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Neymar Barcelona 2013Getty

O saldo de Neymar em 10 anos de Europa é sucesso e decepção ao mesmo tempo

Foi em um início de junho que Neymar chegou em Barcelona para realizar um grande sonho: desfilar nos gramados europeus usando o mesmo azul e grená que, décadas antes, havia transformado outros brasileiros em estrelas mundiais. Em uma época ainda de dúvidas sobre quem era o melhor do mundo entre Messi e Cristiano Ronaldo, a certeza naquele 2013 indicava que o sucessor de ambos como protagonista maior do futebol seria aquele habilidoso menino que acabara de se transformar no camisa 10 da seleção brasileira.

Uma década depois, o roteiro se mostra diferente do esperado. A história de Neymar no Velho Continente é dividida entre Barcelona e PSG. Se o documentário “Neymar: o Caos Perfeito” (NetFlix) mostrou o astro se retratando, ao mesmo tempo, como o herói Batman e o vilão Coringa, a camisa catalã simboliza grande parte de seu sucesso... enquanto a do PSG é mais ligada às decepções que, no saldo geral, deixam no ar a sensação de que o ex-santista poderia ter alçado voos mais altos do que conseguiu até aqui.

  • MSN 2015GettyImage

    Sucesso no Barcelona

    Neymar foi apresentado pelo Barcelona prometendo ajudar Messi a seguir sendo o melhor do mundo. E não demorou para entregar as respostas dentro de campo. A parceria com o argentino foi natural, fácil, e criou laços de amizade vistos até hoje. A partir da chegada do uruguaio Luis Suárez, em 2014, a formação ofensiva cunhada de Trio MSN entrou para a história como uma das melhores de todos os tempos.

    O brasileiro jogou no Barcelona até 2017 e era considerado ídolo. Afinal de contas, além dos 105 gols e 59 assistências, ajudou o clube a conquistar todos os títulos possíveis – uma lista bastante longa, com destaque para a Champions League de 2014/15 (com gols em jogos importantes do mata-mata e na final vencida sobre a Juventus), dois Campeonatos Espanhóis, três Copas do Rei e um Mundial de Clubes.

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  • Neymar Messi Barcelona PSG Champions League 08 03 2017Getty Images

    Incomodado pela sombra

    Mas a sua saída para o PSG, antes do início da temporada 2017/18, colocou em cheque esta idolatria barcelonista. Os catalães não queriam vender o brasileiro, mas não puderam fazer nada quando o dinheiro vindo do Qatar ultrapassou o valor da multa rescisória estipulada. Se alguém poderia recusar, este alguém era Neymar. Mas naquele ponto o atacante queria ser o grande protagonista de um time, coisa que a virada histórica do Barça sobre o próprio PSG, meses antes, nas oitavas da Champions League, lhe provou que não seria possível dentro do Camp Nou. Aquele território era iluminado apenas por Messi e o brasileiro queria, esportivamente falando, “sair da sombra” do argentino.

  • Neymar PSG 2017-18Getty Images

    Longe de ser Rei no Parque dos Príncipes

    Dentro dos objetivos de Neymar, o PSG de fato parecia ser a melhor escolha. Em Paris, a Cidade Luz, não haveria sombras para ele e todo o projeto bancado pelo Qatar seria formado no entorno de seu talento. O objetivo era comum: ganhar uma Champions League, grande sonho do Paris Saint-Germain. Se Neymar conseguisse, seria candidatíssimo a melhor do mundo. Mas a passagem do brasileiro, que, lógico, teve seus bons momentos, é marcada mais por decepções e polêmicas.

    Logo em seus primeiros meses, Neymar protagonizou uma briga quase que infantil com Edinson Cavani -- a referência do time antes de sua chegada -- para mostrar que era ele quem deveria bater os pênaltis da equipe. As lesões já começavam a aparecer e tirá-lo de mata-matas importantes na Champions League. A vida pessoal também entrava em foco, especialmente depois de ter agredido um torcedor do Rennes após derrota na Copa da França em 2019. Para piorar a situação, ao tentar abertamente um retorno ao Barcelona, após seu segundo ano na França, Neymar passou a ser alvo de xingamentos dos próprios torcedores do PSG. Já era um momento em que havia dúvidas até sobre o seu protagonismo dentro do time, em meio à ascensão de Kylian Mbappé.

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  • Neymar PSG 2023Getty Images

    Abaixo das (altas) expectativas

    O respiro de Neymar no PSG, seu grande momento, foi em 2019/20, quando o brasileiro quase conseguiu levar o clube ao tão sonhado título de Champions League. Mas o PSG perdeu na final contra o Bayern de Munique, em partida disputada dentro do contexto de estádios fechados por causa da pandemia de Covid-19.

    De lá para cá, Neymar parece perder toda e qualquer batalha interna travada com sua equipe: o protagonista do time passou a ser, indiscutivelmente, Mbappé (com quem Ney também passou a ter rusgas). A sombra de Messi já não incomodava mais, e o argentino disputou duas temporadas ao lado do brasileiro no Parque dos Príncipes. A Champions League segue como um objetivo a ser alcançado e as lesões continuam como um grande tormento de Neymar desde sua chegada na França – constantemente lhe tirando de partidas decisivas na competição europeia.

    Após dez anos na Europa, Neymar não conseguiu ser o herdeiro óbvio de Lionel Messi ou Cristiano Ronaldo no trono do futebol. Aos 31 anos, vê em cheque até mesmo seu status como grande nome da seleção brasileira em meio à ascensão de Vinícius Júnior. Empilhou títulos, protagonizou momentos sublimes especialmente em sua época no Barcelona, mas as polêmicas, lesões e o fracasso do PSG em sua espécie de única missão possível indicam uma expectativa não alcançada. Ao mesmo tempo Batman e Coringa, herói e vilão, os 10 anos de Neymar na Europa também são marcados por extremos: sucesso e decepção.

  • Neymar Champions League FC barcelonaGetty

    Os títulos e números de Neymar na Europa

    • Títulos pelo Barcelona: Supercopa da Espanha, Campeonato Espanhol (2), Copa do Rei (3), Champions League, Mundial de Clubes.
    • Títulos pelo PSG: Campeonato Francês (5), Copa da França (3), Copa da Liga Francesa (2), Supercopa da França (3).

    Desempenho individual

    • 105 gols e 59 assistências em 186 jogos pelo Barcelona.
    • 118 gols e 70 assistências em 173 jogos pelo PSG.
    • 223 gols e 129 assistências em 359 jogos.
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