Thierry Henry, Kevin De Bruyne, Mohamed Salah & os 25 maiores jogadores da Premier League no século 21 até agora

Talvez o jogador mais influente na ascensão do Manchester City ao topo do futebol inglês, Yaya Touré chegou do Barcelona em 2010 e rapidamente se tornou o pilar do meio-campo do clube. O marfinense reunia absolutamente tudo: uma combinação imponente de técnica refinada e força física, que o tornava praticamente impossível de ser desarmado.

Touré foi eleito para o Time do Ano da Federação inglesa de Futebol nas campanhas dos dois primeiros títulos do City na Premier League, em 2011/12 e 2013/14 – nesta última, inclusive, marcou impressionantes 20 gols. Quando se despediu do Etihad, em 2018, o capitão Vincent Kompany resumiu sua importância: “Só quero agradecer ao Yaya. Se existe alguém que merece ser chamado de lenda neste clube, é ele.”

Cesc Fàbregas tinha apenas 16 anos quando estreou pelo Arsenal, mas logo ficou claro que os Gunners haviam encontrado um talento verdadeiramente especial vindo do Barcelona. Um meio-campista elegante e, ao mesmo tempo, combativo, que surpreendia pela maturidade e qualidade que exibia em campo, muito além do que sua pouca idade sugeria. Não à toa, Arsène Wenger o nomeou capitão do time em 2008, quando o espanhol tinha apenas 21 anos.

Embora tenha feito sua estreia profissional durante a lendária temporada dos 'Invincibles' em 2003/04, Fàbregas não recebeu medalha de campeão, já que não chegou a atuar na Premier League naquela campanha. Ainda assim, compensou isso mais tarde: ao retornar à Inglaterra para defender o Chelsea em 2014, conquistou dois títulos e voltou a encantar com sua impressionante visão de jogo e precisão nos passes. Terminou sua trajetória na liga com 111 assistências — marca que o coloca em terceiro lugar no ranking histórico da Premier League.

Inquestionavelmente, uma escolha controversa — por vários motivos. O uruguaio irritou, ofendeu e, em alguns casos, até mordeu adversários durante sua passagem pelo futebol inglês. Luis Suárez também ficou apenas três temporadas e meia na Premier League. Ainda assim, foi eleito duas vezes para o Time do Ano e conquistou o prêmio de Jogador da Temporada em 2013/14, após marcar impressionantes 31 gols em apenas 33 partidas.

O ex-atacante do Liverpool era algo que o futebol inglês nunca tinha visto: uma força da natureza, imprevisível e implacável, capaz de marcar de todos os jeitos e de todos os ângulos. Ele atormentava defensores com sua pressão constante e os desconcertava com a capacidade quase mágica de encontrar espaço onde parecia não existir nenhum. “É uma combinação rara”, disse Steven Gerrard certa vez sobre Suárez, “um jogador milagroso que usa seus dons não só para brilhar, mas também para, altruisticamente, criar gols para os companheiros.”

Ashley Cole sempre foi uma figura divisiva. E não foram apenas os torcedores do Arsenal que criticaram a forma como sua longa e polêmica transferência para o rival Chelsea se desenrolou, em 2006. Ainda assim, é praticamente unânime a opinião de que “Cashley” foi um jogador excepcional — e, por um bom tempo, o melhor lateral esquerdo do mundo.

Revelado pelo próprio Arsenal, Cole se destacou ainda jovem ao assumir a posição na equipe principal e rapidamente se firmou como peça fundamental em duas campanhas vitoriosas na Premier League. Após sua saída controversa, voltou a conquistar o título nacional já com a camisa do Chelsea e foi eleito, pela quarta vez, para o Time do Ano da PFA.

“Ele é, sem dúvida, o melhor lateral-esquerdo da história da Premier League”, afirmou recentemente Arsène Wenger. “Quando você observa o que ele fez em nível de clube, fica claro o quanto foi consistente — e consistência é sempre a marca dos grandes jogadores.”

Petr Cech sucedeu Peter Schmeichel como o grande nome da posição na Premier League — e, para muitos, chegou até a superar os feitos do lendário dinamarquês. Quando o assunto é manter a baliza inviolada, Cech realmente está em uma categoria à parte.

