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Man Utd beat anyone GFXGetty/GOAL

Ruben Amorim está certo: o Manchester United reforçado tem condições de vencer qualquer time

“Provamos hoje que podemos vencer qualquer jogo na Premier League, especialmente contra uma grande equipe como o Arsenal”, disse Ruben Amorim após a frustrante derrota do Manchester United por 1 a 0 para os Gunners em Old Trafford. “Fomos o melhor time. É a nossa sensação de que jogamos melhor. No fim, perdemos o jogo, mas estou muito orgulhoso do esforço que eles fizeram.”

Essa não foi uma versão de Amorim parecida com a do seu iludido antecessor, Erik ten Hag, que constantemente alegava progresso após cada tropeço. O United de fato mostrou evolução no domingo (17) e dominou completamente um forte time do Arsenal, vice-campeão da temporada passada.

As estatísticas comprovam o discurso de Amorim: os mandantes tiveram 61% de posse de bola e finalizaram 22 vezes, contra apenas nove do Arsenal. Também foi sintomático o prêmio de melhor em campo ter ido para o goleiro David Raya, que precisou fazer sete defesas, incluindo uma espetacular com a ponta do dedo em chute de Matheus Cunha, novo camisa 10 do United. O time foi dinâmico, direto e disciplinado, e se não fosse pelo erro inexplicável de Altay Bayindir que deu a Riccardo Calafiori o gol da vitória logo no início, o resultado final provavelmente teria sido diferente.

“Você sempre sente que eles podem fazer algo não apenas com a bola, mas também sem ela. Precisamos vencer jogos, mas isso foi completamente diferente do que vimos na temporada passada”, acrescentou Amorim, e ele tinha razão.

O desastroso 15º lugar do último campeonato não acontecerá de novo, porque o United finalmente parece um time coeso. Os gols e as vitórias vão aparecer se a equipe mantiver esse nível de desempenho, e a vaga na Champions League precisa ser o objetivo principal, independentemente de a INEOS aprovar ou não novas contratações antes do fechamento da janela do meio do ano.

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  • Manchester United v Arsenal - Premier LeagueGetty Images Sport

    Finalmente algum poder de fogo

    O United marcou apenas 44 gols na liga inteira na temporada passada, com somente sete deles vindos da dupla titular Rasmus Hojlund e Joshua Zirkzee. Por isso Amorim priorizou a reformulação do ataque nesta janela, e os 133 milhões de libras (R$ 1 bilhão) investidos em Matheus Cunha e Bryan Mbeumo, ambos já testados na Premier League, parecem ter valido a pena.

    Cunha foi o grande tormento do Arsenal, completando quatro dos seis dribles que tentou, mais do que qualquer outro jogador em campo. Em uma jogada marcante, o brasileiro arrancou do campo de defesa, passou por cinco adversários e tentou surpreender Raya com um chute precoce, mas a finalização saiu fraca e o goleiro espanhol defendeu sem dificuldades.

    Essa foi apenas uma das quatro finalizações de Cunha, que também venceu sete de 14 duelos pelo chão em uma atuação cheia de energia. Mbeumo não ficou atrás, mesmo marcado de perto pela direita, usando velocidade e movimentação inteligente para constantemente explorar os espaços.

    Atuando mais recuado, Bruno Fernandes enfim tinha opções de movimentação à frente, e quando o atacante Benjamin Sesko, contratado por 74 milhões de libras (R$ 560 milhões), estiver totalmente adaptado, o United terá poder de fogo suficiente para assustar qualquer adversário. Mason Mount também deu intensidade e qualidade técnica em uma função de falso nove, ainda que siga parecendo deslocado em Old Trafford. Ao menos oferece a Amorim mais uma alternativa útil no setor ofensivo ao longo da temporada.

