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Is Trent at risk of being benchedGetty

Trent Alexander-Arnold foi para o Real Madrid de olho na Bola de Ouro - mas o astro da Inglaterra corre o risco de ser um reserva de luxo de Xabi Alonso?

Trent Alexander-Arnold parecia irritado no final do jogo. Logo após o apito final da confortável vitória de 3 a 0 do Real Madrid sobre um resiliente Real Oviedo, o ex-jogador do Liverpool não parecia estar com ânimo para qualquer tipo de comemoração. Em vez disso, ele caminhou com a cabeça baixa, deu um abraço sem entusiasmo em alguns companheiros de time e um "toca aqui" frouxo em outros. 

E por um bom motivo. O inglês jogou apenas três minutos contra a equipe recém-promovida. Ele tocou na bola uma vez. Sua única ação real foi a corrida que fez ao entrar em campo e uma corrida para ganhar uma cabeçada no final. Os internautas nas redes sociais acharam tudo isso muito engraçado - especialmente os fãs do Liverpool, que sentiram uma certa satisfação em ver seu ex-jogador se contentar com minutos no banco após fazer tanto alarde sobre sua mudança para a Espanha.  

Mas, por mais divertidas que possam estar as brincadeiras em Liverpool, a situação de Alexander-Arnold é típica, se não totalmente previsível. Xabi Alonso é um mestre da rotação. Ele gosta de manter suas equipes frescas e colocar suas melhores formações nos jogos mais importantes. E, por mais intrigante que possa ser ver Alexander-Arnold sair do banco, é provável que ele tenha que se contentar com minutos limitados enquanto o espanhol ajusta seu sistema.

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  • FBL-ESP-LIGA-REAL MADRID-OSASUNAAFP

    Sonhos de Bola de Ouro

    Na verdade, os primeiros sinais de que Alexander-Arnold poderia deixar o Liverpool já estavam lá no início da temporada 2024/25. Olhando agora, fica fácil perceber. Alguns torcedores até lembram que, na estreia contra o Ipswich, apesar da vitória dos Reds, o lateral não parecia tão feliz. Motivos não faltariam, claro.

    Mas o primeiro alerta forte veio em uma entrevista aparentemente comum. Perguntaram a ele, em papo com a Sky Sports, se preferia conquistar a Bola de Ouro ou a Copa do Mundo. A maioria dos jogadores diria que levantar o troféu pelo seu país é o auge de uma carreira. Alexander-Arnold pensou diferente: respondeu que queria ganhar a Bola de Ouro.

    “Eu acredito que posso. Quero ser o primeiro lateral da história a conseguir isso. Só no dia seguinte à aposentadoria é que você olha no espelho e diz: ‘Dei tudo de mim’”, afirmou em outubro de 2024.

    A fala soou muito “estilo Real Madrid” – o que surpreendeu, vindo de um jogador normalmente discreto. Vale lembrar: quem joga no Liverpool dificilmente leva a Bola de Ouro. O prêmio costuma ficar nas mãos de craques do Real Madrid ou do Barcelona — e talvez do Paris Saint-Germain, daqui pra frente. Em outras palavras: se você sonha em conquistar esse título individual, Madri é o destino certo.

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  • Trent Alexander ArnoldGetty Images

    Falta de minutos imediatos

    E é daí que vem parte da graça da situação. Para conquistar a Bola de Ouro, você precisa estar em campo com frequência. Alexander-Arnold até começou o primeiro jogo do Real Madrid na temporada e fez uma atuação correta. Nada espetacular, nada desastroso. O time como um todo também foi apenas mediano. No fim, venceram. Para eles, esse início é mais sobre ajustar o sistema, criar entrosamento e encontrar as combinações certas para que, mais à frente, a temporada flua com naturalidade. Na prática, foi uma vitória “à la Real Madrid”: 1 a 0 contra o Osasuna.

    E foi exatamente isso: Alexander-Arnold distribuiu alguns passes belíssimos, encontrando Vinicius Jr. em ótimas condições. Teve bons momentos com a bola, mas também acabou sendo facilmente batido em alguns lances defensivos. Se você procurar no Google por “atuação típica de Alexander-Arnold”, é basicamente esse jogo que vai aparecer.

    Por isso mesmo, muita gente achava que ele teria sequência para ganhar ritmo. Afinal, opções não faltam no elenco do Real — mas era impensável que a nova contratação de peso fosse sacada já de cara. Pois foi o que aconteceu: na partida seguinte, Alexander-Arnold ficou no banco e viu Dani Carvajal fazer uma atuação bem mais convincente pelo lado direito.

  • FrimpongGetty Images

    Alonso, Leverkusen e Frimpong

    E isso é bem típico de Alonso. O espanhol foi muito elogiado pelo trabalho no Bayer Leverkusen na temporada 2023/24 — e com razão. Aquela campanha quase invicta entrou para a história como um dos maiores feitos recentes de um treinador. Faltou apenas uma vitória para um triplete invicto, algo que muitos consideram que teria sido a melhor temporada de um clube na história.

