Quem diria! Luke Shaw é o messias que pode salvar o Manchester United e Erik ten Hag

Marcus Rashford conquistou o prêmio de Jogador do Ano do United na temporada passada, em votação pelos torcedores. Ele também recebeu o prêmio Jogador do Ano do Clube, recebendo reconhecimento por sua melhor temporada com a camisa vermelha dos Red Devils.

No entanto, muito disso só foi possível graças a Shaw. As corridas ofensivas do defensor atraíam defensores adversários para fora de posição, permitindo que Rashford cortasse para o meio ou se movimentasse para a a grande área, dando chance para arrematar ou quebrar as linhas com um passe vertical.

Sem Shaw, Rashford não conseguiu fazer essas mesmas incursões. O atacante marcou apenas uma vez em 14 partidas desde a lesão do defensor e teve muita sorte de manter seu lugar na escalação de Ten Hag.

Diogo Dalot, Victor Lindelöf e Sergio Reguilón substituíram Shaw, mas nenhum deles mostrou essa mesma sintonia com Rashford. Como resultado, o United praticamente não incomodava pelo flanco esquerdo, de onde veio a maioria de seus gols na temporada passada.

Rashford tem sido culpado por correr demais com a bola na tentativa de criar oportunidades e chutar de posições pouco usuais. Sua confiança está totalmente abalada, e o retorno de Shaw cai como uma luva. A dupla construiu uma das parcerias mais eficazes no futebol inglês na temporada de estreia de Ten Hag, e não há motivo para não se apoiar nela novamente.

O United desembolsou £72 milhões (cerca de R$ 444,8 milhões, atualmente) para trazer Hojlund para o Old Trafford junto à Atalanta, um investimento significativo considerando sua falta de experiência. Até agora, a aposta não deu certo. Hojlund passou nove jogos consecutivos na Premier League sem marcar um gol sequer e parece estar tendo dificuldades com o ritmo do futebol inglês.

A dedicação do atacante dinamarquês não pode, de fato, ser criticada, mas há muitos aspectos no seu jogo que ainda precisam ser aprimorados. Ir atrás de Harry Kane teria feito mais sentido, e deve haver uma parte de Ten Hag que se arrepende dessa decisão, vendo o ex-jogador do Tottenham quebrando recordes em seus primeiros meses no Bayern de Munique.

Isso não quer dizer que Hojlund seja uma causa perdida, no entanto. Na verdade, é natural pensar que o jovem de 20 anos ainda possa atingir um nível semelhante ao de Kane no futuro. Hojlund marcou cinco gols em quatro jogos da Liga dos Campeões até agora, e suas movimentações nas jogadas de ligação têm sido geralmente muito impressionantes. O dinamarquês também é inteligente em seu movimento sem a bola, mas muitas dessas corridas têm sido ignoradas na criação de jogadas.

Recentemente, o ex-zagueiro do United Rio Ferdinand comparou a situação de Hojlund com a de Ruud van Nistelrooy depois da chegada de Cristiano Ronaldo ao clube, em 2003. "Ruud van Nistelrooy quase fez Cristiano Ronaldo chorar um dia. Ele falou: 'Como posso fazer minhas corridas se você não cruza a bola?' É assim que Hojlund deve se sentir agora com os jogadores de lado com os quais está jogando," disse em seu canal no YouTube, FIVE.

Os Diabos Vermelhos não têm jogado de acordo com as habilidades de Hojlund. Ele ainda não jogou com Shaw e deve estar ansioso pela perspectiva de receber mais apoio pelos lados. Shaw realizou mais cruzamentos na área do que qualquer outro jogador do United em 2022/23 e também liderou em passes para o último terço do campo.

Ele provavelmente teria liderado em assistências também se tivesse tido um melhor centroavante para finalizar. Nas próximas semanas, finalmente terá alguém assim, e não será surpresa se a produção de Hojlund aumentar.

Shaw é amplamente considerado um dos melhores laterais-esquerdos do ramo,principalmente por sua qualidade com a bola e força nos duelos individuais. Ele tem mais a oferecer ao United nessa posição, mas Ten Hag também o experimentou como zagueiro central - com resultados impressionantes.

Onze das partidas de Shaw pelo United na última temporada foram no centro da defesa, já que o treinador holandês o preferiu ao invés de Harry Maguire. O inglês foi muito bem nos cortes, mas foi sua saída de bola que se destacou mais.

Ten Hag sempre destacou a importância de seus zagueiros jogarem pelas linhas para garantir uma construção em ambos os lados do campo. Shaw entregou esses passes verticais repetidas vezes e também mostrou apoio nos contragolpes.

Com a expectativa de que Martinez fique de fora até o início do ano, Shaw pode ser a melhor opção para ser parceiro de Maguire, que recuperou seu lugar como zagueiro pelo lado direito nas últimas semanas. Ele oferece muito mais do que Lindelöf e o recém-chegado Jonny Evans, ambos carecendo da habilidade técnica para se movimentar.

