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Shim Mheuka: quem é o garoto talentoso que pode fazer o Chelsea economizar milhões em mais contratações para o ataque

"Eu costumava sentar em frente à televisão e sonhar que um dia entraria em campo no Stamford Bridge vestindo a camisa do Chelsea. Acho que toda criança que ama futebol tem essa imagem na cabeça. Pra mim, sempre foi o Bridge".

Shumaira 'Shim' Mheuka transformou esse sonho em realidade em fevereiro de 2025, tornando-se o mais recente nome da base a estrear na Premier League. O atacante espera que esse tenha sido apenas o começo, já que agora enfrenta o desafio de se manter em bom nível em meio à enorme concorrência no elenco do Chelsea.

Apesar da dificuldade recente do clube em encontrar um centroavante confiável, Mheuka pode ser a peça certa para o futuro. Aqui está tudo o que você precisa saber sobre o jovem de 17 anos considerado um dos maiores talentos de sua geração...

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  • Charlton Athletic v Chelsea U21 - Bristol Street Motors TrophyGetty Images Sport

    Onde tudo começou

    Embora tenha nascido em Birmingham, filho de pais zimbabuanos, Mheuka deu os primeiros passos no futebol a quase 300 km dali, no sul da Inglaterra. A quantidade de jogadores que o Chelsea tirou do Brighton nos últimos anos virou até piada — com Joao Pedro, contratado por £60 milhões (cerca de R$ 400 milhões), se juntando a nomes como Moisés Caicedo e Marc Cucurella. E o jovem atacante também veio de lá.

    Mheuka entrou para a base do Brighton aos nove anos e evoluiu rápido, estreando no time sub-18 com apenas 14. Desde cedo, tudo indicava que ele estava destinado a algo grande. Descrito como "um dos atacantes mais empolgantes do futebol juvenil" pelo especialista The Secret Scout, Mheuka foi contratado pelo Chelsea aos 15, em julho de 2022. O clube chegou a ser condenado a pagar £1 milhão em compensação, valor que pode subir para £4,25 milhões com bônus por atuações.

    A estreia no sub-18 do Chelsea aconteceu logo após seu aniversário de 16 anos, em outubro daquele ano, com uma assistência na vitória sobre o West Brom. Na temporada seguinte, mesmo conciliando os treinos com os estudos, marcou 12 gols em 20 partidas e, em julho de 2024, assinou sua bolsa oficial com o clube.

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  • MheukaGetty

    A 'virada de chave'

    Logo depois disso, Mheuka passou a integrar de vez o elenco sub-18, mas já no início de 2024/25 foi promovido ao time sub-21. Suas atuações — incluindo um belo gol diante do Fulham — chamaram a atenção de Enzo Maresca, que o incluiu na lista da Conference League.

    Ao completar 17 anos, o atacante assinou seu primeiro contrato profissional e fez sua estreia no time principal na quarta rodada da competição continental. O jogo foi contra o Astana, no Cazaquistão, num deslocamento de 11 mil quilômetros com temperaturas de -11°C — um cenário inusitado para um primeiro jogo entre os profissionais. “É um momento que vou lembrar pra sempre”, disse ele em entrevista ao clube. “Só de viajar com o grupo já estava feliz. Entrar em campo foi algo que nunca vou esquecer.”

    “Antes de pisar no gramado, respirei fundo e me lembrei do motivo de estar ali. Era como viver um daqueles sonhos que você ensaia mentalmente centenas de vezes. Mas, naquele instante, senti que estava pronto. Tinha trabalhado duro todos os dias pra isso. Só queria aproveitar a chance".

  • FBL-ENG-PR-CHELSEA-SOUTHAMPTONAFP

    Atualmente

    Dadas as circunstâncias daquela partida, Mheuka provavelmente sabia que aquilo não marcaria o início de uma sequência no time principal. Ainda assim, à medida que seguia se desenvolvendo no sub-21, sua estreia na Premier League acabou chegando.

    Depois de ser relacionado mas não sair do banco na derrota para o Aston Villa no fim de fevereiro, o atacante ganhou alguns minutos em campo dias depois, nos instantes finais da vitória por 4 a 0 sobre o Southampton em Stamford Bridge.

    “Estrear na Premier League ali... é difícil descrever”, contou ele ao site oficial do Chelsea. “A atmosfera, a energia, a paixão dos torcedores — tudo te atinge de uma vez. O barulho da torcida, os portões batendo, os cantos... dá arrepios. Você cresce sonhando com isso, e quando acontece, é melhor do que imaginava.”

