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Bruno Fernandes Ruben Amorim GFXGetty/GOAL

Ruben Amorim precisa de um milagre de Natal no Manchester United após lesão catastrófica de Bruno Fernandes

Em outubro, o coproprietário Sir Jim Ratcliffe tratou de encerrar qualquer especulação sobre uma possível pressão no cargo do treinador, afirmando que pretende dar três anos ao ex-Sporting para se provar como um “grande técnico” em Old Trafford. A decisão foi correta diante dos sinais de evolução, mas, como sempre em um clube do tamanho do United, são os resultados que definem o futuro do treinador. E, com a temporada se aproximando da metade, eles ainda estão aquém do esperado.

No domingo (21), os Red Devils até apresentaram mais uma atuação competitiva contra o Aston Villa, mas acabaram sofrendo a quinta derrota na Premier League, decidida pela inspiração de Morgan Rogers. Com isso, o time de Amorim já está a 13 pontos do líder Arsenal após apenas 17 jogos e três atrás do Liverpool, quinto colocado — posição que tende a ser novamente a última vaga na Champions League, considerando a força do futebol inglês no ranking de coeficientes da UEFA.

Com apenas duas vitórias nos últimos oito jogos, o United não mostra a regularidade necessária para retornar à elite europeia. Parte disso passa pela questão mental, mas o principal problema é a escassez de qualidade no elenco, algo que ficou ainda mais evidente com Bryan Mbeumo, Amad Diallo e Noussair Mazraoui ausentes por conta da Copa Africana de Nações.

Sem profundidade no elenco, a missão de sustentar uma campanha de Champions League já era difícil. Agora, porém, Amorim precisa de um verdadeiro milagre após ver o capitão Bruno Fernandes deixar o campo lesionado no Villa Park. Não há exagero algum em afirmar: perder o português — que é o jogador mais regular do United — é um golpe devastador, capaz de comprometer totalmente a temporada e colocar Ratcliffe sob enorme pressão para encerrar o projeto Amorim dois anos antes do previsto.

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  • Aston Villa v Manchester United - Premier LeagueGetty Images Sport

    "Vai demorar um pouco"

    Como de costume, Bruno Fernandes foi o cérebro das melhores jogadas do United no primeiro tempo contra o Villa, criando uma grande chance e acertando 89% dos passes. Pouco antes do intervalo, porém, o meia de 31 anos sentiu a posterior da coxa, deixando os torcedores apreensivos.

    Ele ainda permaneceu em campo até o apito final da primeira etapa, mas não voltou para o segundo tempo, sendo substituído por Lisandro Martínez. O português foi visto mancando em direção ao banco, visivelmente incomodado. Após a partida, Diogo Dalot disse à Sky Sports: “É enorme. Não sabemos o quão grave é, mas para ele sair do jogo…”.

    A preocupação reflete a confiabilidade de Fernandes desde que chegou ao United, em janeiro de 2020, vindo justamente do Sporting. Em seis anos no clube, ele só ficou fora de três partidas por lesão: uma por gripe, em março de 2022, e duas por um problema no joelho no fim da temporada 2023/24.

    Este pode ser o problema físico mais sério de sua passagem por Old Trafford, como o próprio Amorim deixou no ar após a partida: “É realmente estranho. É algo muscular, acho que ele vai perder alguns jogos, não sei ao certo. Vamos ver. Acho que vai demorar um pouco. Ele é um cara que está sempre bem fisicamente, então pode se recuperar rápido”.

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  • Bruno Fernandes Manchester United 2025-26Getty

    Dependência de Bruno Fernandes

    A importância de Bruno Fernandes para o United é impossível de exagerar. Ele já soma 12 participações em gols na liga nesta temporada, liderando o elenco com folga — cinco a mais do que Mbeumo, o segundo colocado —, mesmo atuando muitas vezes mais recuado como segundo volante no 3-4-3 de Amorim.

    A derrota para o Villa foi apenas o quinto jogo da Premier League em que o United marcou e Bruno não participou diretamente de pelo menos um gol. Ele é o principal criador e uma das maiores ameaças ofensivas do time, além de um competidor incansável, que puxa a responsabilidade, cobra os companheiros e se entrega ao máximo em campo.

