Problemas para Arsenal e Pep Guardiola, e Jack Grealish ri por último: os vencedores e os perdedores do final de semana na Europa

O hat-trick de João Neves na vitória do Paris Saint-Germain por 6 a 3 sobre o Toulouse, no sábado, pode não ter sido tecnicamente “perfeito”, mas rendeu ao português uma daquelas raríssimas notas 10 perfeitas do jornal L’Équipe.

“Não foram apenas os três gols”, disse o técnico Luis Enrique ao canal oficial do clube, “mas a forma como ele os marcou.” De fato, os dois primeiros foram em lindos voleios depois de ajeitar a bola no peito, enquanto o terceiro saiu em um foguete de fora da área.

Considerando que Luis Enrique acredita que a finalização é um aspecto que Neves ainda precisa melhorar, o jogador formado no Benfica estava, como era de se esperar, bastante satisfeito após igualar, em apenas três rodadas, o número de gols que havia marcado em toda a Ligue 1 da temporada 2024/25.

“Voleios são algo que treino bastante”, revelou. “E hoje deu resultado!”

Se acrescentar gols regulares ao seu jogo já excepcional, não vai demorar para que o jovem de 20 anos seja considerado o melhor meio-campista central do futebol mundial, até porque já estava bem perto disso.

Poucas horas após o Besiktas fracassar na tentativa de se classificar para a fase de grupos da Conference League, depois de já ter sido eliminado da Liga Europa, o clube turco demitiu Ole Gunnar Solskjaer, apenas oito meses após a sua chegada. Na manhã seguinte, outro time da Super Lig, o Fenerbahce, anunciou a saída de José Mourinho, dois dias após a queda na Champions League diante do Benfica, em Lisboa.

Incrivelmente, os três últimos treinadores permanentes do Manchester United estão agora desempregados, já que Erik ten Hag também foi demitido pelo Bayer Leverkusen nesta segunda-feira (1º). O holandês havia assumido oficialmente em 1º de julho, sucedendo Xabi Alonso, mas pagou o preço pelo início desastroso dos campeões alemães de 2023/24.

Depois da derrota por 2 a 1 em casa para o Hoffenheim, o Leverkusen empatou em 3 a 3 com o Werder Bremen no sábado (30), mesmo após abrir duas vezes vantagem de dois gols e jogar o último quarto de partida contra 10 homens.

Ten Hag alegou que houve muitas mudanças no elenco durante a janela (o que é inegavelmente verdade) e que o time precisaria de tempo para se entrosar. Também afirmou que alguns jogadores não estavam em boas condições físicas. No entanto, sua situação ficou insustentável quando o capitão Robert Andrich expôs publicamente que o grupo “não estava unido” e que muitos companheiros “se preocupam apenas consigo mesmos”, declaração que, obviamente, pegou muito mal para o técnico.

Além disso, circularam relatos de que alguns dirigentes do Leverkusen não estavam nada impressionados com as habilidades de comunicação e motivação do ex-Ajax, tornando sua saída precoce quase inevitável.

Quatro clubes da Serie A mantêm 100% de aproveitamento. Incrivelmente, a Cremonese é um deles.

A equipe, que estava na segunda divisão na temporada passada e subiu apenas através dos playoffs, iniciou a campanha com uma vitória histórica sobre o Milan, em pleno San Siro, graças a uma espetacular bicicleta de Federico Bonazzoli.

Na sexta-feira (29), a Cremonese assumiu a liderança temporária da tabela após derrotar o também recém-promovido Sassuolo por 3 a 2, com um pênalti convertido por Manuel De Luca aos 48 minutos do segundo tempo.

“Em Milão, não esperávamos levar os três pontos”, admitiu o técnico Davide Nicola à DAZN. “Conquistamos mais do que o previsto. Mas hoje pedi competitividade e produzimos bastante, então acredito que a vitória foi justa. Ainda não estamos no melhor da forma física, mas vi a atitude certa. É um triunfo que nos deixa felizes. Somos um time em construção, precisamos melhorar em tudo, mas isso é só o começo.”

