Quem vai rir por último? Enzo Maresca transformou o Chelsea em candidato a título e único que pode ameaçar o Liverpool

Por mais inesperado que seja, a positividade em torno do Chelsea agora é palpável. O apito final na vitória esmagadora sobre o Southampton com 10 jogadores no St. Mary's foi recebido com cantos de 'Nós temos nosso Chelsea de volta' da torcida visitante - talvez o maior endosso até agora do trabalho de Maresca, enquanto o clube finalmente se afasta do período mais sombrio de sua história moderna.

"Foi uma sensação muito boa (ouvir os cantos) especialmente porque você pode ver que eles estão felizes," disse o italiano depois. "É nosso objetivo. Trabalhamos todos os dias para mantê-los felizes. Esta noite foi uma sensação muito boa, especialmente aquela onde dizem 'Chelsea está de volta'. Isso é importante."

"Os resultados ajudam muito e acalmam o barulho em torno do clube. É uma boa sensação ver os torcedores felizes depois dos últimos dois anos, quando muitas coisas aconteceram. Você pode ver agora que a sensação deles é boa."

Os cinco gols que marcaram contra o Southampton levaram os Blues para a segunda posição na Premier League, à frente dos rivais londrinos Arsenal - a equipe amplamente considerada como a mais pronta para desafiar o Liverpool pelo título.

De fato, o produtivo ataque do Chelsea tem sido a espinha dorsal do seu inesperado sucesso nesta temporada. Sua atual média de gols por jogo de 2,6 (61 gols em 23 jogos) é a mais alta de toda a história do clube, enquanto estabeleceram um recorde em St. Mary's com seu total de xG (gols esperados) de 5,29 - o mais alto de qualquer equipe visitante desde que os registros começaram em 2008/09.

É claro que isso não deveria ser surpreendente, dado um arsenal ofensivo que inclui nomes como Cole Palmer, Nicolas Jackson, Christopher Nkunku e João Félix, entre muitos outros, mas ninguém poderia ter previsto que as coisas fossem tão bem e funcionassem tão rapidamente sob o comando de Maresca.

Os Blues puderam até se dar ao luxo de deixar seu segundo maior artilheiro da liga, Jackson, no banco durante toda a partida em Southampton, em um testemunho de seu poderio geral.

Como diz Maresca, há uma crescente sensação de que o 'Chelsea está de volta', emergindo como uma força ofensiva, jogando um futebol atraente e brigando no topo da tabela. Mas eles estão na disputa pelo título?

O treinador tinha sido categórico em sua resposta ao lidar com essa questão mais uma vez antes de enfrentar o Tottenham no domingo (duelo que terminou 4 a 3 para os Blues): "Estamos muito felizes pelos torcedores, absolutamente, porque eles merecem viver este momento. Eles podem sonhar. Estamos muito felizes. Trabalhamos todos os dias para também fazê-los felizes e orgulhosos dos jogadores. Eu disse muitas vezes, não acho que estamos lá ou prontos para competir com Arsenal, Liverpool e City."

Ele havia dito anteriormente: "A coisa boa é que estamos melhorando. Em breve, com sorte, poderemos estar lá. Com certeza, precisamos melhorar muitas coisas. Podemos atacar melhor, podemos defender melhor, mas para mim, o que precisamos é viver momentos para melhorar."

Quão 'em breve', só o tempo dirá, mas à medida que o Chelsea continua a crescer - ou recrescer em confiança e estatura, será interessante ver se a postura do técnico muda. Por enquanto, está claro que ele quer proteger sua jovem equipe de expectativas elevadas.

A portas fechadas, parece que os sentimentos de Maresca são compartilhados pela liderança do clube. Foi dito que a hierarquia do Chelsea não tem planos de rever as metas estabelecidas no início da temporada, que era brigar por um lugar entre os quatro primeiros e mostrar progresso em relação à temporada passada com um estilo de jogo novo e melhorado - coisas que estão sendo atualmente preenchidas.

Os jogadores, também, não estão se precipitando. Palmer foi tipicamente atrevido quando questionado sobre por que os Blues não poderiam ser considerados candidatos ao título após a vitória sobre o Aston Villa, revirando os olhos e dizendo: "Não, é muito cedo, cara. Estamos apenas começando esta temporada, então estamos apenas jogando."