Foram 202 jogos sem sofrer gols ao longo de 15 temporadas na liga — 33 a mais que o segundo colocado no ranking — além de um recorde conjunto de quatro Luvas de Ouro, conquistadas por dois clubes diferentes: Chelsea e Arsenal. Também parece improvável que alguém supere sua impressionante marca de 24 jogos sem ser vazado em uma única campanha.

Cech pode até ter contado com defesas fortes à sua frente, mas seu talento individual jamais passou despercebido. Prova disso é o elogio vindo de ninguém menos que Gianluigi Buffon, que já classificou o tcheco como o goleiro mais completo de sua geração.

Quando Virgil van Dijk pendurar as chuteiras, poderá ter um argumento sólido para ser considerado o maior defensor da história da Premier League. Aos 33 anos, ele ainda é amplamente visto como o melhor zagueiro em atividade no futebol mundial.

Muito vai depender, claro, de uma possível renovação com o Liverpool. Mas o que já é certo é que Van Dijk virou lenda em Anfield. Contratado junto ao Southampton, o zagueiro holandês foi uma peça transformadora que ajudou a levar os Reds ao topo do mundo — e, de quebra, encerrou uma longa seca de títulos nacionais.

Agora, prestes a capitanear o Liverpool rumo a mais um troféu da Premier League, Van Dijk soma quatro inclusões no Time do Ano da PFA e o prêmio de Jogador da Temporada de 2018/19. Para Vincent Kompany, ele já superou nomes históricos como Rio Ferdinand e John Terry. “Havia um Liverpool antes de Virgil e outro depois dele... Por isso, dou a ele o primeiro lugar”, afirmou o ídolo do Manchester City.

Erling Haaland está na Inglaterra há menos de três temporadas completas, mas já é apontado por muitos como o maior artilheiro que a Premier League já viu. E não é difícil entender o porquê — seus números são simplesmente absurdos.

Com uma média próxima de um gol por partida (84 em 94 jogos, até o momento), o atacante do Manchester City já conquistou duas Chuteiras de Ouro e igualou Harry Kane em número de hat-tricks na liga — oito ao todo — em um espaço de tempo muito menor.

Se continuar no City e conseguir se manter longe de lesões — atualmente está fora por conta de um problema no tornozelo —, o norueguês tem tudo para quebrar praticamente todos os recordes de gols da história do futebol inglês. “Ele é uma máquina incrível”, afirma Pep Guardiola, que acredita que Haaland pode competir com Cristiano Ronaldo e Lionel Messi em número de gols ao longo da carreira.

O que muitos chamaram de “fenômeno de uma temporada” acabou se revelando um dos jogadores mais consistentes da história da Premier League. Harry Kane nunca foi visto como uma estrela em ascensão. Passou por empréstimos em clubes como Leyton Orient, Millwall, Norwich City e Leicester nos seus primeiros anos no Tottenham. Mas tudo mudou em 2014/15, quando marcou 21 gols em 34 partidas. A partir dali, não parou mais.

Quando deixou o clube rumo ao Bayern de Munique, no ano passado, Kane era o segundo maior artilheiro da história da Premier League, com 208 gols. Conquistou três Chuteiras de Ouro e foi eleito seis vezes para o Time do Ano da PFA.

Mesmo sem jamais ter levantado o troféu da Premier League — ou qualquer outro título, até aqui —, Kane consolidou seu nome como um dos grandes da era moderna, amplamente reconhecido como um dos atacantes mais completos do futebol mundial.

John Terry pode dividir opiniões fora de campo, mas dentro das quatro linhas há consenso: trata-se de um dos maiores zagueiros que a Premier League já viu. Formado nas categorias de base do Chelsea, o defensor se tornou peça central em um elenco recheado de estrelas trazidas a peso de ouro por Roman Abramovich.

Quando José Mourinho chegou a Stamford Bridge, em 2004, não hesitou em entregar a braçadeira a Terry — e a aposta deu resultado imediato. O inglês liderou os Blues rumo a dois títulos consecutivos e consolidou sua imagem como símbolo de liderança e solidez defensiva.

