez não demore muito para que outro especialista em bolas paradas ganhe seu próprio mural do lado de fora de um estádio da Premier League!

  • FBL-NED-EREDIVISIE-AJAX-TWENTEAFP

    PERDEDOR: Ajax

    Em 30 de março, o então líder do Campeonato Holandês, o Ajax, foi a Eindhoven e derrotou o vice-líder PSV por 2 a 0, abrindo nove pontos de vantagem no topo da tabela, restando apenas sete rodadas para o fim da Eredivisie. Para os jogadores do PSV, a briga pelo título parecia encerrada. Noa Lang afirmou que o foco deveria passar a ser apenas a manutenção do segundo lugar, garantindo a vaga direta na Champions League. Luuk de Jong, por sua vez, destacou que nenhuma equipe jamais havia desperdiçado uma vantagem tão expressiva com tão poucos jogos restantes. E ele estava certo — o que tornou o colapso do Ajax no fim da temporada ainda mais impressionante.

    Após mais duas vitórias, contra NAC Breda e Willem II, o time de Amsterdã se encontrava em situação ainda mais confortável no fim de abril, precisando de apenas sete pontos nos cinco jogos finais para assegurar o título holandês. Conseguiu, porém, apenas cinco. Três deles vieram na última rodada, com a vitória em casa sobre o Twente — um resultado que se tornou irrelevante depois que o PSV derrotou o Sparta Rotterdam e conquistou o campeonato por um ponto, embalado por sua sétima vitória consecutiva.

    O Ajax ficou, compreensivelmente, devastado com o desmoronamento da campanha pelo título. Francesco Farioli tentou extrair aspectos positivos, ressaltando a evolução de uma equipe que havia terminado apenas em quinto lugar na temporada anterior. Ainda assim, o treinador italiano deixou o clube poucos dias depois, citando divergências sobre “visões e prazos”. O capitão Jordan Henderson também se despediu, acertando sua transferência para o Brentford.

    De forma surpreendente, a situação piorou desde então. O sucessor de Farioli, John Heitinga, foi demitido em novembro, e o Ajax ocupa atualmente apenas a terceira posição da Eredivisie — um constrangedor atraso de 16 pontos em relação ao líder PSV — além de figurar duas colocações acima da lanterna na tabela de classificação da Champions.

    Ao menos, o clube venceu sua última partida europeia. E talvez o único consolo para o Ajax seja o fato de que 2026 dificilmente poderá ser mais doloroso do que 2025.

  • England v Spain - UEFA Women's EURO 2025 FinalGetty Images Sport

    VENCEDORA: Chloe Kelly

    Cobrar o pênalti decisivo em uma final de Eurocopa deixaria a maioria das pessoas nervosa. Mas não Chloe Kelly.

    “Eu estava tranquila”, disse ela. “Estava totalmente focada e sabia que a bola ia morrer no fundo da rede.” Todos sabiam disso também. Quando a Inglaterra levou a favorita Espanha para a disputa de pênaltis na Euro 2025, havia uma sensação de inevitabilidade em torno de Kelly.

    Apesar de ter recebido um papel secundário sob o comando de Sarina Wiegman, a atacante do Arsenal se transformou na grande protagonista do torneio na Suíça. Saindo do banco, ela salvou a Inglaterra de uma eliminação nas quartas de final contra a Suécia ao dar duas assistências nos minutos finais e, depois, marcou o gol da vitória no penúltimo minuto do segundo tempo da prorrogação contra a Itália, na semifinal.

    As atuações decisivas de Kelly foram ainda mais impressionantes pelo fato de que, no início de 2025, ela estava praticamente escanteada no Manchester City, e havia sérias dúvidas sobre se sequer seria convocada para o elenco inglês na Euro.

    “Houve muitas lágrimas no fim, especialmente quando vi minha família, porque foram essas pessoas que me ajudaram a atravessar aqueles momentos difíceis e sombrios”, disse a jogadora de 27 anos, que inicialmente retornou ao Arsenal por empréstimo em janeiro. “Essa é uma história para contar a quem passa por algo parecido: momentos difíceis não duram. Logo depois veio uma final de Champions League, nós vencemos. Depois uma final de Euro, vencemos. Obrigada a todos que duvidaram de mim — sou grata!”

