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Manchester City 16x9GOAL

Tropeços no Inglês e desfalques de estrelas: a missão de derrotar o Manchester City já não é tão impossível para o Fluminense?

Após a derrota por 1 a 0 para o Aston Villa, pela Premier League, no início deste mês de dezembro, Pep Guardiola deu uma longa resposta de seis minutos e meio em sua coletiva. E esse foi, de fato, um encontro para se guardar na memória, afinal de contas, não é todo dia que um time do técnico catalão é completamente dominado em 90 minutos de futebol. Mas o City, no Villa Park, foi.

Para se ter uma ideia do estrago, o Villa, possivelmente a grande surpresa deste Inglês, liderado por Unai Emery, finalizou 22 vezes contra a meta de Ederson, enquanto os Citizens ficaram limitados a apenas duas finalizações em todo o jogo. Duas finalizações. Em todo o jogo. Sendo que a última ocorrera aos 11 minutos do primeiro tempo.

Agora, três semanas depois de um dos piores jogos da carreira de Guardiola, o técnico se encontra na Arábia Saudita, às vésperas de uma final de Mundial de Clubes contra o Fluminense, de Marcelo e Fernando Diniz, que - nem é preciso dizer - chega sedento por um título inédito em um ano para lá de especial.

Mas, voltemos à coletiva daquela fria terça-feira (7) em Birmingham. O comandante Citizen disse: "Temos que fazer muito melhor. Tentar não sofrer gols, tentar jogar". Mas tinha mais. "Hoje, sinto que vamos vencer a Premier League", completou.

Pois é, a afirmação fez vários na sala de imprensa levantarem as sobrancelhas - seja por pura desconfiança, seja por espanto, na verdade, por tamanha confiança -, mas lembrou a todos do time que o Flu enfrentará nesta sexta (22).

Abaixo, a GOAL te conta um pouco mais da fase atual do City...

  • Guardiola TottenhamGetty

    Uma vitória em seis jogos na Premier League

    Apesar da confiança de Guardiola na conquista do tetracampeonato inglês, fato é que a fase não é nada boa. O time somou apenas sete pontos nas últimas seis partidas do nacional, entrando em uma sequência de três empates seguidos em três clássicos - 4 a 4 vs Chelsea, 1 a 1 vs Liverpool e 3 a 3 vs Tottenham -, na qual sofreu oito gols em três jogos, encerrada justamente na derrota por 1 a 0 para o Villa.

    Em seguida, veio uma vitória contra o pouco impressionante Luton Town, fora de casa, em partida marcada pela ausência de Haaland, diagnosticado em cima da hora com um problema no pé. E quando o City parecia, enfim, de volta aos trilhos das vitórias, vencendo, neste último sábado (16), o Crystal Palace por 2 a 0, Jean-Philippe Mateta e Michael Olise - este último aos 50 minutos do segundo tempo - trouxeram o time de volta à péssima fase, decretando um duro empate em 2 a 2 em pleno Etihad Stadium.

    E esta fase ruim, por incrível que pareça, também pode se aplicar à Liga dos Campeões, apesar do 100% de aproveitamento na fase de grupos. Quaisquer olhos minimamente atentos perceberam a inconsistência defensiva dos atuais campeões, que conseguiram apenas um clean-sheet em seis partidas em um dos grupos mais fracos da história do torneio - com RB Leipzig, Young Boys e Estrela Vermelha.

    "Normalmente, acontece que, quando você deixa pontos, as pessoas dizem: 'OK, você perdeu pontos contra Liverpool, Chelsea e Tottenham. Que desastre'. Mas são Chelsea, Liverpool e Tottenham! O que as pessoas esperam? Que consigamos 120 pontos e estejamos 20 pontos à frente?", questionou o catalão, na mesma coletiva pós-derrota para o Villa. "Claro em alguns momentos, depois de vencer a tríplice coroa e três ligas consecutivas, é necessário defender um cruzamento de maneira mais agressiva. São os pequenos detalhes".

    Fato é, Guardiola tem um dom quando o assunto é 'domar' uma narrativa negativa que circunde o atual momento do City.

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  • Kevin De Bruyne injury Manchester City Champions League final 2023Getty

    Entre ausências e o estilo de jogo

    "Com os nossos atuais problemas, alterando a espinha dorsal da equipe, os meio-campistas têm atuado de maneira completamente contrária ao que propomos ao logo das últimas temporadas. Mudamos muito, mas estamos bem estáveis. Criamos mais chances e concedemos menos oportunidades aos adversários", seguiu.

    E é claro que as ausências são a "espinha dorsal" do problema. Só para o Mundial, Kevin de Bruyne, Erling Haaland e Jéremy Doku são desfalques certos - os três viajaram à Arábia Saudita, mas acabaram cortados de última hora. Mas a questão vai, em realidade, além.

    Veja, De Bruyne jogou 20 minutos até agora nesta temporada; John Stones não atuou por muito tempo mais; Jack Grealish, em meio à forma ruim e à condição física, não consegue boa sequência; Rodri foi expulso em um lance besta contra o Nottingham Forest, com 20 segundos de segundo tempo e com o placar em 2 a 0 em favor do City em pleno Etihad Stadium e acabou suspenso da eliminação para o Newcastle na Carabao Cup - Kalvin Philips o substituiu e pouco ajudou, para se dizer o mínimo - e na derrota por 1 a 0 para o Arsenal, no Emirates Stadium. Tudo isso sem falar da saída para o Barcelona de Ilkay Gündogan, por exemplo, que ainda faz falta. Ou seja, ausências são e têm sido um empecilho, é verdade, para o time de Manchester. Mas o problema mesmo é o tipo de jogadores que têm se ausentado.