E pode ser mesmo o início de algo especial: o clube está prestes a contratar Jamie Vardy, ídolo do Leicester City. Para uma equipe que nunca conquistou um grande título e talvez seja mais lembrada por ter revelado Gianluca Vialli, são dias realmente malucos em Cremona.

Assim como Ten Hag, Diego Simeone aparece pela segunda vez nesta temporada entre os “perdedores”. A diferença é que o argentino ainda tem muito crédito no Atlético de Madrid. Mas chama a atenção o fato de ele já pedir “tempo e paciência” após o empate por 1 a 1 contra o Alavés, no sábado.

O resultado deixou o Atleti ainda sem vencer na temporada, com apenas dois pontos somados em três rodadas, ocupando a 17ª colocação de LaLiga — um desempenho muito abaixo do esperado para um clube que gastou cerca de €180 milhões em reforços nas últimas duas janelas de meio do ano.

O mais preocupante é que o nível de atuação tem sido tão decepcionante quanto os resultados. Como o próprio Simeone resumiu: “É difícil vencer jogando mal.”

O bicampeão espanhol garante que sua equipe vai reagir, mas o duelo contra o Villarreal, em casa, logo após a Data Fifa e quatro dias antes de visitar o Liverpool pela Champions League, já ganha contornos de jogo obrigatório para os colchoneros, que eram apontados como candidatos ao título.

“Confio nos jogadores que chegaram”, afirmou Simeone. “Vamos continuar trabalhando e, com muito esforço, vamos começar a somar pontos.” Isso precisa acontecer logo. Caso contrário, o argentino terá de responder a questionamentos ainda mais duros sobre seu futuro.

O Napoli conquistou o Campeonato Italiano na temporada passada por apenas um ponto de vantagem sobre a Inter, e tudo indica que teremos mais uma disputa apertada pelo título neste ano. Por isso mesmo, ver o sempre exigente Antonio Conte sorrindo de orelha a orelha após a vitória por 1 a 0 sobre o Cagliari, com um gol de Frank Anguissa nos acréscimos no sábado (30), foi algo bastante revelador.

“Vocês viram o que aconteceu”, disse o treinador italiano à DAZN depois do bicampeão emplacar a segunda vitória em dois jogos no Campeonato Italiano. “Foi aquele típico jogo em que você corre um grande risco de perder. Eu até ficaria satisfeito com o 0 a 0!

“Mas estamos melhorando em termos de concentração e intensidade, acreditamos até o fim e fomos recompensados com o gol da vitória a 20 segundos do apito final. Estou muito feliz.”

O bom humor de Conte ainda ganhou um reforço nas últimas 24 horas. Além da chegada do novo atacante Rasmus Hojlund, que desembarcou em Nápoles para realizar exames médicos, a rival Inter de Milão sofreu uma surpreendente derrota por 2 a 1 em casa para a Udinese, no domingo (31). A equipe de Christian Chivu havia começado bem a temporada, mas voltou a mostrar velhas fragilidades ao desperdiçar uma vantagem no San Siro.

É claro que ainda há um longo caminho pela frente, mas o Napoli parece mentalmente muito mais sólido que a Inter – e isso pode novamente ser decisivo ao longo da campanha.

“Um ponto foi suficiente”, reconheceu o técnico do Barcelona, Hansi Flick, após o empate em 1 a 1 com o Rayo Vallecano no domingo (31). “Não merecíamos mais.”

Flick estava absolutamente certo. Aliás, pode-se dizer até que o Barça teve sorte de sair de Vallecas com um empate.

Para começar, o pênalti convertido por Lamine Yamal foi um absurdo, já que a arbitragem marcou falta de Pep Chavarría sobre o jovem atacante, quando, na verdade, foi justamente o contrário. O VAR deveria ter corrigido o erro, mas problemas técnicos impediram o árbitro Mateo Busquets de revisar o lance no monitor à beira do campo.

