Miguelito, ex-Santos, é preso em flagrante por acusação de injúria racial cometida em jogo da Série B

O meia Miguelito, do América-MG, foi preso em flagrante, acusado de cometer injúria racial contra o atacante Allano, do Operário-PR. As equipes se enfrentaram neste domingo (4), pela Série B do Brasileirão, em Ponta Grossa - cidade onde o jogador do Coelho está detido -, com vitória do Fantasma por 1 a 0.

O episódio ocorreu aos 30 minutos do primeiro tempo, durante a espera pela cobrança de uma falta após uma disputa de bola. Miguelito virou-se em direção a Allano, que, ao lado de Jacy, testemunha da fala, partiu para cima do ex-jogador do Santos. A dupla do Fantasma relatou o ocorrido ao árbitro Alisson Sidnei Furtado imediatamente.

Ao ser informado, o árbitro seguiu o protocolo da Fifa e da CBF para casos de racismo, cruzando os braços em forma de "X". A partida foi paralisada por 15 minutos enquanto se aguardavam imagens da situação, sendo retomada em seguida, sem aplicação de cartões ou substituições.

Ao fim do jogo, a Polícia Militar conduziu o acusado (Miguelito), a vítima (Allano) e a testemunha (Jacy) à sede da 13ª Subdivisão Policial.

Na súmula da partida, o árbitro relatou: "Relato que aos 30 minutos do primeiro tempo, o atleta número 29 da equipe mandante, Sr. Allano Brendon de Souza Lima, veio até minha direção, alegando ter sido chamado de 'preto cagão' pelo atleta Miguel Ángel Terceros Acuña, número 7 da equipe visitantes".

Ambos os clubes divulgaram notas oficiais após o ocorrido. O Operário se posicionou:

O América também publicou sobre: "O América FC ,fiel à sua história centenária e aos princípios que a sustentam, vem a público prestar esclarecimentos e manifestar total solidariedade ao atleta Miguel Ángel Terceros Acuña, diante de acusações infundadas que tentam associar seu nome a conduta de cunho racista.

Após criteriosa apuração interna e análise dos fatos disponíveis, não foi identificada qualquer atitude, gesto ou declaração do jogador que possa, sob qualquer ângulo, ser interpretada como discriminatória. Ao contrário, Miguel Terceros sempre demonstrou conduta ética, respeito e espírito esportivo, sendo amplamente reconhecido no clube por seu profissionalismo e integridade.

O América FC reafirma, de forma enfática, seu compromisso inegociável com a igualdade, o respeito à dignidade humana e o combate a toda e qualquer forma de preconceito. Repudiamos qualquer tentativa de imputar condutas incompatíveis com esses valores a nossos atletas e colaboradores — ainda mais quando desprovidas de qualquer respaldo nos fatos.

Seguiremos firmes na defesa dos princípios que norteiam nossa instituição e na preservação da honra de todos que constroem, com dedicação e respeito, um futebol mais justo, inclusivo e humano."

Logo após a retomada da partida, após a confusão, Allano recebeu um cartão amarelo por uma entrada mais dura em Miguelito, que acabou substituído no intervalo. Ainda nesse período, houve uma nova confusão entre jogadores do Coelho e torcedores do Operário, posicionados atrás do banco de reservas. Um torcedor atirou um copo em direção aos atletas adversários, foi identificado e retirado do estádio pela Polícia Militar.

Miguelito, que estava emprestado pelo Santos e vinha sendo presença constante na seleção da Bolívia nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, seguirá sob custódia até a realização da audiência de custódia. A pena máxima prevista para o crime é de cinco anos de reclusão.