O guia da Premier League 2023/24: quem luta por título, vaga na Champions e contra o rebaixamento

O Etihad Stadium viu mais saídas do que chegadas até aqui nesta janela, com Mateo Kovacic e Josko Gvardiol como únicas contratações do City. Apesar disso, esta já parece uma nova era para os comandados de Guardiola.

Ilkay Gündogan, meio-campista talismã da equipe, deixou o clube ao fim do seu contrato e agora jogará pelo Barcelona. Riyad Mahrez, enquanto isso, fez as malas e partiu para a Arábia Saudita após mais uma daquelas propostas "irrecusáveis". No mais, João Cancelo e Aymeric Laporte também podem ser despedir do restante do elenco antes de 31 de agosto.

Mas, uma vez que a poeira abaixar, o City ainda terá o melhor elenco da Europa. E, mesmo que tenha mais um início lento de temporada, os campeões vão se recuperar e conquistar o quarto título seguido - um recorde, vale dizer.

Erling Haaland não parará de marcar gols, Rodri ainda é um dos melhores volantes do mundo e, agora com Gvardiol, a defesa formada por Rúben Dias, John Stones, Manuel Akanji e Nathan Aké é tão promissora que assusta.

Em linhas gerais, o City é simplesmente muito bom. A dinastia de Guardiola não deve terminar tão cedo. E todo mundo sabe disso.

Os 248 dias do Arsenal na liderança da Premier League foram os mais longevos para uma equipe que acabou não confirmando o título na história da Premier League. Os Gunners colapsaram na reta final, vencendo apenas três dos últimos nove compromissos, com direito, ainda, a uma derrota acachapante para o City, por 4 a 1. Foi este revés, inclusive, que iniciou essa sequência.

Mas essa queda deve torná-los mais fortes. E os Gunners não terão desculpas se falharem de novo, após gastar mais de 200 milhões de libras (aproximadamente, R$ 1,52 bilhão) em Kai Havertz, Declan Rice e Jurrien Timber. E pode vir mais por aí.

O elenco de Mikel Arteta possui qualidade em todas as posições, e o Arsenal tem toda a capacidade para passar pela maioria das equipes. A única questão é se conseguirão controlar seus nervos desta vez.

Depois das buscas por um improvável quadruplo em 2021/22, o Liverpool sofreu uma espécie de ressaca na temporada passada, ficando bem atrás dos seus principais adversários no Inglês. O consenso geral de hoje, no entanto, é que eles estão de voltas. E com sede de vingança.

O time de Jürgen Klopp entrou no ritmo na reta final da temporada, com sete vitórias nos nove últimos jogos, e notórias vitórias sobre City e United mostraram que, 'naqueles dias', é realmente difícil enfrentá-los.

Os Reds deram um 'up' em seu meio-campo com as contratações de Dominik Szoboszlai e Alexis Mac Allister - em contrapartida, Fabinho, Jordan Henderson e Naby Keita foram embora. Há também o retorno de Luis Díaz, recuperado de lesão.

No papel, o Liverpool tem o melhor ataque de toda a liga, com Mohamed Salah ainda alçado ao mais alto dos patamares. Estão no páreo pelo título.

O United, enfim, saiu da fila na última temporada. O time venceu a Carabao Cup, chegou à final da FA Cup e ainda terminou em terceiro na Premier League. Erik ten Hag definitivamente alçou o clube a um novo patamar em sua temporada de estreia em Old Trafford e fez a torcida acreditar de novo no clube.

Mas o holandês agora, aliado aos vários pedidos de contratação atendidos nesta janela, é refém do próprio sucesso. O 'rebelde' ex-Chelsea Mason Mount, o ex-goleiro da Inter de Milão Andre Onana e o talentoso, mas ainda prospecto Rasmu Hojlund foram todos escolhidos a dedo por Ten Hag, que não pode se dar ao luxo de vê-los fracassarem.

Lutar seriamente pelo título é a única projeção para esta temporada no United, que já planeja aumentar a lista de canecos em seu hall de títulos - que está meio empoeirado desde o fim da 'era Sir Alex Ferguson'.

O problema é que há outros três times que também parecem estar mais fortes...

