Mohamed Salah, Thierry Henry e as maiores temporadas de um jogador na história do Campeonato Inglês

O Liverpool quebrou recordes ao tornar Virgil van Dijk o defensor mais caro da história do futebol ao contratá-lo do Southampton em janeiro de 2018. E, na temporada 2018/19, ele mostrou exatamente por que valeu cada centavo.

Os Reds de Jurgen Klopp precisavam de um zagueiro dominante, e Van Dijk entregou isso com maestria. Embora o Liverpool não tenha conquistado a Premier League em sua primeira temporada completa no clube, o holandês foi tão imponente e seguro que acabou eleito Jogador do Ano pelos próprios colegas de profissão.

“Acho que nem todo mundo percebeu de imediato o tipo de jogador que estava escondido nesse corpo gigante”, disse Klopp após o prêmio da Federação Inglesa de Futebol. “Mas agora o mundo inteiro sabe! Desde o primeiro momento, fiquei empolgado para trabalhar com você – e agora você é o cara!”

O Manchester City não conquistou a Premier League em 2019/20, mas certamente não foi por falta de esforço de Kevin De Bruyne. O belga, uma verdadeira lenda da liga e um dos maiores jogadores que o futebol inglês já viu, foi um merecido vencedor do primeiro de seus dois prêmios consecutivos de Jogador do Ano da PFA.

Além de registrar impressionantes 20 assistências, De Bruyne também marcou 13 gols na competição, consolidando-se como o melhor meia-atacante do futebol mundial.

"Ele sempre foi incrível desde que estamos juntos", disse Pep Guardiola durante a temporada. "Seu comprometimento é impressionante. Ele é um jogador espetacular."

Gareth Bale venceu o prêmio de Jogador do Ano da PFA em 2011, mas sua segunda conquista, dois anos depois, foi ainda mais impressionante. Na temporada 2012/13, o galês atingiu um recorde pessoal de 21 gols na Premier League.

Muitos desses gols foram verdadeiras obras de arte, chamando a atenção do Real Madrid, que o contratou no verão europeu de 2013 por uma taxa recorde mundial na época.

Como destacou o então técnico do Tottenham, André Villas-Boas, Bale se beneficiou enormemente da liberdade ofensiva que recebeu, e seu desempenho ao longo da temporada foi simplesmente "tremendo".

O Manchester United poderia ter dominado a Premier League por uma década se Sir Alex Ferguson tivesse conseguido convencer Alan Shearer a se juntar ao clube em julho de 1992. No entanto, o atacante inglês optou pelo Blackburn Rovers – e fez história.

Com 34 gols em 42 jogos, Shearer levou o Rovers ao título inglês em 1995, encerrando um jejum de 81 anos.

Como resumiu o ex-zagueiro do Blackburn, Colin Hendry: "Você não pode falar sobre essa temporada sem mencionar Alan Shearer. Seu número de gols diz tudo sobre ele e o quão importante ele foi para nós. Você precisa de bons jogadores em todas as posições para vencer a liga, mas gols são essenciais – e ele era um jogador de classe mundial."

Em 27 de novembro de 1992, o Leeds United surpreendeu ao aceitar vender Eric Cantona para o Manchester United, apenas meses depois de o francês ter sido peça-chave na conquista do título da Primeira Divisão. Foi uma transferência que mudaria o rumo do futebol inglês.

O United enfrentava grandes dificuldades antes da chegada de Cantona a Old Trafford. O time precisava desesperadamente de um artilheiro, mas acabou ganhando um verdadeiro ícone. "Ele simplesmente tinha essa aura e presença", explicou o ex-meio-campista Paul Ince. "Ele tirou a responsabilidade de nós. Foi como se ele dissesse: 'Eu sou Eric e estou aqui para ganhar o título para vocês'."

E foi exatamente isso que ele fez. Com sua habilidade única para marcar e criar gols, Cantona liderou o United à sua primeira conquista da Premier League, encerrando um jejum que durava desde 1967.

John Terry pode não ser unanimidade fora de campo, mas suas qualidades como jogador são inquestionáveis. Criado nas categorias de base do Chelsea, ele personificou a frase "capitão, líder e lenda" ao longo de quase duas décadas no clube.

Terry foi peça-chave na ascensão do Chelsea como uma potência do futebol inglês. Seu impacto foi tão grande que, em 2004/05, foi eleito Jogador do Ano da PFA após liderar os Blues ao primeiro título da Premier League em 50 anos. Sob seu comando, a defesa sofreu apenas 15 gols em 38 jogos – um recorde que ainda se mantém.

"Ele é absolutamente incrível", declarou José Mourinho na época. "Para mim, ele é o zagueiro central mais completo do mundo."

É curioso lembrar que, antes de sua chegada à Premier League, alguns especialistas duvidavam que Erling Haaland manteria o mesmo faro de gol que demonstrou na Alemanha – especialmente após uma atuação discreta na derrota do Manchester City para o Liverpool na Supercopa da Inglaterra de 2022.