  • Nottingham Forest v Chelsea - Premier LeagueGetty Images Sport

    PERDEDOR: Ange Postecoglou

    Ange Postecoglou fez história em 2025. Ele conseguiu aquilo que Mauricio Pochettino, José Mourinho, Antonio Conte e tantos outros treinadores não haviam sido capazes de realizar: conquistar um troféu com o Tottenham, um clube marcado por longas sequências de fracassos — e, como o próprio australiano havia praticamente prometido, em sua segunda temporada no comando.

    No entanto, em meados de outubro, a reputação de Postecoglou estava em frangalhos, depois de ter sido demitido não apenas pelos Spurs, mas também pelo Nottingham Forest, em um intervalo de apenas cinco meses.

    O treinador de 60 anos se sentiu profundamente injustiçado. Ele tinha enorme orgulho da conquista da Europa League com o Tottenham, em maio, e acreditava que aquele título deveria ao menos ter lhe garantido mais uma temporada à frente da equipe.

    Postecoglou também ficou extremamente frustrado por não ter recebido mais do que seis semanas para tentar reverter a situação no City Ground — e, em parte, ele provavelmente tinha razão. Ainda assim, treinadores são julgados por resultados, e os de Postecoglou em 2025 foram desastrosos. O australiano venceu apenas quatro partidas da Premier League na segunda metade da campanha 2024/25 do Tottenham, que terminou com um recorde negativo do clube, com 22 derrotas, e não conseguiu uma única vitória durante sua constrangedora passagem de oito jogos pelo Forest.

    Era compreensível, portanto, a indignação de Postecoglou diante da narrativa de parte da mídia de que ele seria “um técnico fracassado” que teria “dado sorte” ao conseguir outro emprego na elite do futebol inglês logo após deixar os Spurs. Ainda assim, neste momento, seria uma grande surpresa vê-lo novamente à frente de um clube da Premier League.

  • Palmeiras v Flamengo - Copa CONMEBOL Libertadores 2025 FinalGetty Images Sport

    VENCEDOR: Filipe Luís

    Em 29 de novembro, o Flamengo se tornou o clube brasileiro mais vitorioso da história da Libertadores ao derrotar o Palmeiras por 1 a 0, em Lima, conquistando seu quarto título continental. Quatro dias depois, a equipe carioca repetiu o placar diante do Ceará para ficar também com o troféu do Brasileirão.

    “Daqui a alguns anos, os jogadores vão perceber o que conquistaram”, disse Filipe Luís aos repórteres. “Eles são eternos!” As próprias realizações do treinador também têm tudo para entrar para a história.

    O ex-lateral encerrou sua brilhante carreira como jogador apenas em 2023 e comandava a equipe sub-20 do Flamengo quando foi convidado a substituir Tite no time principal, em setembro do ano passado. Desde então, ele praticamente “completou” o futebol brasileiro: já havia conquistado a Copa do Brasil, a Supercopa do Brasil e o Campeonato Carioca antes de conquistar a dobradinha Brasileirão–Libertadores.

    Diante disso, parece apenas uma questão de tempo até que o ex-jogador do Atlético de Madrid retorne à Europa como treinador. Aos 40 anos, Filipe Luís já despertou o interesse de alguns dos principais clubes do continente graças às táticas ofensivas implementadas durante a empolgante campanha do Flamengo no Mundial de Clubes, que chegou às oitavas de final e incluiu uma vitória marcante sobre outro de seus antigos clubes, o Chelsea.

  • ACF Fiorentina v Hellas Verona FC - Serie AGetty Images Sport

    PERDEDORA: Fiorentina

    A queda dramática da Fiorentina tem sido uma das histórias mais marcantes de 2025. Nesta mesma altura do ano passado, a Viola brigava por uma vaga entre os quatro primeiros da Serie A. Agora, luta desesperadamente para evitar o rebaixamento.

    Embora a Fiorentina não tenha conseguido se classificar para a Champions League — o que gerou críticas severas ao técnico Raffaele Palladino —, ele ainda assim conduziu o clube de volta às competições europeias com um sexto lugar, a melhor campanha da equipe na Serie A em nove anos. Não foi surpresa, portanto, que seu contrato tenha sido renovado até 2027.

