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Chelsea winter slump GFXGetty/GOAL

Projeto do Chelsea voltou a complicar Enzo Maresca: time imaturo nunca foi candidato ao título inglês e pode ficar fora da próxima Champions League

Avance algumas semanas, porém, e o clima no oeste de Londres mudou completamente. Os Blues somaram apenas um ponto dos seis possíveis na Premier League desde que haviam travado o então favorito ao título, empatando fora de casa com um Bournemouth em queda depois da derrota para o Leeds United. Na terça-feira, estavam a caminho da redenção na Europa contra a Atalanta, mas perderam por 2 a 1 em Bérgamo e entregaram o controle da briga por uma vaga no top-8 da fase de liga.

Mais uma vez, um inverno duro parece despontar no horizonte. O Chelsea, no entanto, teve tempo de sobra para se preparar melhor. Em vez disso, a insistência no “projeto” acabou empurrando o clube para uma temporada de transição, não de glória.

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  • Crystal Palace FC v Chelsea FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    Queda semelhante

    O Chelsea de Maresca já viveu algo parecido durante o período festivo. Embora tenha iniciado dezembro de 2024 com seis vitórias consecutivas em todas as competições, emendou depois uma sequência de cinco jogos sem vencer na Premier League; a única trégua naquele período veio em um duelo da Copa da Inglaterra contra o Morecambe.

    Quando os Blues derrotaram o Brentford por 2 a 1 antes da má fase, chegaram a ficar a dois pontos do Liverpool na parte de cima da tabela. Mesmo assim, a mensagem que saía do clube era clara: não queriam ser vistos como candidatos ao título. Era um discurso tão forte que poderia muito bem estar estampado na entrada de Stamford Bridge, assim como o “You’ll Never Walk Alone” em Anfield.

    “Eu nem sei o que é isso”, respondeu Noni Madueke, então ponta do Chelsea, ao ser questionado sobre a disputa pelo título antes de o time começar a sequência sem vitórias com um tropeço diante do Everton. Talvez tenham sido o primeiro clube da história a se tirar da briga apenas pelo próprio discurso.

    Aquela série negativa terminou em 20 de janeiro, com um 3 a 1 sobre o Wolves em casa, mas o Chelsea perdeu três dos quatro jogos seguintes e voltou a despencar para a disputa por um lugar no top-5. A recuperação veio só na última rodada, garantindo o quarto lugar ao vencer o Nottingham Forest.

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  • Atalanta BC v Chelsea FC - UEFA Champions League 2025/26 League Phase MD6Getty Images Sport

    Motivos diferentes para a nova queda?

    A primeira metade da temporada 2024/25 foi excelente para o Chelsea por alguns fatores-chave. Maresca, principalmente, deu continuidade às bases deixadas por Mauricio Pochettino, cujo time terminou a apenas cinco pontos de uma vaga na Champions League apesar das críticas na sua única temporada no comando. Os londrinos perderam apenas duas vezes na Premier League antes do Boxing Day: para o campeão Manchester City logo na abertura, e para o futuro vencedor Liverpool em outubro.

    O calendário também ajudou. Em vez de disputar a exigente fase de liga da Champions, o Chelsea estava no formato de seis partidas da Conference League. Enquanto os rivais do topo encaravam os gigantes do continente, Maresca conseguia alternar amplamente sua equipe contra FC Noah, Astana e Shamrock Rovers. Os titulares chegaram mais inteiros e descansados à Premier League, e Cole Palmer nem estava inscrito na competição europeia até os mata-matas.

    Nesta temporada, porém, o italiano tem tido dificuldade para lidar com a exigência crescente de jogos decisivos a cada três ou quatro dias, sem a possibilidade de dividir o elenco entre competições diferentes. E isso sem falar nas consequências da longa campanha no Mundial de Clubes no meio do ano, que reduziu drasticamente o período de pré-temporada.

    Segundo o The Athletic, Maresca já fez impressionantes 119 mudanças no time titular em 23 partidas até aqui, número altíssimo entre os clubes da Premier League, e o elenco já dá sinais claros de desgaste físico.

    “Hoje, no onze inicial, tínhamos oito ou nove jogadores que atuaram contra o Tottenham, o Barcelona, o Wolves e o Arsenal”, disse o treinador após a derrota para a Atalanta. “Então, se você observar as cinco mudanças que fizemos em relação ao Bournemouth, é diferente. Os que jogaram hoje são os que estão atuando praticamente em todas as partidas.”

  • Chelsea FC v Real Madrid: Quarterfinal Second Leg - UEFA Champions LeagueGetty Images Sport

    Confusão criada por eles mesmos

    O Chelsea sabia exatamente o tipo de problema que enfrentaria nesta temporada. A diretoria estava consciente da quantidade de jogos após o desgastante calendário de 2024/25. Contrataram oito jogadores para integrar imediatamente o elenco de Maresca (Dario Essugo, Liam Delap, João Pedro, Jamie Gittens, Jorrel Hato, Estevão Willian, Alejandro Garnacho e Facundo Buonanotte), mas venderam seis que haviam sido importantes no último ano (Madueke, João Félix, Kiernan Dewsbury-Hall, Renato Veiga, Christopher Nkunku e Nicolas Jackson). Faltaram reforços prontos para competir em alto nível.

