PSG, Guardiola e os vencedores e os perdedores da temporada 2024/25 na Europa

Independentemente do que se pensa sobre o projeto no Paris Saint-Germain, uma coisa com que todos podemos concordar é que Luis Enrique não é apenas um ótimo treinador, ele também é um ser humano decente. Foi bonito ver os torcedores do PSG exibirem um grande bandeirão na Allianz Arena no sábado dedicado à Xana, filha do técnico que tragicamente faleceu aos nove anos em 2019.

Também foi bom ver o espanhol receber algum reconhecimento há muito devido, depois de se tornar apenas o segundo treinador a ganhar uma Tríplice Coroa com dois clubes europeus diferentes.

"Ele merece ser mencionado ao lado de Carlo Ancelotti, José Mourinho ou Pep Guardiola? A resposta é sim," disse o ex-capitão do Liverpool Steven Gerrard na TNT Sports. "Este time que ele criou e montou no último um ou dois anos pode te vencer de qualquer maneira. O talento em todo este elenco - é um grupo especial de jogadores e eles estão sendo treinados por uma pessoa especial também."

Geralmente, o surgimento de um time jovem empolgante é motivo de celebração - e não há como negar que o Chelsea se mostrou uma força exuberante a ser reconhecida nesta temporada, garantindo um retorno à Champions League antes de vencer a Conference. Há também muitos pontos positivos na maneira como Moisés Caicedo, Enzo Fernández e, em particular, Cole Palmer jogam. No entanto, o sucesso do Chelsea não é bem-visto por muita gente - simplesmente por causa da forma como eles conseguiram isso.

Os proprietários do clube se autointitulam 'disruptores' e, sem dúvida, viraram o mercado de transferências de cabeça para baixo ao pagar valores exorbitantes por tantos jovens, distribuindo contratos absurdamente longos (enquanto puderam) e criando elencos inchados para forçar implacavelmente jogadores indesejados a sair do clube.

E o terrível é que, essa estratégia inusitada funcionou. Enquanto outros clubes se viram limitados por regulamentos financeiros, o Chelsea os driblou explorando brechas e efetivamente vendendo seus próprios ativos para eles mesmos.

Consequentemente, foi impossível para alguns se empolgarem ao ver o elenco mais caro do futebol vencer o Betis em Breslávia na quarta-feira, já que o Chelsea contava com dois jogadores (Caicedo e Enzo) valendo mais do que todo o elenco de Manuel Pellegrini somado (£84,5M), o que serviu apenas para lembrar que o dinheiro ainda pode comprar sucesso, não importa o quão incompetente sejam as pessoas que o gastam.

De fato, o jogo na Polônia realmente provou que, se você joga bastante coisa numa parede, alguma parte vai grudar - e isso certamente não é algo a se comemorar.

Total transparência: temíamos por Hansi Flick antes da temporada começar. Afinal, o Barcelona havia demitido Xavi nas circunstâncias mais deselegantes - e menos de um ano depois de ele ter vencido LaLiga. Portanto, tínhamos sérias preocupações sobre o que poderia acontecer se a equipe de Flick não começasse bem.

No entanto, não precisávamos ter nos preocupado. Flick e sua equipe técnica rapidamente colocaram o Barça em forma, tornando-os mais aptos e, assim, melhores do que jamais foram sob o comando de Xavi - e vários de seus antecessores. De fato, não vimos um time do Barça tão forte desde os vencedores da Tríplice Coroa com Luis Enrique, e não houve uma equipe mais emocionante de se assistir na Europa há anos.

Com sua linha incrivelmente alta e uma maravilhosa variedade de atacantes, o Barça praticamente garante gols, como tão emocionante foi sublinhado pela épica semifinal da Champions League contra a Inter de Milão. Os catalães perderam aquele duelo em San Siro, mas sua abordagem de alto risco foi recompensada na Espanha, com o Barça vencendo o Campeonato Espanhol, a Copa do Rei e a Supercopa - repetidamente superando o rival Real Madrid, o que só tornou o sucesso desta temporada ainda mais doce para os torcedores.

