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Federico Chiesa Juventus to Liverpool GFXGOAL

A queda de Federico Chiesa: como o herói da Itália na Euro 2020 virou opção para a reserva do Liverpool

Federico Chiesa tinha apenas 22 anos quando inspirou a Itália a vencer a Euro 2020. Para um jogador que vinha de uma brilhante temporada de estreia na Juventus, o estrelato estava à vista. O ex-jogador Alessio Tacchinardi estava entre aqueles que o indicaram para disputar a Bola de Ouro "em três ou quatro anos".

Infelizmente, a carreira de Chiesa tomou um rumo muito diferente desde então. O esperado líder da era pós-Cristiano Ronaldo na Juventus agora é considerado dispensável em Turim pelo novo técnico, Thiago Motta.

De fato, a Velha Senhora estava tão desesperada para se livrar do jogador, que custou €60 milhões em 2020, que estavam dispostos a se desfazer dele por menos de um quarto desse valor. Notavelmente, Chiesa teve muito poucos interessados – pelo menos entre a elite da Europa – com muitos clubes aparentemente temerosos com seu histórico recente de lesões.

No entanto, faltando menos de 48 horas para o fechamento da janela de transferências, o Liverpool concordou em contratar Chiesa por apenas £11 milhões (R$80,8 milhões). É um movimento surpreendente e, de certa forma, estranho, mas também pode se revelar a contratação da temporada...

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  • Chiesa Italy Euro 2020Getty Images

    "Impossível pará-lo"

    Após suas grandes atuações em Wembley há três anos, primeiro contra a Espanha e depois na vitória da Itália sobre a Inglaterra na final, Chiesa se tornou um dos jogadores mais cobiçados do futebol mundial. O Bayern apareceu como muito interessado, com o então treinador Julian Nagelsmann não escondendo sua admiração pelo ponta. "Conheço Chiesa há muito tempo", disse o alemão ao Bild, "e acho ele excepcional porque muitas vezes vai para o um contra um e, em seguida, tenta finalizar muito rapidamente."

    Havia conversas de que os bávaros fariam uma oferta de €100 milhões por seus serviços, mas, para a Juve, Chiesa era inestimável. Ele seria o líder de seu novo projeto, o driblador brilhante que admirava a ética de trabalho de Cristiano Ronaldo e desenvolveu uma habilidade semelhante de se destacar nos maiores jogos.

    "Depois de uma temporada na Juve com Federico, isso não é mais uma surpresa para mim," disse o ex-colega de equipe Gigi Buffon à Gazzetta dello Sport após a Euro, "mas não era óbvio, quando ele, chegou que ele seria capaz de jogar em um nível tão alto em um torneio como a Eurocopa. Mas ele foi inacreditável. Na final contra a Inglaterra, era impossível pará-lo".

    "Quando ele se juntou à Juve, eu não achava que ele era tão bom, tenho que ser honesto, mas se você faz essas coisas em um nível tão alto, então isso significa que você é realmente especial."

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  • Federico Chiesa Juventus 2024Getty Images

    Lesões e problemas com Allegri

    Mas o desenvolvimento de Chiesa foi cruelmente interrompido por uma terrível falta de sorte. Não apenas ele foi atormentado por lesões incessantes - ficou afastado em 17 ocasiões diferentes nas últimas três temporadas - como também teve o infortúnio de ter Massimiliano Allegri como treinador.

    Chiesa marcou 14 vezes durante sua primeira temporada na Juve, mas desde então conseguiu apenas 18 gols. A drástica queda na produtividade pode ser parcialmente atribuída à ruptura do ligamento cruzado que sofreu em janeiro de 2022, que o afastou por 10 meses, mas as táticas questionáveis de Allegri causaram tanto sofrimento quanto as lesões.

    A Juve se tornou quase impossível de assistir em praticamente todos os jogos do segundo período de Allegri em Turim, com o treinador adotando uma mentalidade limitada ao gerir o maior clube do país. O resultado líquido foi o desperdício de jogadores talentosos em um sistema inadequado para suas habilidades, como Dusan Vlahovic, por exemplo, que muitas vezes ficava completamente isolado enquanto os jogos passavam por ele.

    Chiesa, porém, foi a maior vítima do "anti-futebol" de Allegri. Um dos pontas mais empolgantes do mundo foi repetidamente deslocado para o centro do ataque, e sempre que ele se movia para as pontas, o técnico era visto gritando para que Chiesa voltasse para o meio.

    Consequentemente, o frustrado atacante era substituído por não fazer o que lhe era pedido - geralmente por volta dos 15 minutos do segundo tempo - e sua insatisfação era evidente. De fato, em uma ocasião na última temporada, ele foi visto balançando a cabeça enquanto lamentava: "Eu sou sempre o primeiro a ser substituído!"

  • Thiago Motta Verona JuventusGetty Images

    Novo técnico, nenhuma diferença

    Nesse contexto, a demissão muito esperada de Allegri deveria ter sido uma boa notícia para Chiesa, especialmente porque o substituto Thiago Motta, é um técnico muito mais progressista, que dependia fortemente dos pontas durante o ápice no Bologna, que terminou com a classificação histórica do Rossoblu para a Liga dos Campeões pela primeira vez.

