Os motivos que fazem Carlo Ancelotti na seleção brasileira ser um desastre para o Real Madrid

O italiano pode ser um dos treinadores mais premiados de todos os tempos, mas seu acordo com o Brasil coloca em risco tanto ele quanto os Merengues

Um dos treinadores de clubes mais bem-sucedidos de todos os tempos na seleção nacional mais vitoriosa de todos os tempos deveria fazer todo sentido. No entanto, Carlo Ancelotti assumindo o comando do Brasil em 2024 é um anúncio sísmico e parece errado em vários níveis.

Ancelotti, o único treinador a ter vencido quatro Champions League e a ter liderado equipes vencedoras de títulos em cada uma das cinco principais ligas europeias, tem sido frequentemente associado ao cargo de treinador do Brasil desde que Tite deixou o cargo após a eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo de 2022.

Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, falou abertamente sobre sua esperança de que Ancelotti se tornasse o próximo treinador do país. E o italiano não escondeu seu entusiasmo pelo trabalho, admitindo em abril que estava "animado" com a perspectiva de treinar o Brasil.

Mas o timing parece muito estranho, com Rodrigues tendo confirmado na terça-feira a nomeação do treinador do Fluminense, Fernando Diniz, de forma interina antes de Ancelotti assumir o comando justo antes da Copa América em junho de 2024.

Para o Brasil, o objetivo é claramente a Copa do Mundo de 2026, e eles acreditam que Ancelotti é o único homem capaz de ajudá-los a encerrar a sequência de resultados ruins contra equipes europeias nas fases eliminatórias. A última vez que a Seleção venceu uma equipe europeia em mata-mata de Copa do Mundo foi na final de 2002 sobre a Alemanha.

Enquanto isso, o Real Madrid ficará em um impasse, sabendo que seu treinador está partindo ao final da próxima temporada, e a história do futebol está repleta de exemplos de jogadores perdendo motivação quando sabem que seu treinador está indo para outro lugar.

A GOAL explica por que o anúncio é tão chocante e por que é improvável que dê certo para qualquer um no curto prazo.

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Um desrespeito à reputação do Real Madrid
O Real Madrid se considera o maior clube do mundo, e seus 14 títulos da Champions League e seus sete Mundiais de Clubes certamente respaldam essa afirmação. Portanto, o fato do seu treinador concordar em ir para outro lugar, mesmo que seja para se tornar técnico do Brasil, parece um desrespeito à reputação dos Los Blancos.
O Madrid é conhecido por ser rápido em demitir treinadores, dispensando Jupp Heynckes após conquistar a Liga dos Campeões em 1998 e demitindo Vicente del Bosque, mesmo após ele ter conquistado o maior título europeu duas vezes e dois títulos da La Liga.
Ao longo da história, tem sido a hierarquia do Madrid que dita as regras, e não os treinadores. Mas agora parece que Ancelotti tem a vantagem sobre eles. Ele efetivamente disse aos aristocratas do futebol europeu que eles são sua segunda opção, seu passado em vez de seu futuro.

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Um treinador com data de validade
O fato de todos saberem que Ancelotti tem apenas mais um ano no Real Madrid também pode ser prejudicial às chances da equipe de ter uma boa temporada. Embora haja alguns exemplos de treinadores que tiveram despedidas gloriosas, como Heynckes vencendo a tríplice coroa com o Bayern de Munique em 2013, o conhecimento de que um treinador não ficará a longo prazo muitas vezes leva a uma queda na motivação e a piores resultados.
Sir Alex Ferguson anunciou sua aposentadoria como técnico do Manchester United no início da temporada 2001/02, uma decisão que mais tarde ele reverteu e descreveu como "o maior erro". Sua equipe encerrou aquela campanha sem conquistar um troféu, cedendo o título da Premier League ao Arsenal em Old Trafford.
"Eu acho que muitos deles haviam guardado suas ferramentas", lembrou Ferguson. "Eles pensaram: 'Ah, o treinador está saindo', mas quando mudei de ideia em janeiro, comecei a pensar no United novamente e em como poderíamos voltar ao topo".
Ferguson aprendeu com aquele erro e, quando decidiu se aposentar de vez em 2013, manteve isso em segredo, anunciando apenas com duas partidas restantes da temporada, depois que o título da Premier League já havia sido garantido.
Questões sobre motivação e foco
O Manchester City também pareceu sofrer uma queda de desempenho após anunciar, em fevereiro de 2016, que Manuel Pellegrini deixaria o clube ao final da temporada para dar lugar a Pep Guardiola. No primeiro jogo após o anúncio, o City perdeu por 3 a 1 em casa para o Leicester City, concorrente pelo título. Eles perderam seis dos 14 jogos restantes, garantindo apenas a quarta colocação no final, por diferença de gols.
Existem outros exemplos mais próximos, como o final apagado da temporada 2012/13 do Real Madrid, quando era óbvio que José Mourinho iria sair, e o Barcelona ficando sem o título da La Liga e sendo eliminado de forma desanimadora da Champions de 2016/17, após Luis Enrique anunciar que estava partindo em março.
O Madrid tem muito trabalho pela frente na temporada 2023/24, após terminar 10 pontos atrás do Barcelona na última temporada e ser superado pelo Manchester City em uma derrota agregada de 5 a 1 na semifinal da Champions League. Ter um treinador que tem apenas um ano restante é improvável que ajude a fazer as mudanças necessárias, e o primeiro sinal de queda nos resultados na próxima temporada certamente levantará questionamentos sobre o foco de Ancelotti e a motivação dos jogadores.

Um desrespeito à reputação do Real Madrid

Um treinador com data de validade

Questões sobre motivação e foco