O Barça ainda tem muitos problemas fora de campo, mas tem poucos problemas em campo graças a Flick, que fez um trabalho incrível em meio a todo o caos e controvérsia que cercam o clube.

Newcastle 1995/96, Inter 2001/02, Real Madrid 2003/04, Liverpool 2013/14, Botafogo 2023 - e agora Ajax 2024/25 deve ser adicionado à lista dos maiores colapsos que o futebol já viu.

É obviamente um título duro e geralmente há circunstâncias atenuantes, mas às vezes é realmente apenas uma questão de times sucumbirem sob a pressão de tentar garantir um título - e isso é indiscutivelmente verdade para o Ajax.

Quando os comandados de Francesco Farioli venceram por 2 a 0 em Eindhoven no dia 30 de março, eles ficaram nove pontos à frente dos anfitriões PSV com apenas sete rodadas restantes. Os jogadores do Ajax insistiram que nada estava decidido e eles estavam, claro, corretos. Mas até Luuk de Jong admitiu que o PSV havia deixado muito terreno para recuperar: "Acho que nunca aconteceu antes de um time ser ultrapassado com uma liderança tão grande e com tão poucos jogos restantes," disse o capitão.

A probabilidade de o PSV alcançar o Ajax diminuiu ainda mais depois que os líderes vieram de um gol atrás em 13 de abril para vencer o Willem II e manter sua vantagem de nove pontos com cinco jogos restantes. No entanto, o que se seguiu foi um colapso de proporções épicas, já que o Ajax não conseguiu vencer nenhum dos quatro jogos seguintes no Campeonato Holandês, permitindo assim que o PSV os substituísse no topo da tabela antes de garantir o título com uma vitória na última rodada sobre o Sparta Rotterdam.

De Jong estava em um estado de descrença jubilosa: "Depois de ficarmos nove pontos atrás, já tínhamos desistido!" Farioli, no entanto, estava em lágrimas e se demitiu logo após não conseguir parar uma das quedas mais inesperadas na história do futebol.

Ao justificar a decisão do Liverpool de dar a Mohamed Salah um novo contrato apenas alguns meses antes de ele completar 33 anos, Arne Slot apontou que "os pontas estão se tornando cada vez mais importantes no futebol moderno" - e isso não é apenas verdade, é empolgante.

Se a Champions League desta temporada não fez mais nada, ela enfatizou a importância da penetração pelos lados. O retorno de Bukayo Saka à forma física provou ser fundamental para o Arsenal passar pelo Real Madrid nas quartas de final, enquanto Lamine Yamal e Raphinha foram as principais razões pelas quais o Barcelona chegou até as semifinais. Yamal foi tão bom, de fato, que o técnico da Inter, Simone Inzaghi, teve que colocar três jogadores marcando o garoto no jogo de ida da emocionante semifinal!

No entanto, nenhuma equipe ilustrou melhor o valor dos dribladores pelos lados do que o campeão Paris Saint-Germain. Luis Enrique ama tanto os pontas que, de fato, decidiu colocar três em sua formação inicial (Bradley Barcola, Ousmane Dembélé e Désiré Doué) antes de contratar outro (Khvicha Kvaratskhelia) durante a janela de transferências de janeiro - e os resultados foram tão espetaculares que o PSG foi amplamente celebrado por todos que estavam profundamente preocupados com os efeitos do 'Guardiolismo' no futebol.

Após a triste morte do tradicional camisa 10, que causou a homogeneidade tática da última década, a ressurreição dos pontas surgiu como um desenvolvimento extremamente bem-vindo.

Todas as coisas boas chegam ao fim - e mais rápido do que nunca no futebol moderno. Há apenas um ano, estávamos elogiando o Bayer Leverkusen por uma dobradinha doméstica invicta. Graças ao gênio tático de Xabi Alonso, às contratações astutas de Simon Rolfes e tanto ao brilhantismo quanto à resiliência de um grande grupo de jogadores, o 'Neverkusen' tornou-se 'Neverlusen'.

