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Liverpool cracking up GFXGOAL

Vai pipocar, Liverpool? Mentalidade dos Reds preocupa em meio ao teste de resistência na reta final da Premier League

Alguns comentaristas vêm dizendo há semanas que a corrida pelo título da Premier League já está decidida. Mas tente falar isso para quem estava em Anfield na tarde do último domingo.

Em certo momento, Andy Robertson precisou até se virar para o Kop e pedir que os torcedores se acalmassem. Mas não havia chance disso acontecer. A torcida apenas refletia o desempenho do Liverpool: incrivelmente nervoso.

No fim, os Reds venceram o Wolves por 2 a 1 e abriram sete pontos de vantagem sobre o Arsenal no topo da tabela. No entanto, em um segundo tempo desastroso, no qual não deram sequer um chute, a equipe passou longe de parecer a líder absoluta da liga. Se a última semana ensinou algo, foi que o Liverpool está começando a sentir a pressão, principalmente após perder pontos no empate em 2 a 2 com o Aston Villa, em Birmingham.

Apenas quatro dias depois de desperdiçar dois pontos no clássico contra o Everton, em Goodison Park, o time de Arne Slot sofreu para garantir a vitória contra o quarto pior colocado da Premier League. Vencer os Wolves jogando mal pode ter sido um sinal de "sorte de campeões", mas atuar com tanta ansiedade definitivamente não é. A tensão dentro e fora de campo em Anfield só aumenta as dúvidas sobre o estado mental do Liverpool antes da partida gigantesca que tem contra o Manchester City, no próximo domingo (23).

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  • Everton FC v Liverpool FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    Revés no derby

    Algumas decisões importantes podem até ter ido contra o Liverpool em Goodison Park, mas não há como negar que a equipe perdeu a compostura após o empate por 2 a 2 com o Everton. Slot, seu assistente Sipke Hulshoff e o meio-campista Curtis Jones foram todos expulsos após o apito final, e o treinador admitiu, antes do jogo contra o Wolves, que suas emoções o dominaram depois do polêmico gol de empate de James Tarkowski nos acréscimos.

    A expectativa era de que o Liverpool rapidamente deixasse para trás a decepção do clássico no domingo, e tudo parecia encaminhado para isso quando a equipe abriu 2 a 0 no primeiro tempo, graças a um gol fortuito de Luis Díaz e ao já tradicional pênalti convertido por Mohamed Salah. No entanto, o que aconteceu depois foi alarmante.

    O Liverpool teve um desempenho apático na segunda etapa contra o Wolves, com apenas 46,8% de posse de bola e meros três toques na área adversária.

    Alisson Becker já havia feito uma defesa crucial em chute de Marshall Munetsi quando Matheus Cunha, de forma merecida, diminuiu a desvantagem dos visitantes com um belo gol de fora da área. Se não fosse um desarme providencial e no último instante de Jarell Quansah – que entrou em campo antes da expulsão de Ibrahima Konaté –, o Wolves teria garantido o empate que tanto merecia.

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  • Liverpool FC v Wolverhampton Wanderers FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    'Alívio no final'

    O Liverpool, portanto, contou com muita sorte para garantir os três pontos, e o próprio Slot admitiu que o impacto do clássico contra o Everton ainda pairava sobre seus jogadores.

    "Foi, sem dúvida, um alívio no final, especialmente depois do que aconteceu na quarta-feira", disse o holandês aos repórteres. "Aqueles últimos oito minutos, especialmente o gol sofrido no último lance, foram extremamente frustrantes, porque você sabe que esse momento pode influenciar o jogo seguinte ou até os próximos compromissos."

    "E acho que deu para perceber hoje. Depois que sofremos o 2 a 1, talvez pela primeira vez na temporada, tivemos aquela sensação de ‘Oh...’, justamente por termos levado um gol no último minuto contra o Everton. Acho que isso ficou na nossa cabeça, e foi também por isso que reagimos com tanta raiva na quarta-feira, como equipe."

  • FBL-ENG-PR-LIVERPOOL-WOLVESAFP

    'Nem cansado, nem um pouco'

    Após o jogo, perguntaram a Slot se alguns de seus jogadores pareciam cansados. Vale lembrar que o Liverpool deveria ter tido algumas semanas de descanso após garantir vaga direta nas oitavas de final da Champions League ao liderar sua fase de grupos. No entanto, a equipe agora enfrenta uma sequência desgastante de cinco jogos em 15 dias, devido ao clássico remarcado contra o Everton e à antecipação da partida contra o Aston Villa nesta quarta-feira (19), em razão da participação dos Reds na final da Carabao Cup no próximo mês.

    Slot, porém, foi rápido em descartar a ideia de que o calendário apertado está afetando seu time na briga pelo título – apesar do fato de que o Liverpool já não controla os jogos com a mesma autoridade demonstrada na primeira metade da temporada.

    "Eu nunca julgo uma situação com base em 20 minutos", afirmou o holandês, referindo-se às dificuldades da equipe na reta final da vitória sobre o Wolves. "Na quarta-feira, contra o Everton, vi um time lutando até o último segundo – pressionando, se esforçando e fisicamente muito bem preparado."

