"Com os nossos atuais problemas, alterando a espinha dorsal da equipe, os meio-campistas têm atuado de maneira completamente contrária ao que propomos ao logo das últimas temporadas. Mudamos muito, mas estamos bem estáveis. Criamos mais chances e concedemos menos oportunidades aos adversários", seguiu.
E é claro que as ausências são a "espinha dorsal" do problema. Só para o Mundial, Kevin de Bruyne, Erling Haaland e Jéremy Doku são desfalques certos - os três viajaram à Arábia Saudita, mas acabaram cortados de última hora. Mas a questão vai, em realidade, além.
Veja, De Bruyne jogou 20 minutos até agora nesta temporada; John Stones não atuou por muito tempo mais; Jack Grealish, em meio à forma ruim e à condição física, não consegue boa sequência; Rodri foi expulso em um lance besta contra o Nottingham Forest, com 20 segundos de segundo tempo e com o placar em 2 a 0 em favor do City em pleno Etihad Stadium e acabou suspenso da eliminação para o Newcastle na Carabao Cup - Kalvin Philips o substituiu e pouco ajudou, para se dizer o mínimo - e na derrota por 1 a 0 para o Arsenal, no Emirates Stadium. Tudo isso sem falar da saída para o Barcelona de Ilkay Gündogan, por exemplo, que ainda faz falta. Ou seja, ausências são e têm sido um empecilho, é verdade, para o time de Manchester. Mas o problema mesmo é o tipo de jogadores que têm se ausentado.
Voltemos ao dia 22 de fevereiro de 2023. Pela partida de ida das oitavas de final da Liga dos Campeões, o City empatou em 1 a 1 com o RB Leipzig - na volta, aplicaria um sonoro 7 a 0, que colocaria Erling Haaland ao lado de Lionel Messi e Luiz Adriano como um dos únicos atacantes a anotar cinco gols em uma noite de Champions. Nesse 'entediante' empate, que não parecia ser exatamente um bom resultado aos eventuais campeões, Guardiola não fez nenhuma substituição. Apesar de certo incômodo por parte da mídia diante do fato do técnico não ter movimentado o banco em um jogo supostamente abaixo, o motivo era simples: existem jogadores no elenco que são essenciais para manter o jogo 'entediante', estilo que guiou os Citizens à histórica tríplice coroa. Todos eles estavam em campo naquele momento.
Esses jogadores foram chamados pelo próprio Guardiola de 'pausa players' - em uma boa mistura de catalão e inglês. Jogadores capazes de 'pisar na bola'. Cadenciar o jogo. Kevin De Bruyne, Bernardo Silva, Gündogan, Grealish, Riyad Mahrez (hoje na Saudi Pro League), Rodri e John Stones talvez sejam os grandes exemplos - e, destes, apenas o português não foi citado dois parágrafos atrás como ausência durante pelo menos algum momento desta atual fase irregular.
Fica claro, portanto: jogadores cruciais ao estilo de jogo do City não puderam, por um período considerável nesta temporada, manter-se à disposição de Guardiola - e alguns nem estão mais em Manchester. Haaland e Doku, por outro lado, você pode pensar, têm mostrado, ao longo de suas passagens, poderem oferecer uma qualidade individual que, é verdade, não se aplica a esse clássico estilo de cadenciar o jogo, mas se sobrepõe, outros podem argumentar, a essas ausências. Pensamento razoável.
Mas eles também não estão à disposição.