Top 10 momentos de Trent Alexander-Arnold no Liverpool: do escanteio histórico contra o Barcelona ao fim do jejum na Premier League

Jurgen Klopp foi recentemente questionado sobre qual teria sido sua melhor contratação como técnico do Liverpool. Ele escolheu Alexander-Arnold, mesmo sendo um produto da base. Klopp também creditou grande parte da promoção do jovem ao time principal ao auxiliar Pep Lijnders, que havia treinado o lateral no sub-16 e estava convencido de que o clube tinha um talento multivalente nas mãos.

“Pep disse: ‘Ele jogou como número 6 comigo, jogou como lateral, pode atuar na ala direita, na esquerda’”, contou Klopp ao podcast Pure Football. “Quando você ouve algo assim, é normal ficar um pouco cético: ‘Ok... e o que mais?!’ Mas então ele apareceu e só havia um problema: não estava fisicamente pronto. Mas ele era só um garoto, e quando você o via jogar, era de impressionar. Tecnicamente, não havia dúvidas, mas ele precisava ganhar forma.”

Assim, embora tenha sido relacionado para o banco na estreia do Liverpool na Premier League contra o Arsenal, em 14 de agosto de 2016, após um intenso trabalho na pré-temporada, Alexander-Arnold só participou dos jogos da Copa da Liga contra Burton Albion e Derby County. E foi apenas na véspera do confronto da quarta fase, contra o Tottenham, no dia 25 de outubro, que soube que estaria entre os titulares em Anfield.

Mais tarde, o lateral admitiu que estava ansioso demais para causar boa impressão e teve sorte por não ser expulso após uma entrada dura em Ben Davies. Ainda assim, chamou atenção pela intensidade e pela confiança com a bola nos pés.

Klopp admitiu que não fazia ideia de que Alexander-Arnold se tornaria o melhor lateral ofensivo da história da Premier League, mas o técnico alemão revelou que sempre teve “confiança e fé” no jovem desde muito cedo. Por isso, não hesitou em recorrer ao camisa 66 quando Nathaniel Clyne precisou ser cortado da partida contra o Manchester United, em Old Trafford, no dia 15 de janeiro de 2017, por conta de uma lesão.

“Ele não parecia muito surpreso, para ser honesto”, contou mais tarde o ex-treinador dos Reds. “Não que ele estivesse esperando, mas também não parecia nervoso.”

Não surpreende, então, que Alexander-Arnold tenha se destacado em sua primeira partida como titular na Premier League, atuando os 90 minutos no empate por 1 a 1 com o maior rival do Liverpool. “Foi o primeiro grande passo para ele”, disse Klopp. “E um passo muito importante para nós também.”

O Liverpool teve uma falta a seu favor a cerca de 30 metros do gol do Hoffenheim aos 35 minutos da partida de ida dos playoffs da Champions League de 2017, na Rhein-Neckar-Arena. Como era de se esperar de um jovem estreando em competições europeias, Alexander-Arnold inicialmente não se apresentou para a cobrança. Mas, incentivado pelo capitão Jordan Henderson, o lateral assumiu a responsabilidade, levantou a bola por cima da barreira e colocou no canto inferior do gol.

“Obviamente, é a realização de um sonho fazer minha estreia europeia pelo clube da minha infância — e marcar também foi algo muito especial para mim”, disse Alexander-Arnold à BT Sport.

Henderson, por sua vez, afirmou que o gol foi apenas a recompensa por todo o esforço do garoto de 18 anos nos treinamentos. “Ele foi excepcional na temporada passada e voltou ainda melhor na pré-temporada. Aquela cobrança de falta não foi sorte. Ele tem feito exatamente isso nos treinos nas últimas semanas!”

Nos últimos tempos sob o comando de Klopp, Alexander-Arnold passou a atuar com frequência no meio de campo durante as partidas — e, em geral, com grande efeito. Nenhuma ocasião mostrou essa mudança tática de forma tão empolgante quanto o jogo em Anfield, no dia 3 de dezembro de 2023, quando o Liverpool virou um placar adverso, vencendo por 4 a 3 após estar perdendo por dois gols a apenas três minutos do fim do tempo regulamentar.

