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Ryan Reynolds, Rob McElhenney e Tom Brady! Como Birmingham x Wrexham se tornou atração na terceira divisão

Esqueça Southampton x Manchester United, Manchester City x Brentford e até o clássico do norte de Londres. O jogo inglês que atrairá mais olhares nos Estados Unidos nesta semana nem será disputado na Premier League.

É na terceira divisão que a atenção estará mais voltada na América do Norte. Na segunda-feira, o tradicional Birmingham City - que tem Tom Brady como acionista - receberá o Wrexham. Os Red Dragons, claro, são de propriedade das estrelas de Hollywood Ryan Reynolds e Rob McElhenney, e ambos os grupos de executivos estão cientes do quanto essa partida tem repercussão nos EUA.

De fato, houve relatos durante a pré-temporada sugerindo que discussões ocorreram sobre a possibilidade de transferir o jogo para a América do Norte. O Wrexham negou que essas conversas tenham acontecido, mas o fato da ideia parecer tão plausível resume bem as jornadas interessantes que ambos os clubes têm vivido nos últimos anos.

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  • Birmingham City FC v Wigan Athletic FC - Sky Bet League OneGetty Images Sport

    Recuperação

    Após várias temporadas de dificuldades financeiras e desempenho abaixo do esperado em campo, o Birmingham foi adquirido pela Shelby Companies Limited, uma subsidiária da Knighthead Capital Management, sediada nos EUA, no início da temporada de 2023/24. Tom Wagner foi nomeado presidente e supervisionou uma campanha turbulenta.

    Os Blues passaram por quatro diferentes treinadores - John Eustace, Wayne Rooney, Tony Mowbray e Gary Rowett - antes de, eventualmente, sucumbirem ao rebaixamento. No entanto, desde então, Wagner tem feito de tudo para garantir que a permanência de sua equipe na League One não dure mais de uma temporada.

    A primeira tarefa de Wagner foi encontrar um novo treinador, já que Mowbray se afastou por problemas de saúde, e foi substituído interinamente por Rowett. Bastante tempo e recursos foram investidos nessa busca. De fato, segundo o clube, mais de mil técnicos foram considerados para o cargo, antes que Chris Davies - assistente de Ange Postecoglou no Tottenham - emergisse como o escolhido. Ele até teve a aprovação de Brady, sendo que a lenda da NFL aparentemente "apoiou" o processo de escolha do sucessor de Mowbray.

    Não houve segredo quanto às expectativas para Davies, e o galês foi instruído a "construir um elenco pronto para a Championship na League One", segundo o CEO Garry Cook. Pelo menos, ele recebeu os recursos para isso.

    À medida que o fim da janela de transferências se aproximava, os Blues já haviam contratado 11 jogadores, com aproximadamente o mesmo número saindo por taxas, empréstimos ou transferências livres. No entanto, as contas estavam longe de equilibradas, com as chegadas de jogadores como Christoph Klarer, Willum Willumsson e Emil Hansson elevando os gastos líquidos para a casa dos 10 milhões de libras (R$ 73 milhões). E as coisas estavam prestes a ficar ainda mais caras.

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  • Birmingham City FC v Wigan Athletic FC - Sky Bet League OneGetty Images Sport

    Transferência "de tirar o fôlego"

    O último dia da janela de transferências é sempre agitado, e não foi diferente em St Andrew's. Conforme o tempo se esgotava, o Birmingham confirmou as chegadas de Scott Wright e Tomoki Iwata, vindos do Rangers e do Celtic, respectivamente.

    Essas chegadas foram impressionantes para um clube da terceira divisão, mas Wagner e sua equipe ainda não estavam satisfeitos. Eles queriam algo ainda maior – e os donos do Birmingham conseguiram o que desejavam. Depois de ver uma oferta recorde para a terceira divisão rejeitada pelo Fulham por Jay Stansfield, eles voltaram à mesa de negociações.

    Stansfield teve uma campanha excepcional em 2023/24 emprestado aos Blues, levando para casa praticamente todos os prêmios individuais ao final da temporada. Como resultado, o Birmingham estava disposto a fazer qualquer coisa para contratá-lo, com o Fulham liberando o jovem atacante por uma taxa superior a 15 milhões de libras (R$ 109 milhões).

    Não surpreendentemente, isso bateu o recorde anterior de gastos na terceira divisão e causou bastante agitação no futebol em geral. Don Goodman, comentarista da Football League, descreveu a transferência como "de tirar o fôlego". "Não há dúvida de que há um imposto "Birmingham City" sobre essa taxa. Por mais que eu admire Jay Stansfield, acho que isso é completamente exagerado", acrescentou.

    Como se precisássemos de mais alguma indicação, a transferência de Stansfield sinalizou de forma clara que apenas sair da League One (terceira divisão) na primeira tentativa será aceitável para o Birmingham nesta temporada.

  • George Dobsonwrexham.com

    Trajetória semelhante

    Muitas comparações foram feitas entre o Wrexham e o Birmingham desde a aquisição de celebridades. E, na verdade, o acordo por Stansfield trouxe à tona lembranças de como Reynolds e McElhenney conseguiram garantir promoções consecutivas da quinta à terceira divisão da Inglaterra.

