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Kevin De Bruyne Man City GFXGetty/GOAL

Pep Guardiola está certo: Kevin De Bruyne precisa ser preservado no Manchester City para evitar mais lesões

No início de "Skyfall", James Bond é liberado servir o MI5 novamente após sobreviver a um tiroteio. Gareth Mallory, porém, logo o advertiu: "Olha, você foi seriamente ferido. Não há vergonha em admitir que perdeu a forma. A única vergonha seria não admitir antes que seja tarde demais".

Kevin De Bruyne parece estar enfrentando uma situação semelhante no Manchester City, lutando para encontrar a boa forma desde seu retorno, em janeiro. O jogador de 32 anos perdeu metade da temporada após passar por cirurgia no posterior da coxa e fez apenas sua sexta partida como titular na Premier League, em Anfield, no domingo (10), quando o City empatou em 1 a 1 com o Liverpool.

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O primeiro gol do jogo, de John Stones, só aconteceu por conta de uma brilhante jogada rápida partindo dos pés de De Bruyne. O belga, contudo, diminuiu consideravelmente de ritmo depois disso, sendo substituído por Guardiola aos 24 minutos do segundo tempo, abrindo vaga a Mateo Kovacic. E embora o meio-campista estivesse visivelmente frustrado com a decisão, ele realmente não tinha muito do quê reclamar. O próprio técnico admitiu isso, no pós-jogo: "Melhoramos depois [da substituição]".

E, no fim das contas, Guardiola estava absolutamente certo em sacar De Bruyne. Esta não foi a primeira vez que ele jogou abaixo do esperado na temporada, e isso traz um dilema para o técnico do City...

  • De-Bruyne-Man-CityGetty

    Mal em quase tudo

    É possível argumentar que, não fosse pela genialidade de De Bruyne, o City teria saído de Anfield sem pontos. Ele deu sua quinta assistência em nove partidas na Premier League quando encontrou John Stones no meio da área para abrir o placar, ainda no primeiro tempo.

    Há muito poucos jogadores no futebol mundial capazes de dar esse tipo de passe, ou mesmo que possuam tamanha visão e confiança. A técnica de De Bruyne é um espetáculo para os olhos - ele pode criar uma jogada do nada mesmo nos jogos mais apertados, aos seus quase 33 anos.

    No entanto, ele falhou em cumprir as tarefas mais simples durante o clássico de domingo, como de pegar a bola regularmente e de recuperação de posse. Houve muitas vezes em que seu último passe ficou aquém do que estamos acostumados, o que ofereceu ao Liverpool vários contra-ataques.

    O City havia perdido completamente o controle do jogo quando Guardiola o substituiu.

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  • De Bruyne - Man CityGetty

    Ainda sem condições de atuar por 90 minutos

    De Bruyne não guardou para si sua raiva ao ser substituído, antes de um relutante Pep Guardiola se sentar ao seu lado, no banco de reservas, continuando respeitosamente a discussão sobre a alteração. "Precisamos de um jogador que mantenha a posse de bola. Não se trata de pressionar. Não é sobre seu futebol. Estávamos felizes com Kevin. Não era um problema," respondeu Guardiola, questionado sobre o incidente.

    Ele também prometeu que De Bruyne terá "uma chance no próximo jogo para provar o quanto eu estava errado", às vésperas do City enfrentar o Newcastle, pelas quartas de final da FA Cup, no sábado (16) - ainda que sem confirmá-lo no time titular. Com base nos episódios recentes, seria um risco para Guardiola continuar com o belga, que está mostrando sinais claros de desgaste após seu período de cinco meses fora dos gramados.

    Três semanas após não se sentir "confortável" o suficiente para entrar na vitória por 1 a 0 sobre o Brentford, De Bruyne ainda não parece pronto para atuar 90 minutos, o que levanta a questão: ele se sairia melhor, então, saindo do banco?

    Não seria surpresa se Guardiola considerasse essa possibilidade. Para o City funcionar, todos devem estar a 100% - e De Bruyne não se encaixa nessa categoria de 'todos' atualmente. Não deve, claro, faltar desejo ao belga, mas a maneira como o Liverpool dominou o meio-campo em Anfield será uma obviamente incomodou Guardiola.

    Uma queda de ritmo nesta reta final não pode ser uma opção.

  • De-Bruyne-CityGetty

    "Meu músculo parecia um papel molhado"

    "Basicamente, sou um jogador de futebol de 32 anos que joga há 15 anos, fez quase 700 partidas, teve alguns problemas de lesão no posterior da coxa, e o cirurgião me disse que ele parecia um papel molhado. O músculo estava rompido, precisavam limpá-lo".

    De Bruyne foi bem aberto quanto aos seus empecilhos com contusões do último ano no documentário da City Studios intitulado 'O Retorno do Rei', após precisar ser substituído na final da Liga dos Campeões de 2022/23, contra a Inter de Milão. Após passar a intertemporada em recuperação, o belga se machucou outra vez no mesmo local na estreia desta temporada, contra o Burnley.

