Pep Guardiola tem apenas uma semana para salvar o Manchester City - plano de reconstrução já saiu dos trilhos

Se as coisas pareciam ruins para Guardiola pouco antes da pausa internacional com o colapso tardio para o Brighton, a situação se tornou ainda mais preocupante agora. Omar Marmoush sofreu uma lesão no joelho enquanto estava em serviço pelo Egito e se juntará a Rayan Cherki e Rayan Aït-Nouri como desfalques para o derby de Manchester, bem como para os próximos jogos. John Stones também é dúvida. 

Os problemas do City vão muito além das lesões, entretanto. A maior preocupação é que eles não parecem mais fortes do que o time que na temporada passada teve sua pior campanha sob o comando de Guardiola. Contra o Tottenham, eles não conseguiram defender uma bola alta e um desvio, e foram pegos por uma pressão agressiva em um tiro de meta, com semelhanças marcantes com os 4 a 0 que sofreram dos Spurs na temporada passada. 

Contra o Brighton, eles cederam a liderança e perderam por 2 a 1, assim como no confronto da temporada anterior. Os gols que eles sofreram também soaram familiares: Matheus Nunes concedendo um pênalti desnecessariamente e depois o time sendo surpreendido por um contra-ataque rápido.

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O ex-defensor do City, Micah Richards, resumiu os problemas da equipe quando disse no programa CBS: "Eu senti que as coisas que estavam faltando na temporada passada haviam sido corrigidas. Mas contra o Spurs, foram pegos de surpresa. Contra o Brighton, foi muito fácil. Pensei que tivessem consertado, mas ainda não consertaram. Pode levar mais tempo. Algo está faltando."

O ex-lateral-esquerdo do City, Gael Clichy, destacou que é apenas o início da temporada, mas expressou preocupação de que a equipe não está melhorando na defesa dos contra-ataques. Ele disse à GOAL, via BETMGM: "O City tende a sempre ter a mesma dificuldade. 

"Quando você protege a bola e domina seu oponente, sabe que a única maneira que podem te machucar é na transição e não conseguir resolver essas situações, que vemos em praticamente todos os jogos, é uma preocupação. E ainda mais este ano com a linha alta que eles querem manter, mas sem uma pressão conjunta da equipe, os defensores acabam ficando muito expostos nas situações de contra-ataque."

O City não apenas fez seu pior início de temporada sob o comando de Guardiola. Eles não conquistaram três pontos em seus primeiros três jogos desde 2004/05, quando Kevin Keegan era o treinador. O técnico já teve inícios ruins antes, é claro, mas seu time sempre respondeu de forma implacável. 

Em sua incrível primeira temporada com o Barcelona, Pep perdeu o jogo de abertura para o recém-promovido Numancia e depois empatou em casa com o Racing Santander. A imprensa catalã estava pronta para criticar o técnico novato, mas Andres Iniesta deu-lhe seu apoio em uma reunião privada e o Barça venceu os nove jogos seguintes antes de conquistar a tríplice coroa. O City perdeu pontos em cinco dos seus primeiros nove jogos na campanha 2020/21 e depois venceu 13 jogos seguidos a partir de dezembro. 

Esses precedentes mostram os perigos de descartar Guardiola cedo, como Sergio Agüero disse GOAL, via Stake.com: "Ainda estou impressionado que ele está recebendo novas críticas após uma temporada não tão brilhante e um início instável nesta. Ano após ano, Pep levou a equipe a conquistar muitos títulos, e quando não conseguimos, éramos consistentemente um dos principais desafiantes. Ele construiu um legado enorme, algo que todos deveriam valorizar. É por isso que confio nele para corrigir o curso e nos mostrar o caminho para voltar à forma."

Mas as coisas parecem diferentes desta vez. O City está no meio de uma estranha revolução. Eles se separaram de quase metade do núcleo dos principais jogadores que conquistaram a tríplice coroa com eles em 2023, após as saídas, no dia do fechamento, de Ilkay Gündoğan, Manuel Akanji e Éderson, pouco depois de Jack Grealish ter sido emprestado ao Everton e Kevin De Bruyne encerrar sua permanência de 10 anos repleta de troféus no clube. 

O City gastou £ 180 milhões (R$ 1,3 bilhões) em seis novas contratações no verão, tendo desembolsado o mesmo valor em janeiro. No entanto, os novos recrutas em ambas as janelas não fortaleceram significativamente o elenco. Três dos sete novos integrantes do City são goleiros, enquanto Sven Nypan foi diretamente emprestado ao Middlesbrough. 

A única contratação que teve um grande impacto até agora na temporada da Premier League é Tijjani Reijnders, que teve uma estreia impressionante contra o Wolves. Rayan Aït-Nouri se machucou durante o primeiro tempo contra o Tottenham e, embora tenha retornado contra o Brighton, sofreu outra lesão e está indisponível contra o United. 

Cherki, por sua vez, se machucou contra o Tottenham e só voltará em meados de outubro. Das cinco novas contratações em janeiro, apenas Marmoush impressionou. E agora ele está prestes a passar um tempo afastado. Vitor Reis mal jogou na última temporada e foi emprestado, enquanto Abdukodir Khusanov teve um começo misto na Premier League.

O City passou por sua maior mudança no elenco desde a primeira temporada de Guardiola no comando, e o técnico alertou na sexta-feira que novos times não se entrosam da noite para o dia.

"Em qualquer clube há sempre mudanças e quando você muda 10 jogadores em quatro, cinco meses, tudo precisa ser ajustado, consertado e consistente", disse ele. "Ainda estamos fazendo muitas coisas [boas], mas ainda precisamos ser mais consistentes do que temos sido, mas passo a passo conseguiremos."

A contratação mais interessante que o City fez é a substituição de Éderson por Gianluigi Donnarumma, um perfil muito diferente do brasileiro. O italiano não tem uma habilidade excepcional com os pés e não parece uma contratação característica de Guardiola. No entanto, há um contraponto óbvio: Donnarumma é um talento geracional no gol, que estreou pelo AC Milan aos 16 anos e se tornou jogador da seleção italiana aos 17.

Questionado sobre o que o italiano traz para sua equipe, a resposta de Guardiola foi simples, mas não exatamente lisonjeira: "Ele é tão alto."

Parece que o treinador está se desviando de seu roteiro habitual em sua 10ª temporada no Etihad Stadium e que seu fim em Manchester está cada vez mais próximo. Ele não quis comentar quando esse dia chegará, embora tenha insistido que está tão motivado como sempre. "Não ficarei se o clube sentir que precisa mudar. Mas agora eu quero fazer isso mais do que nunca depois do que aconteceu na temporada passada", disse ele. "Não estou dizendo isso apenas pelo que fiz no passado. Gosto de olhar para a frente."

Olhar para a frente significa traçar um caminho para vencer o United em casa e o Arsenal fora, duas partidas que o City perdeu na temporada passada. Conquistar essas duas importantes vitórias consecutivas talvez seja o que a reconstrução de Guardiola precisa para engrenar. No entanto, uma repetição de ambos os resultados contribuirá muito para garantir que sua 10ª campanha na Inglaterra termine sem um título da liga.