+18 | Conteúdo Comercial | Aplicam-se termos e condições | Jogue com responsabilidade | Princípios editoriais
Esta página tem links afiliados. Quando você compra um serviço ou um produto por meio desses links, nós podemos ganhar uma comissão.
Jordi Alba, Messi, BusquetsGOAL

Um novo Inter Miami? O que as aposentadorias de Jordi Alba e Sergio Busquets indicam para o futuro do time de Lionel Messi

O vídeo de Jordi Alba anunciando sua aposentadoria foi um tanto quanto dramático, diga-se de passagem. Mas um bom vídeo. Todos os momentos decisivos estavam ali.

Jordi Alba encara a tela em câmera lenta (porque nada pode ser feito em velocidade normal quando se busca o efeito dramático). Ele caminha até o centro do campo, observa as arquibancadas, e então a retrospectiva começa: Alba, o garoto da base; Alba, o jogador sem espaço no Valencia; Alba, o astro do Barcelona; Alba, o pilar do Inter Miami. As imagens mostram amigos e companheiros ilustres: Lionel Messi, Luis Suárez, Sergio Busquets, Luis Enrique, etc. Tudo é narrado em espanhol, com legendas em inglês. Alba agradece aos clubes, à seleção espanhola, à família: “Isso também é de vocês.”

A despedida termina de forma perfeita. Alba diz “Gracias por tanto” (“Obrigado por tanto”) e a tela escurece.

Muito bem feito, Jordi. Ele acertou em cheio nos clichês, e é justo que tenha um momento de autocomemoração após uma carreira brilhante. Mas, dentro do contexto da temporada, fica a pergunta inevitável:

Dois se foram. Falta um?

Tudo indica que o Inter Miami vai passar por uma transformação importante. Alba segue Busquets e também deixará o clube ao fim da temporada como jogador. A primeira aposentadoria fazia sentido: Busquets já sentia o peso da idade aos 37 anos. Mas Alba, que havia acabado de renovar contrato, vinha atuando em altíssimo nível. Talvez, o melhor lateral esquerdo da história da MLS, com cinco gols e 14 assistências no ano. Ainda assim, o ciclo parece mesmo ter chegado ao fim: os “barcelonistas” estão deixando Miami um por um. Luis Suárez pode ser o próximo. E, mesmo que os rumores se confirmem e Messi permaneça, o sentimento é de fim de era. A versão 1.0 do Inter Miami de Messi está chegando ao fim. Hora de dar play na versão 2.0.

📱Veja a GOAL direto no Whatsapp, de graça! 🟢
  • FBL-WC-2022-MATCH10-ESP-CRCAFP

    Uma carreira admirável

    Um ex-funcionário do Inter Miami costumava chamar Alba de "the little engine that could", "o motorzinho que podia". E essa é uma descrição justa. O pequeno e incansável Alba que nunca desistia, fazia o time funcionar e poderia conseguir o que quisesse em campo.

    A geração espanhola da qual ele fez parte era repleta de craques destinados à seleção principal desde a base. No caso de Xavi, por exemplo, nunca houve dúvida se ele seria titular da Espanha, apenas quando isso aconteceria.

    Com Alba, a história foi diferente. Ele enfrentou uma limitação física: nunca teve o tão esperado estirão de crescimento. Com 1,70 m na adolescência e sem ganhar mais altura, acabou ficando em uma espécie de “terra de ninguém”. Tinha a velocidade e o drible típicos de um ponta, mas o instinto de defensor. Ninguém sabia bem o que fazer com ele. No início, tentaram utilizá-lo como ponta esquerda e ver no que dava. Já nos seus 20 e poucos anos, a seleção espanhola ainda parecia um sonho distante, mesmo com a carência notória na lateral esquerda.

    O Valencia foi quem descobriu sua verdadeira função. Adaptar um jogador ofensivo a um papel defensivo não era novidade, mas Alba parecia feito sob medida para isso. Tinha técnica refinada, mas também garra. Era aguerrido, gostava de defender. E a Espanha já havia se encantado com um lateral ofensivo do outro lado do campo: Daniel Alves, que dominava a faixa direita no Barcelona. Por que não ter sua própria versão na esquerda com Alba?

    E deu certo. A lateral esquerda virou seu habitat natural. A transferência para o Barcelona, seu clube de infância, foi o ponto de virada. Vieram títulos de LaLiga, Champions League e Copas do Rei. Tornou-se peça fixa na seleção, marcou o gol do título na final da Eurocopa 2012 e chegou a vestir a braçadeira de capitão da Fúria diversas vezes.

  • Publicidade
  • Lionel Messi Jordi Alba Inter Miami 2025Getty

    Conexão com Messi

    Ser chamado de “parceiro de Messi” é talvez o maior elogio possível. Essa parceria foi o que manteve Alba relevante mesmo quando o físico começou a dar sinais de desgaste. A sintonia entre os dois era quase telepática. A jogada clássica está gravada na memória de todos: Messi recua, recebe no meio, e lança em diagonal para Alba na esquerda. O lateral devolve de primeira, cruza rasteiro ou conduz alguns metros antes de servir o craque argentino. Foram 33 gols resultantes dessa conexão e incontáveis tentativas parecidas.

    Messi resumiu bem a parceria ao comentar o post de despedida do amigo:

    “É incrível quantas assistências você me deu todos esses anos. Quem vai me dar esses passes agora?”