Ao pendurar as chuteiras, o zagueiro somava cinco títulos da Premier League e impressionantes 41 gols — recorde entre defensores na competição. Não à toa, para os torcedores do Chelsea, ele é eternamente lembrado como “Capitão. Líder. Lenda.”

Um zagueiro inglês fora dos padrões, Rio Ferdinand combinava classe com contundência. Sereno com a bola nos pés, ele se destacava pela habilidade de conduzir o jogo desde a defesa até o meio-campo com naturalidade — uma raridade entre defensores britânicos da época. Mas não se engane: apesar da elegância, também sabia ser firme quando necessário.

Embora muitas vezes tenha atuado ao lado de um zagueiro mais combativo, como Nemanja Vidic, Ferdinand era completo. Forte no jogo aéreo, preciso no desarme e com leitura de jogo afiada, foi peça-chave na era dourada do Manchester United sob Alex Ferguson.

Ao longo de 12 temporadas em Old Trafford, conquistou seis títulos da Premier League e foi incluído seis vezes no Time do Ano da PFA. “Sem dúvida, o melhor zagueiro com quem joguei”, disse Paul Scholes. “E, por um tempo, acho que foi o melhor do mundo. Jogar à frente dele tornava tudo mais fácil.”

Antes de Rodri, a Premier League não via um vencedor da Bola de Ouro desde os tempos de Cristiano Ronaldo no Manchester United. Mas em outubro passado, esse jejum chegou ao fim — e de maneira incontestável. O volante do Manchester City e da seleção espanhola conquistou o prestigiado prêmio após uma temporada impecável, tanto em nível de clube quanto internacional.

Rodri foi a espinha dorsal de um City histórico, que conquistou seu quarto título inglês consecutivo, e ainda brilhou com a Espanha na campanha vitoriosa da Euro.

Desde que chegou ao City em 2019, o camisa 16 levou seu jogo a outro patamar sob o comando de Pep Guardiola — a ponto de ser descrito pelo treinador como “capaz de fazer tudo”. E não é exagero: Rodri já atua também como zagueiro quando necessário e, recentemente, passou a contribuir com gols importantes. Hoje, é praticamente um jogador completo. Inacreditável, como diz Pep.

A Premier League já teve um centroavante mais intimidador do que Didier Drogba? Difícil dizer. O marfinense reunia todos os atributos físicos ideais para um camisa 9: força, velocidade e presença aérea. Mas era o seu espírito competitivo — feroz, implacável e, ao mesmo tempo, generoso com os companheiros — que o tornava um dos atacantes mais completos e temidos da era moderna.

Carles Puyol, ícone do Barcelona, chegou a dizer que Drogba foi o adversário mais difícil que enfrentou. Já Frank Lampard, parceiro de Chelsea, lembrava que o atacante se transformava nas grandes ocasiões. “Era como um animal”, definiu o meio-campista inglês. “Um Didier diferente.”

Em duas passagens por Stamford Bridge, Drogba marcou 104 gols na Premier League, venceu duas Chuteiras de Ouro, foi líder de assistências em 2005/06 e conquistou quatro títulos ingleses. Um currículo que reflete sua capacidade de decidir — e dominar — quando mais importava.

Vincent Kompany chegou ao Manchester City em 2008 como volante, mas saiu, 11 anos depois, consagrado como um dos maiores zagueiros da história da Premier League. Imponente fisicamente, o belga se destacava pelo domínio no jogo aéreo, mas seu talento ia muito além da força: era um distribuidor de bola refinado e um líder nato, capaz de organizar e inspirar toda a linha defensiva.

As lesões o acompanharam, especialmente nas últimas temporadas, mas, quando o City mais precisou, Kompany respondeu — e em grande estilo. Foram dele dois dos gols mais emblemáticos da história do clube: uma cabeçada contra o Manchester United em 2012 e o icônico chute de longa distância contra o Leicester em 2019, ambos decisivos na corrida pelo título.

Membro do Hall da Fama da Premier League, Kompany é celebrado não só por sua técnica, mas por seu caráter. Como resumiu Kevin De Bruyne: “Grande jogador, grande personalidade e um grande líder.”