    Os Citizens gerenciaram perfeitamente a recuperação de De Bruyne até este ponto, e eles devem continuar sendo cautelosos se ele quiser voltar à condição física ideal. A melhor atuação do veterano até agora nesta temporada veio na goleada por 6 a 2 sobre o Luton, pela quinta rodada da Copa da Inglaterra - ele distribuiu quatro assistências para Erling Haaland. No pós-jogo, afirmou que se sentia "bem".

    Mas ele acrescentou: "Eu sei que, se você não joga por seis meses e volta, vai ter problemas em todo lugar. É normal, tudo bem". Seu músculo pode estar se segurando agora, mas ele está sentindo a pressão em outras partes do corpo na tentativa de se readaptar às demandas de jogar três vezes por semana em um clube que busca títulos em todas as frentes.

    É também possível que ele já não seja tão resistente e ágil quanto antes, tendo lidado com lesões sérias ao longo de sua carreira e o avançar de sua idade.

  • Liverpool-Man-City-Kovacic-RodriGetty

    Experiências para Pep

    Nos primeiros 25 minutos do segundo tempo em Anfield, o Liverpool cercou o City. Alexis Mac Allister marcou de pênalti para deixar tudo igual, antes de Luis Díaz e Darwin Núñez desperdiçarem oportunidades de ouro para completar o que seria uma épica virada para o time de Jurgen Klopp.

    Somente quando De Bruyne deu lugar a Kovacic que o City conseguiu conter o ímpeto e ganhar vantagem na posse de bola mais uma vez. Kovacic teve 36 toques na bola na parte final do jogo - dois a mais do que De Bruyne conseguiu durante todo o jogo - e trouxe equilíbrio no meio de campo, ao lado de Bernardo Silva, Phil Foden e Rodri.

    O City teve a sorte de não conceder um pênalti nos acréscimos depois de uma entrada atrasada de Jérémy Doku em Mac Allister - depois do mesmo ponta Citizen acertar a trave. Tirar De Bruyne foi um sacrifício necessário.

    Em um confronto tão lá e cá, o belga teve dificuldades para se envolver enquanto o Liverpool pressionava no campo adversário, quase que alimentado pela energia das já costumeiramente em polvorosas arquibancadas. Erling Haaland certamente pouco ajudou, muito aquém como o homem de ataque do City, mas fato é: Kovacic mudou o jogo a partir do primeiro momento que entrou em campo.

    Será um aprendizado valioso para Guardiola, às vésperas de outra 'final antecipada', agora contra o Arsenal, no final do mês.

  • Kevin De Bruyne Man City 2023-24Getty Images

    Últimos meses em Manchester?

    A última atuação de De Bruyne pelo City provavelmente aumentará as especulações sobre seu futuro. O belga tem apenas 15 meses restantes em seu contrato atual, e o The Mirror trouxe recentemente que ele estaria próximo de uma renovação contratual de um ano no Etihad.

    No entanto, a reportagem também acrescentou que De Bruyne atrairia interesse da Saudi Pro League, onde poderia receber um incrível salário de £1 milhão por semana. Uma transferência lucrativa para a MLS também estaria entre as possibilidades, talvez tendo até um maior apelo do que o Oriente Médio. Em geral, esta pode ser a última janela na qual o City tem a possibilidade de lucrar com uma venda.

    Para garantir a renovação de De Bruyne, os Citizens quase certamente terão que aumentar o atual salário do jogador, avaliado em £400 mil por semana, o segundo maior do atual elenco - perde apenas para o de Haaland. Seria fácil justificar esses valores se ele ainda fosse o primeiro nome na escalação de Guardiola - mas não é o caso.

    Ainda há um papel importante para De Bruyne desempenhar nos próximos meses, claro, já que o City precisará de sua genialidade contra adversários em bloco baixo. Sua incrível assistência contra o Liverpool prova que ele ainda pode fazer a diferença nos maiores jogos, mas é inegável que a equipe de Guardiola não depende mais tanto dele como costumava. Ele parece, na verdade, estar perdendo ritmo.

  • Guardiola-De-Bruyne-CityGetty

    Mas e agora?

    Manter a harmonia no vestiário será essencial se o City quiser garantir o título, e talvez uma inédita segunda tríplice coroa consecutiva. Guardiola pode ter minimizado o desabafo de De Bruyne em Anfield, mas ele não vai querer ver esse episódio se repetindo em meio a uma agenda de jogos lotada e que o deixa com poucas escolhas além de continuar fazendo rodízios regulares.

    O status de De Bruyne como lenda do City, e talvez o melhor meio-campista que o futebol inglês já viu, está garantido - não importa o que aconteça entre agora e o final da temporada. Mas, assim como Sergio Agüero, Fernandinho e David Silva, ele passou do seu auge e precisa reajustar suas expectativas.

    Se assim o fizer, uma gloriosa despedida final no Etihad é totalmente possível. Os torcedores do City, em particular, não querem ver De Bruyne sendo deixado de lado enquanto ele ainda tem tanto a oferecer.

    No entanto, seu principal trabalho agora é dar o exemplo para os jogadores mais jovens do clube, como Phil Foden, Rico Lewis e Oscar Bobb, antes de deixar de vez o posto de maestro do time.

    É hora de De Bruyne admitir que perdeu um pouco de sua forma - antes que seja tarde demais.

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