Infelizmente, um time tão formidável sempre seria desmontado pela elite da Europa e, no momento da escrita, o Leverkusen já viu Alonso sair para o Real Madrid, Jonathan Tah concordar em se juntar ao Bayern de Munique e Jeremie Frimpong ser contratado pelo Liverpool, enquanto Florian Wirtz parece também a caminho dos Reds.

É justo dizer, então, que a escolha do ex-treinador do Manchester United Erik ten Hag como sucessor de Alonso não fez muito para animar os espíritos de um conjunto de torcedores ainda no processo de luto por tantas saídas devastadoras.

Nunca na história do Campeonato Italiano com 20 clubes um time havia vencido o título na temporada depois de terminar tão baixo quanto em 10º - até que Antonio Conte chegou ao Napoli.

E o fato é que ninguém ficou nem um pouco surpreso, porque isso é o que Conte faz. Ele assume times em total desordem e os transforma em campeões. Ele fez isso na Juventus. Ele fez isso no Chelsea. E agora ele fez de novo no Napoli. Basicamente, se este homem tem uma semana para preparar jogos, ele é praticamente imparável.

Claro, havia a chance de ele deixar o Partenopei no meio do ano, e resta saber quanto tempo um personagem tão temperamental pode trabalhar sob outro parecido como é Aurelio De Laurentiis. Mas, de certa forma, isso não importa. Conte já entregou apenas o quarto título italiano ao povo de Nápoles e cimentou seu status como um dos maiores treinadores da história do futebol italiano, sendo o primeiro homem a ganhar a liga com três times diferentes.

E só para o caso de haver alguma dúvida persistente sobre a grandeza de Conte, considere isto: ele trabalhou seis temporadas completas na Serie A - e ganhou o Scudetto em cinco delas.

Primeiro, a boa notícia: O Milan jogou contra a Inter cinco vezes nesta temporada e não perdeu nenhuma. Agora, a má notícia: Absolutamente todo o resto.

A campanha do Milan 2024/25 foi um desastre, com os Rossoneri falhando em se classificar para a Europa após terminarem em oitavo lugar na classificação da Serie A. Muito se falou sobre o triunfo da Supercopa da Itália em janeiro, mas não foi nada mais do que mais uma falsa esperança sob os proprietários norte-americanos do clube.

Em agosto de 2022, a RedBird assumiu um clube que havia acabado de ganhar o Scudetto, mas passaram os últimos três anos desfazendo todo o bom trabalho realizado por pessoas como o ex-diretor técnico Paolo Maldini, que construiu uma equipe campeã com um orçamento limitado.

Stefano Pioli foi demitido em maio do ano passado por terminar em segundo. Seu substituto, Paulo Fonseca, durou apenas seis meses antes de ser dispensado da maneira mais desrespeitosa possível e foi sucedido pelo compatriota Sérgio Conceição, que também foi demitido no fim da temporada.

Apesar de toda a incessante incerteza girando em torno de San Siro (o que o conselheiro da RedBird, Zlatan Ibrahimovic, realmente faz?!), o Milan ainda teve a chance de terminar a temporada em alta levantando a Copa da Itália no mês passado. Em vez disso, foram derrotados pelo Bologna, um clube muito melhor administrado que opera com cerca de um terço da folha salarial dos Rossoneri.

Consequentemente, houve pedidos para que todos os membros da equipe de gestão do Milan renunciassem. "Saiam todos!" dizia um banner desdobrado fora de San Siro antes do seu último jogo da liga. "Libertem o Milan desta agonia."

Matheus Cunha é um homem muito corajoso. O brasileiro, já anunciado como reforço do Manchester United, diz que quer realizar todo o seu "potencial" e ainda assim está se juntando a um clube que todos parecem se beneficiar ao deixar.

Somente olhando para a temporada passada, Álvaro Carreras está prestes a se transferir para o Real Madrid depois de ter chegado ao Benfica vindo do United em maio do ano passado, enquanto Aaron Wan-Bissaka restaurou sua reputação como um dos melhores laterais-direitos da Premier League durante seu primeiro ano no West Ham.

