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Trocar chance de ser lenda do Barcelona para jogar no PSG foi a pior decisão da carreira de Neymar

A primeira apresentação de Neymar aos torcedores do Barcelona aconteceu lá em dezembro de 2011, quando entrou em campo, ainda pelo Santos, na final do Mundial de Clubes. O embate era protagonizado pelo jovem de 19 anos, à época, e Lionel Messi. Protagonismo esse ressaltado pelo então técnico do craque no Peixe, Muricy Ramalho: "Não vai demorar muito para se tornar o melhor do mundo".

O Barça, então, pagou 57 milhões de euros (cerca de R$ 311 milhões, atualmente) para acertar com Neymar, que também era de interesse do Real Madrid. E esta provou-se uma barganha.

Mas Neymar nunca conseguiu ultrapassar Messi na corrida pelo título de melhor do mundo, e isso o fez aceitar se tornar o atleta mais caro da história e ir para o Paris Saint-Germain, em 2017, por 220 milhões de euros (hoje, R$ 1,2 bilhão). Com isso, saiu da sombra do argentino e se colocou em posição para vencer sua primeira Bola de Ouro.

Neymar falhou. Já tinha um grande ego e que só aumentou uma vez no PSG. O Barça ofereceu tudo que era necessário para conquistar o que almejava. Porém, o atacante trocou tudo por um 'atalho' à glória, na França.

Inevitavelmente, ir a Paris não deu certo para Neymar. Após seis temporadas de controvérsias e frustrações, o atacante deixou o Parque dos Príncipes - com justamente o Barcelona tendo sido cotado como primeiro provável destino. Mas, mesmo que conseguissem financiar o retorno do astro, ele não mereceria uma segunda chance.

Ao invés disso, o brasileiro foi anunciado pelo Al Hilal, da Arábia Saudita. E, verdade seja dita, era a única opção restante.

  • Neymar-Messi-Suarez-BarcelonaGetty

    O legado de Neymar no Barcelona

    Neymar passou quatro temporadas no Barça, com 105 gols e 75 assistências em 186 jogos. Ele provou-se um jogador de elite e uma estrela, logo conquistando a torcida do Camp Nou.

    Ao lado de Messi e Luis Suárez, Neymar era um terço do - discutivelmente - melhor ataque da história do futebol moderno, o 'MSN', que conquistou a Tríplice Coroa sob o comando de Luis Enrique, em 2014/15.

    Naquela temporada, o astro balançou a rede 39 vezes, incluindo na final da Liga dos Campeões, sobre a Juventus. Na temporada seguinte, Enrique posicionou o brasileiro mais no centro do campo, um ponto-chave na conquista de outra La Liga e outra Copa del Rey.

    Uma terceira Copa del Rey seguida, já no ano seguinte, praticamente salvou a decepcionante temporada 2016/17. Neymar, no entanto, seguia em plena evolução - liderando a histórica 'remontada' para cima do PSG nas oitavas de final da Champions.

    Neymar marcaria, ainda, seu 100° gol pelo Barça na final da Copa da Espanha, contra o Alavés, ampliando as chances de logo cravar seu nome do Hall da Fama do clube. Mas então, veio o PSG. E, a partir daí, a relação do craque com a torcida, que antes o adorava e confiava em sua lealdade, já era irreversível.

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  • Neymar-PSGGetty

    Lesões e mais lesões em Paris

    O primeiro ano de Neymar no PSG é, estatisticamente, seu melhor na França. Fez 32 gols na Ligue 1, mais seis na Liga dos Campeões - o que até pôde justificar o histórico valor nele investido. Ele liderou o PSG aos três troféus domésticos possíveis, é verdade, mas perdeu 21 confrontos por conta de contusões.

    Em fevereiro de 2018, quebrou seu metatarso e foi desfalque também da partida de volta contra o Real Madrid, nas oitavas da Champions League. Unai Emery e sua trupe foram, então, eliminados - e Neymar ficou de fora pelo restante da temporada.

    O brasileiro, contudo, se recuperou a tempo da Copa do Mundo na Rússia. Mas não era o mesmo. A Seleção Brasileira acabou eliminada nas quartas de final, diante da Bélgica, e Neymar virou meme por suas exageradas reações e quedas durante a competição. Aliás, tais exageros seguiram na campanha 2018/19.

    Nesta temporada, o PSG precisou viver sem Neymar por mais 29 jogos, após novo problema no metatarso. Ele, ainda assim, conseguiu marcar 23 gols e distribuir 13 assistências, mas sem exercer aquele mesmo impacto sobre os gramados de antes. E isso deu espaço para Kylian Mbappé ganhar papel central no clube.

    Mbappé, inclusive, também teve seus problemas, mas que foram sobrepostos pelas ótimas atuações em campo e sua ampla disponibilidade. O mesmo não pode, no entanto, ser dito sobre Neymar, que seguiu fora de novo no ano seguinte, com um rompimento do ligamento do tornozelo, em março. Naquele ponto, estava claro que os parisienses não podiam sempre contar com Neymar.