    Entre as chegadas, apenas João Pedro ou Delap poderiam, com boa vontade, brigar por vaga no time ideal, e mesmo assim, nenhum deles eleva substancialmente o patamar da equipe em comparação ao elenco do ano anterior. Some a isso o fato de o Chelsea continuar investindo milhões em jovens promessas que talvez nem joguem pelo time principal, e fica a sensação de que diversas contratações mais impactantes poderiam ter sido feitas no lugar.

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  • Brentford v Chelsea - Premier LeagueGetty Images Sport

    Dependência de Palmer e Caicedo

    Apesar de todos os milhões e bilhões investidos pelo Chelsea na era BlueCo, apenas duas contratações realmente se encaixam na categoria de jogadores “nível mundial”: Moisés Caicedo e Cole Palmer, ambos muito acima dos demais. Os Blues têm oscilado sem sua estrela “gelada”, e seguem sem vencer desde a expulsão do equatoriano contra o Arsenal (mesmo com seu retorno na partida contra a Atalanta, que também terminou em derrota).

    É um aproveitamento absurdamente baixo para um clube que vive falando do seu “modelo de negócios” no mercado. Por £ 105 milhões, o campeão mundial Enzo Fernández deveria entregar mais do que apenas regularidade. As opções nas duas áreas do campo são, na maior parte do tempo, no máximo medianas. A rotação de pontas também não inspira: todos de nível parecido, sem alguém para puxar a fila, a não ser nos raros momentos em que o ainda cru Estevão resolve virar Super Saiyajin.

    O único alívio nesse cenário é que o Chelsea tem administrado bem o retorno de Reece James, com o capitão e seu famoso histórico de lesões finalmente conseguindo entrar em sequência e atuar nos jogos mais importantes. Ainda assim, o elenco carece do tipo de talento de ponta que um clube desse tamanho e com esse investimento deveria ter.

  • Atalanta BC v Chelsea FC - UEFA Champions League 2025/26 League Phase MD6Getty Images Sport

    Minando o trabalho de Maresca

    Muito se falou sobre a indisciplina do Chelsea nesta temporada. A expulsão de Caicedo foi a sexta do time no ano, somando todas as competições. Quatro delas aconteceram na Premier League. Eles ainda estão longe do recorde da competição (nove), mas não seria surpresa se igualassem a marca até maio.

    O elenco dos Blues tem a média de idade mais baixa da Premier League: 23,3 anos. O segundo mais jovem é o Tottenham, mais de um ano acima, com 24,7. O próprio Maresca é um técnico praticamente em formação, com pouco mais de 150 jogos na carreira e apenas 67 antes de assumir o Chelsea.

    Mesmo assim, o italiano já mostrou ser um dos treinadores mais promissores do momento, evoluindo taticamente e administrando um vestiário jovem em meio ao barulho constante que envolve o clube. O mínimo seria oferecer a ele jogadores mais prontos para o alto nível. O fato de os dois atletas mais experientes do elenco serem Tosin Adarabioyo e Robert Sánchez é um contrassenso, e essa falta de liderança cai no colo dos diretores esportivos e responsáveis por contratações.

    Depois da derrota para o Leeds, em um jogo no qual Tosin falhou no terceiro gol, Maresca chegou a admitir que o elenco não tinha qualidade suficiente para lidar com determinadas ausências.

    “Na maioria das vezes, a gente faz rotação porque o outro simplesmente não consegue jogar”, disse ele. “Mas eu tento sempre ser honesto com vocês. No futebol, na vida, em qualquer trabalho, existe um nível. O Andrey [Santos], infelizmente, não é o Moi [Caicedo]. O Tosin não é o Wes [Fofana]. Eles têm habilidades diferentes. São diferentes. Se eu disser que o Andrey é como o Moi, vocês vão perceber que estou mentindo. Em qualquer trabalho existe um nível. Como eu. Muitos treinadores são melhores do que eu. Alguns não são. Mas existe um nível. Para mim, essa é a realidade.”

  • Leeds United v Chelsea - Premier LeagueGetty Images Sport

    Sequência difícil no fim do ano

    O Chelsea chega para o duelo de sábado contra o Everton apenas um ponto à frente dos Toffees na tabela. O retrospecto de David Moyes contra os grandes não empolga, mas até ele deve estar otimista com a chance de aprontar, considerando que os Blues não venceram quatro de seus sete jogos em casa pela Premier League até aqui.

    Essa sequência de quatro jogos sem vitória só aumenta a pressão para atuar diante da torcida, que não demora a ficar impaciente quando o futebol deixa de ser intenso ou eficiente. O brilho da última partida em Stamford Bridge, há apenas duas semanas, já desapareceu.

    Depois do Everton, o Chelsea encara o Newcastle em St. James’ Park, um estádio historicamente complicado para os londrinos, e o Aston Villa, suposto candidato ao título, em casa. Em seguida, vêm Bournemouth e Manchester City, em jogos que cercam o Ano-Novo. Ao menos os sorteios da Copa da Liga Inglesa e da Copa da Inglaterra foram gentis: Cardiff City (terceira divisão) e Charlton Athletic (segunda divisão) fora de casa. Isso pode permitir que Maresca volte ao modelo da temporada passada, usando rotação pesada para aliviar a carga dos titulares.

    Ainda assim, as últimas semanas serviram como alerta geral. O Chelsea não tem elenco nem profundidade para brigar de verdade pela Premier League ou pela Champions League. Em algum momento, o clube vai precisar transformar potencial em realidade. Não adianta investir bilhões em um projeto se você não acredita que pode competir um ou dois anos antes do previsto, alimentando uma cultura permanente de adiar o inevitável.

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