    Assim como Stansfield, Paul Mullin desceu duas divisões para se juntar ao emocionante projeto deles em 2021, enquanto Arthur Okonkwo fez o mesmo ao assinar permanentemente com o time após sua saída do Arsenal nesta janela. De maneira geral, o apoio da dupla de Hollywood deu a Phil Parkinson o poder financeiro para montar um dos melhores – e mais caros – elencos em qualquer divisão em que competem.

    Tem sido mais desafiador repetir o feito desde a promoção mais recente, com outros grandes clubes, como o Birmingham, competindo pelos mesmos jogadores. Mas eles ainda fizeram várias contratações importantes nesta janela de transferências. Além de Okonkwo ter recusado o interesse de clubes da Championship (segunda divisão), o capitão do Charlton, George Dobson, foi seduzido a deixar os Addicks, Ollie Rathbone se juntou por uma quantia significativa e Mo Faal saiu do West Brom, da segunda divisão, para o SToK Cae Ras.

    Os valores envolvidos são mais conservadores do que os pagos pelo Birmingham, mas há claras semelhanças entre as duas estratégias de recrutamento. Em resumo: ou apostam alto, ou desistem.

  • St Andrew's Birmingham Getty Images

    Foco em melhorias no extra-campo

    Os dois clubes também seguiram caminhos semelhantes em projetos fora de campo. Desde que assumiu o controle, a SCL fez da regeneração de St Andrew's e da área ao seu redor uma prioridade. E em janeiro de 2024, um grande avanço foi alcançado.

    Como parte de um acordo de patrocínio de "milhões de libras", o estádio foi renomeado para St Andrew's @ Knighthead Park. A mudança - que não foi unanimemente popular entre os torcedores - fez parte de um projeto mais amplo para criar um 'Quarteirão Esportivo' na cidade.

    "A ambição é criar um local esportivo e de entretenimento reconhecido globalmente", foram as palavras do próprio clube. "Um farol de excelência, proporcionando aos maiores atletas e artistas do mundo uma plataforma para mostrar seus talentos. Espaços recreativos, de uso misto e outros serão desenvolvidos para o lazer e benefício da comunidade local."

    Os objetivos são ousados, mas se a atividade de transferências deles serve de referência, não se pode duvidar que Wagner, Brady e sua equipe conseguirão realizá-los. O Wrexham, por sua vez, tem sido também ambicioso em seus objetivos de melhoria de infraestrutura.

    Dificuldades com o planejamento local têm atrasado o progresso, mas a Kop, em estado de degradação, deverá finalmente reabrir em algum momento desta temporada. Reynolds e McElhenney também apoiaram vários outros projetos na comunidade local - muitos, de fato, para listar aqui.

    Há, então, uma sinergia entre ambos os grupos de proprietários. Eles não querem apenas sucesso, mas também construir um legado duradouro com seus investimentos – mesmo que suas motivações nem sempre sejam solidárias.

  • Birmingham City FC v Wigan Athletic FC - Sky Bet League OneGetty Images Sport

    Bons inícios

    Também há semelhanças entre como cada equipe começou sua campanha na terceira divisão. O Wrexham pode ter entrado nas partidas do fim de semana no topo da tabela, mas o Birmingham está apenas três pontos atrás com um jogo a menos. Já era esperado que os Blues competissem nesta temporada, enquanto o Wrexham, por outro lado, surpreendeu com um início quase impecável.

    Mesmo sem o talismã Mullin, que está lesionado, eles venceram o Reading e o Shrewsbury por 3 a 0, além de conquistarem vitórias sobre o Wycombe e o Peterborough, intercaladas com um empate aceitável fora de casa contra o Bolton.

    O Birmingham teve mais dificuldades em suas primeiras quatro partidas na liga. Principalmente graças aos gols do recém-chegado e ex-alvo do Wrexham, Alfie May, venceram Wycombe, Leyton Orient e Wigan, mas apenas por um gol. O empate com o Reading em casa também foi uma decepção.

  • Rob McElhenney Ryan Reynolds WrexhamGetty

    Confronto intrigante

    Ainda assim, há a sensação de que os Blues estão apenas esperando o momento certo para engrenar após uma janela de transferências repleta de mudanças. E não haveria hora melhor para isso do que na segunda-feira, quando enfrentarão os atuais líderes sob os holofotes.

    Com Mullin voltando a marcar no meio da semana e Stansfield recuperando sua forma física antes do que pode ser sua estreia como titular na liga nesta temporada, o jogo promete muita emoção. Mas, independentemente do resultado, está claro que ambos os clubes estão em uma trajetória promissora.

    Tanto os torcedores do Wrexham quanto os do Birmingham suportaram muito sofrimento nos anos que antecederam as aquisições que renderam manchetes. E embora as dificuldades dos Blues na temporada passada provem que o investimento nem sempre se traduz em resultados, cada projeto continua avançando com bastante impulso. Será fascinante observar até onde cada clube pode chegar nos próximos dez anos ou mais.