Em outros lugares, um Marcus Rashford visivelmente revitalizado aumentou suas esperanças de garantir uma saída definitiva de Old Trafford durante um empréstimo bem-sucedido no Aston Villa, e Jadon Sancho fez o mesmo ao sair do banco para marcar na vitória do Chelsea na final da Conference League.

Claro, o Betis nem teria chegado à Polônia se não fosse por Antony. O ponta é amplamente considerado o maior desperdício de dinheiro na história do United (o que é realmente algo a se afirmar dado o histórico de mercado do clube na última década), mas ele tem sido tão bom desde que se mudou para Sevilha em janeiro que foi convocado pelo Brasil pela primeira vez em dois anos.

No entanto, nenhum dos deserdados de Old Trafford desfrutou de uma reversão de sorte mais notável do que Scott McTominay, que foi vendido para o Napoli pouco antes do fechamento da janela de transferências do ano passado por €30 milhões devido à chegada de Manuel Ugarte do Paris Saint-Germain por quase o dobro do dinheiro.

O muito criticado e "mal perfilado" meio-campista teve a melhor temporada de sua carreira sob o comando de Antonio Conte. De fato, poucas horas após a conclusão da campanha mais desastrosa do United desde o rebaixamento em 1974, McTominay estava comemorando o prêmio de melhor jogador da Serie A depois de efetivamente selar o Scudetto com um belo voleio no Estádio Diego Armando Maradona.

Com tudo isso em mente, talvez Matheus Cunha se transferir para o Manchester United não seja um ato de coragem - mas estupidez!

No meio do ano passado, o Real Madrid trouxe Kylian Mbappé para uma equipe que tinha acabado de conquistar tanto LaLiga quanto a Champions League. No papel, eles pareciam imparáveis. No campo, porém, mostraram-se bem diferentes, com o clube sendo repetidamente superado pelo Barcelona.

Após um início muito difícil em sua passagem pelo Santiago Bernabéu, Mbappé se destacou e terminou a temporada vencendo a Chuteira de Ouro Europeia. O Real Madrid, no entanto, terminou sem títulos (a menos que você queira contar partidas sem importância como a Supercopa da Uefa ou a Copa Intercontinental da Fifa!).

A chegada de Mbappé indiscutivelmente desestabilizou o equilíbrio da equipe, embora isso não explique completamente por que tanto Vinícius Junior quanto Jude Bellingham decepcionaram. As lesões também foram um grande problema, com o Real tendo que jogar sem peças-chave de sua defesa por partes significativas da temporada. E, pela primeira vez, Carlo Ancelotti não conseguiu encontrar soluções para os problemas causados pela inatividade de Florentino Pérez no mercado de transferências da temporada passada.

Claramente o mesmo erro não será cometido novamente, com o Real Madrid já tendo substituído Ancelotti por Xabi Alonso e trazido Dean Huijsen e Trent Alexander-Arnold para reforçar a equipe. Mais contratações também são esperadas nas próximas semanas, o que será um conforto maior para Mbappé, que agora deve estar se perguntando se tomou a decisão certa ao trocar o PSG pelo Real Madrid no ano passado!

A maldição de Harry Kane finalmente foi levantada - e você teria que ser uma pessoa bastante amarga (ou um torcedor do Arsenal) para não ficar feliz pelo homem.

Kane tem sido há muito tempo um dos melhores atacantes do mundo, um jogador muito consistente que nunca conseguiu colocar as mãos nos troféus que tanto merecia, simplesmente porque estava jogando para dois dos azarados em série do futebol: Tottenham e Inglaterra.

Tendo tomado a difícil decisão de deixar o clube de sua cidade natal, Kane teve a grande infelicidade de se juntar ao Bayern de Munique no pior momento possível, com os bávaros entrando em uma temporada de grande tumulto enquanto o Bayer Leverkusen estava montando a melhor campanha doméstica da história do futebol alemão - a ponto de realmente parecer que Kane poderia estar amaldiçoado.