Alexander-Arnold foi o responsável por iniciar a reação, ao cobrar uma falta que acertou o travessão e entrou após desviar nas costas do goleiro Bernd Leno, antes de marcar o gol da vitória nos instantes finais.

“Não sei se preciso dizer algo sobre ele”, comentou Klopp após a partida. “Ninguém duvida do que eu penso sobre o Trent. A evolução dele é incrível. A qualidade nos chutes, nós já conhecíamos. Mas hoje, ele foi um verdadeiro líder em campo — e essa talvez tenha sido a maior mudança nele.

“Foi um jogo superintenso, mas ele ganhou novo fôlego quando o colocamos um pouco mais por dentro. Ele já costuma atuar nesses espaços centrais e intermediários, e hoje isso funcionou muito bem. Ele foi um verdadeiro líder — isso foi o mais importante.”

Klopp sempre disse que seu sonho era ver o Liverpool escalar “um time cheio de Scousers”, cheio de garotos da base. Ele nunca chegou a realizar essa ambição ousada, é verdade, mas nomeou um jogador da casa como capitão de uma equipe repleta de atletas formados na base para o confronto da Champions League contra o Midtjylland, no dia 9 de dezembro de 2020. Com isso, Alexander-Arnold se tornou o capitão mais jovem da história do Liverpool em competições europeias, com 22 anos e 63 dias.

“Liderar o time foi um momento incrível para mim”, admitiu o defensor. “Foi algo diferente, novo. Foi especial — parecia especial em campo. Claro, sou grato ao treinador e à comissão técnica por terem me escolhido para usar a braçadeira. Foi uma noite muito marcante para mim, pessoalmente. Acho que sempre vou lembrar com carinho dessa partida em que fui capitão pela primeira vez.”

Normalmente, um jogador só leva a bola do jogo para casa quando marca três gols na mesma partida. No entanto, uma exceção foi aberta para Alexander-Arnold em 27 de fevereiro de 2019, depois que o lateral direito, então com 20 anos, se tornou o atleta mais jovem da história da Premier League a dar três assistências em um único jogo.

“Foi especial”, disse Klopp após a vitória por 5 a 0 sobre o Watford, em Anfield. “Acho que nunca participei de uma partida em que alguém fez um hat-trick de assistências e pediu a bola do jogo — então ele levou, porque realmente foi algo extraordinário.”

A torcida do Liverpool também reconheceu a atuação de gala, entoando em uníssono, pela primeira vez, cânticos com seu nome.

“Estava fazendo um jogo muito bom, para ser sincero”, lembrou Alexander-Arnold em entrevista ao jornal The Athletic. “Tudo que eu cruzava estava encontrando o alvo, consegui algumas entregas realmente boas. Mas quando os torcedores começaram a cantar aquela música no segundo tempo, foi uma sensação indescritível.”

Na temporada 2019/20, simplesmente não houve quem pudesse competir com o Liverpool na Premier League. O time de Klopp atuava em um nível superior ao de qualquer outro adversário e, após retornar do Catar com o título do Mundial de Clubes conquistado sobre o Flamengo, basicamente selou a conquista nacional ao atropelar o vice-líder Leicester City por 4 a 0, fora de casa, no Boxing Day.

Roberto Firmino marcou duas vezes naquela noite, mas foi Alexander-Arnold quem brilhou intensamente: ele deu as assistências para os dois gols do brasileiro e ainda deixou o seu, com um chute rasteiro espetacular.

“Trent está evoluindo o tempo todo”, elogiou James Milner à Amazon Prime após a vitória, que deixou os Reds muito próximos do primeiro título inglês desde 1990. “Ele é inacreditável — e ainda tem muito mais por vir.”

