Vender Marcus Rashford, buscar lateral esquerdo e os seis movimentos que o Manchester United precisa tomar na janela de janeiro

Por mais que Amorim tenha insistido repetidamente que deixar Marcus Rashford sem ser relacionado é uma "situação normal", não há nada de normal em não querer um dos jogadores mais bem pagos do clube sequer no banco de reservas, quanto mais como titular. O clube, portanto, precisa encontrar uma solução para esse impasse o quanto antes.

Embora seja triste ver um jogador cria da base, antes muito amado, nessa situação, há um comum acordo de que Rashford chegou ao fim de sua trajetória no United, e, em vez de tentar reconstruir o relacionamento, encerrar o casamento de vez é a melhor solução para todos.

Rashford reconheceu isso ao dizer que precisa de "um novo desafio" em uma entrevista, e mesmo que essas palavras tenham incomodado Amorim, o jogador apenas expressou publicamente algo que muitas pessoas vinham sugerindo em off. O salário colossal de Rashford - reportagens indicam que esteja na casa dos £325 mil (R$ 2,5 milhões) por semana - e sua postura recente significam que não será fácil afastá-lo, mas o clube precisa olhar para o que o Arsenal fez com Pierre-Emerick Aubameyang e Mesut Özil - ambos tinham salários altíssimos e contratos longos, mas não atendiam aos padrões de Mikel Arteta, e os Gunners cresceram muito desde que ambos saíram.

A saída de Rashford é fundamental se Amorim quiser resetar de vez a cultura de que o clube tanto precisa - além de ser necessária por questões financeiras. Mesmo que o atacante seja vendido por um valor reduzido, a venda será puro lucro, já que ele vem da base, e ajudará o clube a cumprir as Regras de Rentabilidade e Sustentabilidade da Premier League (PSR).

Quatro anos depois de chegar ao clube como um jovem desconhecido e inexperiente de 18 anos, Amad Diallo se transformou, talvez, no melhor jogador do United. Ele contribuiu com dez gols desde a saída de Ten Hag - foi destaque contra o PAOK, contra o Everton, no dérby de Manchester e marcou o gol de empate no clássico contra o Liverpool. Sua dedicação sem a bola na pressão - basta ver como bateu Fraser Forster para marcar contra o Tottenham - também impressiona e é exatamente do que o United precisa nesses tempos de dificuldades.

O surgimento de Amad como o melhor jogador do United também acontece em um momento em que ele pode deixar o clube de graça, com contrato terminando agora em junho. Por isso, é imperativo que a diretoria não apenas acione a cláusula de extensão de um ano, mas que mostre a ele o quão importante ele é oferecendo uma bela renovação.

Para ser honesto, Patrice Evra talvez tenha sido o último lateral-esquerdo confiável no United. Luke Shaw é um excelente defensor e atacante quando está saudável, mas tem sido atormentado por problemas de lesão desde que quebrou a perna, no início de sua segunda temporada em Old Trafford. Ele jogou apenas 98 minutos de futebol nesta temporada e atualmente está afastado por um problema muscular, provavelmente uma consequência de seu esforço para se recuperar a tempo de jogar pela Inglaterra na Euro. Seu substituto, Tyrell Malacia, ficou recentemente 17 meses fora de ação após duas cirurgias no joelho e tem tido dificuldades desde o retorno, sendo substituído no intervalo em três de suas quatro partidas.

O United efetivamente não tem um lateral-esquerdo confiável há duas temporadas, e sua fragilidade nesta posição se tornou ainda mais evidente desde a chegada de Amorim, devido ao uso de alas pelo treinador. Diogo Dalot tem sido escalado ali, mas sua melhor posição é na direita, enquanto Noussair Mazraoui se sente muito mais confortável como parte da linha defensiva em três.

O clube está perto de anunciar um acordo com o lateral-esquerdo paraguaio de 17 anos Diego León, mas ele só chegará quando completar 18 anos, no meio de 2025, e não chega necessariamente pronto para atuar de imediato.