Quando o United perde jogos, o treinador fica sob os holofotes. Ten Hag aprendeu isso mais rápido do que a maioria, depois de iniciar seu reinado com derrotas consecutivas para Brighton e Brentford. Os Diabos Vermelhos também sofreram derrotas pesadas contra Manchester City, Liverpool e Sevilla, mas a campanha passada foi considerada um sucesso porque terminou com um troféu e a classificação para a Liga dos Campeões.

Todos os jogadores pareciam estar apoiando o holandês, e, pela primeira vez desde a saída de Ferguson, em 2013, havia uma sensação real de que o United estava indo na direção certa. E ninguém acreditava mais nisso do que Shaw.

"É claro ver o que ele trouxe e como mudou a maneira como pensamos, como jogamos", disse o lateral, à Sky Sports, no final de maio. "Acho que ele quer trazer muita intensidade. Tudo o que ele quer que a equipe faça é com alta intensidade - ele quer que sejamos agressivos na frente, pressionando o máximo possível".

Concluiu: "Com a bola, ele nos fez melhores. Temos que estar, com essa equipe, brigando pelo título. Nosso objetivo no início da próxima temporada deve ser vencer a Premier League e a Liga dos Campeões. É assim que devemos pensar a partir de agora".

Shaw também pediu novas contratações, e Ten Hag conseguiu trazer Hojlund, Mount, Onana, Reguilón e Sofyan Amrabat nesta última janela. O United, então, começou a temporada com uma vitória difícil em casa sobre o Wolverhampton e a derrota para o Spurs, que teve como protagonista a lesão de Shaw.

Mas Ten Hah nunca imaginaria que a equipe cairia tanto de ritmo desde então. Os Red Devils perderam completamente sua identidade, e muitas das contratações de Ten Hag, deste ano e do ano passado, estão ou abaixo do esperado ou claramente já passaram do auge.

Isso sem contar alguns problemas de vestiário emergindo - do tipo que minou a autoridade de treinadores anteriores, como Ralf Rangnick, Ole Gunnar Solskjaer e José Mourinho. Consequentemente, a imprensa entendia que Ten Hag não desfrutava mais da mesma confiança de seus jogadores.

Neste momento, parece ser uma tarefa bem complicada reverter a situação. Mas Shaw ainda deve ser um forte aliado, dado o fato de ter sido ausência nessa maior parte do período turbulento. Sua opinião sobre Ten Hag provavelmente não mudou, e ele deve desempenhar um papel fundamental em fazer o restante do elenco voltar a acreditar no treinador.

O United pode não ser capaz de alcançar os objetivos ambiciosos que foram estabelecidos antes da temporada começar, mas ainda há muito jogo em 2023/24.

É um impulso enorme para todo o clube que Shaw esteja disponível novamente, e Ten Hag já confirmou que planeja colocá-lo de volta no time titular. O treinador disse, durante coletiva de imprensa na quinta-feira (23): "Shaw treinou nestas duas semanas com a equipe. Esperamos bastante que ele possa retornar ao elenco para o jogo de domingo".

A Data Fifa veio no momento perfeito para Shaw, que pôde ganhar ritmo no campo de treinamento sem se preocupar com o risco de um novo problema muscular. Mas seria de grande sabedoria de Ten Hag reintegrar o lateral gradualmente.

Nos primeiros anos da passagem pelo United, uma série de lesões graves incomodou o lateral. Parecia que toda vez que ele tentava voltar surgia um novo problema que o fazia voltar à estaca zero.

Isso mudou ao longo das últimas quatro ou cinco temporadas, tornando-se um jogador muito mais robusto e capaz de lidar com as exigências de um clube da Premier League. Mesmo assim, recolocá-lo rapidamente no time titular ainda não é das ideia mais sensatas, considerando esse histórico.

O encontro com o Everton neste fim de semana provavelmente será complicado - será a primeira vez do time de Sean Dyche indo a campo após a dedução de dez pontos. Os Toffees devem entrar com a faca entre os dentes, almejando sair imediatamente do Z-3.

Será, claro, tentador escalá-lo desde o início. Ten Hag tem a confiança da diretoria do United, mas outra derrota constrangedora o colocará novamente à beira do precipício. Ele também precisa manter um olho na decisão de quarta-feira (29), contra o Galatasaray, pela Champions. Essa é realmente uma partida que o United precisa vencer - e talvez valha não arriscar e ter Shaw 100% para esse embate na Turquia.

E, claro, os Red Devils devem precisar contar com Shaw se quiserem salvar a temporada. E, se conseguirem, talvez o lateral finalmente receba o reconhecimento que há tanto tempo merece.