Algumas coisas simplesmente parecem destinadas a acontecer. Com o Liverpool tendo dificuldades para furar a defesa do Leicester City no King Power Stadium, em meados de abril, Slot trouxe Alexander-Arnold de volta ao time, marcando sua primeira aparição desde que surgiram notícias de que ele teria acertado sua ida para o Real Madrid ao fim da temporada. Naturalmente, havia dúvidas sobre como ele seria recebido pelos torcedores dos Reds presentes no estádio.

No entanto, Alexander-Arnold foi saudado como um herói de volta ao lar, com os fãs visitantes celebrando o retorno do “Scouser (garoto da base do Liverpool) no nosso time”, claramente acreditando que ainda havia tempo para convencê-lo a ficar. E ele respondeu à demonstração de carinho da melhor forma possível, marcando o gol da vitória com o pé esquerdo a apenas 14 minutos do fim.

“Disse durante toda a temporada que não falaria sobre a minha situação”, afirmou à Sky Sports. “Não vou entrar em detalhes. Mas dias como hoje são sempre especiais. Marcar gols, disputar partidas, vencer jogos, conquistar títulos — esses são os momentos que valem a pena, e fico feliz por ter contribuído.

“Virgil [van Dijk] me disse para aproveitar o momento. Já marquei alguns gols aqui nesse estádio. Estamos muito perto do título agora, e este foi meu primeiro jogo após a lesão — era uma partida importante para mim. Provavelmente era o tipo de gol que estava faltando na temporada... mas eu o guardei para o momento certo! Agora falta só uma vitória. Fazer isso, especialmente com os torcedores presentes, foi um momento muito, muito especial.”

Após uma espera de 30 anos, prolongada por uma paralisação causada pela pandemia, o Liverpool finalmente voltou a ser coroado campeão inglês na noite de 22 de julho de 2020. O 19º título da primeira divisão foi confirmado com sete rodadas de antecedência, mas, como manda a tradição, o time só levantou a taça da Premier League após o último jogo em casa, contra o Chelsea.

Alexander-Arnold marcou a ocasião histórica com mais uma atuação brilhante, anotando um impressionante gol de falta no primeiro tempo e, depois, quebrando seu próprio recorde de assistências por um defensor na Premier League ao servir Roberto Firmino no quarto gol da vitória por 5 a 3.

Para Alexander-Arnold, no entanto, o resultado em si pouco importava. O que realmente valia era colocar as mãos no único troféu que ele mais desejava.

“Eu trocaria todos os meus títulos por este”, disse à Sky Sports, depois de encerrar a temporada com 13 assistências. “E poder finalmente colocar esta medalha no pescoço é uma sensação indescritível, especialmente depois de 30 anos de espera."

“Chegamos tão perto tantas vezes e não conseguimos concluir o trabalho. Agora, é realmente especial fazer parte de um clube tão especial, e sou grato por cada oportunidade que recebi.”

Segundo Alexander-Arnold, o escanteio cobrado rapidamente mais famoso na história do futebol foi “apenas instintivo”. Mas também foi pura genialidade.

Com o Barcelona ainda atordoado por ver um Liverpool desfalcado anular a vantagem de 3 a 0 do jogo de ida em menos de uma hora do confronto de volta da semifinal da Champions League em Anfield, Alexander-Arnold fingiu que deixaria a cobrança de escanteio para outro jogador, a pouco mais de 10 minutos do fim. Os visitantes, então, se desconcentraram por um breve instante, desviando a atenção da bola para os atletas que entravam na área.

Quando se deram conta de que Alexander-Arnold já havia cruzado para o primeiro pau, era tarde demais. Gerard Piqué e companhia estavam impotentes para impedir Divock Origi de marcar o gol decisivo, diante de um Anfield em êxtase.

“Foi uma daquelas jogadas em que você vê a oportunidade e vai em frente — e, obviamente, o Div (Origi) estava ligado para finalizar”, comentou Alexander-Arnold. “Mas acho que todos vão se lembrar desse momento.”