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  • Manchester United v Arsenal - Premier LeagueGetty Images Sport

    Equilíbrio no meio-campo

    “Espero que vocês falem menos sobre o Bruno este ano e muito mais sobre o United. Esse é meu principal objetivo porque ouvir meu nome sendo citado, digamos, de forma isolada, não me enche de orgulho ou algo do tipo”, disse Fernandes à ESPN Brasil antes do duelo com o Arsenal. “O United ser falado de forma positiva, isso é o mais importante e é o que quero para esta temporada. Se acontecer de eu ter de marcar menos gols, dar menos assistências ou oferecer outro tipo de contribuição necessária para os jogos, eu ficaria muito feliz.”

    Foi possível perceber que o capitão do United voltou a se divertir jogando. Fernandes foi tão influente quanto de costume na função de meia, liderando em chances claras criadas (cinco), além de cumprir bem seu papel defensivo, percorrendo 10,9 km em 96 minutos em campo. Ele continuou rompendo as linhas adversárias com frequência, mas, como prometido, ficou satisfeito em deixar Cunha e Mbeumo como principais referências ofensivas.

    Casemiro também impressionou na base do meio-campo, contrariando os críticos que insistem que o ídolo do Real Madrid já não tem condições físicas aos 33 anos. Ele teve 83% de acerto nos passes, venceu 75% dos duelos e só perdeu a posse de bola três vezes. Fernandes e Casemiro dominaram o setor, mesmo em desvantagem numérica contra Declan Rice, Martin Odegaard e Martin Zubimendi, já que os alas Diogo Dalot e Patrick Dorgu se projetaram bastante para impedir o Arsenal de encontrar ritmo. Isso mostra que o 3-4-3 de Amorim já está funcionando em sua melhor versão.

  • Manchester United v Arsenal - Premier LeagueGetty Images Sport

    De Ligt assume a responsabilidade

    O United também mostrou consistência defensiva. O Arsenal pouco incomodou a linha de três formada por Leny Yoro, Matthijs de Ligt e Luke Shaw, enquanto Viktor Gyokeres, artilheiro ex-Sporting, foi neutralizado em sua estreia na Premier League com a camisa do time de Mikel Arteta.

    Shaw conseguiu anular Bukayo Saka, mostrando que está novamente em plena forma física ao realizar cinco recuperações de bola e completar seis passes no terço final do campo. O lateral continua sendo uma peça valiosa tanto no ataque quanto na defesa, e Amorim certamente torce para que os problemas de lesão fiquem de vez no passado.

    Enquanto isso, o jovem Yoro continuou a justificar as comparações com Rio Ferdinand com uma atuação segura pelo lado direito, mas foi De Ligt quem brilhou mais. Após uma primeira temporada decepcionante no United, o ex-zagueiro do Bayern reencontrou a forma que o destacou no Ajax e conseguiu neutralizar o ataque do Arsenal.

    De Ligt venceu oito duelos, acertou 50 passes e fez seis cortes decisivos, liderando pelo exemplo com força física e tomada de decisão impecável. Foi, sem dúvida, sua melhor atuação com a camisa vermelha até aqui, e ele conquistou o direito de seguir como titular à frente de Harry Maguire. Com Maguire e Ayden Heaven no banco, além de Noussair Mazraoui e Lisandro Martínez prestes a retornar de lesão, o United não sofre com falta de opções na defesa, o que dá ao time uma base sólida para ter uma temporada de sucesso.

  • Manchester United v ACF Fiorentina - Pre-Season FriendlyGetty Images Sport

    Dê uma chance a Heaton no gol

    Infelizmente, há um ponto que ameaça minar todo o bom trabalho de Amorim no mercado de transferências e nos treinamentos: a falta de um goleiro confiável. Bayindir foi o escolhido contra o Arsenal porque André Onana ainda está recuperando ritmo após uma lesão na pré-temporada, mas o turco desperdiçou completamente a chance de brigar pela camisa 1.

    Foi fácil demais para William Saliba se impor sobre Bayindir na jogada do gol de Calafiori, e a tentativa patética do goleiro de afastar o escanteio fechado de Declan Rice expôs sua falta de senso de posicionamento. “Já disse muitas vezes sobre goleiros: tem que ir com violência, ser agressivo”, esbravejou Roy Keane no estúdio da Sky Sports. “Aquela é a sua área. Tome o controle. O Arsenal é muito bom nisso. Mas o United? Fraco e suave.”

