Ponte Preta transforma a Série C de 2025 no título de Brasileirão mais histórico e até importante da temporada

A imagem do gramado do Moisés Lucarelli absolutamente invadido por torcedores, de todas as idades, emocionados, ajuda a entender o peso que o título da Série C teve para a Ponte Preta. O acesso para a segunda divisão já havia sido garantido, levando a Macaca de volta à Série B após a queda no ano passado. Esta é a principal disputa em torneios de acesso: conseguir o... acesso. A passagem, o bilhete, a promoção. E a Ponte já estava promovida.

Mas se torneios de acesso também fabricam campeões e entregam troféus, ser coroado com título seria mais  importante para a Ponte Preta do que para qualquer outra torcida do Brasil. Independentemente da divisão. É muito cruel você ser o segundo clube mais antigo do Brasil, considerando os que ainda atuam profissionalmente, e nunca ter conseguido levantar um título importante. Mesmo tendo uma torcida fiel ali do seu lado.

A Ponte Preta foi fundada em 1900. Disputou uma enormidade de campeonatos paulistas, Brasileirões de diversas divisões e formatos, Copas do Brasil... Teve jogadores importantes, técnicos marcantes, seja começando uma carreira de destaque ou buscando recuperar um espaço perdido. Mas o sabor da glória de levantar uma taça? Nada. Enquanto isso, viu o arquirrival Guarani chocar o país com um título de Brasileirão em 1978. Essa espera de 125 anos acabou no início da noite de 25 de outubro.

Depois do empate sem gols no primeiro jogo da final contra o Londrina, onde conseguiu segurar o ímpeto do adversário para voltar com um resultado melhor do que o desempenho, o time treinado por Marcelo Fernandes conseguiu criar as principais chances, manteve a concentração nos momentos em que o Londrina esteve melhor e, graças aos gols de Jonas Toró e Elvis (de pênalti), no segundo tempo, enfim conquistou seu tão sonhado primeiro título.

“A gente queria ser coroado. No futebol só tem espaço para campeão. Tínhamos que fazer nossa história — e ela está escrita”, disse Elvis após a conquista do título, em declarações veiculadas pelo GE. O autor do gol que sacramentou o título afirmou não se sentir ídolo do clube, e o técnico Marcelo Fernandes também deu lições de humildade após a noite histórica.

“Quem sou eu pra querer chegar perto desses treinadores, Cilinho, Vadão... Se eu chegar a 50% deles, estou feliz. Esses caras são gigantes, o que proporcionaram ao futebol brasileiro. Tenho muito chão pra caminhar. A gente aprende todos os dias”, afirmou o treinador, relembrando alguns de seus antecessores no cargo.

O lateral-esquerdo Artur, um dos destaques defensivos do jogo, pareceu ter entendido na hora o significado de tudo aquilo: “É muito gratificante. Muitos pais trazem seus filhos aqui e nunca tinham visto a Ponte ser campeã. Entramos para a história. Daqui 200 anos vão lembrar da gente”, disse.

E ele está certo.

Diogo Silva; Guilherme Pacheco, Wanderson, Saimon e Artur; Rodrigo Souza; Diego Tavares, Elvis, Luiz Felipe e Bruno Lopes; Jonas Toró. Serginho, que entrou logo no início no lugar de Bruno, para dar a assistência do primeiro gol. Lucas Cândido, Léo Índio, Miguel, Jeh. Marcelo Fernandes.

Talvez os nomes acima sejam os mais importantes da história da Ponte Preta. A dúvida fica porque não são apenas troféus que dão força a um clube. O que ninguém duvida é que não haverá título de Brasileirão mais comemorado ou historicamente marcante, neste ano de 2025, como este de Série C levantado pela Ponte Preta.