No entanto, o norueguês não demorou a silenciar os céticos. Logo na estreia, marcou duas vezes e, ao longo da temporada, quebrou o recorde de gols em uma única edição da Premier League, balançando as redes 36 vezes em apenas 35 partidas.

"É inacreditável", disse Pep Guardiola. "Ele é uma pessoa única. Um jogador especial, mas também um ser humano especial. É um feito extraordinário."

Se não o meio-campista mais dominante que a Premier League já viu, Roy Keane certamente foi o mais temido. O capitão perfeito do Manchester United para Sir Alex Ferguson, Keane era um perfeccionista implacável que estabeleceu padrões de comprometimento aos quais todos no clube tinham que se adaptar.

Conhecido por sua tenacidade, Keane também era um jogador de futebol excepcional, capaz de ditar o ritmo das partidas. Ele estava no auge de sua carreira em 1999/2000, quando foi nomeado Jogador do Ano tanto pela PFA quanto pela Associação de Escritores Futebolistas da Inglaterra, após conduzir o United a seu segundo título consecutivo da Premier League.

Ferguson ficou "encantado" com o reconhecimento individual de Keane, mas não deixou de criticar a FWA por não ter reconhecido sua contribuição fundamental para a conquista do treble do United em 1999.

"Este prêmio compensa o ano passado", disse o escocês. "Quando achei que Roy deveria ter sido o Futebolista do Ano."

Depois de perder toda a sua confiança sob o comando de José Mourinho no Chelsea, Mohamed Salah revigorou sua carreira na Serie A Italiana, primeiro com a Fiorentina e depois com a Roma, antes de chegar a Anfield em julho de 2017.

Ninguém em Liverpool imaginava que o egípcio seria tão produtivo na Premier League. Vale lembrar que, na verdade, Jurgen Klopp estava mais inclinado a contratar Julian Brandt.

No entanto, Klopp logo se encantou com Salah, assim como todos na Inglaterra. No seu primeiro ano no Liverpool, o atacante quebrou o recorde de gols em uma única temporada da Premier League, marcando 32 vezes em 36 partidas.

Pele resumiu o sentimento de todos ao afirmar: "Que temporada! Foi maravilhoso assistir você."

Luis Suárez estava inconsolável após o dramático empate 3 a 3 com o Crystal Palace em Selhurst Park, que praticamente selou o fim da disputa pelo título do Liverpool na temporada 2013/14. E era fácil entender o porquê. O uruguaio pode não ser o personagem mais simpático, mas ninguém contestaria o fato de que ele foi o principal responsável por tentar acabar com a seca de títulos dos Reds.

Durante boa parte da temporada, Suárez foi simplesmente imbatível – uma força da natureza implacável na linha de frente, aterrorizando os defensores com sua pressão constante e sua incrível habilidade de manter a posse de bola até nos menores espaços.

Ele marcou 31 gols em apenas 33 partidas da Premier League, conquistando a Chuteira de Ouro e a Chuteira de Ouro Europeia, além de ser eleito Jogador do Ano pela PFA e pela FWA.

"É uma combinação rara ser um jogador de futebol extraordinário e estar disposto a usar seus dons para desinteressadamente ajudar e criar gols para um colega de equipe", escreveu Steven Gerrard em tributo ao homem que ele considera o melhor jogador com quem já jogou.

Cristiano Ronaldo provou ser o melhor jogador da Inglaterra na temporada 2006/07. Na temporada seguinte, o atacante do Manchester United se consagrou como o melhor jogador do mundo.

O português chegou a Old Trafford como um adolescente magro, exibindo uma impressionante gama de truques e dribles. Em 2008, ele se transformou em um fenômeno físico, uma figura imponente que combinava poder com eficácia.

Cristiano Ronaldo marcou 31 gols em apenas 34 jogos na Premier League, conquistando não apenas a Chuteira de Ouro, mas também a Chuteira de Ouro Europeia, tornando sua primeira vitória na Bola de Ouro uma formalidade.

"Cristiano realmente mereceu, quando você olha para o que ele fez este ano", disse o ex-técnico do United, Sir Alex Ferguson. "Quarenta e dois gols [em todas as competições] jogando como ala é incrível."

Pavel Nedved ficou tão surpreso quanto todos os outros ao ganhar a Bola de Ouro de 2003, à frente de Thierry Henry. "Para mim, Thierry é o melhor atacante do mundo agora", disse o tcheco na época – e ele não estava errado.

O Arsenal de Henry pode não ter alcançado sucesso na Europa, falhando em chegar às fases eliminatórias da Champions League de 2002/03, mas o francês foi imparável na Premier League, tornando-se o primeiro (e ainda único) jogador a marcar e criar 20 ou mais gols em uma única temporada.

Como disse o então técnico do Arsenal, Arsène Wenger, "Nenhum dos grandes artilheiros da história pode se comparar ao seu recorde de assistências."