    Amorim já confirmou que seu capitão está fora do confronto do Boxing Day contra o Newcastle, e há relatos de que ele pode desfalcar a equipe por pelo menos um mês. O United simplesmente não consegue sobreviver tanto tempo sem ele. Matthijs de Ligt e Harry Maguire já estão no departamento médico, assim como Kobbie Mainoo, e, a menos que Costa do Marfim, Camarões ou Marrocos sejam eliminados de forma precoce na Copa Africana de Nações, Mbeumo, Amad e Mazraoui só devem retornar no duelo contra o Burnley, no dia 7 de janeiro, no mínimo.

    A lista crescente de desfalques abriu espaço para os jovens Shea Lacey e Jack Fletcher, que fizeram suas estreias na Premier League contra o Villa, mas Amorim está sendo obrigado a levar o elenco ao limite. E, de longe, a ausência de Bruno Fernandes é a mais pesada até agora. Não há ninguém no grupo capaz de substituí-lo neste momento crucial da temporada.

  • Manchester United v Sunderland - Premier LeagueGetty Images Sport

    Cenário preocupante

    Pelo lado positivo, o United terá o retorno de Casemiro para o duelo contra o Newcastle. O brasileiro ficou fora da partida contra o Aston Villa por suspensão, após acumular cinco cartões amarelos. A lenda do Real Madrid tem sido duramente criticada desde que chegou a Old Trafford, mas nesta temporada mostrou mais disciplina sem a bola, recuperando-a com frequência em zonas altas do campo para puxar transições rápidas.

    Casemiro tem ótimo alcance de passe e segue sendo uma ameaça constante em bolas paradas graças ao jogo aéreo, além de ser um excelente leitor do jogo, vencendo duelos e interceptando passes. No entanto, aos 33 anos, ele não tem a mesma mobilidade de Bruno Fernandes e não consegue percorrer o campo com a mesma intensidade. É pedir demais que assuma todas as responsabilidades do capitão.

    Com isso, surge a pergunta: quem deve ser o parceiro ideal de Casemiro enquanto Bruno estiver fora? Lisandro Martínez teve uma atuação segura ao ser deslocado para o meio-campo no segundo tempo em Villa Park, mas é zagueiro de origem e não tem a criatividade necessária para a função em definitivo. Já Jack Fletcher, filho do ex-jogador do United Darren Fletcher, ainda é muito inexperiente, aos 18 anos.

    Kobbie Mainoo, por sua vez, ficou fora do jogo contra o Villa por um problema na panturrilha que, segundo Amorim, pode levar “algumas semanas” para cicatrizar. O meia inglês é tecnicamente refinado e poderia dar mais fluidez ao time do que um jogador tão propenso ao risco quanto Fernandes. Ainda assim, mesmo se estivesse apto, não haveria garantia de espaço, já que, por algum motivo, Amorim não o enxerga como o encaixe ideal para o seu sistema.

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  • Manuel Ugarte Manchester United 2025-26Getty

    A questão Ugarte

    Isso deixa Manuel Ugarte como a última alternativa, o que ilustra bem a gravidade da situação. Com Casemiro suspenso e Mainoo fora, Amorim foi obrigado a escalar o uruguaio contra o Aston Villa, mas ele desperdiçou a grande chance de se firmar.

    Ugarte perdeu metade dos duelos pelo chão, cedeu a posse de bola sete vezes e não realizou sequer um corte na partida. Além disso, completou apenas 27 passes em 77 minutos e viralizou nas redes por um passe completamente mal executado que saiu direto pela linha de fundo.

    O United não venceu nenhum dos últimos nove jogos em que Ugarte começou como titular, um recorde negativo do clube, superado apenas pelo também criticado campeão mundial Kleberson entre janeiro de 2004 e maio de 2005. Não é coincidência. O ex-Sporting e PSG é esforçado, mas seu estilo é pouco eficiente e ele carece de senso de posicionamento.

