Um gol em cinco jogos: chegou a hora do Manchester City se preocupar com Haaland?

Haaland marcou seu último gol com uma cabeçada contra o Nottingham Forest, antes de Rodri ser expulso e o Manchester City ser forçado a jogar o restante da partida com apenas 10 jogadores. Desde então, ele teve dois jogos com histórias muito diferentes, mas com o mesmo resultado: nenhum gol.

Contra o Wolverhampton, ele teve apenas uma finalização a gol e tocou na bola 15 vezes. Além disso, perdeu duelo com um adversário improvável: Craig Dawson, veterano de 33 anos. Esperava-se que ele se redimisse contra o RB Leipzig - até porque, da última vez que enfrentou o time alemão, marcou cinco gols e igualou um recorde em um jogo de mata-mata da Liga dos Campeões.

No entanto, o Leipzig aprendeu a lição desta vez, e Haaland não conseguiu marcar. E não foi por falta de tentativas, já que teve 25 toques na bola e seis chutes a gol. No entanto, desperdiçou, surpreendentemente, várias chances de gol. Quatro de suas tentativas não atingiram o alvo e nenhuma delas realmente ameaçou o goleiro. Pelo menos, ele segurou bem a bola e ajudou o substituto Jeremy Doku a marcar o gol que selou a vitória por 3 a 1.

No entanto, ainda existe a sensação de que Haaland não está tão implacável em sua segunda temporada na Inglaterra como estava na temporada passada. Ele marcou oito gols em nove partidas na Premier League e na Liga dos Campeões nesta temporada, em comparação com 14 gols na mesma fase do ano passado.

O que mudou? Para começar, as pessoas ao seu redor. Haaland iniciou sua trajetória no Manchester City com um elenco altamente experiente ao seu lado, com Kevin De Bruyne e Ilkay Gündogan criando oportunidades de trás.

De Bruyne criou 13 dos 52 gols de Haaland na temporada passada, incluindo seu primeiro com a bola rolando, contra o West Ham, com um passe que quebrou a defesa e foi direto pelo meio das linhas. Mas o belga lesionou o tendão na primeira partida da temporada, contra o Burnley, deixando Haaland sem seu garçom.

Gündogan foi menos produtivo do que De Bruyne, mas igualmente importante para o estilo de jogo do City. E sua saída, sem dúvida, afetou a forma como a equipe de Pep Guardiola joga, o que inevitavelmente tem um efeito cascata sobre Haaland.

O Manchester City também tem sido prejudicado por muitas outras lesões que afetaram sua forma habitual de jogar. John Stones está machucado desde a Community Shield, enquanto Jack Grealish sofre de um problema no joelho e só voltou a ser relacionado recentemente.

O Manchester City foi ativo na contratação de meio-campistas e atacantes durante a última janela de transferências, buscando meios de compensar as perdas de Gündogan e Riyad Mahrez. Primeiro, eles trouxeram Mateo Kovacic, seguido por investidas tardias por Jérémy Doku e Matheus Nunes.

A dupla chegou na última semana de agosto e teve muito pouco tempo para treinar com Haaland. O norueguês pode parecer super-humano, mas, como qualquer outro jogador, precisa de tempo para desenvolver entrosamento com seus novos companheiros de equipe. Mas já deu pinta de estar no caminho certo, aproveitando um cruzamento de Nunes para marcar contra o Nottingham Forest.

"Eu acho que eles têm jogadores diferentes", disse o ex-meio-campista do City, Owen Hargraves, na TNT Sports, após a vitória contra o Leipzig. "Ele está se adaptando a diferentes jogadores, e, obviamente, [é preciso lembrar que] Kevin De Bruyne não está jogando. Riyad Mahrez não está lá. Gündogan também não. Doku é um jogador novo. Erling provavelmente está ajustando seus movimentos e seu timing também".

O colega de Hargraves, Joleon Lescott acrescentou: "É uma transição mais rápida, agora com Doku e Phil Foden atuando entre os espaços. Eles são dribladores, fazem a bola rolar pelos lados. Obviamente, isso requer timing e compreensão. Não é que ele não esteja tendo chances, mas vai precisar de tempo para se ajustar à velocidade de tudo".