    No entanto, menos de um mês depois, Palladino deixou o clube de forma explosiva, após um suposto desentendimento com o diretor esportivo Daniele Pradè — figura que os ultras da Fiorentina apontavam como o principal responsável por anos de fracassos. Além de faixas pedindo que ele “saísse de Florença”, adesivos foram colados do lado de fora do Estádio Artemio Franchi retratando Pradè com a cabeça em um corpo de porco, acompanhado da palavra “Saia”.

    Pradè acabou deixando o cargo em 1º de novembro, em meio ao pior início de temporada da Fiorentina na Serie A. Poucos dias depois, Stefano Pioli, sucessor de Palladino, também foi demitido, com a equipe afundada na lanterna e somando apenas quatro pontos.

    Para a infelicidade da Viola, o ambiente tóxico em torno do clube não melhorou após a mudança. Sob o comando do novo técnico Paolo Vanoli, a Fiorentina venceu apenas uma partida do campeonato. O treinador admitiu abertamente que o elenco parece incapaz de lidar com a pressão de manter o clube na primeira divisão.

    “Ainda temos a janela de transferências de janeiro”, disse Vanoli à Sky Sport Italia. “Vamos olhar nos olhos dos jogadores e seguir em frente sem aqueles que não querem lutar.” Infelizmente para o treinador, é bem possível que ele seja demitido antes mesmo de o novo diretor esportivo, Fabio Paratici, investir em reforços. A derrota de domingo para o também ameaçado Parma fez com que a surpreendente luta da Fiorentina contra o rebaixamento pareça, agora, praticamente perdida.

  • Napoli v Cagliari - Serie AGetty Images Sport

    VENCEDORES: Scott McTominay e os escanteados do Manchester United

    Old Trafford ganhou fama, nos últimos anos, de ser um verdadeiro cemitério para bons jogadores de futebol — mas é possível, sim, que estrelas em dificuldade consigam revitalizar suas carreiras em outros lugares.

    O exemplo mais claro é, naturalmente, Scott McTominay. A maioria dos torcedores do Manchester United não se opôs à decisão do clube de lucrar com um meio-campista versátil, frequentemente rotulado como “não bom o suficiente” para uma equipe com ambições de conquistar grandes títulos. No entanto, menos de um ano após se juntar ao Napoli, McTominay foi eleito melhor jogador da Serie A depois de liderar os Partenopei ao apenas quarto Scudetto de sua história. Ele coroou um 2025 absolutamente sensacional ao marcar um gol de bicicleta na vitória decisiva da Escócia sobre a Dinamarca, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo.

    Assim como McTominay, Rasmus Hojlund também vem desfrutando da vida no Estádio Diego Armando Maradona. O dinamarquês já marcou mais gols na liga pelo Napoli do que havia anotado pelo United na temporada anterior, além de ajudar o novo clube a conquistar troféus. Como escreveu ao postar uma foto segurando a Supercopa da Itália: “O que parece uma grande decisão!”

    Enquanto isso, na Espanha, Marcus Rashford deu novo fôlego à sua carreira na seleção inglesa ao se transferir para o Barcelona, enquanto Antony voltou à seleção brasileira após um empréstimo extremamente bem-sucedido ao Betis na temporada passada, desempenho que levou o clube espanhol a tornar a transferência do ponta definitiva durante a última janela.

    A moral de todas essas histórias de sucesso, portanto, é clara: Kobbie Mainoo precisa deixar Old Trafford assim que a janela de transferências de janeiro se abrir!

  • Manchester United v West Ham United - Premier LeagueGetty Images Sport

    PERDEDORES: Técnicos do Manchester United

    Não tem sido um grande ano para os treinadores do Manchester United — passados ou presentes. Para começar, o atual comandante em Old Trafford, Ruben Amorim, segue decepcionando. Houve, é verdade, alguns lampejos do que o português tenta implementar nesta temporada, mas o seu retrospecto geral ao longo do ano é absolutamente desastroso. Seria preciso muita coragem para apostar que o ex-treinador do Sporting levará os Red Devils à Champions League, sobretudo diante do estado lamentável da defesa da equipe.

