Por que o Chelsea deve evitar a contratação de Neymar

Neymar tem sido apontado como uma possível contratação de destaque pelos proprietários do Chelsea desde a aquisição apoiada pela Clearlake Capital no ano passado, com rumores surgindo em momentos diferentes. No entanto, passados 12 meses, eles não desapareceram, e o The Athletic agora afirma que há uma esperança no PSG de que a venda de jogadores dispensáveis dos Blues para a Arábia Saudita possa viabilizar um acordo.

A mídia francesa relatou no início de junho que o Chelsea havia iniciado conversas sobre o jogador, embora qualquer indício de que as coisas estejam em estágio avançado tenha ficado em silêncio desde então. Não há fumaça sem fogo, porém, a nova hierarquia do Chelsea já mostrou sua impiedade na janela de transferências.

Há uma série de motivos pelos quais o Chelsea deve evitar a contratação de Neymar, e o principal deles é seu histórico de lesões. O jogador de 31 anos perdeu mais da metade dos jogos que poderia ter disputado durante sua passagem pelo PSG como um todo, e sua temporada 2022/23 terminou em fevereiro, quando ele sofreu uma lesão nos ligamentos do tornozelo e precisou passar por cirurgia.

Muitos dos inúmeros problemas físicos que ele enfrentou não foram culpa dele, pois ele foi alvo de algumas jogadas defensivas ríspidas na Ligue 1, mas não há motivo para acreditar que isso seria diferente na Premier League. Seu corpo sofreu muito, e isso certamente deve ter cobrado seu preço.

Buscar Neymar não seria prudente para toda a estratégia de transferência do Chelsea neste verão, enquanto eles buscam reduzir um elenco inflado e uma folha salarial em ascensão.

O clube se encontra em uma situação desesperada de vender jogadores após registrar perdas significativas nas duas temporadas anteriores e gastar uma quantia impressionante de £600 milhões (R$ 3.6 bihões) em novos jogadores em 2022/23. Isso os coloca em grave perigo de não cumprir o limite de três anos da Premier League para perdas de £105 milhões (R$ 643 milhões) ou mais, e os Blues já foram incluídos na lista de observação do Fair Play Financeiro (FFP) da UEFA.

Contratar Neymar na próxima janela, portanto, seria completamente confuso; o brasileiro recebe uma quantia impressionante de €700 mil por semana na capital francesa, e com dois anos restantes em seu contrato, diz-se que o PSG o avalia em cerca de £70 milhões (R$ 429 milhões). Seria um acordo que distorceria a estrutura salarial dos Blues e adicionaria uma grande parcela às suas perdas.

Além das questões financeiras, um argumento muito simples contra a contratação de Neymar é que o Chelsea não tem espaço em seu elenco para mais um jogador de ataque que não seja um atacante. Apesar da saída de Kai Havertz para o Arsenal e das possíveis saídas de Hakim Ziyech e Pierre-Emerick Aubameyang, os Blues ainda têm um bom número de opções nas áreas amplas e já adicionaram Christopher Nkunku como um potencial camisa 10.

Nicolas Jackson, do Villarreal, é outro atacante que se espera que seja contratado, juntando-se a jogadores como Raheem Sterling, Mykhailo Mudryk e Noni Madueke. A provável saída de Christian Pulisic levanta a questão se é necessário mais profundidade, mas um Neymar de 31 anos não parece ser a escolha certa para esse papel - especialmente considerando a estratégia recente do clube de contratar jogadores com 25 anos ou menos.

A inflada influência do corpo de jogadores tem sido há muito tempo um problema relatado nos bastidores de Cobham. Acredita-se que o antigo dono do Chelsea, Roman Abramovich, frequentemente cedia às reclamações do elenco em relação a qualquer treinador, contribuindo para a série de demissões de técnicos durante seu regime.

Foi relatado que os novos coproprietários Todd Boehly e Behdad Eghbali estão determinados a mudar essa situação, apesar de estarem no terceiro treinador em tempo integral no espaço de um ano. A limpeza no elenco que eles estão realizando atualmente tem como objetivo, em parte, reduzir o poder dos jogadores, de acordo com o The Telegraph.

Contratar Neymar, então, certamente seria errôneo. Ele é, sem dúvida, a personificação máxima do "poder influenciador" dos jogadores, tendo usado regularmente sua influência significativa em benefício próprio no PSG ao lado de nomes como Kylian Mbappé e, mais recentemente, Lionel Messi. Seu claro sentimento de intocabilidade tem sido refletido em inúmeras desavenças com treinadores e companheiros de equipe, além de festas barulhentas pouco antes das partidas - tudo isso tem contribuído para uma ruptura feia nas relações com os torcedores. Mais recentemente, ele irritou o clube ao faltar às celebrações do título para comparecer ao Grande Prêmio da Espanha.

Embora os co-diretores esportivos Laurence Stewart e Paul Winstanley agora estejam encarregados da estratégia de transferências do Chelsea, a nova hierarquia do clube já teve alguns erros terríveis e de alto perfil em transferências. Aubameyang, Kalidou Koulibaly e Marc Cucurella - todos contratados durante o período de Boehly como diretor esportivo interino, sendo os dois últimos por valores altos - tiveram temporadas de estreia muito fracas em Stamford Bridge, com Koulibaly já tendo saído e Aubameyang também caminhando para uma saída.

Os dois já estavam no declínio de suas carreiras quando o Chelsea decidiu contratá-los, e o clube não pode se dar ao luxo de cometer o mesmo erro com uma transferência ainda mais cara para Neymar.