Enquanto Haaland teve que se acostumar com as novas contratações, os adversários tiveram um ano inteiro para se acostumar com ele. E estão adotando novas táticas para parar o norueguês - ou pelo menos para tentar dificultar sua vida. Em vez de marcá-lo individualmente, as equipes muitas vezes dobram ou triplicam a marcação para mantê-lo sob controle.

"Agora, toda vez que a bola entra na área, alguém está grudado nele. Na temporada passada, ele conseguia encontrar espaço onde quer que fosse dentro da área, as equipes não estavam realmente preparadas para enfrentá-lo lá", disse Lescott. "Mas, agora, quando a bola cai nele, basta estar perto para exercer uma mínima pressão".

Haaland também percebeu a diferença na forma como os adversários se organizam contra ele. "Sinto que eles estão fazendo mais coisas para me parar - colocando mais jogadores em cima de mim", disse recentemente, ao The Telegraph. "Mas está tudo bem, não me importo. É um desafio maior e, se eles querem colocar mais jogadores em cima de mim, significa que há espaço em outros lugares [para outros jogadores da equipe]. É simples. Eu apenas tento fazer o meu trabalho para continuar fazendo o mesmo que fiz na temporada passada".

Os "espaço em outros lugares" mencionados por Haaland muitas vezes têm sido ocupados por Julian Álvarez, o principal beneficiário das mudanças que o City teve que enfrentar devido a lesões e transferências. Campeão da Copa do Mundo pela Argentina, o atacante passou grande parte da temporada passada no banco de reservas, mas desenvolveu uma parceria florescente com o norueguês, algo que Guardiola descreveu como "uma incrível arma".

O treinador relutou em escalar os dois atacantes juntos no ano passado, pois acreditava que isso poderia tornar o City menos criativo. Mas, nesta temporada, começaram todos os jogos da liga juntos e se mostraram particularmente eficazes. Alvarez marcou seis gols e forneceu seis assistências, enquanto Haaland deu dois passes para o argentino marcar.

"Precisamos de jogadores com o faro de gol perto de Erling. Se os meias ofensivos se afastam de Erling, temos dificuldades para marcar. Precisamos nos adaptar," explicou Guardiola, no mês passado.

"Julian se movimenta atrás do atacante perfeitamente. Outro jogador precisa melhorar as coisas simples, perder menos bolas. Não é fácil nessa posição. Ter uma qualidade incrível para se movimentar, ética de trabalho sem a bola. Senso de gol, assistências. Seu impacto tem sido enorme. Estamos muito satisfeitos," concluiu.

Mas, mesmo com a crescente importância de Álvarez, e a relativa queda de Haaland no que se refere a gols, o norueugês, sem dúvida, segue sendo a grande preocupação dos adversários.

E isso acontece porque, mesmo que Haaland não esteja no auge de seu desempenho assustador, ele ainda faz o suficiente para causar arrepios. E até mesmo um Haaland 'em velocidade de cruzeiro' é uma perspectiva aterrorizante. Afinal, quando pedido, durante a última semana, pelo The Telegraph, para descrever sua ameaça de marcar gols, Haaland se comparou a mortos-vivos.

"Eu posso recuar e tocar na bola algumas vezes, mas estou apenas meio que andando por aí, de pé ali, fazendo movimentos no meu próprio mundo. Eu saio do meu corpo e me transformo em um zumbi," afirmou.

"É meio que uma 'desconexão'. Fico olhando ao redor. Esperando por uma chance. E quando a chance aparece, eu sei que tenho que estar pronto. Eu ainda estou 'ligado', mas meio que ando por aí e fico só observando e observando."

"Estou esperando pela chance e pensando: 'Se a bola vier aqui, isso pode acontecer; se a bola for para lá, aquilo pode acontecer'. É um sentimento. Quando o time está construindo a jogada desde a defesa, eu sei que não preciso estar envolvido. Eu fico ali parado e espero o momento certo para... (estala os dedos)".

Equipes adversárias podem ter encontrado maneiras de reduzir ligeiramente a ameaça de Haaland nesta temporada, mas apenas um tolo sugeriria que ele está em declínio. Todos passarão 90 minutos em busca do zumbi, temendo o momento em que ele dê o bote.