Permanência de Kylian Mbappé deixa novo PSG com força para dominar a Europa

Os fracassos do PSG na Liga dos Campeões não são inteiramente culpa de Mbappe. Isso, é claro, depende de como você vê o jogo. No entanto, se você acredita que os gols acabam vencendo os jogos, então Mbappé fez a sua parte, já que com apenas 24 anos, marcou 40 gols em 61 jogos da Liga dos Campeões. Se ele continuar marcando nesse ritmo - ou melhorar -, pode acabar se tornando o maior artilheiro de todos os tempos da competição, desbancando Cristiano Ronaldo.

Mas esse esporte é jogado em ambos os lados do campo, e é aí que começam os problemas do PSG. É muito simplista afirmar que todos os fracassos do time parisiense na Liga dos Campeões se devem à relutância de seus jogadores de ataque em correr e pressionar com a bola. Na verdade, há diferentes maneiras de fazer essas coisas, e o PSG nunca foi um time de grande pressão nos moldes do Liverpool de Jurgen Klopp.

Ainda assim, por quase dois anos, os parisienses tiveram de compensar o aparente desinteresse defensivo de três jogadores. Enquanto Lionel Messi tinha uma desculpa devido à sua idade e Neymar talvez tenha sido descartado quando se tratava de treinamento, Mbappé nunca teve uma desculpa para sua falta de trabalho defensivo.

Durante longos trechos dos últimos dois anos, o PSG se viu efetivamente jogando com a bola em jogo no esquema 7 x 10, e Mbappé tem de assumir parte da culpa por isso. Ele ainda tem um saldo positivo - estamos falando de um dos melhores do mundo. Mas, sem dúvida, há imperfeições em seu jogo.

No entanto, este é um time do PSG radicalmente diferente daquele que foi eliminado da Liga dos Campeões nas oitavas de final da última temporada. Messi se foi, assim como Sergio Ramos, e Marco Verratti pode segui-los em breve.

Enquanto isso, é uma bela coincidência que o retorno de Mbappé ao time tenha ocorrido na mesma época em que a transferência de Neymar para o Al-Hilal começou a ganhar força. Os conflitos da dupla talvez tenham sido exagerados, mas há pouco que sugira que a dupla de astros do PSG tenha sido a melhor das amigas.

Em alguns aspectos, há um bom motivo para isso. Neymar assinou contrato com o PSG achando que seria o único craque da equipe. Mbappé foi contratado apenas algumas semanas depois - arruinando a jornada de Neymar antes mesmo de começar. Desde então, os dois têm brigado dentro e fora do campo, culminando com Mbappé enviando mensagens à imprensa dirigidas ao seu companheiro de equipe.

Neymar também é um personagem que divide opiniões. Assim como Mbappé, ele é um jogador imensamente talentoso com a bola. Mas sempre se mostrou desinteressado sem a bola, sendo frequentemente encontrado olhando para o outro lado do campo, observando os companheiros de equipe defenderem. Enquanto isso, certamente há paralelos no sentido de que ambos são distrações significativas fora do campo. Em resumo, o PSG não era grande o suficiente para os dois. E com a saída de Neymar, Mbappe tem os holofotes só para ele.

Mas isso não significa que será fácil para o astro comprometido. Os paradoxos de Mbappé não vão simplesmente desaparecer. Luis Enrique é um bom técnico, que tem um histórico de confrontos com grandes nomes. Isso não significa que Mbappé decidirá começar a correr com a bola, embora esse fosse o cenário dos sonhos. Em vez disso, ele provavelmente precisará atuar em um sistema equilibrado, taticamente ajustado o suficiente para que qualquer jogador - não apenas Mbappé - possa se encaixar em uma função de ponta esquerda com facilidade.

É bom, portanto, que o PSG pareça ter montado sua equipe de 2023-24 com pelo menos uma suposição de que teria de se contentar sem Mbappé. Os parisienses o afastaram, em uma das demonstrações de força menos convincentes e mais curtas do futebol. Mas eles fizeram o suficiente durante o mês de suspensão para sugerir que o novo time não precisaria dele, pelo menos para continuar vencendo nacionalmente.

As contratações parecem ser as de um clube que está procurando renovar e ajustar o time, não reconstruí-lo na ausência de seu astro. No ataque, o time contratou Marco Asensio, Ousmane Dembele, Lee Kang-In e Goncalo Ramos. No meio-campo, eles trouxeram Manuel Ugarte. Na defesa, Milan Skriniar entrou na equipe; Com a possível chegada de Randal Kolo Muani e talvez outro meio-campista ao grupo, o PSG poderá considerar um verão interessante, talvez até vagamente empolgante.

Pode não haver uma linha tática óbvia em suas contratações, mas o PSG tem como alvo uma mistura de jogadores jovens e jogadores mais velhos. Esse deve ser um grupo com muita fome, supervisionado por um técnico que já venceu na Europa antes. Mesmo sem Mbappé, havia motivos para empolgação. Se ele for incluído no time, a equipe passará de promissora a excelente.

No entanto, o PSG já passou por isso antes. Houve verões com contratações inteligentes, contratações de treinadores taticamente competentes e otimismo desenfreado antes da temporada. Supostamente, os nomes certos foram trazidos, com boas vibrações por toda parte.

E tudo termina da mesma forma. O PSG geralmente vence a Ligue 1, passa com facilidade pela fase de grupos da Liga dos Campeões e depois fracassa de forma constrangedora nos mata-matas europeus. Há, é claro, diferentes graus de decepção aqui. O PSG perdeu na final da Liga dos Campeões de 2020 e caiu nas semifinais no ano seguinte. As eliminações nas quartas de final, embora longe do ideal, também não são nada desprezíveis.

A questão é que, quando os gastos disparam para centenas de milhões, as eliminações na fase de mata-mata não devem ser aceitas. O PSG tem mais dinheiro do que quase todos os outros times da Europa juntos. Há uma diferença entre ter dinheiro e saber como gastá-lo. Mas os parisienses já deveriam ter vencido a competição.

E neste ano, como em qualquer outro, as esperanças serão novamente grandes. No entanto, no passado, os parisienses investiram seu dinheiro em um grupo de estrelas. Agora, porém, há uma espécie de equipe aqui, com uma superestrela para dar-lhes uma vantagem. E com alguns dos participantes habituais não tendo se classificado para a competição ou parecendo comparativamente mais fracos do que na última temporada, esta pode ser a campanha em que tudo se encaixará.

É quase certo que Mbappé estará jogando em outra equipe daqui a 12 meses. Esta é sua melhor chance de ganhar o troféu que o PSG realmente deseja antes de partir.