Messi ainda aluga um espaço na cabeça de Cristiano Ronaldo, e a crítica do português à MLS mostra isso

Depois de ver jogadores como Karim Benzema, N'Golo Kante e Kalidou Koulibaly o seguirem para o Oriente Médio nas últimas semanas, Ronaldo disse aos repórteres: "Abri o caminho para a Liga Saudita, e agora todos os jogadores estão vindo para cá. Em um ano, mais e mais jogadores de ponta virão para a Arábia Saudita. Em um ano, a liga saudita ultrapassará a liga turca e a liga holandesa". Ronaldo foi então instigado a atacar Messi, e ele não resistiu. Foi perguntado se ele consideraria uma mudança para a MLS, ao que ele respondeu: "Não, o Campeonato Saudita é muito melhor do que o dos EUA".

Foi uma declaração ousada, criada para gerar manchetes, e até mesmo Ronaldo sabe, lá no fundo, o quão absurda ela foi. O ex-meio-campista do Philadelphia Union e do FC Cincinnati, Mike Lahoud, descreveu as observações do astro do Al-Nassr como "ridículas" em uma aparição na CBS Sports. Ex-companheiro de Ronaldo no United, Wayne Rooney, que atualmente comanda o D.C. United, resumiu perfeitamente o consenso geral sobre o assunto em uma entrevista ao The Athletic: "Qual a melhor maneira de mostrar que ela pode competir com as riquezas sauditas do que conseguir Messi?".

A MLS já viu uma série de jogadores lendários entrarem em campo ao longo dos anos, de David Beckham e Thierry Henry a Zlatan Ibrahimovic e ao próprio Rooney. A competição teve um rápido crescimento desde sua criação em 1993, e a chegada de Messi aos EUA é o último passo em sua progressão natural. A Saudi Pro League também está atraindo alguns dos maiores nomes, mas ainda levará algum tempo até que possa ser considerada um palco de elite do futebol de clubes.

"Não me sinto nem um pouco ameaçado por isso", disse o comissário da MLS, Don Garber, sobre a rapidez com que o futebol no Oriente Médio está se desenvolvendo em uma reunião no último fim de semana. "Vi isso acontecer com a China e não me preocupei com isso, assim como não me preocupo com o que está acontecendo na Arábia Saudita, muito pelo contrário. A MLS tem importância, tem 30 equipes e está avaliada em US$ 15 bilhões", disse ele. "Pense nisso, US$ 15 bilhões, esse é o valor coletivo de todas as nossas equipes. Quando eu entrei, era de US$ 250 milhões. Portanto, acho que não há como olhar para trás. Agora é 'Como será o futuro?'. Continuamos a desafiar as expectativas de todos"

O campeão da Copa do Mundo pode ter dado as costas ao futebol europeu, mas não escolheu a opção mais fácil ao se juntar ao Inter Miami. Messi terá de dar o melhor de si para levantar a equipe de Tata Martino, e parece que ele vai gostar do desafio único. Messi também recebeu uma oferta da Arábia Saudita, pois a GOAL confirmou que o Al-Hilal estava pronto para lhe oferecer um contrato de 500 milhões de euros por ano no início do verão. Mas, ao contrário de Ronaldo, Messi continua sendo um dos melhores jogadores do mundo e ainda tem outro capítulo importante para acrescentar ao seu legado.

"Se fosse uma questão de dinheiro, eu teria ido para a Arábia ou para outro lugar", disse Messi ao Mundo Deportivo ao explicar sua escolha de assinar com a Inter Miami. "Parecia muito dinheiro para mim e a verdade é que minha decisão foi por outro caminho e não por dinheiro."

Essa não é a primeira vez que Ronaldo faz afirmações exageradas sobre a qualidade e o potencial da Saudi Pro League. "Não vou dizer que a liga é uma Premier League, isso seria uma mentira", disse ele em março. "Estou surpreso com a força. Ela tem boas equipes, é equilibrada, os jogadores árabes são bons, os estrangeiros dão qualidade.

De acordo com a TeamForm, a Liga Saudita está em 68º lugar no ranking mundial no momento, apenas sete posições acima da terceira divisão da Inglaterra, enquanto a MLS está atualmente em 54º lugar. As estatísticas mostram que Ronaldo está mais uma vez atrás de Messi, quer ele queira admitir ou não. A Liga Saudita não vai se tornar subitamente uma competição de ponta com a adição de mais alguns superastros. Mas a MLS está realmente agora em uma posição forte para crescer.

"Ele não vai achar fácil aqui. Parece loucura, mas os jogadores que vêm para cá descobrem que é uma liga difícil", acrescentou Rooney em sua entrevista ao The Athletic nesta semana. "As viagens, as diferentes condições em diferentes cidades, e há muita energia e intensidade no campo."

O jogador da seleção italiana Lorenzo Insigne também tomou a polêmica decisão de atravessar o Atlântico no ano passado, depois de 12 anos no Napoli, ao se transferir gratuitamente para o Toronto FC. E não demorou muito para que ele começasse a sentir a pressão dos rigores da MLS, dizendo à Rai RadioUno: "Em termos físicos, é muito exigente porque você corre muito. É uma boa liga e espero que ela cresça cada vez mais e se aproxime do prestígio das ligas europeias."

A tentativa de Ronaldo de desvalorizar a MLS apenas destaca mais uma vez como ele se tornou rancoroso. E quando Messi começar a fazer sua mágica em Miami, o show paralelo de Ronaldo na Arábia Saudita logo se tornará algo secundário.