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Real Madrid problems GFXGetty

Real Madrid e Xabi Alonso tomam um balde de água fria: fase espetacular de Kylian Mbappé escondeu falhas sérias na equipe

O Real Madrid vinha de um início de temporada invicto e, ao chegar para o primeiro clássico de Madri do ano, parecia preparado para algo grande — talvez até para manter a sequência. O Atlético, por sua vez, era uma incógnita caótica, com uma janela de gastos excessivos que, até então, o deixara perdido no meio da tabela (ainda que em uma amostra pequena). O Real estava em ótima fase. Kylian Mbappé marcava gols com facilidade. Arda Güler parecia se encaixar perfeitamente sob a direção de Xabi Alonso. Todas as peças estavam no lugar.

Essa previsão não poderia ter envelhecido pior. O Real Madrid foi desastroso diante do rival da capital, vítima de uma defesa caótica e de falta de intensidade no meio, sofrendo uma derrota contundente por 5 a 2. E, na verdade, poderia ter sido ainda pior.

O resultado deixa o Real em busca de respostas. Até aqui, o time vinha dependendo muito de Mbappé, mas também parecia sólido como conjunto. No entanto, ao encarar um adversário disposto a incomodar, o time desmoronou. E esse é o ponto central. Os dérbis madrilenhos são partidas tensas, recheadas de divididas duras e confrontos individuais intensos.

Sob pressão pela primeira vez na temporada, o Real Madrid ruiu, o que representou um choque de realidade para Xabi Alonso. Agora, o novo treinador precisa encontrar uma forma de reagir, talvez até repensar a estrutura da equipe, para se preparar para os desafios mais pesados que virão. Ser treinador do Real nunca foi fácil — e ele acaba de descobrir o quão árduo esse trabalho pode ser.

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  • Paris Saint-Germain v Real Madrid CF: Semi Final - FIFA Club World Cup 2025Getty Images Sport

    Sinais de alerta precoce

    Alguns dirão que isso já era previsível. Pode-se argumentar que o primeiro grande teste do Real Madrid sob o comando de Xabi Alonso aconteceu ainda no início em junho. Se o clube realmente precisava conquistar o Mundial de Clubes é algo discutível. Mas não há dúvidas de que encararam a janela de transferências como se esse fosse o objetivo.

    Uma enxurrada de reforços desembarcou nos Estados Unidos para o torneio, e coube a Alonso a tarefa de integrá-los ao grupo — tendo tido menos de duas semanas como treinador oficial do clube.

    A equipe mostrou sinais de desgaste já na fase de grupos e, diante de adversários de peso, estava claramente atrás em ritmo. O Real Madrid acabou atropelado pelo PSG — que, ironicamente, não seria campeão — na semifinal, e nunca pareceu ter condições reais de reverter o resultado. Após a partida, Alonso afirmou que aquela derrota representava apenas o encerramento da temporada anterior e não deveria ser vista como um prenúncio do futuro.

    “Agora precisamos de uma pausa de verdade. Isto não é o começo da próxima temporada, é apenas o fim desta”, disse o treinador após a derrota.

    E havia uma lógica nisso. Os Blancos haviam atravessado uma temporada 2024/25 desastrosa. O Mundial de Clubes soava quase irrelevante. A queda doeu, claro, mas poderia ser encarada como uma oportunidade de renovação — não como um julgamento definitivo sobre a força do elenco. Pois bem, essa ideia durou pouco…

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  • FBL-ESP-LIGA-ATLETICO MADRID-REAL MADRIDAFP

    Escolhendo errado os titulares

    O Atlético pode não ter o mesmo nível do PSG, mas deixou expostas exatamente as mesmas fragilidades do Real Madrid.

    O primeiro e mais evidente problema que Xabi Alonso terá de enfrentar repetidamente é a falta de equilíbrio na equipe. Pela primeira vez na temporada, o treinador escalou Mbappé, Vinícius Júnior e Jude Bellingham juntos desde o início. Reunir esse trio é, no mínimo, arriscado. Por mais que se fale em ajustes táticos e jogo posicional, a verdade é simples: os três não se encaixam bem em nenhum setor do campo.

    Houve lampejos de brilho individual, sim, mas quando o Real perdia a bola, o estrago era imediato. Chegava a ser quase cômico ver a facilidade com que o Atlético conseguia atacar. Mbappé não gosta de recompor. Vinícius e Bellingham também não. Assim, quando os rojiblancos partiam em contra-ataque, encontravam apenas oito jogadores atrás da linha da bola — uma defesa desorganizada e vulnerável. E, embora as bolas paradas tenham selado o destino do time, cada lance decisivo começou em transições rápidas e diretas.

    Foi um enredo repetido: o mesmo tipo de ataque que o Real Madrid vem sofrendo há mais de um ano. Xabi Alonso, afinal, acabou caindo na mesma armadilha em que seu antecessor, Carlo Ancelotti, tropeçou na reta final de sua passagem pelo Santiago Bernabéu.

  • Kylian Mbappe Real Madrid 2025Getty

    Se apoiando em Mbappé

    E esse é um dilema complicado de resolver. Muito provavelmente, Xabi Alonso terá de abrir mão de Bellingham ou de Vini em determinados jogos — sobretudo nos mais pesados. O recurso habitual do Real Madrid, porém, tem sido confiar no brilho individual de suas estrelas. E em Mbappé, contam talvez com o atacante mais decisivo do planeta.

