Seis problemas que Arne Slot precisa resolver no Liverpool para apagar o sinal de alerta do campeão da Premier League

O Liverpool gastou mais de £ 400 milhões (R$ 2,9 bilhões) em novas contratações, mas, por um motivo ou outro, Hugo Ekitike foi o único a causar impacto imediato no time principal.

Dado o valor gasto em Florian Wirtz e o fato de ele ainda não ter contribuído com nenhum gol ou assistência, a titularidade do alemão tem sido a mais questionada até agora — e Carragher chegou a dizer que o jogador de £ 100 milhões (R$ 722 milhões) deveria ir para o banco neste fim de semana.

"Ele simplesmente não está correspondendo de forma alguma", disse o ex-zagueiro à CBS. "É um garoto jovem, chegando a uma nova liga, e ainda tem muito tempo pela frente como jogador do Liverpool. Mas, neste momento, acho que ele precisa sair do time, o Liverpool voltar a ser o que foi na temporada passada e, a partir daí, tentar construir confiança e alguma estabilidade defensiva, porque, agora, parece uma bagunça."

Algumas críticas direcionadas a Wirtz têm sido exageradas. Na verdade, vale destacar que o único jogador da Premier League que criou tantas chances quanto ele em todas as competições nesta temporada (21) é Jack Grealish, que atualmente está sendo elogiado por sua retomada de forma no Everton.

No entanto, não há como negar que Wirtz tem enfrentado dificuldades com a intensidade do futebol inglês — o próprio Slot admitiu isso — e parece uma pálida versão do talentoso meia ofensivo que encantava na Bundesliga e na Champions League com o Bayer Leverkusen.

Ainda assim, até Carragher reconhece que Wirtz não pode ser responsabilizado sozinho pelas fragilidades defensivas do Liverpool nesta temporada. O fato de o extremamente influente Alexis Mac Allister ter entrado e saído do time titular devido a problemas físicos também não ajudou em nada a adaptação do jovem de 22 anos.

Mesmo assim, Slot terá uma grande decisão a tomar no sábado, porque jogar com um verdadeiro camisa 10 como Wirtz, em vez de um meia ofensivo mais operário como Dominik Szoboszlai, tem afetado inegavelmente a solidez geral do Liverpool, em função dos problemas existentes em outras áreas.

Slot colocou Wirtz no lado esquerdo do ataque na derrota do último fim de semana para o Crystal Palace, numa tentativa mal planejada de encaixar o alemão no time titular. No entanto, isso também refletiu as dificuldades repentinas de Cody Gakpo.

Depois de parecer perfeitamente preparado na pré-temporada para ocupar o espaço deixado por Luis Díaz na ponta esquerda do Liverpool, Gakpo começou muito bem, participando diretamente de três gols em seus dois primeiros jogos da atual Premier League. Infelizmente, desde então, tem se mostrado dolorosamente previsível, já que os laterais perceberam rapidamente que tudo o que Gakpo quer fazer é cortar para dentro com o pé direito, seu preferido, para finalizar.

Como resultado, sua ida para o banco no jogo em Selhurst Park não foi surpresa, e sua atuação em Istambul também não serviu para reforçar seus argumentos por uma volta imediata ao time titular na Premier League. De fato, havia grandes chances de que Slot fosse escalar Ekitike na esquerda em Stamford Bridge, para poder utilizar Alexander Isak pelo centro.

No entanto, como o francês em boa fase (o único ponto positivo no ataque contra o Galatasaray) deve perder a viagem a Londres por lesão, Gakpo provavelmente terá mais uma oportunidade de mostrar seu valor, já que é difícil imaginar Rio Ngumoha começando contra o clube que deixou em circunstâncias tão conturbadas — mesmo que o jovem de 17 anos pareça totalmente imune à pressão.

Em resumo, Slot realmente precisa que Gakpo justifique a decisão do Liverpool de vender Díaz ao Bayern de Munique.

A provável ausência de Ekitike para uma segunda partida consecutiva da Premier League também está longe de ser o cenário ideal do ponto de vista ofensivo.

É claro que, diferente da sua suspensão “estúpida” contra o Palace, a ausência diante do Chelsea não é culpa de Ekitike, já que o ex-atacante do Eintracht Frankfurt foi obrigado a deixar o campo com um problema muscular no RAMS Park. O resultado, porém, é que Slot praticamente não tem outra opção além de escalar Isak em Stamford Bridge, mesmo que o sueco ainda esteja longe da melhor forma física.

A greve de Isak no verão pode até ter forçado o Newcastle, tardiamente, a vendê-lo ao Liverpool, mas a falta completa de pré-temporada está evidente em suas primeiras cinco aparições pelo novo clube. Ele tem apenas um gol até agora — contra o Southampton, da Championship, pela Carabao Cup — e ainda não completou sequer 90 minutos em campo. Assim, é improvável que dure a partida inteira em Stamford Bridge.

No entanto, o que é imperativo é que o Liverpool consiga envolver mais Isak no jogo enquanto ele estiver em campo. Ainda restavam 30 minutos quando ele entrou contra o Galatasaray e, embora Wirtz tenha lhe dado uma boa chance de gol com um belo lançamento poucos minutos depois de sua entrada, Isak tocou na bola apenas quatro vezes ao todo.