O declínio de Eden Hazard no Real Madrid foi tão repentino quanto melancólico, especialmente para quem acompanhou de perto sua trajetória na Premier League. Durante a maior parte de suas sete temporadas no Chelsea, o belga foi, sem exagero, o melhor jogador em atividade na liga inglesa.

Com um centro de gravidade baixo, controle de bola refinado e dribles desconcertantes, Hazard rapidamente virou ídolo em Stamford Bridge após sua chegada do Lille, em 2012. As comparações com Gianfranco Zola foram inevitáveis — e até endossadas pelo próprio ícone italiano.

Hazard liderou o Chelsea em duas conquistas da Premier League, foi eleito o Jogador do Ano em 2014/15 e figurou na Equipe do Ano da PFA em outras três ocasiões. Poderia ter ido ainda mais longe? Sem dúvida. Ele mesmo admitiu que nunca foi o mais dedicado aos treinamentos. Ainda assim, como resumiu Gary Neville, assistir Hazard em campo era como ver poesia em movimento.

Ele é o autor do gol mais icônico da história da Premier League — aquele grito eternizado no tempo: “Agueroooooo!”. Foi o argentino quem balançou as redes contra o QPR, no último minuto da última rodada da temporada 2011/12, selando o primeiro título inglês do Manchester City em mais de quatro décadas, e da forma mais dramática possível.

Aquele foi apenas o começo. Sergio Agüero conquistaria ainda outros quatro títulos da liga e terminaria sua passagem pelo City com 184 gols em jogos da Premier League, marca que o coloca em quinto lugar na lista de maiores artilheiros da história da competição.

Talvez pudesse ter ido ainda mais longe, não fossem as lesões recorrentes. Mas o atacante — pequeno no porte, explosivo nas ações, lembrando Romário em muitos aspectos — se consolidou como um dos maiores da era moderna. “Os números de Agüero falam por si”, resumiu Pep Guardiola. “Ele é uma lenda. Parte da história do clube.” E da Premier League.

Por uma década encantada, David Silva enfeitiçou a Premier League com seu pé esquerdo mágico. Apelidado de "Merlin", o armador espanhol foi um maestro silencioso no meio-campo do Manchester City, deslizando entre as linhas com a leveza de quem parecia flutuar em campo. Dribles curtos, passes milimetricamente calibrados e uma leitura de jogo singular tornaram-no uma das figuras mais elegantes e imprevisíveis da era moderna.

Roberto Mancini, técnico que o trouxe ao City, não escondia a incredulidade por tê-lo ao seu lado. Para ele, Silva era jogador de Barcelona — digno de dividir o campo com Iniesta e Xavi, que, aliás, também reverenciavam o compatriota.

Mas foi em Manchester que Silva fez história. Venceu quatro títulos da Premier League, integrou o Time do Ano da PFA em três ocasiões e encerrou sua trajetória inglesa como o sétimo maior assistente da competição. Em reconhecimento à sua contribuição inestimável, o City ergueu uma estátua em sua homenagem no Etihad. Um gesto mais do que justo para um jogador que ajudou a transformar o clube em potência mundial.

Cristiano Ronaldo pode ter deixado um gosto amargo na boca dos torcedores do Manchester United durante sua segunda e polêmica passagem por Old Trafford, mas nada disso apaga o brilho quase sobrenatural da sua primeira era no clube. O jovem de Madeira, que chegou em 2003 como uma promessa exuberante, rapidamente se transformou no jogador mais completo do planeta sob a tutela de Sir Alex Ferguson.

George Best, lenda do clube, uma vez disse: "Já chamaram muitos de ‘o novo George Best’, mas essa é a primeira vez que é um elogio para mim" — e não era exagero. Com dribles hipnotizantes, velocidade absurda e uma capacidade de finalização devastadora, Ronaldo encantou a Premier League.

Ele foi eleito Jogador da Temporada em dois dos três títulos consecutivos do United entre 2006 e 2009, faturou a Chuteira de Ouro e a Chuteira de Ouro Europeia em 2007/08 com impressionantes 31 gols em 34 jogos, e carregou nas costas o peso de vestir a icônica camisa 7 com autoridade. A despedida para o Real Madrid foi inevitável — mas o impacto deixado em Manchester é eterno.