Praticamente, não há como o Chelsea ir pior do que na temporada passada, na qual terminaram com o pior aproveitamento de toda a 'era Premier League', alternando entre três técnicos ao longo de todo o campeonato. Pochettino é quem assume as rédeas agora no Stamford Bridge, cerca de quatro anos depois de ser demitido do Tottenham - e já deu tempo para deixar sua marca no atual elenco.

Os Blues venderam nove jogadores, incluindo Havertz e Mount, ao pé em que Christopher Nkunku e Nicolas Jackson chegaram com intuito de propor uma evolução na última linha. O defensor francês Axel Disasi também é novidade, vindo do Monaco, e ainda há possibilidade de Moisés Caicedo, do Brighton, também ser reforço.

Pochettino ainda precisa trabalhar com os melhores 11 iniciais, mas os Blues devem ser uma das forças do campeonato, os colocando novamente na disputa por vaga no top-4, que concede vaga à próxima temporada da Liga dos Campeões. Aliás, vale lembrar, agora com as novas regras de classificação à principal competição europeia, é possível confirmar esse objetivo mesmo terminando em quinto.

O Newcastle retornou à Champions após 20 anos de ausência e só tem a agradecer a Eddie Howe por ter tornado isso possível. O ex-técnico do Bournemouth implementou uma proposta focada em transições rápidas para tirar o máximo de jogadores que, anteriormente, tinham tido problemas no St. James' Park - destaques para o brasileiro Joelinton e Miguel Almirón.

Outro ponto crucial, claro, foi o financiamento saudita nas últimas janelas. Aliás, os Magpies continuam dando todo o suporte ao treinador: acabaram de acertar a maior contratação da história do clube, Sandro Tonali, por 60 milhões (cerca de R$ 374,7 milhões), e desembolsaram outros 35 milhões (mais de R$ 218,5 milhões) em Harvey Barnes, duas chegadas já para o time titular.

Porém, o calendário mais recheado será uma dificuldade a mais para Howe. Buscando outra campanha nível top-4, o Newcastle pode ficar sem gás na reta final da temporada.

Os Spurs ainda se recuperam de uma de suas piores temporadas em mais de uma década. O novo treinador, Ange Postecoglou, tem uma árdua tarefa pela frente se o objetivo for voltar ao top-4.

Ainda, estão em total alerta com a possível saída de Harry Kane, que anotou 30 gols na última temporada, mesmo com o Tottenham terminando apenas na oitava posição. E não há ninguém no atual elenco que possa substituí-lo.

James Maddison, que chegou do Leicester, proverá uma maior criatividade no meio, mas, mesmo que Kane seja a eventual referência no ataque e Son Heung-min volte à sua melhor forma, os Spurs seguem fracos defensivamente para pensar em voos mais altos sob o comando de Postecoglou.

Quando Steven Gerrard foi demitido, em outubro, o Villa só estava fora da zona de rebaixamento por conta do número de gols marcados, seguindo uma sequência de seis derrotas nas 11 primeiras partidas. O ex-técnico do Arsenal Ünai Emerey, valorizado após ótima passagem no Villarreal, foi, então, escolhido para suceder Gerrard. E ele mudou instantaneamente o rumo da campanha dos Villans.

O Villa acumulou média de 1,96 pontos por jogo depois da chegada de Emery e terminou o campeonato com 61 tentos somados - a melhor marca do clube desde 2009/10. As recentes chegadas de Moussa Diaby e Pau Torres irão ajudar a equipe a competir tanto domesticamente quanto no âmbito europeu. As expectativas são mais altas do que nunca no Villa Park.

Ainda, nomes como de Ollie Watkins e Emiliano Martínez descartaram potenciais saídas do clube, que agora tem como objetivo cravar seu nome no top-6.

Guardiola afirmou, em abril, que o Brighton "é o melhor time do mundo em iniciar jogadas da defesa". Depois, ainda descreveu Roberto De Zerbi como "um dos técnicos mais influentes do mundo nos últimos 20 anos".

E é difícil discordar dessas colocações, ainda mais depois de um extraordinário sexto lugar alcançado pelos Seagulls na última temporada, que os colocou na Liga Europa pela primeira vez.