No entanto, ele continuou fazendo o que faz de melhor - marcar gols - e, em 11 de maio, Kane levantou a salva de prata da Bundesliga após marcar 26 vezes em apenas 31 aparições.

"Vamos ver o que as pessoas falam agora!", disse o atacante ao The Times após encerrar um dos jejuns de títulos mais infames do futebol aos 31 anos de idade.

Ainda não sabemos se Simone Inzaghi ainda estará na Inter na próxima temporada. Ele tem muitas ofertas em cima da mesa, incluindo uma da Arábia Saudita que, segundo relatos, o tornaria o treinador mais bem pago do futebol.

Mesmo que ele decida ficar em San Siro, é claro que uma era chegou a uma conclusão devastadora na Allianz Arena no sábado, com o envelhecido time da Inter sendo absolutamente engolido pelos jovens talentos do PSG em uma final da Champions League surpreendentemente unilateral.

Os Nerazzurri mereciam melhor. Eles foram uma das melhores equipes da Europa nas últimas três temporadas e estavam na busca por uma Tríplice Coroa há apenas alguns meses, antes de serem eliminados da Copa Itália pelo rival Milan, entregando o título da Serie A ao Napoli e depois enfrentando uma derrota histórica e humilhante em Munique.

Infelizmente, o tempo lamentavelmente se aproximou de uma equipe que fez história na Baviera ao escalar três jogadores com 36 anos ou mais como titulares. O elenco precisa desesperadamente de uma reformulação e a Inter contará mais uma vez com o maestro do mercado de transferências Beppe Marotta para fazer sua mágica, já que o clube não está exatamente com os cofres cheios.

Claro, a Inter continua sendo uma das equipes mais prestigiosas do futebol europeu. Eles estarão de volta - mas não com a maioria desses jogadores. E talvez não com Inzaghi também.

Substituir Jürgen Klopp como treinador do Liverpool era para ser um trabalho impossível. Arne Slot de alguma forma fez parecer fácil.

Klopp desempenhou seu papel, é claro. Ele fez Anfield cantar o nome de seu sucessor no último dia da temporada passada, enquanto também deixou o Liverpool em boas condições, tendo comandado uma renovação bem-sucedida do meio-campo em 2023. Klopp também brincou que ele também tinha tornado a vida de Slot um pouco mais fácil ao não vencer a Premier League ou a Champions League em sua última temporada no comando.

No entanto, ninguém estava cogitando os Reds como candidatos ao título antes da campanha de 2024/25 porque ninguém tinha ideia de como os jogadores reagiriam a um novo treinador depois de tantos anos jogando - e vencendo - sob o comando de Klopp. O Liverpool fez sua lição de casa, no entanto. Richard Hughes e cia. estavam convencidos de que Slot era o substituto ideal para o alemão - e isso se comprovou.

Apesar de trazer apenas um novo jogador que o holandês mal usou (Federico Chiesa), e da constante distração causada pelos contratos perto do fim de três peças-chave (Virgil van Dijk, Mohamed Salah e Trent Alexander-Arnold), Slot conseguiu levar o Liverpool ao seu segundo título da Premier League - e com quatro jogos de antecedência - graças a seus pequenos mas significativos ajustes táticos, mudanças posicionais importantes e um senso de calma grande (ele só perdeu a cabeça uma vez, e em circunstâncias bastante excepcionais em Goodison Park!).

Para Slot ganhar a liga já seria uma conquista notável por si só, então para ele ter transformado a briga pelo título em uma procissão foi simplesmente surpreendente.

Também deve ser uma grande causa de preocupação para todos os rivais domésticos e continentais do Liverpool. Se isso é o que Slot é capaz com suporte mínimo, imagine o que ele pode fazer na próxima temporada com jogadores como Jeremie Frimpong, Florian Wirtz e Milos Kerkez à sua disposição...

Pep Guardiola pode tentar valorizar a Supercopa da Inglaterra o quanto quiser, mas o fato é que, no que diz respeito a todos os outros, o Manchester City terminou a temporada 2024/25 sem títulos - o que constitui inquestionavelmente o maior fracasso da carreira ilustre do treinador catalão até agora.

