Quem venceu e quem saiu perdendo na Eurocopa feminina 2025

Sarina Wiegman fez história mais uma vez. Ela venceu as últimas três edições da Euro: com a Holanda em 2017, com a Inglaterra em 2022 e agora novamente com as Lionesses. Isso a coloca no mesmo nível de grandes nomes como Gero Bisanz e Tina Theune, que também têm três títulos, ambos com a Alemanha.

Mas o feito de Wiegman tem um diferencial importante. Ela venceu com duas seleções diferentes, em tempos em que o torneio está maior e mais competitivo. E o mais impressionante: nenhuma das seleções que ela comandou tinha vencido um grande torneio antes. A treinadora segue firme como um dos maiores nomes da história do futebol feminino.

No começo da Euro, parecia que Alexia Putellas seria o nome do torneio. Em ótima fase, a duas vezes melhor do mundo fez três gols e deu quatro assistências nos três primeiros jogos, mostrando por que a Espanha era uma das favoritas.

Mas nas fases finais, ela perdeu um pouco o brilho. Continuou jogando bem, mas sem aquele impacto esperado. E ser substituída aos 25 minutos do segundo tempo da final foi um duro golpe — ainda mais para alguém com o peso que ela tem no time.

No fim, a Euro terminou de forma amarga para Putellas. E isso pode acabar prejudicando até suas chances na Bola de Ouro.

É até estranho pensar que Chloe Kelly quase ficou fora da Euro. No início de 2025, ela mal jogava no Manchester City e chegou a ser deixada de fora da seleção inglesa pela primeira vez sob o comando de Wiegman.

Mas um empréstimo de seis meses ao Arsenal mudou tudo. Ela voltou a jogar com frequência, ganhou a Champions League, foi contratada em definitivo e ainda recuperou seu lugar nas Lionesses.

Mesmo sem começar nenhum jogo como titular, Kelly foi decisiva nas quartas, semifinais e final. Foi, sem dúvida, o torneio dela.

Quando a Espanha venceu a Copa do Mundo de 2023, poucos deram crédito ao então técnico Jorge Vilda, muito criticado por sua forma de gestão. Quando ele saiu, esperava-se que a equipe fosse ainda melhor com Montse Tomé. Mas isso não aconteceu.

Ex-assistente de Vilda, ela assumiu com desconfiança e ainda não conseguiu conquistar a confiança de todos. Em dois torneios importantes, com a Espanha como favorita, ela não conseguiu levar o time ao título.

Ela até teve bons momentos, como a conquista da Liga das Nações, mas problemas antigos reapareceram na Euro. As dúvidas sobre seu trabalho continuam.

Ninguém cresceu tanto na Euro quanto Michelle Agyemang. Antes do torneio, pouca gente conhecia a jovem de 19 anos — até mesmo na Inglaterra. Ela tinha jogado apenas uma temporada como profissional, emprestada ao Brighton, e tinha uma única partida pela seleção principal.

Mas o que ela fez na Euro foi enorme. Ela marcou o gol de empate nas quartas contra a Suécia e outro nas semifinais, nos acréscimos, contra a Itália, salvando a Inglaterra de ser eliminada.

Ganhou o prêmio de Jogadora Jovem do Torneio e agora é peça fundamental para Wiegman. O Arsenal também vai precisar pensar com carinho no que fazer com ela na próxima temporada.

Em sua primeira grande competição no comando da França, Bonadei fez mudanças ousadas. Deixou de fora nomes importantes como Renard, Le Sommer e Kenza Dali. Ao justificar, citou Einstein: “Insanidade é fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.”

Mas o resultado foi... o mesmo. Pela sétima vez em oito Euros, a França caiu nas quartas de final. E desta vez, com uma derrota decepcionante para uma Alemanha com uma jogadora a menos desde os 13 minutos do primeiro tempo.

As escolhas de Bonadei viraram alvo de críticas, e com Dali prometendo contar sua versão dos bastidores, a pressão sobre ele só aumenta.

Uma das histórias mais legais da Euro foi o desempenho da anfitriã Suíça. O time vinha de uma sequência ruim, com apenas uma vitória em nove jogos, e enfrentaria adversários que já tinham vencido ou empatado com eles recentemente.

Mas em casa, com o apoio da torcida, o time surpreendeu. Jogou bem, foi ofensivo e chegou às quartas de final. A derrota por 2 a 0 para a Espanha não diminui o orgulho pela campanha.

