Rayan: como o garoto do Vasco despertou o interesse de Barcelona, Arsenal e Liverpool

Rayan nasceu no Rio de Janeiro, em 2006, e demonstrou interesse pelo futebol assim que começou a andar, sempre guiado pelo pai, Valkmar, que também foi jogador profissional e passou pelas categorias de base do Vasco entre 1995 e 2000. Após pendurar as chuteiras, Valkmar trabalhou por um período nas divisões de base do clube e usou seus contatos para abrir as portas ao filho.

Segundo a ESPN Brasil, o Vasco recebeu Rayan em suas equipes de futsal quando ele tinha apenas seis anos. Nos cinco anos seguintes, o menino construiu fama de artilheiro nato, marcando impressionantes 292 gols. Depois, fez a transição para o campo e continuou encantando os treinadores, especialmente durante a campanha vitoriosa do sub-13 vascaíno na International Champions Cup Futures, superando Juventus, Benfica e Paris Saint-Germain até levantar o troféu.

Aos 15 anos, Rayan já estava muito à frente de sua geração. Em 2022, marcou 29 gols em 34 jogos pelo sub-17 e estreou pelo sub-20 na Copa São Paulo de Futebol Júnior, a Copinha, deixando sua marca logo na primeira partida. O Vasco sabia que tinha um diamante nas mãos e, em dezembro do mesmo ano, ofereceu ao garoto seu primeiro contrato profissional, válido até 2025 e com multa rescisória de 80 milhões de dólares (R$ 436 milhões), uma clara mensagem aos interessados.

O Vasco sabia que tinha mais um diamante em mãos e recompensou Rayan com seu primeiro contrato profissional em dezembro daquele ano, amarrando-o até 2025 e também inserindo uma cláusula de rescisão de $80 milhões para afastar quaisquer potenciais interessados.

O contrato preparou o terreno para um ano de estreia espetacular. No dia 20 de janeiro de 2023, Rayan tornou-se o jogador mais jovem a atuar pelo Vasco no século XXI, ao entrar em campo no empate por 1 a 1 com o Audax, pelo Campeonato Carioca, com apenas 16 anos e 170 dias.

Logo depois, foi convocado para o Campeonato Sul-Americano Sub-17, no Equador. A seleção brasileira conquistou o título com oito vitórias e um empate, e Rayan terminou como um dos artilheiros do torneio, com cinco gols, ao lado de Kauã Elias e do argentino Claudio Echeverri, hoje no Manchester City.

De volta ao Vasco, o jovem cheio de confiança marcou seu primeiro gol como profissional na derrota por 2 a 1 para o Internacional, em junho, tornando-se o jogador mais jovem a balançar as redes pelo clube neste século e o quarto mais jovem da história do Brasileirão, atrás apenas de Endrick, Jô e Anderson, ex-jogadores da seleção e com passagens por Manchester City e Manchester United.

Esse foi seu único gol em seis jogos do Brasileirão em 2023, mas, na temporada seguinte, Rayan entrou em campo 24 vezes, tornando-se peça frequente no elenco. Seu grande momento veio diante do Criciúma, quando marcou um belo gol de primeira para colocar o Vasco em vantagem por 2 a 1, embora o time catarinense tenha empatado no fim.

O atacante também teve papel importante na campanha vascaína até as semifinais da Copa do Brasil, mas acabou expulso no jogo de ida contra o Atlético-MG. Mesmo com a eliminação, ninguém o culpou: Rayan deixou boa impressão e amadureceu com a experiência.

Em janeiro, Rayan foi convocado para o Sul-Americano sub-20 e ajudou o Brasil a conquistar nosso 13º título da competição, marcando dois gols, sendo um deles fundamental no empate por 1 a 1 com a Argentina na segunda fase. Enquanto estava com a seleção, o Vasco trocou de treinador: saiu Fábio Carille e entrou Fernando Diniz, que rapidamente viu potencial no garoto.

A confiança de Diniz foi recompensada. Rayan marcou dois gols em dois jogos nas primeiras fases da Copa do Brasil e participou de cinco das seis primeiras rodadas da Série A. Mesmo com apenas sete pontos somados nesse início, o jovem manteve bom desempenho e consolidou seu espaço.

Sob o comando de Diniz, Rayan se tornou uma das referências do ataque vascaíno, chegando a 15 gols em 45 partidas somadas em todas as competições. Formou uma parceria sólida com o experiente Coutinho, que retornou ao clube em 2024. Entre seus gols mais marcantes estão o de pênalti na goleada histórica por 6 a 0 sobre o Santos de Neymar e os dois tentos no emocionante 4 a 3 sobre o Vitória, que ajudaram o Vasco a subir para o 11º lugar e se afastar da zona de rebaixamento.