Desde então, é verdade, o Brighton perdeu Mac Allister para o Liverpool e ainda pode perder Caicedo. Porém, as chegadas de João Pedro, Mahmoud Dahoud e James Milner e a manutenção de Kaoru Mitoma os mantém bem armados para mais uma vez desafiar os 'garotões' da Premier League.

O fato do Brentford ter terminado a campanha passada na primeira parte a tabela impressionou muita gente e ressaltou, mais uma vez, toda a evolução no clube desde a chegada de Thomas Frank, há alguns anos. Os gols de Ivan Toney foram, outra vez, primordiais para a boa campanha - foram 20 em 33 jogos -, mas, até janeiro, não serão mais recorrentes, dada a suspensão de oito meses do atacante por violação da política de apostas.

Os Bees devem, portanto, perambular novamente pelo meio da tabela. Porém, olho em Bryan Mbeumo, Yoanee Wissa e Mathias Jensen: eles podem ser o desafogo da equipe na ausência de Toney.

Nos últimos anos, o Fulham ganhou reputação de 'clube ioiô' por alternar frequentemente entre a promoção à Premier League e o rebaixamento à Championship. Mas isso foi antes da chegada de Marco Silva, que reviveu a campanha espetacular de 2021/22 na segundona inglesa. O português liderou os Cottagers a um surpreendente décimo lugar logo em sua primeira temporada de volta, conseguindo promover um sistema ofensivo muito fluido. E, não fosse a suspensão de oito jogos de Aleksander Mitrovic, é possível que tivessem conseguido classificação para alguma competição europeia.

Mitrovic foi o artilheiro do Fulham na última temporada e ainda há temor de que ele possa deixar o clube em meio ao interesse vindo da Arábia Saudita. Se o sérvio permanecer, os comandados de Silva podem muito bem surpreender todo mundo de novo. Mas, no caso de saída, a coisa já é um pouco mais embaixo.

As expectativas não era muito altas quando Vincent Kompany assumiu o Burnley há um ano, mas o ex-zagueiro do Manchester City, de uma hora para outra, transformou os Clarets em um dos melhores times do país

A abordagem inspirada em Guardiola proposta por Kompany ajudou o Burnley a conquistar o título da Championship ao pé em que passavam por cima de seus opontentes. Agora, devem ter tudo o que é necessário para permanecer na Premier League, seguindo a renovação contratual do belga.

E o time tem estado ocupado nesta janela, acertando as chegadas do atacante suíço Zeki Amdouni e do jovem James Trafford, da seleção da Inglaterra sub-21, que deve prover uma interação com Anass Zaoury e companhia limitada no último terço do campo boa de assistir.

O West Ham conquistou seu primeiro troféu em 43 anos, após bater a Fiorentina na final da Conference League - que praticamente salvou o trabalho de David Moyes. O sucesso europeu mascarou a temporada decepcionante na Premier League - o time foi apenas o 14° colocado - e o antes radiante ambiente nos bastidores do clube foi ladeira abaixo após a saída do capitão Rice.

Se eles não forem capazes de trazer reforços antes do fim da janela, a tendência é de outra temporada abaixo. E, neste caso, Moyes não terá no que se segurar para manter o cargo.

Roy Hodgson fez maravilhas no Selhurst Park após retornar ao comando do time, em março, o que condicionou sua recente renovação por mais um ano. Para esta temporada, portanto, a tendência é novamente de uma campanha confortável e bem acima da zona do perigo.

Mas os Eagles viram suas chances de subir à primeira parte da tabela diminuírem depois de perderem Wilfried Zaha. Não bastasse, ainda lidam com o interesse do Chelsea na estrela francesa Michael Olise.

Assim, o Palace continuará sendo difícil de ser batido com Hodgson no timão, mas a falta de potência no ataque pode ser o impeditivo para o time, enfim, subir de patamar.

O Forest excedeu expectativas ao terminar na 16ª colocação na primeira temporada de volta à primeira divisão, seguindo uma completa reconstrução do elenco. O técnico Steve Cooper foi bancado depois do início ruim de campanha - decisão que se provou acertada -, e agora seu time sabe exatamente o que significa competir no mais alto nível.

