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Real Madrid derby GFXGOAL

Real Madrid precisa ficar alerta para voltar a ser invencível nos grandes jogos

Lamine Yamal driblou Ferland Mendy, soltou uma bomba no canto e saiu correndo para comemorar. Foi um momento de alegria para o Barcelona, mas também de incredulidade para o Real Madrid. O gol de Yamal fechou o 4 a 0 para o Barça em pleno Bernabéu. O Madrid já havia perdido El Clásicos antes. Já havia perdido El Clásicos em casa antes. Já havia perdido El Clásicos em casa por uma grande margem antes. Mas nunca assim. Foi uma humilhação, um massacre.

O Barcelona de Hansi Flick é praticamente o mesmo desde então. Vence os grandes jogos de maneira emblemática, mas tropeça contra clubes menores. É um time jovem, passando naturalmente por dores de crescimento. O Real Madrid, por outro lado, é um enigma, parecendo cada vez mais distante de sua identidade.

A equipe que antes aparecia em todas as partidas decisivas tem, aos poucos, destruído sua própria 'aura'. Nesta temporada, o time que sempre brilhava nos momentos importantes tem falhado contra adversários fortes. E, às vésperas do Dérbi de Madri, isso virou uma grande preocupação para Carlo Ancelotti e companhia.

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  • Atletico de Madrid v Real Madrid CF  - La Liga EA SportsGetty Images Sport

    Reconhecendo os sinais

    Voltando seis meses no tempo, isso não parecia ser um problema – pelo menos não de forma tão grave. A Supercopa da UEFA pode ser uma competição 'amistosa de luxo' – por mais forte que seja a Atalanta, atual campeã da Europa League –, mas o Real Madrid entrou em campo com uma postura dominante. O placar final foi 2 a 0, mas poderia ter sido 5 a 0.

    E foi aí que os problemas começaram. Os primeiros sinais vieram no fim de setembro. O Real visitou o Metropolitano e sofreu com a pressão que Diego Simeone impôs e sabe muito bem impor. Os merengues saíram com um empate em 1 a 1, mas tiveram sorte de conseguir o resultado, sendo amplamente superados em xG (gols esperados, em inglês) e incapazes de controlar a partida em qualquer momento.

    Houve outros problemas, é verdade – Thibaut Courtois, por exemplo, precisou lidar com vários objetos atirados pela torcida –, mas, ainda assim, não foi nada perto de uma atuação segura e controlada. O próprio Ancelotti admitiu isso depois do jogo.

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    Decepção contra o Lille

    O que deveria ter vindo a seguir era uma aula do Real Madrid em grandes jogos. A partida contra o Lille, pela Champions, parecia o cenário perfeito. Em vez disso, os merengues sofreram uma derrota difícil de prever, justamente o tipo de partida que costumavam ganhar.

    Finalizaram mais, trocaram mais passes e criaram mais chances que os franceses. Mas o Lille fez o que tantas vezes foi a marca do próprio Madrid: suportou a pressão e marcou no contra-ataque.

    O fim de outubro trouxe mais dificuldades. É difícil vender uma vitória por 5 a 2 sobre o Borussia Dortmund como algo preocupante, mas houve aspectos que, sim, eram razões de preocupação.

    O Madrid saiu perdendo por 2 a 0 e se mostrou frágil, mesmo contra um Borussia fraco. Foi preciso inspiração individual – de Vinícius, como sempre.

  • FBL-ESP-LIGA-REAL MADRID-BARCELONAAFP

    Humilhado por Barça e Liverpool

    Então veio o El Clásico. Era para ser a grande estreia de Mbappé com a camisa do Real, seguindo um começo irregular. Um homem dono de um hat-trick em uma final de Copa do Mundo vive para esses momentos – ou pelo menos era o que diziam. A realidade foi bem diferente.

    A linha alta do Barça foi demais para o Madrid. Mbappé ficou em impedimento 11 vezes. E os merengues foram facilmente desmontados no contra-ataque. Yamal brilhou, Raphinha comandou o jogo e Lewandowski mostrou que ainda tem lenha para queimar. No fim, o 4 a 0 foi até generoso.

    Na semana seguinte, o Milan, liderado por Christian Pulisic, foi ao Bernabéu, e o americano teve talvez a melhor atuação de um jogador dos EUA no estádio. O Milan venceu por 3 a 1, e os Blancos tinham pouco do que reclamar.

    "Temos que nos preocupar, o time não está jogando bem", admitiu Ancelotti após a partida. "Não estamos compactos, precisamos ser mais organizados, sofremos muitos gols... O time não está bem posicionado em campo e precisamos trabalhar nisso".