    Os Bianconeri começaram perfeitamente a nova temporada da Serie A sob o comando de seu novo treinador, com jogadores como Samuel Mbangula, Andrea Cambiaso e Timothy Weah se destacando nas pontas do 4-2-3-1 de Motta. No entanto, com todo o respeito a esses três jogadores, nenhum deles chega perto do talento de Chiesa.

    Só que o ponta também deve assumir parte da responsabilidade por sua saída da Juve. Afinal, os Bianconeri estavam interessados em renovar seu contrato, mas basicamente nos mesmos moldes do acordo anterior. O agente de Chiesa negou que estivesse buscando um aumento salarial significativo para seu cliente, mas é claro que as duas partes tinham visões completamente diferentes sobre o valor do atleta, tornando a separação inevitável.

  • Federico ChiesaIMAGO

    Quase de volta ao seu melhor?

    Daniele De Rossi aparentemente insistiu muito para que a Roma contratasse Chiesa, mas o dinheiro continua escasso e os Giallorossi não estavam em posição de oferecer ao atacante a disputa da Liga dos Campeões. O Barcelona estava, mas os próprios problemas de fluxo de caixa dos catalães os excluíram da corrida pelo ponta-esquerda que procuravam, e a retirada deles abriu caminho para o Liverpool fazer a contratação "oportunista" da qual Richard Hughes havia falado pouco depois de sua chegada como novo diretor esportivo do clube.

    Não é surpreendente que haja algum ceticismo em torno do negócio, a maior parte relacionada à forma física de Chiesa. No entanto, é importante notar que Chiesa participou de 33 dos 38 jogos da Serie A da Juve na temporada passada - o maior número de partidas que ele conseguiu em uma única campanha de liga desde que estava na Fiorentina.

    Ele também marcou 10 gols em todas as competições, ao mesmo tempo em que criou mais chances (61) e completou mais dribles (39) do que qualquer outro jogador da Juve, o que sugere que Chiesa realmente se recuperou totalmente de sua lesão no ligamento cruzado anterior.

    "A lesão desacelerou minha carreira, mas me ensinou muito", disse Chiesa à France Football após a atuação que lhe rendeu o prêmio de melhor em campo contra a Albânia na Euro 2024. "Antes, eu provavelmente era um jogador mais instintivo, mais impulsivo, e talvez meu estilo tenha mudado um pouco - mas não minha velocidade. Agora estou voltando a estar muito próximo do nível que estava antes da lesão."

  • Ipswich Town FC v Liverpool FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    Onde ele se encaixa em Anfield?

    Claro, muitos estão se perguntando onde um Chiesa totalmente recuperado se encaixa em Anfield. Se há uma área onde o Liverpool está bem servido, é nas pontas. Os titulares Mohamed Salah e Luis Díaz começaram a temporada muito bem, enquanto Cody Gakpo, Darwin Núñez e até Diogo Jota são todos capazes de atuar pelos lados. No caso de Gakpo, a ponta esquerda é provavelmente sua melhor posição - e o mesmo se aplica a Chiesa.

    Alguns torcedores estão se perguntando por que a diretoria passaram a última semana do mercado contratando outro jogador ofensivo, quando o elenco ainda clama por um primeiro volante e um zagueiro canhoto.

    É certamente uma pergunta válida, mas, assim como no único outro negócio que o Liverpool realizou nesta janela, com Giorgi Mamardashvili, que chegará do Valencia em 2025, Hughes pode estar planejando com antecedência. Salah está com o contrato acabando no fim da temporada e, embora as esperanças permaneçam altas de que o egípcio acabará renovando, os Reds podem estar vendo Chiesa como um plano de contingência de baixo custo.

    É certamente difícil afastar a suspeita de que pelo menos alguém do ataque do Liverpool sairá mais cedo ou mais tarde, seja Salah ou outro jogador. Díaz há muito está ligado a uma transferência para a Espanha, enquanto Darwin certamente não deve estar satisfeito com o início da temporada, do jeito que terminou a anterior: no banco de reservas.

  • FEDERICO CHIESA ITALY 06072021Getty Images

    Risco não, uma obrigação

    Diante desse nível de incerteza em torno dos grandes nomes, contratar Chiesa faz muito sentido para o Liverpool. Eles trouxeram um campeão de Eurocopa que mostrou sinais de recuperar seu melhor futebol na última temporada - e pelo mesmo dinheiro que pagaram ao Swansea por Fabio Borini há 12 anos.

    Nesse contexto, Hughes pode argumentar com razão que a contratação de Chiesa não foi um risco que valia a pena assumir, mas uma obrigação. É raro que um talento de alto nível, uma vez considerado um jogador de €100 milhões, se torne disponível por um décimo desse valor enquanto ainda está nos anos de auge de sua carreira.

    Há circunstâncias atenuantes, é claro, e as reservas sobre suas questões de lesão não são infundadas - longe disso, na verdade - mas Chiesa chega a Anfield com um nível impressionante de inglês e mais do que suficiente habilidade e motivação para deixar a frustração dos últimos três anos bem para trás.

    O Liverpool pode não ter contratado um futuro vencedor da Bola de Ouro, mas eles podem ter conseguido o maior negócio da janela.

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