    As mesmas críticas têm sido feitas a Onana com frequência nas últimas duas temporadas, o que explica por que o United chegou a apresentar uma proposta de empréstimo por Emiliano Martínez, do Aston Villa, mais cedo nesta janela. A negociação não avançou, e o clube parece ter desistido de buscar outro goleiro. Questionado se poderia considerar escalar Tom Heaton, de 39 anos, à frente de Bayindir, Amorim respondeu irritado com um “por quê?!”, antes de sugerir que o VAR deveria ter anulado o gol do Arsenal.

    A recusa do treinador em criticar Bayindir publicamente foi admirável, mas, em particular, ele certamente terá suas dúvidas. Mesmo sem disputar uma partida oficial pelo United desde fevereiro de 2023, o experiente ex-Burnley e seleção inglesa pode ser a opção mais segura disponível no elenco neste momento. Dar uma sequência a Heaton faz sentido se não houver movimentações no mercado, já que dificilmente ele terá atuações piores do que Onana ou Bayindir. E, caso supere as expectativas, Amorim seria elogiado por assumir um risco calculado.

  • Brighton & Hove Albion FC v Leicester City FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    Baleba não é uma necessidade

    O United também tem sido fortemente ligado a Carlos Baleba, do Brighton, mas será impossível chegar perto da pedida de nove dígitos do clube inglês sem realizar vendas antes. A busca por compradores para Alejandro Garnacho, Jadon Sancho e Antony segue difícil, e os Red Devils provavelmente não terão tempo hábil para fechar um acordo pelo meio-campista.

    Amorim, porém, não deve se incomodar tanto após a atuação de sua equipe contra o Arsenal. O meio-campo funcionou muito bem, com Manuel Ugarte entrando do banco e cumprindo seu papel, e a joia da base, Kobbie Mainoo, terá importância significativa nas próximas semanas e meses.

    Depois de toda a pré-temporada ajustando-se ao sistema de Amorim, o elenco parece remando na mesma direção e o caminho está mais claro. Mesmo sem resolver a questão do gol, o United tem condições de brigar pelo G-4 e até sonhar com um título doméstico, o que é notável considerando o clima sombrio que cercava o clube após a dolorosa derrota para o Tottenham na final da Europa League há apenas três meses.

  • Manchester United v Arsenal - Premier LeagueGetty Images Sport

    Nada de "entediante"

    “O mais importante: não fomos entediantes. Os jogadores foram realmente corajosos em tudo que fizeram durante o jogo”, disse Amorim à Sky Sports após a derrota para o Arsenal. “Fomos mais agressivos do que no ano passado, corremos mais, buscamos o um contra um o tempo todo e pressionamos alto.”

    Essa foi a 15ª derrota de Amorim no comando do United em apenas 28 jogos de Premier League, marca atingida mais rapidamente do que qualquer outro técnico de clube não recém-promovido. Ainda assim, o ex-Sporting está certo ao destacar a importância de entreter os torcedores. Esse era o mínimo esperado para 2025-26 depois da pior temporada da história do clube, e agora os fãs do United podem acompanhar as partidas com mais otimismo.

    O United não será mais “entediante” com o novo ataque explosivo e um estilo de jogo acelerado. Isso também deve significar o fim do hábito de perder, já que poucos adversários conseguirão suportar a intensidade ofensiva como o Arsenal conseguiu.

    Não disputar competições europeias também pode acabar sendo uma bênção disfarçada para os Red Devils, que agora terão mais tempo de recuperação entre os jogos do que todos os outros rivais do top-6. A missão é criar embalo, começando já com uma vitória convincente fora de casa contra o Fulham no próximo fim de semana. Pela primeira vez em muito tempo, o United mostra a postura de uma equipe de elite e, em Amorim, encontrou um treinador exigente que não permitirá que o nível coletivo caia.

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