Patrick Vieira personificava tudo o que se espera de um meio-campista moderno — e muito antes disso se tornar moda. Imponente fisicamente, mas com uma técnica refinada, ele era ao mesmo tempo destruidor e construtor, um maestro de pegada forte que dava ritmo, intensidade e equilíbrio ao lendário time dos 'Invincibles' de Arsène Wenger.

Mais do que um capitão, Vieira era o motor do Arsenal no auge da era Wenger, e sua consistência era quase sobre-humana: foi nomeado para o Time do Ano da PFA em seis temporadas seguidas, cinco delas já nos anos 2000 — um feito que poucos conseguiram igualar.

“Ele foi um jogador excepcional para nós”, afirmou Wenger. “No Arsenal, seremos eternamente gratos pela contribuição de Patrick. Ele foi especial.” E de fato foi. Vieira marcou época como um dos meio-campistas mais completos e dominantes que a Premier League já viu.

O “Rei Egípcio” chegou ao Liverpool com status modesto, mas rapidamente se transformou em uma lenda da Premier League. Mohamed Salah não era visto como um goleador nato quando foi contratado junto à Roma em 2017 — mas essa impressão evaporou na mesma temporada em que ele quebrou o recorde de gols em uma única edição da liga, com 32 em apenas 36 jogos.

Desde então, empilhou Chuteiras de Ouro e se consolidou como um dos atacantes mais consistentes da era moderna. Seu feito mais simbólico, no entanto, foi comandar o Liverpool rumo ao seu primeiro título inglês em três décadas, na histórica campanha de 2019/20.

Com mais de 150 gols e 86 assistências na EPL, Salah segue sendo uma ameaça constante, mesmo aos 32 anos — e ainda sonha com mais uma taça. Como bem resumiu Jürgen Klopp: “Quando ele estiver em um estúdio como comentarista dentro de alguns anos, todos saberão o quão bom ele foi. Para nós, é claro, ele é um dos maiores de todos os tempos.” Seu contrato renovado só reforça a perspectiva de que pode ser cada vez maior na história da competição.

É curioso lembrar que a contratação de Frank Lampard pelo Chelsea, em 2001, gerou dúvidas entre os torcedores. Mas qualquer ceticismo desapareceu rapidamente. Vindo do West Ham, o meio-campista logo se firmou como um ícone em Stamford Bridge e se transformou em um dos jogadores mais respeitados — e temidos — do futebol mundial.

Em 2005, foi vice na corrida pela Bola de Ouro, ficando atrás apenas de Ronaldinho, depois de uma temporada brilhante em que liderou a Premier League em assistências e marcou 13 gols, ajudando o Chelsea a conquistar seu primeiro título da primeira divisão desde 1955. No ano seguinte, Lampard marcou 16 vezes e foi peça-chave na defesa da taça.

Seu legado é ainda mais impressionante quando se nota que ele atingiu dois dígitos em gols em 10 temporadas consecutivas da liga, um feito raro para um meio-campista. Centurião tanto em gols quanto em assistências, Lampard é, com justiça, lembrado como um dos jogadores mais completos da história do futebol inglês.

Amado incondicionalmente pelos torcedores do Liverpool e frequentemente desprezado por rivais, Steven Gerrard é uma das figuras mais polarizadoras da história da Premier League. Há quem questione sua inclusão entre os maiores justamente por ele nunca ter conquistado o título da liga — e o escorregão fatídico contra o Chelsea, em 2014, se tornou símbolo cruel dessa ausência.

Ainda assim, Gerrard foi um dos primeiros nomes a entrar no Hall da Fama da Premier League, e com razão. Ele foi selecionado para o Time da Temporada da PFA em impressionantes oito ocasiões — um recorde até hoje não superado. Capitão carismático, líder nato e jogador completo, Gerrard foi o motor do Liverpool por mais de uma década, mesmo muitas vezes cercado por elencos aquém de sua qualidade.

Paul Scholes, lenda do Manchester United, certa vez admitiu que não conseguiria carregar um clube como Gerrard fez em Anfield. O "Roy of the Rovers" da vida real dos Reds, mesmo sem uma medalha de campeão da Premier League, deixou um legado que poucos conseguem igualar.