É verdade que o City sofreu algumas lesões significativas, mas não mais do que o time do Arsenal que terminou acima deles na Premier League - ou o desorganizado time do Real Madrid que os superou na fase de playoffs do mata-mata da Champions League. Nesse sentido, realmente não havia desculpa para a campanha desastrosa do City.

Os jogadores ainda estavam lá, afinal. O próprio Guardiola admitiu que ignorou o talentoso grupo de jovens do clube por muito tempo, especialmente porque muitos dos jogadores veteranos, como Phil Foden, Kyle Walker e Jack Grealish, estavam desempenhando terrivelmente mal - e isso é culpa do técnico, que parecia totalmente impotente para mudar as coisas depois de negligenciar a renovação do elenco no meio do último ano.

Consequentemente, Guardiola implorou a seus chefes de Abu Dhabi por reforços e eles responderam gastando aproximadamente £175 milhões em novas contratações durante a janela de janeiro. E o que eles conseguiram em troca? Não muito. O City conseguiu garantir uma vaga na Champions no último dia da temporada, mas foi derrotado pelo Crystal Palace no fim de semana anterior na final da Copa da Inglaterra - após o qual Guardiola, de forma bastante bizarra, ameaçou deixar o Etihad se o clube não lhe der um elenco menor para trabalhar na próxima temporada.

"Não quero deixar cinco ou seis jogadores no congelador," ele disse aos repórteres. "É impossível para minha alma (dizer) aos meus jogadores na tribuna que eles não podem jogar."

Assim como os arranhões que apareceram na testa de Guardiola, parecia outro sinal bizarro de que um dos maiores estrategistas do futebol está começando a sentir o estresse mental causado por uma profissão cada vez mais exigente.

Talvez não tenha sido exatamente o ano do azarão - mas 2024/25 foi certamente uma temporada linda para os torcedores há muito tempo sofredores.

Após perderem a chance devido à pandemia em 2020, os torcedores do Liverpool finalmente puderam comemorar um triunfo de título inglês em Anfield pela primeira vez desde 1990. Seus colegas do Crystal Palace, por outro lado, realmente estavam caminhando em um paraíso de Wembley após ver Oliver Glasner levar os Eagles ao primeiro grande título na história do clube com uma surpreendente vitória por 1 a 0 sobre o Manchester City na final da Copa da Inglaterra.

No mesmo local dois meses antes, o Newcastle surpreendeu o Liverpool na decisão da Copa da Liga Inglesa. Para os Magpies e seu magnífico apoio itinerante, foi o primeiro troféu doméstico em sete décadas.

Na Alemanha, o Stuttgart encerrou uma espera de 28 anos por uma quarta conquista da Copa da Alemanha com uma vitória por 4 a 2 sobre o Arminia Bielefeld, enquanto o Bologna levou uma cidade inteira ao êxtase ao levantar a Copa da Itália pela primeira vez desde 1974, graças a uma vitória emocionante por 1 a 0 sobre o sete vezes campeão europeu Milan.

A vitória mais significativa foi provavelmente o Paris Saint-Germain finalmente colocando as mãos na Champions League, mas uma menção especial deve ir para o Tottenham, um clube que havia se tornado tão sinônimo de fracasso que levou à criação do termo 'Spursy' para descrever a habilidade de encontrar novas maneiras de perder os jogos mais importantes. Finalmente, no entanto, a sorte sorriu para os Spurs, que tiveram a sorte de enfrentar um Manchester United mal das pernas na final da Europa League.

E assim, apesar de uma campanha absolutamente abismal na Premier League, que os viu terminar em 17º na classificação, o time de Ange Postecoglou conseguiu ganhar um troféu - e se classificar para a Champions League da próxima temporada - demonstrando o tipo de coragem que tradicionalmente não se associaria aos Spurs para vencer por 1 a 0 em Bilbao.

"Dezessete anos!" Son Heung-min disse, referindo-se ao último troféu do Tottenham, em 2008. "Isso é o que eu sempre sonhei. Hoje é o dia em que finalmente aconteceu!"