    Mas aquele time, por melhor que fosse, dependia bastante da rotação do elenco. Na prática, eram poucos os jogadores realmente intocáveis. Xhaka era peça-chave no meio, atuando todos os minutos possíveis. Grimaldo, Tah, Tapsoba e Wirtz também tiveram presença constante. Fora eles, Alonso mexia bastante. Ao todo, 15 jogadores superaram a marca de 2.000 minutos em campo. Até o artilheiro Victor Boniface, com 20 gols na temporada, muitas vezes cedia espaço para Patrik Schick, e só completou os 90 minutos em 23 das 34 partidas.

    O melhor exemplo desse estilo foi justamente o substituto de Alexander-Arnold no Liverpool: Jeremie Frimpong, hoje considerado um dos melhores laterais da Europa. Sob o comando de Alonso, ele começou 52 dos 67 jogos de Bundesliga em que esteve disponível entre 2023 e 2025 — longe de ser um “intocável absoluto”.

    Ao chegar ao Real Madrid, Alonso deu a entender que seguiria a mesma lógica: “Depende do que precisarmos em cada jogo, da carga de trabalho e do adversário”, afirmou após a vitória sobre o Real Oviedo.

  • Real Oviedo v Real Madrid CF - LaLiga EA SportsGetty Images Sport

    O problema "Carvajal"

    O grande ponto é que Alexander-Arnold disputa posição com um lateral-direito já consolidado. Carvajal pode ter passado recentemente por uma cirurgia séria no joelho, mas há apenas um ano chegou até a ser cotado, ainda que de forma periférica, para a Bola de Ouro. Aos 33 anos, o espanhol tem um perfil completamente diferente do inglês, mas carrega vantagens importantes. É, em quase todos os aspectos, um defensor mais sólido — firme no um contra um, raramente foge de divididas e duelos físicos. Além disso, é bem mais disciplinado taticamente, mantendo-se aberto pela direita, algo crucial para o Madrid, que ainda enfrenta problemas de excesso de jogadores caindo pelo lado esquerdo.

    Mas talvez o ponto mais relevante seja a liderança. Carvajal está no clube há mais de uma década e sabe exatamente o que significa vestir a camisa do Real Madrid e vencer por ela. Não por acaso, foi o primeiro aspecto destacado por Xabi Alonso após a vitória sobre o Oviedo.

    “Hoje ele jogou 85 minutos no melhor estilo Carvajal. Competitivo, comunicativo, assumindo o papel de líder. Deu equilíbrio a tudo”, disse o treinador. Comentários assim, claro, não são um bom presságio para Alexander-Arnold. 

  • Trent Alexander-Arnold England 2024Getty Images

    A opção de meio-campo

    É claro que existem diferentes possibilidades de configuração. Xabi Alonso já deixou claro que pretende usar a rotação sempre que puder. A imprensa espanhola até começou a especular sobre a chamada “opção nuclear” para Alexander-Arnold: testá-lo em outra posição.

    Torcedores da Inglaterra e do Liverpool dirão que Alexander-Arnold não é meio-campista. Mas a ideia é tentadora — tanto pela narrativa quanto pelas características. Ele cresceu idolatrando Steven Gerrard. Sabe passar, marcar e finalizar de fora da área. Pelo físico e pela técnica, tudo nele sugere que poderia ser um camisa 8 de alto nível.

    Há quem peça exatamente isso. Também não está descartada a hipótese de usá-lo como primeiro volante, posição em que Gareth Southgate chegou a escalar o lateral contra seleções mais fracas. E o desempenho foi bom. Alonso, por sua vez, já mostrou não ter medo de experimentar: no último fim de semana, chegou a colocar Mbappé como um “camisa 10” improvisado. É bem provável que, em alguns momentos, vejamos Carvajal e Alexander-Arnold juntos em campo — e que o inglês seja testado no meio. 

  • Xabi AlonsoGetty Images

    A prova virá nos grandes jogos

    O mais interessante de toda essa história — e sim, ela ainda prende a atenção — é que ninguém sabe exatamente como vai terminar. Alonso tem à disposição dois laterais-direitos de nível mundial, que jogam na mesma posição de formas bastante diferentes. Para ele, isso pode ser até um sonho: o treinador valoriza acima de tudo a versatilidade e a adaptação tática. Poder alternar entre duas opções desse calibre é um luxo que poucos técnicos no mundo têm.

    Ele mesmo já deixou claro que pretende usar todo o elenco: “Temos cerca de 20 jogadores no grupo e vou tentar tirar o máximo de todos. Às vezes, você pode jogar apenas alguns minutos e ainda assim ser importante… Minha intenção é que todos contribuam. Essa será a norma”, disse após uma das primeiras vitórias.

    Mas em algum momento, o famoso time ideal terá de ser escalado. Seja contra o Liverpool em Anfield, pela Champions, ou no primeiro El Clasico da temporada, Alonso terá que escolher a formação mais forte. É aí que ficará claro: ele continuará sendo o treinador que confia cegamente na rotação, ou, na prática, ainda não deposita total confiança em sua primeira grande contratação.

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