    Mas as coisas só pioraram. A visita a Anfield já prometia ser difícil, mas o Real foi tratado como um time comum. Mbappé perdeu um pênalti, e o Liverpool venceu por 2 a 0 sem grandes dificuldades.

  • Luka Modric Real Madrid Champions League trophy 2024Getty

    Indo contra a história

    Isso, claro, ia contra tudo o que o mundo achava que sabia sobre o Madrid. Os Blancos normalmente brilhavam nesses grandes jogos. Mesmo quando as coisas não iam bem, o Madrid encontrava uma maneira de vencer. É o que chamam de aura.

    A vitória nas quartas de final do ano passado contra o Manchester City no Etihad é o exemplo perfeito. O Madrid marcou, sofreu o empate e então simplesmente resistiu à pressão pelo restante do segundo tempo, toda a prorrogação e venceu nos pênaltis. De alguma forma, tudo parecia inevitável.

    "Você tem que ver essa camisa [do Real] como uma responsabilidade, não como uma pressão", disse Bellingham. "Você precisa estar disposto a encarar os holofotes e a cobrança. Se você está aqui, é porque pode lidar com isso, então confie no processo".

    "A sensação de eliminar os atuais campeões é incrível. Hoje tudo se resumiu à mentalidade, a correr, a marcar os adversários... Se você faz isso direito, então nos momentos decisivos, como manter a calma nos pênaltis, tudo se encaixa", completou, à época.

    Isso já havia acontecido inúmeras vezes antes. O Madrid passou em situação similar contra o Chelsea dois anos antes. Foi completamente dominado pelo Liverpool na final da Champions de 2022 – e ainda assim venceu por 1 a 0 em Paris.

    Na última temporada, venceu os três El Clásicos por um agregado de 9 a 4. Derrotou o Bayern na semifinal da Champions passada com dois gols de Joselu – sim, Joselu –, antes de bater o Dortmund na final. Esse time simplesmente não perdia esses grandes jogos. Mas agora está perdendo.

  • FBL-ESP-LIGA-REAL MADRID-OSASUNAAFP

    Mas por que as coisas não vão bem?

    Uma derrota para o Barcelona na Supercopa só aumentou a crise. O Madrid acabou se classificando para o mata-mata da Champions na base do sufoco – e agora terá que enfrentar o Manchester City em um duelo de ida e volta para ainda chegar às oitavas de final.

    Ancelotti pode apontar diversos motivos para as dificuldades do Real. No início da temporada, eles eram relativamente simples: o Madrid tinha estrelas demais e tempo de menos para fazê-las se encaixarem. Vinicius e Mbappé ainda tentavam jogar na mesma posição. Bellingham não havia dominado a arte de jogar mais recuado no meio-campo. Além disso, ainda havia ajustes a serem feitos após a aposentadoria de Toni Kroos – um problema que segue sem solução por enquanto.

    E depois vieram as lesões. O Madrid tem tido um baita azar, aliás. Dani Carvajal e Éder Militão sofreram rupturas de ligamento cruzado e David Alaba tem tido recuperação mais demorada do que o esperado. Eduardo Camavinga, ademais, também vem sofrendo com problemas físicos, enquanto outras contusões pelo elenco têm enfraquecido o time.

    O próprio Ancelotti não está isento de culpa. Sua decisão de usar Aurélien Tchouaméni como zagueiro improvisado não deu certo. E, convenhamos, ainda há poucas evidências de que o trio Rodrygo, Vinicius e Mbappé esteja realmente funcionando, principalmente nesses grandes jogos.

    No fim, os resultados só poderia ser esses.

  • griezmannGetty Images

    Dérbi de Madri pontual

    O Real não vive, portanto, o melhor momento para enfrentar o Atleti. Foi esta má fase, aliás, que permitiu que os Colchoneros voltassem à briga no Espanhol.

    No papel, claro, o Madrid é muito superior. O Atleti investiu pesado no último meio de ano, mas ainda mantém mais a identidade de um time brigador e intenso do que técnico – embora conte com a genialidade de Antoine Griezmann lá na frente. Em teoria, não deveria haver muito equilíbrio.

    Ainda assim, o Atleti está apenas um ponto atrás. Perdeu menos jogos. E as recentes provocações de Diego Simeone só transformou este duelo em um verdadeiro espetáculo. Clássicos existem para isso e, historicamente, o Madrid costuma se impor nesses cenários.

    Mas e agora? O Madrid tem mais qualidade, sim, mas e quanto àquele espírito decisivo? A famosa aura?

    Se o Real Madrid não voltar a ser aquele Real Madrid, é bem provável que o Atlético de Madrid assuma a dianteira da corrida pelo título neste sábado.