  • Neymar XaviGetty Images

    O jogador que Xavi NÃO precisa

    Em vários momentos durante o período de Neymar em Paris, ele tentou retornar à Catalunha. Não demorou muito para ficar claro seu arrependimento, mas isso era parcialmente impossível.

    O Barça se afundou em problemas financeiros depois da saída de Neymar, principalmente pela inconsequência ao gastar tudo que foi arrecadado com sua saída. Mais de 300 milhões de euros (na atual cotação, mais de R$ 1,6 bilhão) em Phlippe Coutinho, Ousmane Dembélé e Antoine Griezmann - todos fracassaram.

    Grandes contratos foram dados a novas contratações e membros já consagrados do eleno, como Messi, Sergio Busquets e Jordi Alba. Isso deixou o lado financeiro do clube fora de qualquer controle - desde então, Joan Laporta tem tentado uma reestruturação, que incluiu a liberação de Messi, em 2021.

    São tempos turbulentos ao Barcelona, apesar dos seu sucesso na última temporada da La Liga: o time não pode competir com os principais rivais no mercado e tem centrado seus esforços em trazer jogadores de baixo custo ou sem contrato e limpar 'vacas magras' do elenco. Trazer Neymar de volta seria ir contra todo esse trabalho árduo.

    Aliás, Neymar poderia, ainda, comprometer a atual harmonia no elenco, segundo teria sido levantado por Xavi nos bastidores. Isso distanciou o Blaugrana ainda mais da possibilidade de repatriar o astro.

  • Neymar(C)GettyImages

    Portas fechadas pela Premier League

    Neymar também foi muito cotado como possibilidade na Premier League, com supostos interesses de Manchester United, Chelsea, Manchester City e Arsenal. Mas, uma por uma, essas possibilidades logo foram, no entanto, descartadas.

    Quando o United virou potencial candidato, um ex-assistente de Alex Ferguson, Rene Meulensteen, chegou a avisar o atual técnico do clube, Erik ten Hag, do temperamento de Neymar. Os Red Devils, então, optaram por Rasmus Hojlund e Mason Mount para compor seu ataque. O City, por outro lado, entendeu que não precisava de reforço aos serviços de Erling Haaland.

    O Chelsea, por outro lado, logo se tornou o principal vínculo ao nome do brasileiro, ao lado do clube catalão, com reportagens indicando contato com um dos donos dos Blues, Todd Boehly, mas falou mais alto a voz do treinador Mauricio Pochettino, que não desejaria voltar a trabalhar neste momento com Neymar.

    Sua ida à Premier League sempre aparentou ser uma grande movimentação para a liga. Agora, porém, os diversos problemas que o camisa 10 da seleção traria passam a falar mais alto.

  • Neymar PSG Cristiano Ronaldo Al Nassr(C)Getty Images

    "O maior fracasso da história do futebol"

    "É difícil defender Neymar por tudo que o envolve além dos gramados. Estive com ele na Europa duas vezes. Eu falei: 'Os deuses do futebol lhe deram um dom, mas suas atitudes não o ajudam", disse Pelé, durante entrevista à Folha de S. Paulo em 2018. E sua avaliação faz todo o sentido.

    Neymar é um jogador especial, daquele tipo que lidera gerações. Mas não chegou nem perto de poder maximizar seu talento único.

    Trata-se de alguém que muda qualquer partida, quando saudável - o gol contra a Croácia, na prorrogação das quartas de final da Copa no Qatar é prova disso. O Brasil precisava de algo mágico para furar o poderoso bloqueio croata, e Neymar proveu justamente o que faltava. Claro, no fim acabou eliminado, nos penais, mas tinha motivos para manter sua cabeça em pé.

    É um driblador nato, que cria chances do zero e consegue finalizá-las com um toque matador ou um passe decisivo. Mas jogou fora os melhores anos da sua carreira. Em 2017, aos 25 anos, aproximava-se do seu primor, mas optou pelo PSG e perder a chance de se postar no mesmo nível de Pelé e Messi.

    "Já percebemos que, pelos valores envolvidos, Neymar é o maior fracasso do futebol? Não consigo pensar em um maior pelo custo, é horrível", disse o jornalista Daniel Riolo, da RMC Sport, em janeiro. E, de fato, é difícil argumentar contra a impressão que a passagem do brasileiro no Parque dos Príncipes tenha sido um real desastre.

    Assim, não há mais nada para Neymar na Europa. O PSG o queria fora e todos os outro clubes do alto patamar também. Agora, deve ser mais um astro a se juntar ao Campeonato Saudita - reportagens locais indicam que o atacante assinará um contrato de dois anos com o Al Hilal avaliado em 302 milhões de euros (cerca de R$ 1,64 bilhão) - valores da casa de Cristiano Ronaldo, no Al Nassr.

    Quando este acordo terminar, o brasileiro terá 33 anos e não deveria ter esperanças de ser convocado para a Copa do Mundo de 2026, seguindo anos longe da elite do futebol. Pode estar, portanto, muito bem financeiramente, mas também estará antecipando sua aposentadoria.

    Sim, tudo poderia ter sido muito diferente se Neymar tivesse depositado a mesma confiança que o Barça nele depositou ao invés de ter se mudado para a França.