    É difícil ver Messi expressar tanta emoção.

    Alba decidiu embarcar na aventura em Miami assim que ficou claro que Messi também iria. Já em 2022 havia dúvidas sobre sua continuidade no Barcelona, mas ele seguiu firme.

    Quando Messi anunciou sua ida ao Inter Miami, em 16 de julho de 2023, Busquets confirmou no mesmo dia. Quatro dias depois, foi a vez de Alba. Os blaugranas tinham de se reunir novamente, e Suárez, claro, completaria o quarteto em dezembro.

  • Inter Miami CF v New England RevolutionGetty Images Sport

    Saída inesperada

    E agora ele se foi. Dizer que essa foi uma surpresa não seria exagero. O Inter Miami já vinha sendo associado há algum tempo a Sergio Reguilón, ex-lateral do Tottenham e também espanhol, e agora o acordo parece inevitável. Mas vale lembrar: Alba assinou um novo contrato há apenas 147 dias. Na época, parecia empolgado para seguir jogando.

    “Estou feliz por renovar meu contrato, porque ainda tenho vontade de competir e porque me sinto muito bem no clube, com o carinho que recebo dos torcedores em cada partida”, disse Alba na ocasião. “Temos o desejo de continuar competindo, de continuar vencendo e, tomara, conquistar o máximo de títulos possível.”

    Essas não são exatamente as palavras de um jogador prestes a pendurar as chuteiras. O novo vínculo, inclusive, o manteria em Miami por duas temporadas completas. Na prática, era um indício de que Messi também ficaria. Se Alba continuasse, o argentino certamente o acompanharia.

    Mas, mesmo assim, ele decidiu parar. É claro que muita coisa pode ter mudado. Alba tem 36 anos e completará 37 logo após o início da próxima temporada da MLS. Mesmo com 28 partidas disputadas neste ano, alternando entre lateral e ponta, talvez o corpo tenha começado a dar sinais de limite. Isso acontece geralmente com atletas, ainda mais com os que dependem tanto da velocidade.

  • Sergio-Reguilon(C) Getty Images

    Nova geração

    Já antecipando sobre Reguilón: ele está longe de ter o mesmo nível técnico de Alba, mas tem apenas 28 anos, é mais do que suficiente para o padrão da MLS e, o mais importante, está livre no mercado. É verdade que pedirá uma boa taxa de assinatura e alguns bônus, mas, ainda assim, representa um ótimo custo-benefício e deve causar impacto imediato no campeonato.

    É curioso que nenhum clube tenha fechado com ele desde o fim do contrato com o Tottenham na última temporada. Talvez, nos bastidores do futebol, já fosse de conhecimento geral que o destino do espanhol seria Miami, e ninguém quis investir em um jogador que, de qualquer forma, estaria de saída em poucos meses.

    Reguilón simboliza, de maneira mais ampla, uma mudança de ciclo. Basta observar as decisões recentes do Inter Miami: tudo aponta para uma renovação gradual. Busquets está de saída, o que não surpreende. A contratação de Rodrigo De Paul, há três meses, já indicava que o espanhol deixaria o clube ao fim do ano. Com alguns ajustes na folha salarial, o time agora ganha mais flexibilidade para reforços.

    Se Luis Suárez também decidir que está forçando demais o corpo ao continuar jogando, o espaço financeiro ficará ainda maior.

  • Inter Miami CF v D.C. UnitedGetty Images Sport

    Futuro surpreendentemente promissor

    Mas quem pode chegar? Por enquanto, só há especulações. O Inter Miami continua na caça de estrelas. É possível que o clube ganhe mais uma vaga de jogador designado (Designated Player), especialmente se outros nomes saírem e Jorge Mas, junto com Messi, conseguirem convencer alguns atletas a aceitarem contratos menos milionários (o que já aconteceu antes).

    É impossível de imaginar uma possível chegada de Neymar. Paulo Dybala, da Roma, já foi cogitado no passado. Paul Pogba assinou com o Monaco, mas nada impede que mude de ideia no futuro.

    Do ponto de vista tático, há opções interessantes: Messi pode atuar como um falso 9, com De Paul, Yannick Bright e outro meio-campista compondo o setor. Talvez um novo ponta chegue. Nicolás Otamendi também é uma possibilidade, caso o Miami decida agir com um pouco mais de racionalidade. Em caso de dúvida, basta olhar para a seleção argentina campeã do mundo em 2022 e observar quem está se aproximando do fim da carreira.

    Outro ponto importante: começa a parecer estranho o fato de o novo contrato de Messi ainda não ter sido anunciado. Pode ser apenas uma estratégia de comunicação. Talvez o clube tenha preferido deixar as despedidas de Busquets e Alba acontecerem antes de revelar um novo vínculo de longo prazo com seu maior astro. De qualquer forma, é difícil imaginar outro destino para Messi neste momento. Miami é o ponto final natural. A questão é apenas quando ele decidirá parar.

    Tudo indica, portanto, um raro momento de sensatez no sul da Flórida. Alba se foi. Busquets também. Suárez pode ser o próximo. Reguilón está chegando. E, depois de tanto apostar em reunir velhos amigos, o Inter Miami talvez esteja finalmente pronto para construir uma equipe de verdade, e não apenas uma “filial do Barcelona”. Será o Inter Miami 2.0 capaz de conquistar o sucesso nos playoffs que o clube tanto busca?

0