    O francês começou a temporada em estado de graça. Alonso parece ter conquistado sua confiança, convencendo-o a atuar de forma mais centralizada e extraindo atuações mais consistentes do talismã da equipe. Contra adversários mais frágeis, isso ajudou a mascarar problemas coletivos. O Real Madrid não vinha apresentando um futebol brilhante, mas a capacidade de Mbappé de decidir em frente ao gol impediu que várias deficiências — e não são poucas — se tornassem fatais.

    Diante de um Atlético muito mais organizado, porém, ele não conseguiu carregar o time sozinho. É verdade que marcou um gol espetacular, fruto de uma infiltração precisa e finalização clínica. Mas isso não foi suficiente para salvar um Real em apuros.

    A partida também expôs sua falta de compromisso defensivo. Ancelotti, mestre em gerir egos, nunca encontrou uma solução para esse problema em jogos grandes. E, até agora, Alonso tampouco conseguiu. O gol foi digno de figurar em qualquer compilação de melhores momentos, mas, no plano coletivo, pouco acrescentou.

  • Atletico de Madrid v Real Madrid CF - LaLiga EA SportsGetty Images Sport

    Desequilíbrio no meio-campo

    O meio-campo também merece atenção. Até agora, Xabi Alonso vinha apostando em uma fórmula conhecida: Federico Valverde, Aurélien Tchouaméni e mais um — geralmente Arda Güler atuando como armador. Essa estrutura vinha dando conta do recado. Contra o Atlético, porém, que simplesmente congestionou a faixa central, mostrou-se insuficiente.

    Há várias razões para isso, e muitas delas passam por um certo inglês que há menos de um ano era apontado como candidato à Bola de Ouro.

    Bellingham não pode ser chamado de preguiçoso, mas tampouco tem um ritmo de trabalho excepcional. Ele ainda não domina os mecanismos defensivos de um camisa 10. Quando os atacantes não pressionam, ele parece perdido: não sabe se deve subir ou recuar. O resultado é uma atuação morna, pouco comprometida com a marcação, que deixa o Real Madrid vulnerável.

    Além disso, por mais inegável que seja seu talento, Bellingham demonstra incômodo evidente quando as coisas não saem a seu gosto. Frequentemente levanta os braços em frustração ou simplesmente deixa de acompanhar a jogada defensiva. O Atlético explorou essa indisciplina com eficácia.

    E há também a questão da forma de Federico Valverde. No ano passado, ele foi gigantesco — incansável na cobertura e ainda contribuindo ofensivamente. Nesta temporada, continua disposto a correr, mas parece menos explosivo. Se antes conseguia lidar sozinho com situações de dois contra um, agora já não consegue.

  • Carvajal Real MadridGetty Images

    Outras preocupações

    Há ainda outros pontos de preocupação. A situação na ponta direita continua instável e imprevisível. Güler começou aberto por ali contra o Atlético, mas ofereceu pouco em termos defensivos. É verdade que marcou um gol e deu uma assistência, mas passou grande parte do jogo à margem, sem conseguir influenciar de fato. Foi bastante caçado em campo e, embora demonstre a mentalidade certa, ainda parece um jovem em processo de adaptação.

    As lesões também complicam o cenário. Trent Alexander-Arnold se machucou nos primeiros cinco minutos da estreia do Real Madrid na Champions League e pode ficar fora até novembro. Dani Carvajal, por sua vez, sofreu uma lesão muscular no clássico e também deve desfalcar a equipe. É fácil arriscar diagnósticos de fora, mas a impressão é que o problema de Carvajal foi consequência direta do excesso de minutos em campo dias antes.

    Xabi Alonso precisa ainda olhar com urgência para a fragilidade da equipe em bolas paradas defensivas. O Real Madrid foi dominado nos cruzamentos no sábado e, mesmo contando com uma defesa alta, não conseguiu lidar com o movimento do Atlético. Talvez seja uma questão de comunicação ou posicionamento, mas, de qualquer forma, é um problema sério a ser corrigido. Ao menos, vivemos uma era em que especialistas em bolas paradas estão cada vez mais valorizados…

  • Edmilson of Kairat controls the ballGetty Images

    Kairat Almaty e a Champions League

    O significado de tudo isso não é simples de definir. A verdade é que o Real Madrid dificilmente será realmente testado pela maioria das equipes de LaLiga. Seja pela relutância em atacá-los, seja pela aura que Mbappé impõe — a sensação de que, mais cedo ou mais tarde, ele marcará —, tentar jogar de igual para igual contra o time de Xabi Alonso muitas vezes parece inútil.

    Ainda assim, há sinais de alerta claros. Se o Atlético conseguiu recuar, se fechar e explorar os contra-ataques, outros certamente também podem. E quando se trata dos grandes palcos — noites de Champions League, El Clásico — o Real corre sério risco de ser punido.

    E há ainda a partida desta terça-feira (30). O confronto com o modesto Kairat, do Cazaquistão, está sendo considerado o mais desequilibrado da história da Champions League — e provavelmente é. Mesmo assim, o clube precisou viajar 6.500 km para o jogo. E depois de uma derrota por 5 a 2, o que em tese deveria ser apenas uma vitrine para os reservas ganha um peso maior do que o esperado.

    O Real Madrid não vai perder. O elenco é forte demais para isso. Mas, de repente, cada atuação será analisada com lupa por uma imprensa que agora se mostra desconfiada. E quando os desafios voltarem a apertar — e eles voltarão —, caberá a Xabi Alonso encontrar soluções. Afinal, ele não pode se dar ao luxo de acumular novos “tropeços” como o do clássico de sábado.

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