"Foi incrível", disse a capitã Lia Walti. "Nunca vimos apoio assim na Suíça. Espero que isso ajude o futebol feminino a crescer ainda mais por aqui."

Foi um desastre total para a Holanda. Campeã em 2017, a expectativa era grande, mas a equipe não passou nem da fase de grupos. Perdeu feio para Inglaterra e França, levando nove gols, e ficou fora das oitavas.

O técnico Andries Jonker já mostrava sinais de cansaço antes do torneio e chegou a dizer em podcast que pensava em desistir. Isso gerou atrito no elenco. Jogadoras como Spitse, Van de Donk e Egurrola criticaram publicamente suas decisões.

Agora, a Holanda terá um novo comando com Arjan Veurink, ex-assistente da Inglaterra. Hora de recomeçar.

O nível das goleiras foi um destaque à parte na Euro. Por muito tempo, elas foram subestimadas por falta de treinamento adequado. Mas agora, com maior profissionalização, os frutos começaram a aparecer.

Tivemos várias atuações memoráveis. Ann-Katrin Berger brilhou pela Alemanha, Hannah Hampton salvou a Inglaterra contra a Itália, e Cata Coll fez defesas incríveis na semifinal contra a Alemanha.

Outras como Jennifer Falk, Lisa Lichtfus e Kinga Szemik também se destacaram na fase de grupos. O torneio mostrou que as goleiras evoluíram — e muito.

É difícil avaliar o desempenho da Noruega. O time tem nomes fortes como Ada Hegerberg, Caroline Graham Hansen, Ingrid Engen e Frida Maanum, todas com sucesso em clubes. Mas a meta no torneio era só passar da fase de grupos, o que já mostra como as expectativas estavam baixas.

Elas passaram com três vitórias no Grupo A, o que foi um alívio. Mas a queda nas quartas de final, com um pênalti desperdiçado na derrota para a Itália por 2 a 1, deixou um gosto amargo.

A treinadora Gemma Grainger conseguiu levar a equipe mais longe do que nas últimas edições, mas ainda parece faltar algo para que o time realmente dispute títulos.

Mesmo com a eliminação na fase de grupos, o País de Gales teve bons momentos em sua estreia na Euro, e todos eles passaram por Jess Fishlock.

Ela é a maior jogadora da história do País de Gales — entre homens e mulheres. Já fez história na NWSL, a liga americana de futebol feminino, venceu a Champions duas vezes e, agora, enfim disputou um grande torneio com sua seleção.

Aos 38 anos, marcou o primeiro gol galês em uma Euro feminina e fez uma linda jogada para a assistência contra a Inglaterra. Uma despedida à altura da lenda que é.

Poucas jogadoras têm um histórico de lesões tão duro quanto Giulia Gwinn. Aos 26 anos, já sofreu duas lesões graves no joelho. Na estreia da Alemanha, ela se machucou de novo e, embora não tenha sido tão grave, ficou fora do restante do torneio.

Sua ausência foi sentida, ainda mais quando outras jogadoras da defesa também se machucaram ou foram expulsas. Mesmo assim, a Alemanha chegou até as semifinais, mostrando força.

Mas Gwinn, capitã e destaque do time, teve que assistir tudo do banco. Que ela volte firme na próxima temporada pelo Bayern de Munique.

Depois de campanhas ruins nos últimos anos, a Itália surpreendeu em 2025. Com o novo técnico Andrea Soncin, o time passou a jogar com mais ousadia e venceu até seleções grandes nos últimos meses.

Na fase de grupos, os italianos ainda mostraram nervosismo, mas conseguiram a classificação. Nas quartas, eliminaram a Noruega e chegaram à semifinal — feito inédito desde 1997.

Quase chegaram à final, perdendo para a Inglaterra nos minutos finais. Mesmo assim, foi uma campanha de orgulho e que pode marcar uma nova era para o futebol feminino italiano.

A Suécia de Peter Gerhardsson sempre foi competitiva. Desde 2017, chegou à semifinal de todos os torneios importantes. E nesta Euro, parecia que finalmente conquistaria o título.

Fez uma ótima primeira fase, goleou a Alemanha e vencia a Inglaterra por 2 a 0 nas quartas. Mas cedeu o empate no fim, perdeu nos pênaltis e deu adeus ao sonho.

Gerhardsson se despede com um bom legado, mas sem título. Uma pena para uma geração tão talentosa que sempre bateu na trave.