    "Esses jogadores não estão cansados, de jeito nenhum. Eles são capazes de jogar a cada três dias em alta intensidade, mas também é preciso considerar o aspecto mental do jogo. Todos os eventos que ocorreram na quarta-feira... Não se trata apenas do esforço físico, mas do impacto psicológico daqueles últimos oito minutos de acréscimos. Se eu mesmo senti isso mentalmente, imagine o que aconteceu com os jogadores que precisaram correr tanto."

    É um ponto válido, mas não o suficiente para acalmar as preocupações da torcida. Os torcedores sabem muito bem que o desgaste mental pode ser ainda mais prejudicial do que o físico na reta final de uma disputa pelo título.

  • Liverpool FC v Wolverhampton Wanderers FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    "Os jogadores estavam um pouco desanimados"

    As lesões, sem dúvida, tiveram um papel crucial no colapso da campanha do Liverpool na temporada passada. Mas, como Jurgen Klopp reconheceu, alguns resultados negativos em Old Trafford tiveram um impacto psicológico muito maior do que deveriam, devastando os jogadores mentalmente. A preocupação agora é que o Liverpool de Slot esteja começando a sentir essa mesma pressão, e foi preocupante ver a equipe tão abatida quando o apito final soou contra o Wolves.

    "Quando os meninos entraram no vestiário, senti que estavam um pouco desanimados, talvez um pouco como se não tivéssemos feito nossa melhor atuação", admitiu Slot. "Isso provavelmente reflete o quão bem estamos jogando nesta temporada – já que nem ficamos tão felizes com a vitória."

    "Mas eu disse a eles: 'Essa vitória talvez seja ainda mais importante do que a goleada por 4 a 0 sobre o Tottenham aqui, porque em uma temporada em que você quer alcançar algo – não importa o que seja – você precisa jogar um bom futebol, essa é a base do sucesso. Porém, se você não tiver a mentalidade para vencer jogos difíceis, nunca conseguirá alcançar nada.'"

    "Foi por isso que fiquei tão desapontado e frustrado com os jogadores no vestiário após o jogo contra o Everton. Eles se esforçaram tanto, lutaram tanto e, na minha opinião, mereciam sair de lá com a vitória por 2 a 1. Não em termos de futebol, mas em termos de mentalidade. Não vencemos aquele, mas vencemos hoje."

  • Aston Villa FC v Ipswich Town FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    Três jogos difíceis em uma semana

    A estratégia de Slot, sem dúvida, está completamente certa. É fundamental que ele coloque as coisas em perspectiva, ao mesmo tempo em que mantém o ânimo da equipe. Nesta fase da temporada, o mais importante é vencer; não há pontos extras para arrancar empates nem para atuações esteticamente agradáveis. No entanto, fica claro que o Liverpool precisará melhorar substancialmente seu desempenho se quiser evitar dar ao Arsenal mais esperança e motivação.

    Após duas exibições desastrosas contra times da parte inferior da tabela, além do empate contra o mediano Aston VIlla, os Reds agora enfrentam mais dois adversários que brigam por uma vaga na Champions: Manchester City (4º) e Newcastle United (7º) – todos no intervalo de uma semana semana. Com o resultado diante do Villa, sua vantagem sobre o Arsenal, que recebe o West Ham no sábado (22), pode cair para cinco pontos antes do confronto no Etihad no domingo (23).

    "Somos todos seres humanos e entendo totalmente que a ansiedade ou o nervosismo podem surgir, mas temos que continuar e precisamos que os torcedores estejam na melhor forma possível. Eles também precisam que estejamos na nossa melhor forma.", afirmou o capitão Virgil van Dijk.

  • Liverpool FC v Wolverhampton Wanderers FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    'Reviravoltas'

    É claro que o Liverpool tem, pelo menos, alguma margem de erro; já o Arsenal não. Este também era para ser o ano do time de Mikel Arteta – não do Liverpool – e isso traz consigo uma pressão diferente, já que Arteta tem apenas um título da Copa da Inglaterra para mostrar em seu tempo no comando do Emirates. Além disso, as lesões enfraqueceram seriamente o ataque dos Gunners, e vale lembrar que eles ainda precisam viajar para Anfield antes do fim da temporada.

    No entanto, é inegável que o título está ao alcance do Liverpool, especialmente se conseguirem passar pelos próximos dois jogos fora de casa sem perder pontos. Os jogadores estão claramente cientes da enorme oportunidade à sua frente. Nervosismo é natural em tais circunstâncias, e, enquanto Slot negou que a ansiedade tenha desempenhado um papel importante no segundo tempo cheio de erros contra o Wolves, era impossível não perceber que isso tinha, de alguma forma, afetado o time.

    Os Reds sabem que sua capacidade de lidar com a pressão será questionada repetidamente se perderem até mesmo alguns pontos nos próximos jogos. Afinal, venceram no domingo, mas a pressão aumentou de alguma forma, resultando no empate de quarta-feira. Portanto, como o Liverpool lidará com a crescente tensão nesta semana definirá o restante de sua campanha.

    Eles precisarão de cabeças frias no campo, nas laterais e nas arquibancadas. Como Van Dijk alertou, "Haverá muitas reviravoltas. Se você não estiver preparado para isso, serão alguns meses difíceis para você!"

    Em resumo: a corrida pelo título ainda não acabou. Na verdade, ela está realmente apenas começando.