“A Federação Espanhola pediu desculpas e nós perdoamos, mas é irritante”, disse Íñigo Pérez ao DAZN. “Talvez o problema tenha sido só em Vallecas; não me surpreenderia se fosse isso!”

Méritos ao Rayo, que reagiu muito bem à injustiça e empatou no segundo tempo com Fran Pérez. Poderia até ter virado o jogo, não fosse a grande atuação de Joan García, que garantiu o empate e foi eleito o melhor em campo. O desempenho do goleiro, recém-contratado, foi praticamente o único ponto positivo de uma noite ruim para Flick.

“Não estou satisfeito com a equipe”, admitiu o treinador. “O problema esteve no meio-campo e no ataque. Cometemos muitos erros. Não jogamos bem, não mostramos nossa habitual intensidade, não dominamos como deveríamos e erramos demais.”

Yamal também criticou as péssimas condições do gramado, algo inadmissível nesse estágio da temporada, mas reconheceu que o Barça “faltou intensidade” e está bem abaixo do nível do ano passado.

O empate, claro, não é um desastre para Flick. Mas o técnico tem muito em que pensar durante a pausa para a Data Fifa, já que o Barcelona chega à parada apenas em quarto lugar, dois pontos atrás do maior rival, o Real Madrid.

O Liverpool nunca esteve realmente preocupado em sentir falta de Trent Alexander-Arnold do ponto de vista defensivo. No entanto, mesmo aqueles que ficaram profundamente desapontados com a transferência do lateral para o Real admitiam que os Reds perdiam um grande passador e um especialista em bolas paradas.

Talvez, porém, a saída conturbada de Alexander-Arnold tenha sido uma bênção disfarçada.

“Eu deveria mencionar o Trent porque ele cobrava as faltas antes”, disse Szoboszlai em entrevista pós-jogo à Sky Sports. “Finalmente, tive a minha chance – e aproveitei.”

Vale ressaltar que Szoboszlai não apenas marcou uma falta digna de Alexander-Arnold, como também voltou a cumprir um papel fantástico improvisando na lateral-direita, diante da ausência do lesionado Jermie Frimpong e da falta de ritmo de Conor Bradley. Muitos jogadores poderiam ter ficado contrariados ao serem deslocados para a defesa, especialmente após perderem espaço no meio-campo para a chegada de um reforço caro como Florian Wirtz, mas Szoboszlai é realmente um jogador de equipe, como já havia provado na temporada passada com sua pressão incansável e altruísta.

Ele correspondeu muito bem ao desafio contra o Newcastle na segunda-feira, quando ainda criou o gol da vitória com um corta-luz genial depois de voltar à sua posição preferida. Mas foi ainda mais impressionante neste domingo. O gol teve a assinatura de Trent, mas sua exibição defensiva, aplicada e disciplinada, fugiu totalmente ao estilo do ex-camisa 66, já que Szoboszlai neutralizou completamente Gabriel Martinelli.

Como disse Arne Slot à Sky: “Dominik mostra o que é o Liverpool. Se tiver de jogar como ponta-direita, lateral-direito ou meia, ele dá o máximo. Foi brilhante de novo hoje.”

O consenso antes do apito inicial era de que o jogo estava nas mãos do Arsenal. Essa sensação só aumentou após um primeiro tempo em que o Liverpool finalizou apenas duas vezes.

“Eles parecem um pouco nervosos”, destacou Roy Keane. “Estão abaixo do nível. E o Arsenal controla o ritmo com seus escanteios e a saída de bola. Quando chegam a boas posições, podem fazer mais. O jogo está ali para eles vencerem porque o Liverpool está hesitante.”

No entanto, foi o Arsenal quem mostrou hesitação no segundo tempo. A grande pergunta é: por quê?

Obviamente, o Liverpool melhorou após o intervalo, mas não de forma tão expressiva, e ainda precisou de um golaço para vencer. Contudo, os Reds já são conhecidos por arrancar vitórias no fim. Nesta temporada, já conquistaram três triunfos com gols nos últimos 10 minutos. Klopp pode ter ido embora, mas o Liverpool segue sendo um time com mentalidade vencedora.