Salvo uma queda brusca de rendimento, o Vasco deve garantir a permanência na Série A, e Rayan já é tratado como ídolo pelos torcedores. Mesmo assim, o jovem prefere exaltar o técnico Diniz. Quando questionado recentemente sobre uma possível convocação para a seleção principal, respondeu com humildade: “Se Deus quiser, estarei lá um dia. Desde que o Diniz chegou, sempre digo que ele tem sido como um pai pra mim. Tem me ajudado muito, conversa comigo todos os dias.”

Fernando Diniz também não tem economizado elogios ao falar publicamente sobre Rayan. “Acho que o Rayan, muito claramente, para mim é um jogador muito diferente. Considero ele talvez o atacante mais completo do futebol brasileiro”, declarou recentemente o treinador do Vasco. “É um jogador que consegue jogar dos dois lados do campo, consegue jogar de 10 e consegue jogar de 9 com a mesma desenvoltura. É um jogador grande, canhoto, rápido, jovem, é um jogador que não precisa tomar distância da bola para chutar e chuta de qualquer distância a bola no gol. Tem muita intimidade com o gol. Um atacante completo, é um cara que para mim merece ser olhado com muito carinho pela seleção. Porque é muito talentoso e tem um potencial gigantesco.”

Em outras palavras, Rayan é um atacante versátil, capaz de causar estragos de várias formas diferentes. Ele ataca a bola sem medo, sabe se posicionar muito bem nas infiltrações e aproveita sua velocidade impressionante para ser uma arma poderosa nos contra-ataques do Vasco.

O jovem também tem um porte físico acima da média, o que lhe permite se livrar facilmente dos defensores. Ao mesmo tempo, é um driblador ágil e habilidoso em espaços curtos. Como destacou Diniz, Rayan também representa uma ameaça constante nas bolas aéreas, uma das razões pelas quais desperta tanto interesse de clubes da Premier League, cada vez mais focados em estratégias de bola parada.

O pé esquerdo de Rayan é uma arma letal que intimida os adversários, mas o excesso de confiança nele é justamente seu maior defeito. Segundo a revista Scouted Football, a distância média dos 72 chutes do atacante nesta temporada é de 19,3 metros, o que gera apenas 0,08 de gols esperados (xG) por finalização.

Muitos ataques do Vasco acabam se perdendo porque Rayan arrisca de posições e ângulos improváveis, em vez de procurar um companheiro melhor posicionado. Para dar o próximo passo em sua evolução, ele precisará ser menos individualista e tomar decisões mais inteligentes em campo.

Uma mudança para o papel de centroavante pode ajudá-lo bastante, aproximando-o mais da área e das chances reais de gol. Hoje, ele ainda pega a bola com frequência aberto pelo lado esquerdo, onde o movimento de cortar para dentro e chutar já se tornou previsível para os marcadores.

Rayan divide com Hulk, ídolo do futebol brasileiro e hoje no Atlético-MG aos 39 anos, o posto de jogador com mais partidas tendo quatro ou mais finalizações na atual Série A do Brasileirão. Em seu auge, Hulk também se destacava pela força física e pelos gols espetaculares, sendo que marcou 11 gols em 49 jogos pela seleção e foi um dos protagonistas na Copa do Mundo de 2014.

O atacante teve passagens de sucesso por Porto e Zenit, mas nunca chegou a defender um dos gigantes da Europa. No melhor de seus dias, era capaz de decidir partidas sozinho, embora tenha sido considerado limitado demais para alcançar o nível “mundial”.

Os torcedores brasileiros esperam que Rayan siga mais os passos de Adriano, que aliava potência e técnica refinada, sendo apontado como um dos talentos mais completos de sua geração antes da queda precoce na carreira. Assim como o ex-astro da Inter de Milão, Rayan também é perigoso no jogo aéreo. Se conseguir adicionar mais calma e precisão às suas jogadas, tem potencial para trilhar caminho semelhante ao do “Imperador”.

De acordo com a ESPN Brasil, o Vasco já recebeu sondagens de Al Hilal e Al Nassr, da Arábia Saudita, mas Rayan tem como prioridade se transferir para a Europa. O clube carioca reconhece que será difícil segurá-lo após 2026, quando Aston Villa, Arsenal e Liverpool devem disputar sua contratação, enquanto o Barcelona continua de olho. Assim, o atacante pode acabar escolhendo entre as duas ligas mais prestigiadas do planeta quando a janela de transferências reabrir.

O Vasco, por sua vez, já estuda substitutos para a próxima temporada, e a ESPN afirma que a diretoria aceitaria negociar Rayan por cerca de € 20 milhões (R$ 129 milhões) — um valor considerado baixo para o potencial que o jovem demonstra.

Quem sabe, se a tão sonhada transferência se concretizar na janela do meio do ano e ele se adaptar rapidamente ao novo clube, Rayan possa até aparecer na Copa do Mundo do ano que vem. A disputa pela camisa 9 da seleção comandada por Carlo Ancelotti é intensa, mas o vascaíno pode surgir como uma opção-surpresa, já que é alguém capaz de oferecer algo diferente vindo do banco.

Nada parece fora de alcance para a joia da base cruz-maltina, desde que continue trilhando o caminho certo.