Não contrata e nem vende: Manchester United corre risco de mais um fiasco em transferências

A janela de transferências ainda está aberta por mais dois meses, mas, considerando o que seus rivais têm feito, os fãs do United têm motivos para se preocupar com a falta de negócios. Até agora, o único movimento foi a realização de três propostas por Mason Mount, nenhuma das quais conseguiu convencer o Chelsea a abrir mão de seu meio-campista, mesmo ele entrando no último ano de seu contrato.

Enquanto isso, o clube encerrou sua busca por Harry Kane, que era considerado seu principal alvo há apenas um mês, com o Bayern de Munique liderando a corrida para contratar o capitão da Inglaterra. O Bayern também parece prestes a superar o United na contratação do defensor sul-coreano Kim Min-jae.

Apesar do interesse de longa data em Declan Rice, o United não fez nenhuma proposta pelo meio-campista do West Ham, que está prestes a se juntar ao Arsenal em um acordo de £105 milhões (R$ 644 milhões), estabelecendo um novo recorde britânico. Enquanto isso, houve interesse demonstrado no goleiro da Inter, Andre Onana, e no atacante do Atalanta, Rasmus Hojlund, mas nenhuma proposta formal foi feita por nenhum dos jogadores.

Enquanto isso, os rivais do United não estão perdendo tempo em melhorar seus próprios elencos. O Chelsea já contratou Christopher Nkunku por £53 milhões (R$ 324 milhões), finalmente conseguindo o atacante de alto nível que tanto precisavam na última temporada; o Manchester City, que conquistou a tríplice coroa, fez as pazes com a saída de Ilkay Gundogan para o Barcelona e contratou Mateo Kovacic; e o Liverpool já fez alguns negócios antecipados ao contratar Alexis Mac Allister, outro jogador que estava no radar do United.

Enquanto isso, o Arsenal tem sido o clube mais movimentado entre os grandes da Premier League. Eles anunciaram a contratação do atacante Kai Havertz, do Chelsea, na quarta-feira, e, além de se aproximarem de Rice, deram passos em direção à contratação de Jurrien Timber, um antigo alvo do United. Se assinarem com os três jogadores, seus gastos de verão chegarão a um total de £200 milhões (R$ 1.2 bilhão) até agora.

Até mesmo o Tottenham e o Newcastle, que esperam lutar por vagas no top quatro, fizeram movimentos. O Tottenham contratou James Maddison, do Leicester City, enquanto o Newcastle fechou um acordo para trazer o astro do AC Milan, Sandro Tonali.

Enquanto isso, o United tem sido criticado no passado por focar em uma transferência de cada vez, em vez de perseguir simultaneamente vários alvos. Por exemplo, o clube passou a maior parte do último verão tentando contratar Frenkie de Jong. O Barcelona estava desesperado para vender o maestro holandês, que se tornou uma estrela mundial sob a orientação de Ten Hag no Ajax, mas o jogador queria provar seu valor no Camp Nou e não estava disposto a trocar seu estilo de vida idílico na Catalunha.

Em vez de buscar alternativas, o United desperdiçou semanas valiosas tentando atrair De Jong, e quando finalmente admitiram a derrota, tinham pouco tempo restante na janela de transferências para contratar uma alternativa, enquanto a temporada já havia começado. Isso levou a uma busca desesperada por Adrien Rabiot e, finalmente, à contratação de Casemiro, uma excelente contratação, mas um acordo caro e de curto prazo no valor de £70 milhões (R$ 429 milhões) para um jogador de 30 anos na época.

No entanto, o clube parece estar adotando uma estratégia semelhante com Mount. Surgiu no final de maio que o United estava tentando contratar o meio-campista do Chelsea. Eles fizeram sua primeira oferta de £40 milhões (R$ 245 milhões) em meados de junho e fizeram duas ofertas subsequentes, de £50 milhões e £55 milhões (R$ 306 e 337 milhões), ambas rejeitadas pelos Blues.

O interesse contínuo do United por um jogador que teve uma temporada desesperadoramente decepcionante com o Chelsea tem levantado as sobrancelhas de muitos torcedores, especialmente considerando que o meio-campo não é a área mais importante do elenco que eles precisam resolver. Contratar um atacante de classe mundial continua sendo a prioridade número um do clube, como Ten Hag já admitiu anteriormente, então é desconcertante que haja tão poucas notícias sobre uma proposta séria por um centroavante nesta fase.

O United também precisará buscar um goleiro depois de retirar sua oferta de um novo contrato para David de Gea. A maioria dos fãs concordará que o clube precisa olhar além do espanhol depois de uma temporada marcada por erros de destaque, mas essa reviravolta faz com que os Diabos Vermelhos pareçam pouco profissionais e indecisos - mesmo que, no final das contas, seja a decisão correta.

Parece que o clube ofereceu a De Gea um novo contrato apesar de suas preocupações com sua forma porque seria muito caro contratar um novo goleiro titular no verão, apenas para mudar de ideia após seu final de temporada pouco convincente.

Essa hesitação não é apenas um desrespeito ao goleiro com o maior tempo de serviço na história do clube e detentor do recorde de clean sheets, mas também significa que eles desperdiçaram tempo valioso para contratar um novo número 1. O péssimo manejo da situação pode afastar potenciais novos jogadores de se juntarem ao clube.

A falta de novas contratações está longe de ser o único problema do United. Uma série de jogadores estão prestes a se apresentar antes da nova temporada sabendo muito bem que não se encaixam nos planos de Ten Hag, mas sem que seus próximos destinos sejam conhecidos.

Depois de gastar mais de £200 milhões (R$ 1.2 bilhão) em novas contratações no último verão e usar uma linha de crédito para financiar suas atividades de transferência, o clube precisa urgentemente vender jogadores para cumprir as regulamentações de Fair Play Financeiro da UEFA. Jogadores como Scott McTominay, Jadon Sancho e Harry Maguire poderiam atrair boas ofertas de transferência para financiar parte dos gastos do clube, mas até o momento nenhuma proposta chegou. Jogadores como Anthony Martial e Van de Beek serão ainda mais difíceis de serem negociados devido aos seus históricos de lesões irregulares.

Para coroar os problemas da janela de transferências do United, ainda não há indicação de quando haverá um anúncio sobre a aquisição do clube. Já se passaram mais de sete meses desde que a família Glazer colocou o United à venda e mais de quatro meses desde que eles convidaram os lances.

De acordo com relatos, a oferta do banqueiro qatari Sheikh Jassim Bin Hamad Al Thani está prestes a ser aprovada pela família Glazer em detrimento do grupo INEOS do Sir Jim Ratcliffe, o que faria com que os americanos deixassem o clube de uma vez por todas.

Enquanto a propriedade futura do clube permanece incerta, fica muito mais difícil para o United realizar negócios de transferências sérios, pois os orçamentos não podem ser alocados. A capacidade do United de contratar jogadores também é prejudicada pela dívida esmagadora, que atualmente está em £510,5 milhões (R$ 3.1 bilhões), apesar do clube ter anunciado receitas recordes de £640 milhões (R$ 3.9 bilhões) em seus últimos resultados financeiros.

O envolvimento contínuo dos Glazers no clube continua a ofuscar tudo. Cânticos contra os Glazers foram a trilha sonora da última temporada, enquanto um número de torcedores realizou um protesto em frente à megaloja de Old Trafford na terça-feira para marcar o lançamento do novo uniforme.

A família americana nunca se importou muito com a opinião externa, mas ao prolongar a venda pelo tempo que têm feito, eles estão efetivamente lançando mais incerteza e dúvidas sobre o clube na fase mais crucial do ano.