No entanto, há várias boas opções mais experientes no mercado. Alphonso Davies está com o contrato terminando no Bayern de Munique e pode já assinar pré-contrato, embora o Real Madrid esteja fazendo de tudo para convencê-lo a se mudar para a capital espanhola. Milos Kerkez, do Bournemouth, destaque em ambas as recentes vitórias por 3 a 0 dos Cherries no Old Trafford, também seria uma boa compra.

O Manchester United gastou £60 milhões (R$ 465 milhões) em defensores durante o meio do ano, mas sua linha defensiva tem se mostrado vulnerável ao longo da temporada, tanto sob o comando de Ten Hag quanto de Amorim. A equipe sofreu 23 gols em 12 jogos desde que o técnico português assumiu, sendo sete apenas em duas partidas - contra Tottenham e Bournemouth.

Uma preocupação particular é a bola parada. O United já sofreu mais gols em situações de bola parada em 2024 do que em qualquer outro ano na história da Premier League - o primeiro gol da vitória do Bournemouth por 3 a 0 no Old Trafford, na rodada 17 e ainda no ano passado, foi o sétimo em um período de seis jogos. As equipes adversárias estão claramente explorando essa fraqueza. Amorim chegou a afirmar que dá para sentir todo o estádio ansioso toda vez que a equipe concedia um escanteio ou uma falta próxima da área.

A solução seria contratar um zagueiro com mais experiência e autoridade. O fato de o United ter que contar com Jonny Evans, de 36 anos, pela segunda temporada consecutiva dá um bom panorama do problema. Nesse período, Harry Maguire ressurgiu como um jogador importante, um ano e meio após o clube tentar vendê-lo ao West Ham. Mas o inglês completará 32 anos em março e está próximo do fim de seu contrato, o que reforça a necessidade de sangue novo no setor.

O United deveria buscar uma solução na Bundesliga. Edmond Tapsoba, do Bayer Leverkusen, que conquistou o título jogando em uma linha de três zagueiros sob o comando de Xabi Alonso, seria uma excelente contratação, assim como Jonathan Tah, seu companheiro de defesa. Outro nome atraente seria Nico Schlotterbeck, do Borussia Dortmund. Na própria Premier League, Nicola Milenkovic também se destaca, especialmente após marcar contra os Red Devils na derrota diante do Nottingham Forest, por 3 a 2.

A última conquista de Rúben Amorim com o Sporting, assim como o ótimio início do clube português nesta temporada, foi sustentada pelos gols de Viktor Gyökeres. E o Manchester United de Amorim certamente sente falta de um artilheiro no estilo do sueco. Rasmus Hojlund marcou cinco gols nesta temporada, mas quatro deles foram na Europa League. No geral, ele ainda parece um atacante em desenvolvimento, em vez de um jogador já consolidado. Joshua Zirkzee, por sua vez, não se adapta bem a jogar como centroavante isolado, devido à falta de velocidade e à tendência de perder a posse de bola.

Gyokeres seria, então, um alvo ideal, considerando sua relação de trabalho com Amorim e sua impressionante média de 30 gols em 27 jogos nesta temporada. Outros nomes seriam: Jonathan David, do Lille (com 17 gols já nesta temporada), e Omar Marmoush, do Eintracht Frankfurt (18).

Se a venda de Rashford for vista como essencial para elevar os padrões do clube, então não pode haver espaço para Antony também. O brasileiro foi, convenhamos, a pior contratação da história do clube, com apenas 12 gols e cinco assistências em duas temporadas e meia, após o clube pagar £86 milhões (R$ 667 milhões) para tirá-lo do Ajax.

Ten Hag deu muitas oportunidades para Antony se provar, mas Amorim lhe utilizou apenas duas vezes até aqui como titular, apesar de sua vontade de rodar o elenco. E mesmo quando foi titular, nunca jogou mais de 60 minutos. É hora do United se desfazer de um jogador limitado e que se tornou alvo de piadas. Qualquer quantia que consigam por Antony será lucro, se a alternativa for colocá-lo em campo.