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Wrexham Season Preview GFXGetty/GOAL

Pés no chão para Ryan Reynolds e Rob McElhenney? O que esperar do Wrexham na temporada 2025/26 da segunda divisão inglesa

Pela primeira vez em 43 anos, o Wrexham vai disputar a segunda divisão do futebol inglês. Três anos atrás, quando ainda jogava a modesta National League, a quinta divisão inglesa, isso parecia impossível. Mas os donos Ryan Reynolds e Rob McElhenney transformaram o clube e levaram o entusiasmo no Racecourse Ground a um nível inédito.

O time foi campeão da National League em 2022/23 com um recorde de 111 pontos. Depois, conseguiu dois acessos seguidos, terminando em segundo lugar na League Two e na League One, entrando para a história com três promoções consecutivas – algo que nenhum clube inglês havia feito antes.

Reynolds, McElhenney – que agora usa o nome Rob Mac – e o técnico Phil Parkinson merecem muito crédito por essa ascensão meteórica. E os carismáticos donos acreditam que a boa fase pode continuar na Championship, a segunda divisão. McElhenney chegou a dizer no X (antigo Twitter): "Se eu for sincero, nem sei o que a palavra consolidação significa."

Mas chegar à Premier League, o mais alto escalão do futebol inglês, logo de cara seria um milagre. O salto da terceira para a segunda divisão é enorme, e apenas cinco clubes já conseguiram subir de primeira – o último foi o Ipswich Town, em 2023/24, com muito mais torcida e dinheiro que o Wrexham. Apesar dos recursos extras dos donos, o orçamento ainda é bem menor que o dos gigantes da divisão.

“Estamos entrando em uma das ligas mais competitivas e populares do mundo. O salto salarial é enorme, e muita gente fora do futebol não percebe isso”, alertou Parkinson, pedindo paciência à torcida.

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  • Wrexham AFC v Charlton Athletic FC - Sky Bet League OneGetty Images Sport

    Clima no Racecourse Ground

    A empolgação é grande. Após três anos mágicos, alguns torcedores até sonham com nova briga pelo acesso, ainda mais depois de um mercado de transferências agitado.

    Mas boa parte da torcida mantém os pés no chão. Alguns dizem que ficariam felizes apenas evitando o rebaixamento. Outros, como o criador do podcast Racecourse Ramble, Matthew Jones, acham que a prioridade é ficar no meio da tabela, aceitando que o time deve perder mais e ter sequências ruins.

    Se o início for bom, porém, a confiança pode voltar rapidamente – o Wrexham já mostrou que sabe embalar.

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  • Conor Coady Leicester 2024-25Getty

    Mercado de transferências

    Reynolds e McElhenney nunca esconderam o objetivo de chegar à Premier League e deram um bom orçamento para Parkinson montar o time. O clube fez oito contratações neste verão europeu, quebrando seu próprio recorde duas vezes: primeiro pagando 2,2 milhões de libras (R$ 16,1 milhões) pelo lateral-esquerdo Liberato Cacace (Empoli) e depois 5 milhões de libras (R$ 36,6 milhões) pelo meia Lewis O’Brien (Nottingham Forest).

    Vieram ainda Ryan Hardie (Plymouth) e George Thomason (Bolton) por 2 milhões de libras (R$ 14,7 milhões) juntos, além de reforços sem custo como o goleiro Danny Ward (ex-Leicester) e o atacante Josh Windass (ex-Sheffield Wednesday).

    As chegadas mais chamativas foram Conor Coady e Kieffer Moore, ex-Premier League, por 4 milhões de libras (R$ 29,3 milhões) no total. A experiência dos dois pode ser decisiva.

    O clube ainda sonha com Christian Eriksen. Ajustar o salário não seria problema, já que vários jogadores saíram, como Fletcher, Mark Howard, Will Boyle e a lenda Paul Mullin, que foi emprestado ao Wigan.

  • Ryan Hardie Wrexham 2025Getty

    Pré-temporada

    Após duas pré-temporadas nos EUA, o Wrexham fez a pré-temporada na Austrália e na Nova Zelândia, onde foi recebido com festa. Ganhou por 3 a 0 do Melbourne Victory, mas depois perdeu do Sydney FC (2 a 1) e sofreu com lesão de Ollie Rathbone.

    Na Nova Zelândia, perdeu para o Wellington Phoenix (1 a 0) por erro do goleiro Okonkwo e, já na Holanda, caiu duas vezes para o Groningen (1 a 0 e 3 a 1).

    Foram quatro derrotas e apenas uma vitória, o que não é o melhor cenário para a estreia contra o Southampton. Mesmo assim, Parkinson avaliou que foi uma “boa preparação” em termos de ritmo e minutos para os jogadores.

  • Wellington Phoenix v Wrexham FCGetty Images Sport

    Estilo de jogo

    Parkinson é um técnico à moda antiga, com defesa sólida e ligação direta para o ataque. Na última temporada, o Wrexham foi o time que mais deu lançamentos longos na League One (quase 58 por jogo), muitos do goleiro para os atacantes disputarem a bola no alto e abrirem espaço para o artilheiro.

    O esquema 3-5-2 funciona bem defensivamente, mas pode precisar de mais variação no ataque para enfrentar os rivais mais fortes da Championship.