    Voltemos ao dia 22 de fevereiro de 2023. Pela partida de ida das oitavas de final da Liga dos Campeões, o City empatou em 1 a 1 com o RB Leipzig - na volta, aplicaria um sonoro 7 a 0, que colocaria Erling Haaland ao lado de Lionel Messi e Luiz Adriano como um dos únicos atacantes a anotar cinco gols em uma noite de Champions. Nesse 'entediante' empate, que não parecia ser exatamente um bom resultado aos eventuais campeões, Guardiola não fez nenhuma substituição. Apesar de certo incômodo por parte da mídia diante do fato do técnico não ter movimentado o banco em um jogo supostamente abaixo, o motivo era simples: existem jogadores no elenco que são essenciais para manter o jogo 'entediante', estilo que guiou os Citizens à histórica tríplice coroa. Todos eles estavam em campo naquele momento.

    Esses jogadores foram chamados pelo próprio Guardiola de 'pausa players' - em uma boa mistura de catalão e inglês. Jogadores capazes de 'pisar na bola'. Cadenciar o jogo. Kevin De Bruyne, Bernardo Silva, Gündogan, Grealish, Riyad Mahrez (hoje na Saudi Pro League), Rodri e John Stones talvez sejam os grandes exemplos - e, destes, apenas o português não foi citado dois parágrafos atrás como ausência durante pelo menos algum momento desta atual fase irregular.

    Fica claro, portanto: jogadores cruciais ao estilo de jogo do City não puderam, por um período considerável nesta temporada, manter-se à disposição de Guardiola - e alguns nem estão mais em Manchester. Haaland e Doku, por outro lado, você pode pensar, têm mostrado, ao longo de suas passagens, poderem oferecer uma qualidade individual que, é verdade, não se aplica a esse clássico estilo de cadenciar o jogo, mas se sobrepõe, outros podem argumentar, a essas ausências. Pensamento razoável.

    Mas eles também não estão à disposição.

  • Pep Guardiola Manchester City 2023-24Getty Images

    "Talvez eu esteja errado e eles estejam vendo tudo o que eu não consigo ver"

    O comportamento da equipe também tem ficado sob os holofotes no retrospecto recente. E não se trata do comportamento extracampo - como a decisão de Haaland, nesta quarta (20), segundo publicado no Instagram pela esposa de Paulo Henrique Ganso, de ignorar completamente os pedidos de autógrafo e foto de torcedores mirins do Fluminense em um shopping em Jedá -, mas do empenho dos atletas dentro das quatro linhas.

    Ainda na coletiva pós-jogo contra o Aston Villa, Guardiola foi perguntado sobre sua reação ao ouvir alguns comentaristas de rádio e TV ingleses, sendo o ídolo do Manchester United Gary Neville usado como exemplo, atribuindo os resultados recentes ruins do City a uma suposta complacência de seus jogadores após praticamente 'zerarem o jogo' na temporada passada, com a tríplice coroa.

    O catalão respondeu: "Não tenho nada a dizer sobre os comentaristas, honestamente", iniciou, sorrindo. "Não se trata disso. Talvez eu esteja errado, mas não acho que seja sobre complacência. Eu conheço os jogadores, eu sei como eles se entregam. Nosso comportamento é extraordinário. Tenho a sensação de que, se mantivermos esse nível, vamos vencer a Premier League. Vamos ganhá-la de novo".

    "Ele sabe o quão difícil é [conquistar o tetracampeonato], caso contrário, Gary Neville teria vencido quatro Premier Leagues no melhor período do Manchester United. Mas ele não fez isso, sabe? Eu sei como minha equipe luta, como pressiona, como eles vão até a última gota de suor e como ficam chateados quando sofremos um gol. Então, eu não tenho essa sensação. Talvez eu esteja errado e eles estejam vendo tudo o que eu não consigo ver".

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  • Pep Guardiola Fernando DinizGetty

    Razões para crer

    É fato, o Tricolor vai encarar um Manchester City longe de sua melhor fase. Trata-se de uma equipe em fase recente muito inconsistente, recheada de lesões - e importantes lesões, como já ficou claro - e questionada pela opinião pública no que se refere ao comprometimento. A questão, porém, é que esse não é exatamente um território inédito para Guardiola e sua trupe.

    Na última temporada, o City também teve um primeiro semestre pouco animador, figurando bem atrás do Arsenal na Premier League, eliminado precocemente da Copa da Liga Inglesa e com alguns 'poréns' levantados por suas apresentações na Champions. E, no segundo semestre, na hora da definição da temporada, o experiente time mostrou sua verdadeira face - compromissado, calejado e, acima de tudo, imparável. Arsenal, Bayern de Munique, Real Madrid... Os melhores clubes do mundo neste último semestre sentiram isso na pele.

    "Contra o Tottenham, o que fizemos no primeiro tempo, e até mesmo [nossa performance] no segundo tempo, as chances que tivemos... O que posso dizer à equipe? Talvez nos acusem de complacência porque eles (os comentaristas) sentiram complacência. Talvez tenham sentido isso. Não sei amanhã, não sei sobre os próximos jogos... Mas [complacência] agora? Sem chance", afirmou. "Estou apaixonado pela minha equipe. Mesmo depois de tantos anos, ainda estou".

    Eis, portanto, a sinuca de bico de Diniz e companhia: a confiança da massa azul de Manchester de que aquela capacidade de se reerguer em um momento crucial segue intrínseca à equipe.

    O irônico fato de que as mesmas razões que fazem o torcedor tricolor sonhar pela história em Jedá fazem Guardiola crer que conquistará, nesta sexta-feira, seu tetracampeonato mundial.

    E aí entra o Fluminense - campeão da Libertadores, com sangue nos olhos pelo título e de frente a um treinador e a um time protagonistas de uma dinastia na Inglaterra.


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