    Compatriota de Amorim, José Mourinho por muito tempo foi conhecido por tornar seus times quase impossíveis de serem batidos. No entanto, aos 62 anos, já não parece tão “Especial” assim, após ter sido demitido do Fenerbahçe por não conseguir a classificação para a Champions. A parte mais curiosa da sua saída foi o fato de o Benfica — justamente o clube que havia eliminado o time turco — acabar contratando Mourinho para substituir Bruno Lage, depois de um início decepcionante das Águias na fase de liga da competição europeia.

    Mourinho não demorou a declarar que o Benfica representava um patamar mais condizente com um treinador de sua estatura, embora tenha admitido que sempre acreditou que, quando retornasse a Portugal, seria para assumir a seleção.

    Ainda assim, ao menos Mourinho já voltou rapidamente ao mercado. Ole Gunnar Solskjaer, por sua vez, foi demitido após apenas sete meses no comando do Besiktas e agora passa o tempo falando sobre como poderia ter restaurado o United à sua antiga glória se o clube tivesse atendido a todos os seus pedidos por reforços.

    Mesmo assim, as dificuldades de Solskjaer em Istambul não se comparam às de Erik ten Hag no Bayer Leverkusen. O holandês esperava reconstruir sua reputação na BayArena, mas acabou em frangalhos após o trabalho mais curto da história da Bundesliga. Ten Hag foi demitido depois de apenas duas rodadas, em meio a alegações de que conseguiu “virar todos os departamentos, funcionários e jogadores” contra si em questão de semanas.

    Diante desse cenário, Ruben Amorim certamente estará rezando para conseguir dar a volta por cima no Manchester United — afinal, ao que tudo indica, sair de Old Trafford tem sido muito mais benéfico para os jogadores do que para os treinadores.

  • TOPSHOT-FLB-MLS-MIAMI-VANCOUVERAFP

    VENCEDOR: O projeto do Inter Miami

    O diretor comercial Xavi Asensi classificou o título do Inter Miami na MLS Cup como um “milagre”. Embora isso talvez seja um pouco exagerado, considerando o volume de dinheiro investido na franquia ao longo dos anos, não há dúvida de que se trata de uma grande história.

    Tudo começou, é claro, com Simon Fuller — o homem por trás das Spice Girls e do Pop Idol. Durante as negociações que levaram David Beckham ao Los Angeles Galaxy, em 2007, Fuller teve a ideia engenhosa de incluir no contrato do meio-campista uma cláusula que permitia ao seu cliente comprar uma franquia de expansão da MLS por apenas 25 milhões de dólares. Treze anos depois — e apenas cinco anos após disputar sua primeira partida na liga — o Inter Miami conquistou o título da MLS e se tornou um clube conhecido mundialmente, graças à “Marca Beckham”, que conseguiu atrair para a Flórida um dos maiores jogadores da história do futebol.

    É impossível exagerar o impacto de Lionel Messi dentro e fora de campo desde sua chegada, em meados de 2023. Campeão do mundo, o argentino impulsionou a presença de público em toda a MLS, elevou significativamente as audiências televisivas e quebrou um recorde atrás do outro durante a ascensão do Miami ao topo do futebol norte-americano.

    “É um momento bonito e emocionante para nós, para o povo de Miami, alcançar esse objetivo”, disse Messi à ESPN após a vitória por 3 a 1 sobre o Vancouver Whitecaps, em dezembro. “É um clube muito novo, por assim dizer. Antes, tivemos a felicidade de ganhar um título, mas este era o verdadeiro objetivo: vencer a MLS e estar no topo da liga americana. Felizmente, conseguimos.”

    Foi realmente um milagre? Talvez não. Mas quando Beckham descreveu o feito como “uma jornada incrível”, foi impossível discordar.

  • England v Switzerland - Women's International FriendlyGetty Images Sport

    PERDEDORA: Mary Earps

    Em meio à polêmica gerada pelas críticas dirigidas tanto a Hannah Hampton quanto a Sarina Wiegman em sua autobiografia, Mary Earps insistiu: “Eu não escrevi este livro para atacar ninguém de forma alguma.” Talvez não — mas foi exatamente assim que soou.