Há a sensação de que todos estão remando na mesma direção: visando aquelas metas de pré-temporada e levando cada jogo como vem, com uma visão de sucesso a longo prazo. O treinador acredita que o Chelsea está preparado para um período de dominação.

"Ainda penso no que disse aos proprietários e aos diretores esportivos na primeira vez que os encontrei: por causa da idade (perfil dos jogadores), por causa de quão bom é o elenco... para mim, o Chelsea, nos próximos cinco a 10 anos, será uma das equipes ou a equipe que vai dominar o futebol inglês," disse ele recentemente.

Igualmente, a mensagem nos bastidores certamente será de arriscar tudo a partir deste ponto e ver o que acontece. Os inícios fracos dos presumidos candidatos ao G4, Manchester United, Tottenham, Aston Villa e Newcastle, significam que os Blues já estão em posição de vantagem para alcançar seu sonho de uma vaga na Champions League, atualmente seis pontos à frente do Nottingham Forest, que está em quinto lugar.

Os recentes problemas do Manchester City deixaram a porta aberta, com a responsabilidade atualmente sobre o Liverpool de manter o alto nível pelo restante da temporada. Apenas quatro pontos atrás dos Reds agora e um jogo a mais, ainda há um longo caminho a percorrer para os Blues.

Com jogos contra Everton, Ipswich e Crystal Palace entre aqueles que virão na sequência, o Chelsea tem a chance de pegar ainda mais impulso durante o congestionado período festivo, especialmente porque sua profundidade de elenco é maior do que a de muitos dos seus concorrentes.

Muito dependerá da capacidade do City reencontrar seu melhor futebol, mas em segundo na tabela à frente do Arsenal, os londrinos do oeste estão tão bem colocados quanto qualquer um para tentar a sorte nos próximos meses.

No entanto, o fato de ter um elenco repleto de talento pode rapidamente se tornar uma maldição. O Chelsea tem o grupo mais jovem da Premier League e, embora estejam jogando com uma exuberância juvenil e sem medo, isso pode apresentar outros problemas no futuro.

O maior desafio de Maresca nesta temporada pode muito bem vir internamente, enquanto ele tenta manter todos felizes. Palmer, Madueke, João Félix e Jadon Sancho já demonstraram que possuem grandes egos, sendo que os dois últimos tiveram desentendimentos com seus técnicos anteriores devido à falta de tempo de jogo no Atlético de Madrid e Manchester United, respectivamente.

O treinador italiano tem lidado bem com essa tarefa até agora, embora permaneça a ser visto por quanto tempo ele pode alternar entre suas chamadas equipes 'A' e 'B' sem perturbar a paz.

Suas rotações contra Aston Villa e Southampton sugerem que talvez ele esteja começando a olhar para um cenário maior, com Moisés Caicedo sendo utilizado como um lateral invertido para acomodar Roméo Lavia e tanto Nkunku quanto João Félix retornando à disputa.

Quanto tempo durará a harmonia? Ninguém sabe. Mas pelo menos por enquanto, todos no Chelsea parecem estar remando na mesma direção.

Maresca, por exemplo, sabe que o Chelsea está adiantado em seu desenvolvimento. "Com certeza (estamos além das expectativas). Eu disse que em termos de pontos e da maneira como queremos jogar com e sem a bola, estava 100% convencido de que alcançaríamos este momento, mas não tão cedo."

Após derrotas para o Manchester City e Liverpool e empates com Arsenal e Manchester United, o Chelsea confirmou seu favoritismo pela primeira vez nesta temporada contra um dos chamados 'Big Six' ao vencer de virada o Tottenham no domingo por 4 a 3 e mostrar mais um indicativo de seu progresso.

"Levamos cada jogo como uma referência", disse Maresca em sua coletiva de imprensa antes do jogo. "Tentamos fazer as coisas melhor a cada jogo. Nossa referência é dia a dia, as sessões de treinamento. Podemos ver claramente que os jogadores estão felizes e se divertindo. Cada jogo é um teste para nós."

O Chelsea desafiou a lógica e as expectativas até agora nesta temporada e esta vitória convincente no norte de Londres fortaleceu mais um pouco suas improváveis aspirações ao título - estejam eles prontos para admitir isso ou não.