    Parkinson é ídolo no Wrexham e já teve bons trabalhos em outros clubes das divisões inferiores, mas seu histórico na segunda divisão é fraco: apenas nove vitórias em 49 jogos. Um futebol previsível e sem posse de bola pode custar caro nesta temporada.

  • Josh Windass WrexhamGetty/GOAL

    O craque

    O meio-campista Rathbone foi eleito Jogador do Ano do Wrexham em 2024/25, prêmio merecido pelas grandes atuações no meio-campo. Aos 28 anos, ele foi o principal criador de jogadas dos Dragões Vermelhos e ainda marcou oito gols na League One, justificando cada centavo do então valor recorde pago ao Rotherham na última janela de verão europeu.

    A má notícia é Rathbone machucou o tornozelo contra o Sydney, precisou ir ao hospital e passou as últimas duas semanas usando uma bota de proteção. Ainda não há previsão de retorno.

    Para que Moore, Hardie e Smith rendam bem no ataque, o técnico Phil Parkinson precisa de alguém que conecte o jogo tão bem quanto Rathbone. Essa função agora recai sobre Windass.

    O meia ofensivo participou de 18 gols pelo Sheffield Wednesday na Championship na última temporada — marca impressionante para um time que terminou em 12º lugar — e tem todos os atributos para assumir a armação do Wrexham. Quando Rathbone voltar, deve formar uma boa dupla com Windass, atuando um pouco mais recuado.

    Windass já mostrou um pouco do que pode fazer, marcando no segundo amistoso contra o Groningen. Aos 31 anos, pode se tornar rapidamente uma das peças mais importantes do elenco de Parkinson ao longo da temporada.

  • Harry Ashfield WrexhamGetty Images

    Estrela revelação

    O Wrexham renovou, em março, com a joia da casa Harry Ashfield, que agora tem contrato até 2027. Aos 19 anos, ele promete ter uma temporada de destaque no Racecourse Ground. No ano passado, participou de cinco jogos na Football League Trophy* e marcou seu primeiro gol como profissional na vitória nas quartas de final sobre o Port Vale.

    No ultimo mês de julho, Ashfield chamou atenção contra o Wellington Phoenix e atuou 84 minutos na derrota por 1 a 0 para o Groningen, mostrando personalidade com a bola e muita energia sem ela. Chegou a ser cogitado um empréstimo, mas ele convenceu Parkinson de que está pronto para contribuir no time principal na Championship.

    *Torneio eliminatório com 48 clubes das terceiras e quartas divisões da Inglaterra.

  • Wrexham AFC v Charlton Athletic FC - Sky Bet League OneGetty Images Sport

    Como medir o sucesso

    “Onde queremos estar? Se chegarmos a dezembro em posições como 3º, 4º, 5º, 6º ou 7º, acho que os outros times devem se preocupar”, disse o CEO do Wrexham, Michael Williamson, à AFP. “Se formos aos play-offs com a nossa mentalidade, qualquer coisa pode acontecer em 90 minutos. Teríamos uma grande chance.”

    Mas o supercomputador da Opta não é tão otimista: dá 20,2% de chance de o Wrexham voltar direto para a League One. Apesar da boa janela de transferências, o rebaixamento parece mais provável do que terminar entre os seis primeiros, como sonha Williamson.

    O mais realista é mirar no meio da tabela. Se Parkinson colocar o time brigando pelo top 10, já será motivo para festa no norte do País de Gales.

    Southampton, Leicester e Ipswich devem brigar pelo acesso direto, contando com o impulso financeiro dos pagamentos de “paraquedas” da Premier League. Times como Coventry, West Brom, Bristol City e o Birmingham City de Tom Brady — que ficou 19 pontos à frente do Wrexham na League One no ano passado — também sonham com os play-offs. Mesmo gastando 12 milhões de libras, os Dragões não têm a mesma profundidade de elenco desses rivais.

    Outro ponto: o Wrexham tem o segundo elenco mais velho da divisão, com média de 27,7 anos, atrás apenas do Derby County (27,8). Isso pode pesar em um campeonato tão físico como a Championship.

    McElhenney pode não gostar, mas “consolidação” precisa ser a meta. E, se o time mostrar que pertence a este nível, o sonho da Premier League pode voltar em 2026/27.

  • Max Cleworth Wrexham 2024-25Getty

    Previsões ousadas

    Jogador da Temporada – Max Cleworth: já ganhou três vezes o prêmio de Jovem Jogador do Ano e, aos 22 anos, deve dar mais um salto na Championship. Forte nas bolas paradas, pode ser decisivo em jogos apertados.

    Maior decepção – Okonkwo: importante desde que chegou do Arsenal, mas pode sofrer nesta divisão. É propenso a erros de concentração e tem dificuldades para sair jogando com o pé esquerdo. Se não evoluir, Ward pode assumir a posição.

    Melhor contratação – Windass: gols, assistências e carisma. É um jogador que decide partidas e pode até entrar na disputa de Jogador da Temporada da Championship, se se entrosar rápido.

    Artilheiro – Moore deve marcar gols, mas seu papel principal será criar espaços para os companheiros. Windass, com finalização precisa e criatividade, deve ser o maior goleador do time.

    Posição final – 11º lugar. A força mental da equipe vai garantir uma boa campanha, mas também trará lições duras contra os favoritos da divisão.