    Em 'All In', Earps revelou que acusou Wiegman de recompensar o “mau comportamento” ao voltar a convocar a então “perturbadora e pouco confiável” Hampton para a seleção inglesa em 2023 — sem, no entanto, entrar em detalhes sobre o episódio específico, o que foi bastante irônico, considerando o título do livro.

    De certa forma, porém, os pormenores do incidente eram irrelevantes. Na visão da maioria das ex-jogadoras da Inglaterra dispostas a se pronunciar sobre um tema tão delicado, Earps rompeu um pacto não declarado entre companheiras de equipe ao tornar públicas disputas de vestiário.

    Além disso, se a natureza exata desse “mau comportamento” realmente não merecia ser exposta, talvez tivesse sido mais prudente manter o silêncio. Earps argumentou que estava apenas oferecendo um relato honesto dos acontecimentos que levaram à sua chocante aposentadoria da seleção, às vésperas da Euro 2025 — e, como uma das figuras centrais no crescimento da popularidade do futebol feminino na Inglaterra, esse direito certamente lhe cabia.

    “As pessoas podem vivenciar a mesma situação de maneiras diferentes”, escreveu a goleira no Instagram. “Não se trata de heróis e vilões, apenas de perspectivas distintas — múltiplas coisas podem ser verdade ao mesmo tempo.” E ela tem razão. Às vezes, vencedores inspiradores acabam parecendo verdadeiros perdedores.

  • Liverpool v Brighton & Hove Albion - Premier LeagueGetty Images Sport

    VENCEDOR: Arne Slot

    Arne Slot viveu mais emoções no último ano do que a maioria dos treinadores experimenta ao longo de toda a carreira. Primeiro, houve a alegria e o orgulho de conduzir o Liverpool ao seu segundo título da Premier League — e com quatro rodadas de antecedência, o que apenas reforçou como ele lidou de forma brilhante com a enorme pressão de suceder o icônico Jürgen Klopp no comando da equipe.

    Mais recentemente, porém, Slot precisou lidar com Mohamed Salah acusando-o de tê-lo “jogado debaixo do ônibus”, supostamente transformando o principal responsável pelo sucesso do título da temporada passada em bode expiatório pelas dificuldades dos Reds nesta campanha. Após reintegrar Salah ao time para o jogo contra o Brighton, em 13 de dezembro, Slot tentou encerrar o assunto. E, embora a relação entre ambos siga claramente tensa, ao menos tudo indica que o egípcio retornará ao Liverpool após a Copa Africana de Nações.

    É claro que o caso Salah — e a intensa avaliação sobre sua liderança e gestão de elenco que ele provocou — empalidece diante do que Slot e seus jogadores tiveram de enfrentar há alguns meses.

    Algumas semanas depois de 130 pessoas terem ficado feridas quando Paul Doyle avançou com um carro contra torcedores reunidos na Water Street durante as celebrações do desfile do título, a morte de Diogo Jota foi recebida em Anfield com um sentimento de incredulidade e profunda devastação.

    O querido atacante português, que morreu ao lado do irmão, André Silva, em um acidente de carro na Espanha, em 3 de julho, havia acabado de se casar e estava a caminho do retorno aos treinamentos de pré-temporada quando ocorreu a tragédia. Sua morte provocou ondas de choque em todo o mundo do futebol. Como principal porta-voz do Liverpool naquele momento, Slot lidou com uma situação verdadeiramente devastadora da melhor maneira possível, falando sempre sobre a perda de Jota com notável serenidade e eloquência.

    Se o Liverpool conseguirá ou não reagir na virada do ano ainda é incerto. Mas, independentemente do que acontecer, a cordialidade e a compostura de seu treinador, sem dúvida, ajudaram o clube a atravessar um dos períodos mais difíceis de sua história.

  • FBL-WC-2026-EUR-QUALIFIERS-HUN-IRLAFP

    PERDEDORES: Odiadores do futebol de seleções

    Há poucas figuras mais irritantes no futebol do que aquelas que reclamam incessantemente das datas Fifa. Em setembro, Kaveh Solhekol, da Sky Sports, deu voz a esse grupo relativamente pequeno, mas extremamente barulhento, de indivíduos de mente fechada e egoístas ao perguntar: “Por que o nosso prazer com o futebol está sendo interrompido por algo que é entediante?”