    O salto para a Premier League se mostrou grande demais para Ugarte, algo que o próprio Amorim já reconheceu, apesar de tê-lo treinado em Portugal. “Eu sei que o Ugarte está com dificuldades no momento, e meu trabalho é tentar ajudá-lo a se sentir jogador, como ele se sentia no Sporting”, disse o treinador no mês passado. “Mas é um mundo diferente. Ele precisa se adaptar e melhorar, especialmente nos treinos.”

    Desde então, não houve evolução perceptível, e os problemas do United tendem a aumentar se ele continuar sendo a escolha. No curto prazo, Amorim deveria manter Martínez no meio, já que é um passador mais seguro e progressivo, além de canalizar a agressividade de forma muito mais inteligente do que Ugarte.

  • Al Ettifaq v Al Hilal - Saudi Pro LeagueGetty Images Sport

    Olho em Ruben Neves

    O United precisa desesperadamente de reforços no meio-campo para seguir na briga pelo top-5 enquanto Bruno Fernandes estiver afastado. O setor é uma fragilidade antiga do elenco, e vários especialistas no meio vêm sendo ligados ao clube nos últimos meses, de Elliot Anderson, do Nottingham Forest, a Carlos Baleba, do Brighton, que teria sido alvo de consultas mais firmes durante a última janela.

    Os Red Devils também estariam em alerta máximo após a informação de que Rúben Neves planeja retornar à Premier League, depois de recusar uma renovação com o Al Hilal. O ex-capitão do Wolves e companheiro de longa data de Bruno na seleção portuguesa é exatamente o tipo de organizador de jogo que o United tanto procura, e ainda está em plena forma aos 28 anos.

    O The Times aponta que Neves poderia estar disponível na janela de inverno por cerca de 20 milhões de libras, valor que soa como uma oportunidade difícil de ignorar. Mesmo assim, Amorim adota uma postura rígida em relação a contratações no meio da temporada.

    “O que não podemos fazer é chegar a janeiro e tentar resolver tudo na urgência, cometer erros e depois dizer ‘lá vamos nós de novo’”, afirmou o treinador no domingo. “Não vou me reunir com o Jason [Wilcox] e o Omar [Berrada] para dizer que precisamos de muitos jogadores. Temos um plano. Se tivermos de sofrer, o clube vem em primeiro lugar. Claro que precisamos de pontos agora, mas precisamos encontrar soluções e seguir com o plano. Dá para sentir que vamos sofrer, mas veremos.”

  • FBL-ENG-PR-MAN UTD-WEST HAMAFP

    Sequência decisiva pela frente

    Apesar dos méritos de Amorim em Old Trafford, a sensação é de que ele já repetiu o alerta sobre “sofrer” vezes demais. Seu retrospecto na Premier League é duro: 19 derrotas, 11 empates e apenas 14 vitórias em 44 jogos. Um sinal claro de que o “plano” não está funcionando.

    Mesmo com força máxima, os problemas já existiam. O Manchester só manteve um jogo sem sofrer gols em toda a temporada e deixou escapar pontos em posições de vantagem contra Nottingham Forest, Tottenham, West Ham e Bournemouth nas últimas seis semanas. Senne Lammens trouxe mais segurança no gol, mas o time ainda apresenta fragilidade estrutural que impede uma volta ao patamar da elite. Sem Fernandes, isso tende a ficar ainda mais evidente.

    O capitão não só entrega criatividade ofensiva, como lidera sem a bola. São 96 recuperações na Premier League em 2025/26, o segundo maior número da liga. Sem ele para “apagar incêndios”, há o risco de o time de Amorim colapsar, especialmente nas perdas de posse. O Newcastle certamente percebe essa brecha.

    Outra derrota pode deixar Amorim à beira do precipício antes de uma sequência de jogos decisivos. O United encara o Wolves no dia 30 de dezembro e depois viaja para enfrentar Leeds e Burnley em um intervalo de oito dias. No papel, é uma sequência favorável, mas seria surpreendente se não houvesse tropeços. O Leeds vive bom momento e vai saborear a chance de causar impacto em um clássico regional, enquanto o Burnley costuma ser duro em Turf Moor.

    Amorim precisa começar a buscar soluções no mercado agora. Caso contrário, quando Bruno Fernandes voltar, pode ser tarde demais para salvar o projeto e, ironicamente, seu compatriota.

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