Em contrapartida, o Arsenal ainda parece um time excessivamente cauteloso. Persistem dúvidas sérias sobre a capacidade da equipe em jogos grandes – e sobre a relutância em ser agressiva quando enfrenta rivais diretos na briga pelo título.

Não é a primeira vez que o time de Arteta joga por um empate em um confronto contra o chamado “Big Six”. Por isso, é difícil ter simpatia depois de ver a vitória escapar faltando apenas sete minutos para o fim do tempo regulamentar. Alguns dos principais jogadores podem não ter começado em campo, mas o Arsenal tem hoje, possivelmente, o elenco mais forte da Premier League – e ainda assim parece que Arteta dirige uma Ferrari com o freio de mão puxado.

“Liverpool tem algo que o Arsenal e o Arteta não têm neste momento”, afirmou Gary Neville na Sky. “E é aquele instinto para vencer os grandes jogos. O Liverpool acredita que deve vencer esses confrontos. Não sei se o Arsenal acredita. Eles não querem perder.”

Essa abordagem pragmática demais é, sem dúvida, um dos principais motivos pelos quais Arteta ainda não conquistou a Premier League, e talvez nunca conquiste.

Para piorar ainda mais a situação de Guardiola, um jogador cuja qualidade muitos acreditam ter sido limitada pelo catalão no City parece ter reencontrado o melhor de si desde que deixou o clube.

Jack Grealish chegou a quatro assistências em apenas duas partidas como titular do Everton, depois da vitória sobre o Wolves no sábado, uma atuação que remeteu ao talento criativo que mostrava com frequência nos tempos de Aston Villa. Com a liberdade dada por David Moyes para se expressar, Grealish voltou a arriscar e ser inventivo, inspirando o Everton a duas vitórias consecutivas.

Aos 29 anos, ficou conhecido como “a estação de descanso” no City, por ser instruído a apenas manter a posse de bola, evitando riscos. Suas estatísticas ofensivas despencaram, e os £ 100 milhões pagos por sua contratação passaram a ser vistos como injustificáveis.

Poucos jogadores precisavam tanto de uma transferência quanto Grealish, e no Everton ele parece ter encontrado o lugar ideal para ressuscitar a carreira – e até sonhar com um retorno à seleção inglesa para a Copa do Mundo. Thomas Tuchel já deixou a porta aberta para isso, e, no momento, seria difícil argumentar contra a convocação de Grealish.

Duas semanas são muito tempo no futebol. Há 14 dias, o Manchester City parecia “de volta” após uma boa vitória na estreia contra o Wolves. Agora, porém, o time aparece na metade de baixo da tabela após duas derrotas seguidas, já a seis pontos da liderança.

Se a derrota para o Tottenham foi um alerta, o colapso de domingo contra o Brighton deveria acender um sinal de emergência no Etihad. O City controlou totalmente a partida por uma hora no Amex Stadium e parecia encaminhar a vitória depois que Haaland finalmente voltou a marcar. Mas a incapacidade de reagir às quatro substituições decisivas feitas por Fabian Hurzeler no meio do segundo tempo foi, no mínimo, reveladora.

As fragilidades vistas na temporada passada reapareceram, com a defesa sendo constantemente exposta até culminar na linda jogada concluída por Brajan Gruda, já aos 44 do segundo tempo. Nem mesmo o retorno de Rodri ao time titular na Premier League, após quase um ano, resolveu os problemas de Guardiola. O volante, inclusive, criticou os “erros de garoto” dos companheiros na reta final da partida.

Guardiola deve contar com Gianluigi Donnarumma no elenco no último dia da janela, o que deve ajudar a diminuir o número de gols sofridos. Mas a reconstrução do elenco de linha ainda parece longe de estar completa. Ele terá duas semanas para ajustar as coisas antes do clássico contra o Manchester United, após a Data Fifa.