Depois de aparar as pontas e fazer alguns ajustes, o Forest está em boa posição para seguir evoluindo. Isso tudo, porém, pode depender de Anthony Elanga e sua capacidade de prover gols à frente, seguindo sua contratação junto ao United, por 15 milhões de libras (mais de R$ 93,6 milhões).

Com problemas relacionados ao Fair Play Financeiro, os Wolves não contam mais com o técnico Julen Lopetegui à beira dos gramados no Molineux. Ainda, os Wanderers já liberaram Rúben Neves, Raúl Jiménez, Nathan Collins e Conor Coady para outros clubes e optaram também por não renovar contratos de Adama Traoré e João Moutinho, mas ainda precisam de mais algumas vendas para poder acertar com novos jogadores.

Livre no mercado, Matt Doherty retornou ao clube e é reforço, mas o time carece de qualidade em todas as posições e possui um grande desafio à frente se a situação financeira não for rapidamente resolvida.

Sean Dyche trouxe uma tão necessária estabilidade ao Everton após ser escolhido para substituir, em janeiro, Frank Lampard, mas só se safaram do rebaixamento no último dia da temporada. Desta vez, a história pode ser a mesma.

Apesar de rumores os ligarem a uma série de grandes reforços, os Toffees só acertaram as chegadas do lateral veterano Ashley Young e de Arnaut Danjuma, que retornou 'com o rabo entre as pernas' após ter preferido o Tottenham aos azuis de Merseyside em janeiro.

O Everton provavelmente tem o que é preciso para se manter na Premier League, mas é só. E mais, precisam ter certeza de que o risco de dedução de pontos por possível violação do regulamento financeiro do campeonato não evolua.

O Bournemouth fez uma grande aposta quando escolheu Gary O'Neil para liderar a equipe na luta para não cair e os frutos foram colhidos. Agora, contudo, o time optou por Adoni Iraola, ex-comandante do Rayo Vallecano, para fazer sua estreia na Terra da Rainha.

Iraola é adepto a um estilo mais propositivo, e os Cherries se acertaram com uma boa leva de jovens jogadores, como Justin Kluivert, Hamed Traoré e Milos Kerkez. É seguro dizer, portanto, que os torcedores não jogarão seu dinheiro fora quando forem ao Vitality Stadium em 2023/24.

Mas isso não vai ser o bastante para entregar resultados consistentes. E a falta de profundidade de elenco no setor defensivo vai ser a concretizar o rebaixamento da equipe.

Paul Heckingbottom merece todos os créditos por recolocar o Sheffield United na Premier League, e certamente enfrentá-los no Bramall Lane não vai ser tarefa fácil para ninguém.

Entretanto, a saída de Iliman Ndiaye para o Olympique de Marselha deixou Ollie McBurnie como única grande referência no ataque dos Blades, que ainda dependem da liberação trabalhista para a estreia de Benie Traoré.

O elenco parece muito curto no papel e a indefinição no comando do clube, que passa por uma venda, serve como distração nos bastidores. Tudo aponta, dessa forma, para um temporada difícil.

Pela primeira vez em 30 anos, o Luton Town está na primeira divisão inglesa - e com todos os méritos. Os Hatters foram rebaixados à quinta divisão inglesa, em 2009, em meio a problemas financeiros, mas conseguiram lutar de forma admirável para retornar às divisões mais altas, culminando na emocionante vitória na final dos play-offs da Championship, no fim da temporada passada, contra o Coventry City.

O desafio agora para os comandados de Rob Edwards é provar que pertencem, de fato, à Premier League. A cidade de Luton tem feito reformas no histórico Kenilworth Road Stadium, que tinha capacidade para apenas 10.356 torcedores, e tentará impulsionar a pressão da torcida para criar a atmosfera de 'panela de pressão' que tanto incomoda times visitantes.

A campanha em casa se provará crucial para que a equipe sonhe em seguir na Premier League. Os Hatters, ainda, se acertaram com reforços, como o ponta do Manchester United Tahith Chong e Mads Andersen, e precisam que eles exerçam impacto imediato. Levando em consideração o atual orçamento da equipe, contudo, será um milagre, realisticamente falando, caso o Luton termine fora do Z-3.