    Depois de superar a incredulidade inicial e a raiva provocadas por uma afirmação tão arrogantemente absurda, o sentimento que resta é apenas pena de alguém que considera o futebol de seleções “entediante”. Porque não se engane: nada do que aconteceu no futebol neste ano se comparou ao drama da data Fifa de novembro. Foi emoção pura do começo ao fim.

    A Irlanda garantiu vaga na repescagem europeia ao primeiro vencer Portugal em Dublin e depois chocar a Hungria em Budapeste com um gol nos segundos finais do herói Troy Parrott. “Eu disse contra Portugal que era disso que os sonhos são feitos, mas não acho que terei uma noite melhor em toda a minha vida”, disse o atacante à RTÉ. “É um conto de fadas. Você nem consegue sonhar com algo assim. Sinceramente, não tenho palavras para descrever o que estou sentindo agora. São lágrimas de alegria. É a primeira vez que choro em anos.”

    Andy Robertson também estava tomado pela emoção ao lembrar do seu querido amigo Jota, já falecido, depois de realizar o sonho que ambos compartilhavam: levar a Escócia a uma Copa do Mundo pela primeira vez desde 1998. “Ele ficou fora do Catar por causa de uma lesão, e eu fiquei fora porque a Escócia não estava lá”, disse o lateral à BBC. “Então sei que ele estará em algum lugar sorrindo para mim esta noite.”

    A classificação do Haiti, por sua vez, trouxe alegria a um povo que sofre há muito tempo. Sébastien Migné conseguiu levar os Grenadiers à sua segunda participação em uma Copa do Mundo — a primeira desde 1974 — apesar de não poder sequer pisar no país caribenho, devido ao conflito contínuo que forçou 1,3 milhão de pessoas a deixarem suas casas. “É fantástico para o Haiti que a equipe esteja de volta ao maior palco do futebol”, disse o francês a um repórter em Curaçao, onde o Haiti foi obrigado a mandar seus jogos, após a vitória decisiva por 2 a 0 sobre a Nicarágua.

    A classificação de Curaçao foi ainda mais notável, já que a equipe resistiu heroicamente para arrancar um empate sem gols com a Jamaica, tornando a Onda Azul a menor nação da história a chegar às finais. “É uma impossibilidade tornada possível”, disse o ponta Kenji Gorré ao The Guardian. “É literalmente impossível para uma ilha tão pequena, com apenas 150 mil habitantes, e ainda assim chegar ao maior evento do futebol. É inacreditável.”

    E esse é o ponto central: para quase todos que jogam ou acompanham futebol, a Copa do Mundo é o objetivo final, porque representar o próprio país é a maior honra imaginável. É por isso que Messi ainda lidera a Argentina e por que Cristiano Ronaldo diz que só joga por Portugal enquanto puder fazê-lo.

    Assim, enquanto o futebol de seleções pode ser entediante para alguns torcedores na Inglaterra, para milhões e milhões de pessoas no resto do mundo não há nada maior — ou melhor. Como disse Parrott depois de levar um país inteiro ao delírio: “É por isso que eu jogo futebol.” E é exatamente por isso que todos nós ainda assistimos.

  • Santos v Cruzeiro - Brasileirao 2025Getty Images Sport

    PERDEDOR: Neymar

    Principal nome do futebol brasileiro há anos, Neymar retornou ao Santos em janeiro sob muita pompa e o desejo de retomar a grande carreira após uma passagem apagada pelo Al Hilal por conta de lesões.

    No entanto, apesar de algumas atuações empolgantes no início, os problemas físicos logo vieram à tona novamente, e com frequência o atacante desfalcou o Peixe ao longo do ano. Inclusive, um dos grandes objetivos do craque, que era retornar à seleção brasileira, acabou não se concretizando, trazendo mais dúvidas sobre sua capacidade atual de contribuir de forma decisiva, especialmente com a Copa do Mundo batendo à porta.

    Por outro lado, mesmo com uma lesão no menisco medial sendo detectada na reta final da temporada, o camisa 10 seguiu jogando sob certo sacrifício e teve sua importância em ajudar o Santos a escapar do rebaixamento à Série B.

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