Curiosamente, essa preocupante falta de participação pode muito bem convencer Slot a manter Wirtz na função de camisa 10, já que o alemão de 22 anos se entendeu muito bem com Isak durante o tempo em que atuaram juntos na vitória por 3 a 2 sobre o Atlético de Madrid.

Houve pedidos compreensíveis para que o Liverpool voltasse ao básico contra o Chelsea e restaurasse o trio de meio-campo que teve um papel tão crucial na conquista do título da temporada passada. No entanto, embora Ryan Gravenberch e Dominik Szoboszlai estejam totalmente em forma neste momento, Alexis Mac Allister ainda não está bem fisicamente.

Claro que não era para ser assim. Como Slot explicou, o Liverpool encerrou de forma antecipada a temporada 2024/25 de Mac Allister “para tê-lo pronto no primeiro dia da pré-temporada”.

No entanto, o persistente problema muscular do argentino demorou mais do que o esperado para cicatrizar. “Como resultado disso”, explicou Slot na semana passada, “ele anda atrás da música, como dizemos na Holanda, ou, como vocês dizem, está correndo atrás do prejuízo”.

Com base no que vimos até agora de Mac Allister, essa ainda é exatamente a situação. Ele pode até ter começado todos os cinco jogos do Liverpool na Premier League até aqui, mas não passou dos 65 minutos em campo desde que ficou fora da vitória por 3 a 2 sobre o Newcastle, em agosto, e esteve completamente fora de ritmo quando entrou nos 30 minutos finais no meio de semana.

Os Reds claramente precisam de Mac Allister contra o Chelsea. Pode-se facilmente argumentar que ele foi o jogador mais confiável da equipe nas duas últimas temporadas e há uma possibilidade muito real de que não veremos o melhor do “novo Liverpool” até que vejamos o retorno do “velho Mac Allister”.

Portanto, Slot precisa decidir se vale a pena correr o risco de escalar o campeão do mundo em Londres em sua condição atual — especialmente porque o tão criticado Curtis Jones foi um dos poucos a atuar em um nível aceitável contra o Gala...

Junto com Mac Allister e Isak, Conor Bradley é o outro jogador que Slot menciona repetidamente como alguém que não teve uma pré-temporada adequada devido a lesão.

Os problemas do irlandês, no entanto, não chegam a ser surpresa. Já havia preocupações na temporada passada sobre sua capacidade de se manter saudável por um período prolongado, o que também gerava dúvidas sobre sua possibilidade de suceder Trent Alexander-Arnold como lateral direito titular do Liverpool.

A decisão do clube de ir ao mercado e contratar Jeremie Frimpong, do Leverkusen, portanto, fez todo o sentido. No entanto, apesar de contar com dois potenciais titulares brigando pela mesma posição, nenhum dos dois conseguiu se firmar.

Frimpong também foi atrapalhado por lesões — uma no tendão da coxa o deixou fora de duas partidas da liga — mas é preciso dizer que, mesmo quando esteve 100% fisicamente, mostrou fragilidade defensiva e uma preocupante limitação ofensiva. Bradley, por sua vez, ainda não perdeu o hábito irritante — e potencialmente custoso — de receber cartões bobos.

Tudo isso explica por que Slot tem experimentado Szoboszlai na lateral-direita — o que é, por si só, a acusação mais dura contra as contribuições de Frimpong e Bradley até agora. Além disso, o fato de Andy Robertson, que deu sinais claros de declínio na última temporada, poder ser lembrado no sábado também reflete mal em Milos Kerkez, que ainda não conseguiu se firmar em Anfield — assim como Frimpong.

Dada a incerteza em torno das duas laterais, tudo o que se pode afirmar com certeza agora é que Slot precisa acertar nas escolhas para Stamford Bridge, já que a principal ameaça do Chelsea sem Cole Palmer provavelmente virá pelos flancos.

Não há como fugir do fato de que o maior problema do Liverpool neste momento não são os laterais, nem mesmo a função de Wirtz — é Ibrahima Konaté.

Diante do contrato do francês se aproximando do fim, a expectativa era de que ele usasse esta temporada para mostrar por que acredita estar sendo subvalorizado. Em vez disso, ele tem mostrado exatamente o motivo de os Reds terem tentado contratar Marc Guehi.

De fato, o colapso da transferência já acordada do zagueiro inglês vindo do Crystal Palace está se mostrando, como temido, um daqueles momentos potencialmente devastadores para a temporada do Liverpool — porque o contraste entre suas atuações em Selhurst Park, no último sábado, foi gritante.

Enquanto Guehi deu conta de quase tudo que os campeões jogaram contra ele (e ainda acabou dando a assistência para o gol da vitória de Eddie Nketiah), Konaté foi dominado por Jean-Philippe Mateta. O pior ainda viria em Istambul, quando um passe displicente de Konaté resultou na jogada que levou à lesão de Alisson.

Se Joe Gomez estiver em condições (e esse é sempre um grande “se”), ele deveria começar no lugar de Konaté contra o Chelsea, já que o ex-zagueiro do RB Leipzig atualmente comete pelo menos um grande erro em todos os jogos — e Slot já tem problemas suficientes para se preocupar neste momento...