    “Não esperava muita reação da torcida, por ainda ser jovem, mas eles foram incríveis. Cada um deles me incentivou. Você tenta manter o foco, ficar concentrado, mas momentos assim são especiais. É por isso que a gente trabalha tanto. Viver isso com a camisa do Chelsea, no Bridge, é algo que vou guardar para sempre.”

    Apesar de não ter recebido mais minutos na liga — já que o Chelsea lutava para ficar entre os cinco primeiros —, Mheuka teve novas oportunidades na Conference League. Ele foi titular no jogo de ida das oitavas de final contra o Copenhague, tornando-se o jogador mais jovem da história do clube a começar uma partida europeia, e também entrou no intervalo da partida de volta da semifinal contra o Djurgardens, em casa.

    Pela seleção, o atacante já defendeu a Inglaterra do sub-15 ao sub-19. No Europeu sub-19 deste ano, na Romênia, deu duas assistências, mas não conseguiu evitar a eliminação precoce dos Young Lions ainda na fase de grupos.

  • Shim Mheuka ChelseaGetty

    Principais atributos

    Com 1,85m aos 17 anos e um físico imponente, Mheuka já se impõe diante dos adversários — e ainda tem muito a crescer. Mas engana-se quem pensa que ele é apenas um atacante de força física.

    Ele tem técnica, controle de bola curto e calma para finalizar com precisão. Consegue buscar o jogo mais recuado, arrancar com a bola e usar o corpo para proteger, girar ou cavar faltas. Tudo isso mostra o quanto é versátil — pode atuar como segundo atacante, meia ou até pelas pontas.

    O mais impressionante é a maturidade que ele demonstra, algo que ele atribui aos pais. “Essas oportunidades são raras. Quando acontecem, é preciso agradecer. Ao clube, aos treinadores, à família”, diz. “Meu pai é minha maior inspiração. Esteve comigo o tempo todo. Eu jogo porque amo futebol, mas também por ele. Minha mãe me mantém com os pés no chão. Ela me lembra que eu só tenho 17 anos e que errar faz parte. Todo mundo erra. Às vezes, é exatamente isso que a gente precisa ouvir. Sou muito grato por isso".

  • Chelsea FC v Djurgarden - UEFA Conference League 2024/25 Semi Final Second LegGetty Images Sport

    Onde dá para melhorar

    Não há grandes falhas no jogo de Mheuka que não sejam comuns a um atacante em formação. Ele ainda precisa melhorar a tomada de decisões no terço final, buscar mais finalizações e aumentar a consistência. Pelo seu porte, também deve evoluir no jogo aéreo com o tempo.

    Se quisermos ser exigentes, às vezes ele se posiciona mal quando recua para buscar a bola e acaba preso ou sem opções. Mas, por enquanto, o Chelsea só tem motivos para comemorar. Tem uma joia nas mãos — e ainda há muito por vir.

  • Manchester United FC v Arsenal FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    O próximo... Joshua Zirkzee?

    Pela combinação de técnica e versatilidade, a comparação mais próxima no futebol atual talvez seja com Joshua Zirkzee, do Manchester United. Isso pode soar como um alerta para os torcedores do Chelsea, já que o holandês enfrentou dificuldades para engrenar em Old Trafford. Mas, assim como Mheuka, ele não é um centroavante típico, recua para participar da construção e tem qualidade técnica acima da média.

    Mesmo sem grandes números, Zirkzee conquistou a torcida pelo bom desempenho coletivo, crescendo ao longo da temporada 2024-25 antes de sofrer uma lesão muscular grave. Mheuka segue um caminho parecido: não é o atacante mais letal, mas contribui muito como articulador. E vale lembrar que Zirkzee também jogou em um time que enfrentava dificuldades coletivas.

  • Chelsea FC v Djurgarden - UEFA Conference League 2024/25 Semi Final Second LegGetty Images Sport

    O que vem por aí?

    A Conference League foi um ótimo espaço para o Chelsea dar minutos aos jovens da base em 2024-25, mas o retorno à Champions League vai dificultar muito esse cenário — ainda mais com a chegada de reforços como Pedro, Liam Delap, Jamie Gittens e o fenômeno brasileiro Estevão.

    Segundo relatos, Mheuka e outros jovens de Cobham se sentiram incomodados com o volume de contratações externas. Um empréstimo parece o destino mais provável, e uma passagem pela Championship ou até pelo Strasbourg, clube da BlueCo na Ligue 1, pode ser o passo certo.

    Mas, por ainda ter só 17 anos, também não se descarta que ele siga dividindo espaço entre o sub-21 e o elenco principal — ganhando experiência mesmo que apenas nos treinamentos. O Chelsea sabe o que tem em mãos e vai tratar essa joia com o cuidado que ela merece.

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