O Manchester City pode não ser o time mais querido da Premier League, mas Kevin De Bruyne é uma unanimidade entre os amantes do futebol. Quando está em forma, o meio-campista belga transforma qualquer partida em espetáculo, com sua leitura de jogo quase sobrenatural e passes que parecem desafiar as leis da física. Não por acaso, foi eleito Criador de Jogadas do Ano da Premier League em três temporadas distintas.

As lesões, infelizmente, o impediram de atingir ainda maiores patamares estatísticos, mas o impacto de De Bruyne no futebol inglês é inegável. Com seis títulos da Premier League e cinco inclusões no Time do Ano, ele redefiniu o papel de armador moderno com uma combinação rara de intensidade, inteligência e técnica apurada.

"Ele é o Padrinho dos meio-campistas ofensivos", como definiu Joe Cole. E quando De Bruyne deixar o Etihad ao fim da temporada 2024/25, sua ausência será sentida por todos — inclusive por quem não veste azul-celeste.

Quando Wayne Rooney, aos 16 anos, encerrou a invencibilidade de 30 jogos do Arsenal com um golaço pelo Everton em outubro de 2002, Arsène Wenger não hesitou em chamá-lo de “o maior talento inglês” que já havia visto. Sir Alex Ferguson pensou o mesmo — e garantiu sua contratação dois anos depois, por £25 milhões. O valor, hoje, parece quase simbólico diante do que Rooney entregou ao Manchester United.

Foram 16 troféus conquistados em Old Trafford, incluindo cinco títulos da Premier League, além do posto de maior artilheiro da história do clube. Na Premier League, o atacante terminou sua carreira com 208 gols (segundo maior artilheiro da história) e ainda é o quarto colocado no ranking de assistências.

Sempre paira a sensação de que Rooney poderia ter ido ainda mais longe com maior disciplina fora de campo. Ainda assim, estamos falando de um jogador de elite, completo, capaz de marcar de bicicleta, de fora da área ou dando passes milimétricos — uma verdadeira lenda da liga.

Paul Scholes venceu a Premier League nada menos que 11 vezes — sendo oito títulos conquistados nos anos 2000 —, um feito que o coloca entre os jogadores mais vitoriosos da história do futebol inglês. Mas talvez o mais marcante em sua trajetória não sejam os troféus, e sim o respeito quase unânime que conquistou entre colegas e adversários. Thierry Henry o descreveu como o melhor jogador da Premier League, Zidane o chamou de oponente mais difícil que enfrentou, e Xavi admitiu tê-lo como modelo.

Dotado de uma visão de jogo extraordinária e precisão milimétrica nos passes, Scholes também sabia finalizar: marcou 107 gols na liga, muitos deles verdadeiros golaços. Embora nunca tenha sido plenamente aproveitado na seleção inglesa, Sir Alex Ferguson sempre soube tirar o máximo do “Príncipe Ruivo” — inclusive trazendo-o de volta da aposentadoria para ganhar mais um título em 2013. “Ele era um jogador absolutamente perfeito,” resumiu o treinador. E, para muitos, o mais subestimado gênio da era Premier League.

Compilar os maiores nomes da história recente da Premier League pode ter sido uma tarefa árdua, mas quanto ao topo da lista, não há discussão: Thierry Henry reina absoluto. O francês não é apenas o maior jogador da Premier League no século XXI — para muitos, ele é o melhor futebolista a vestir chuteiras em solo inglês.

Combinando elegância e letalidade, Henry redefiniu o papel de atacante. Sua velocidade estonteante, controle refinado e finalização clínica fizeram dele um pesadelo para qualquer defesa. “Era constrangedor para os defensores: ele simplesmente marcava quando queria,” relembrou Arsène Wenger, responsável por transformá-lo de ponta em centroavante.

Sua campanha mais icônica veio em 2003/04, quando liderou o inesquecível Arsenal dos 'Invincibles' com 30 gols. Mas Henry foi mais do que artilheiro: ele também detém a marca única de 20 gols e 20 assistências em uma só temporada, uma prova irrefutável de sua genialidade completa. Um jogador que não apenas dominou — ele encantou.